Através do espelho escrita por Sweet Girl


Capítulo 12
Preocupação e mudança


Notas iniciais do capítulo

Hey amores! Que título mais bosta o do capítulo de hoje, hein? Mas espero que gostem, boa leitura!



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 Ethan estava parado na frente de um condomínio, a mão próxima ao interfone, se preparando para tocá-lo e tentar falar com Marcos. O menino já havia ouvido sua amiga falar algumas vezes sobre onde seu pai morava, porém não tinha muita certeza se era ali mesmo e também não sabia o número de seu apartamento.

Tocou o interfone e esperou que alguém o atendesse, algum tempo depois uma voz masculina soou do outro lado.

— Boa noite, o que deseja? — o homem indagou.

— Boa noite. Eu gostaria de falar com o senhor Marcos Carvalho.

— Qual é o seu nome?

— Ethan... — o garoto pensou em dizer que era um funcionário de Marcos, mas talvez não desse certo, por que alguém da construção estaria ali àquela hora? — É sobre a filha dele, é muito importante.

— Vou avisar a ele, espere aí. — a chamada foi encerrada e Ethan ficou parado na calçada, contando os segundos impaciente, desejava fazer aquilo logo, o mais rápido possível. Quase dez minutos depois, pelo tempo que o menino contou, um porteiro apareceu e o deixou entrar. — Senhor Marcos está te esperando, ele mora no quarto andar.

— Obrigado. — o porteiro assentiu e o acompanhou até o elevador. Quando finalmente parou no andar desejado, o garoto saiu e caminhou pelo corredor extenso, avistando um homem encostado em uma porta. — O senhor é o pai da Valentina? — perguntou, se aproximando dele.

— Sou, pensei que você fosse amigo de Heloísa. — o moço respondeu.

— Deus que me livre! — Ethan exclamou e depois levou a mão á boca, percebendo o que havia dito.

— Ela não é muito fácil de lidar, mas... — ele não tinha uma justificativa na verdade. — Vale nunca me contou sobre um amigo. — continuou.

—Hum... Acho que ela é um pouco tímida.

— Sim, ela é, não sei de quem puxou isso. — respondeu pensativo.

— Certo, quero falar sobre algo mais importante que timidez. — o menino tentou ir direto ao ponto.

— Ah sim, estou preocupado, entre. — se afastou, dando espaço para que Ethan passasse. Eles entraram e Marcos pediu para o garoto sentar no sofá, enquanto ele caminhava até uma poltrona próxima do mesmo.

— Quem era, amor? — Helena perguntou, entrando na sala. — Que garotinho bonito, quem é você? — indagou, olhando Ethan.

— Ele é amigo de Valentina, Helena, pode nos deixar sozinhos? — Marcos perguntou, tentando fazer ela sair da sala.

— De Valentina? Nossa! — ela exclamou surpresa.

— Sim, agora eu preciso conversar com ele. — Marcos continuou.

— E eu não posso ouvir?

— Não! Nos dê licença logo, Helena. — a mulher bufou e voltou para o quarto batendo os pés. — Desculpe por isso, pode falar. — disse, encarando o menino a sua frente.

— Bem, eu venho percebendo algumas coisas estranhas na Vale, ela não aceita comer na escola e está diferente. — Ethan começou, o olhando preocupado.

— Eu também observei isso, mas Helena me disse que era paranoia de pai. — o garoto revirou os olhos, não estava gostando daquela mulher.

— Não acho que seja paranoia, ela desmaiou no colégio e fugiu de mim quando tentei falar sobre isso.

— O quê? — ele perguntou, alterando a voz. — Ela desmaiou? Por que Laura não me avisou? — se levantou irritado.

— Acho que Valentina não contou a ela.

— A escola não ligou para a responsável por ela?

— Não, não deu tempo, como eu disse, ela praticamente fugiu quando tentei conversar com ela, foi nesse dia. — explicou, tentando acalmar o moço que andava em sua frente.

