Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 13
Em alto mar




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Parte II – O Olho de Osíris

Capítulo 13 – Em alto mar

 

Em alto mar, o Pérola se distanciava cada vez mais de Tortuga, e partia rumo a Europa, na pequena ilha conhecida como Malta. Já era tarde da noite e um vento congelante cortava o ar, agitando as ondas e também a proa do Navio. Ignorando o frio que fazia, os piratas bebiam rum animadamente, fazendo um enorme estardalhaço no convés. Eddie já estava na segunda garrafa quando foi abordado por Branca:

—Você não se cansa de ser um pirata bêbado e imundo?

—E você não se cansa nunca de me atormentar?

—Não enquanto você não me disser o que fez com o Pallas!

—O Pallas... o Pallas era um ótimo Navio...

—Eu sei muito bem o que o Pallas era – disparou Branca, os olhos estreitos o ameaçando – O que aconteceu com o meu navio, Eddie? O que foi que você fez com ele?

—Eu...

Branca continuava a encará-lo com ferocidade. Eddie sabia que a moça não ia desistir até obter uma resposta. Temendo a reação de Branca, ele engoliu em seco, tomando coragem, e disse de uma vez só, na esperança de que ela não entendesse nada:

—Eu o perdi numa aposta de cartas!

—VOCÊ O QUÊ? – totalmente enraivecida, Branca pegou Eddie pelo colarinho com extrema violência, fazendo o chapéu do pirata cair ao chão.

—Escuta, Branca, eu não tive culpa, estava falido, precisava arrumar algum dinheiro e o navio era a única coisa que me restava...

—Sei! E você, claro, não considerou a possibilidade de que pudesse perder!

—Eu estava com sorte naquela noite, não entendo como aconteceu...

—Você não tinha o direito, Eddie! Não tinha o direito de apostar o meu Navio! – Branca o sacudia violentamente, como se aquilo pudesse trazer o Navio de volta.

Jack, percebendo que Branca se impacientava com Eddie, se aproximou, tentando fazer com que os dois se afastassem:

—Mas o que vocês pensam que estão fazendo?

—Isso não é da sua conta, Jack! – disse Branca, ainda segurando Eddie – Nós estamos acertando umas contas do passado!

—Tudo o que acontece no meu Navio é sim da minha conta – tornou Jack, se postando entre os dois – agora, venham comigo, vocês dois!

Jack, puxando ambos pelas mangas, um a sua direita e o outro a sua esquerda, os afastou da confusão dos piratas. Branca sentia a raiva crescer cada vez mais dentro de si por ser arrastada daquela forma, enquanto Eddie parecia extremamente aliviado por ter sido salvo da fúria de Branca. Ele ainda segurava a garrafa de rum, dando alguns goles durante o trajeto. Assim que chegaram a sua cabine, Jack os soltou em duas cadeiras vazias e, enquanto eles se ajeitavam e se endireitavam, ele fechou a porta, antes de dizer para Gibbs, que veio atrás ver o que estava acontecendo:

—Fique alerta, ainda posso precisar de você para alguma coisa!

Ao se voltar para seus confinados, Jack percebeu a expressão perigosa no rosto de Branca. Eddie ainda bebia o seu rum.

—O que significa isso, Jack? – questionou Branca.

—Vamos esclarecer algumas coisas aqui: não quero mais brigas dentro do meu navio, vocês dois já estão passando dos limites!

—Não é minha culpa se você sai por aí contratando qualquer um – rebateu Branca – e, se era só isso que queria, fique tranqüilo, não pretendo mais perder o meu tempo com seres desprezíveis como o Eddie aqui.

Eddie apenas sacudiu os ombros, indiferente, enquanto Branca já havia se levantado para sair dali. A presença de Eddie lhe deixava com náuseas. Porém, antes que pudesse alcançar a porta, foi impedida por Jack.

—Eu ainda não acabei...

—Jack, eu...

—Nós ainda temos um assunto pendente...

Branca assumiu um ar confuso e Eddie ergueu as sobrancelhas, entediado.

—Deixe-me ver o mapa de Eddie – pediu Jack a Branca.

—O mapa? Pra que você quer ver o mapa agora?

—Não me faça mais perguntas, apenas me dê o mapa!

Branca não sabia onde Jack pretendia chegar com aquilo, mas tinha a impressão de que ele tinha algo em mente. Ao mencionar o mapa, Eddie mudou sua expressão repentinamente, se tornando muito mais tenso do que minutos antes, quando Branca o ameaçava por ter perdido o seu navio. Seguindo seus instintos, ela virou-se de costas para os dois para retirar o pedaço de papel enrolado de suas vestes e, em seguida, o estendeu a Jack. O Capitão do Pérola desenrolou o mapa e, após um momento de suspense em que só se podia ouvir as ondas batendo no casco do navio e o barulho do rum descendo pela garganta inquieta de Eddie, Jack pôs o papel a frente do pirata, no mesmo instante em que arrancava a garrafa de suas mãos.

—Agora você vai nos dizer como, exatamente, poderemos chegar até o tesouro com isso – ele ordenou, apontando diretamente para o papel sobre a mesa.

Eddie olhou para o mapa, olhou para Branca, tornou a olhar para o mapa, e finalizou olhando para Jack, com um sorriso forçado.

—Eu acho melhor ir buscar mais uma garrafa, Branca está mesmo precisando de um pouco de rum para relaxar – dizendo isso, Eddie foi se erguendo da cadeira. Mas ele foi impedido por Jack, que o forçou a se sentar novamente.

—Nada de rum enquanto não nos dizer como decifrar o mapa!

—Mas não é óbvio? Ele não sabe como decifrar o mapa, só disse aquilo porque era o único meio que ele tinha para sair de Tortuga – disse Branca.

—Hei, calma aí, eu não disse que não sabia como decifrar o mapa!

—Pois então explique!

—Acontece que... bem... só há um meio de decifrar o mapa...

—Que é...

—Encontrando um certo objeto... Um objeto capaz de revelar todos os segredos guardados pelo mapa...

—E que objeto seria esse?

—Eu... eu não sei... estive procurando por todos os lados, mas nunca o encontrei...

Jack e Branca se entreolharam em silêncio por um segundo, depois a moça disse em tom displicente, como quem fala sobre o tempo feio que está fazendo:

—Olha, deixe-me matá-lo, realmente sua existência é uma inutilidade sob a face da Terra!

—Mas nós podemos encontrá-lo juntos... – começou Eddie, preocupado e tentando encontrar um meio de se salvar.

Mas tudo o que Jack fez foi gritar para fora:

—Senhor Gibbs!

Gibbs entrou na cabine rapidamente, se prontificando.

—Chamou Capitão?

—Senhor Gibbs, tire esse sujeito da minha frente e o tranque na prisão, que é o que ele merece!

Gibbs arrastou Eddie para fora do recinto, enquanto ele dizia, desesperado:

—Espere Jack! Eu conheço um porto onde podemos obter algumas informações... eu...

—Depois eu vejo o que farei com você – falou Jack quando ele passou do seu lado.

Jack fechou a porta novamente, ficando sozinho com Branca na cabine.

—Talvez seja mesmo melhor pararmos no próximo porto – ele começou.

—Eu te disse que o Eddie não era confiável, mas você não me deu ouvidos...

Branca ainda se achava em pé e Jack a olhava com seus olhos negros e profundos, o desejo estampado no rosto. Talvez ela ainda não tivesse percebido sua real intenção ao fechá-los ali, e Jack resolveu se aproveitar um pouco daquilo:

—Ele ainda pode nos ser útil. Eu acho que ele não revelou tudo o que sabe sobre o mapa e o tesouro.

—Eddie é um verme, sempre foi! Eu serei a pirata mais feliz dos sete mares no dia em que me livrar dele de uma vez por todas!

Jack apenas sorriu em resposta. A garrafa de Eddie ainda estava esquecida em cima da mesa toscamente talhada. Ele sabia que Branca não costumava beber, mas resolveu tentar mesmo assim. Pegando a garrafa, que ainda estava pela metade, ele a ofereceu para a moça:

—Rum?

Branca pegou a garrafa das mãos de Jack e bebeu metade do rum restante de um gole só, antes de devolvê-la a ele.

—Achei que você não bebesse...

—Só quando eu estou realmente irritada!

—Sei... você odeia mesmo o Eddie, não é?

—Você nem imagina o quanto!

Jack recolocou a garrafa sobre a mesa e levou sua mão direita até o bigode, enrolando as pontinhas para cima. Branca parecia já ter se acalmado um pouco, o que, entretanto, não significava muita coisa. Jack se aproximou dela, olhando no fundo de seus olhos esverdeados.

—Sabe, eu fico imaginando o que teria feito uma pessoa como você continuar no Pérola mesmo depois de eu ter contratado o Eddie...

—Que quer dizer com isso?

—Muito simples, amor! Você está em Tortuga, com um navio falido e uma tripulação condenada. Depois, seu querido odiado se junta a nós e você permanece no Pérola. Diante de tantos obstáculos, era de se esperar que você deserdasse, não acha?

—Já disse pra não me chamar de amor!

—É que às vezes eu esqueço...

Branca suspirou.

—Se eu continuo no Pérola é só porque ainda acho que esse navio vale à pena!

—O navio... ou o seu Capitão?

Jack sorria abertamente para Branca. Eles estavam tão próximos que podiam sentir a respiração quente do outro.

—Do Capitão eu só espero que ele me pague o que me deve, ou será que você já se esqueceu do pequeno favor que eu lhe prestei saldando o seu débito com aquela moça?

—Ah... o débito! Perfeitamente, eu pagarei assim que puder, mas... eu ainda acho que você é doida por mim...

Branca riu, se aproximando ainda mais de Jack. Talvez o rum tivesse lhe subido depressa demais.

—É mesmo? E o que te faz pensar assim? – sussurrou ela.

—Da última vez...

—Da última vez você me agarrou a força!

—E você bem que gostou! Porque não confessa que eu desperto um vulcão em você e deixa se levar pelos seus instintos?

—Jack... – Branca abaixou o seu tom de voz e puxou Jack para mais perto de si, fazendo seus lábios ficarem a milímetros de distância – você não percebe, não é?... não tem que ser do seu jeito... tem que ser do meu...

Jack sentiu os pelinhos do corpo se arrepiarem ao toque de Branca. Mas, antes que ele pudesse fazer algo, ela se afastou, abrindo a porta da cabine. Jack achou que ela quisesse deixá-lo maluco com aquilo, e resolveu ir atrás dela. Branca estava de costas, olhando para o mar iluminado apenas pela lua lá longe. Jack caminhou até bem próximo da moça e, aproximando seus lábios do ouvido de Branca, sussurrou:

—E como é o seu jeito?

Branca voltou-se para ele sorrindo maliciosamente. Mas dessa vez ela decidiu permanecer a uma distância mais segura de Jack, para não sucumbir aos seus desejos.

—Prove o seu valor! Mostre que você me merece, e terá tudo o que quiser de mim!

Dizendo isso, ela se afastou, deixando para trás um confuso Capitão Jack Sparrow.


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