— O que você acha que pode ser? — indagou, temendo a resposta e se sentou novamente na poltrona.

— Eu acho que Vale tem... — Ethan começou, porém foi interrompido por um toque de celular.

— Espere, preciso atender. — Marcos disse, pegando o telefone em seu bolso e olhando quem era: Valentina.

“Oi filha, tudo bem?” — ele perguntou preocupado, por que ela o ligaria a noite?

“Não pai...” — fungou. “Você pode me buscar amanhã?” — a menina tentava segurar o choro.

“O que aconteceu, meu amor?” — continuou, mais tenso que antes.

“A minha mãe...” — murmurou e então começou a chorar desesperadamente.

“Ai meu Deus! O que a sua mãe fez?”

“Ela bebeu de novo. Posso ficar com você por um tempo, pai?” — questionou soluçando.

“Claro Vale, quer que eu te busque agora?” — se levantou, procurando a chave de seu carro.

“Não papai, vou arrumar minhas coisas, pode me pegar amanhã, depois da escola?”

“Posso sim, Heloísa também vem?” — se sentou outra vez.

“Não, ela não desgruda de mamãe...” — respondeu nervosa, lembrando da irmã.

“Eu sei... Tem certeza que pode dormir aí?” — questionou inquieto.

“Tenho, não se preocupe, era só isso.”

“Tudo bem, te busco amanhã antes do almoço.” — avisou.

“Não pai, busque um pouco mais tarde.” — pediu.

“Por quê?” — indagou.

“Porque...” — tentou pensar em uma desculpa.

“Esteja pronta para o almoço, passo aí ás 12h30min.” — concluiu.

“Mas pai...” — quis fazê-lo mudar de ideia.

“Vamos almoçar juntos, Vale.”

“Está bem, obrigada pai, tchau.”

“Boa noite, meu amor.” — e desligou.

— Desculpe, era Valentina. — disse, voltando a olhar para Ethan.

— Tudo bem. — o menino falou, observando o homem enquanto tentava lembrar o que estava dizendo.

— Não se preocupe, ela vai almoçar comigo amanhã e vou conversar com ela. — informou.

— O.k., obrigado por me ajudar. — ele agradeceu, se levantando.

— Eu que lhe agradeço por me avisar, qualquer coisa me procure. — também se levantou.

— Está bem, boa noite. — falou, caminhando até a porta com Marcos a seu lado.

— Boa noite. — o garoto foi para casa, pensando no que diria a amiga no outro dia, estava preocupado com ela e sabia que não conseguiria falar com Valentina depois do que aconteceu, temia que acabassem se afastando, aquilo não podia acontecer.

(...)

Valentina arrumou sua mala e a deixou no canto do quarto, estava aliviada por ir morar com seu pai, talvez fosse bom ficar longe de sua mãe por um tempo, assim elas poderiam esfriar a cabeça e decidir o que queriam, mesmo que as palavras ditas ainda se repetissem na cabeça da garota, ela não queria ficar com raiva da mulher que havia a colocado no mundo.

A menina não dormiu direito e foi para o colégio bem cedo, desejava não encontrar ninguém de sua casa, porque se aquilo acontecesse os sentimentos do dia anterior voltariam e não seria agradável.

Vale se sentiu feliz ao lembrar que não havia comido, Clarisse ficaria orgulhosa dela e não precisaria miar, o que era bom, porque já havia sentido dor suficiente com os cortes novos feitos na noite passada.

A alegria não durou muito tempo, a garota lembrou que almoçaria com seu pai e voltou a se preocupar, teria que fazer algo com a comida e ainda não sabia o que, ao menos a caminhada pela manhã a ajudaria.

O tempo na escola passou devagar, como sempre passava quando Vale era obrigada a ouvir aquelas “piadas” dos colegas de classe, ela nunca entenderia porque eles a odiavam tanto, principalmente Alice, a menina nunca havia feito nada contra ela, por que não podia ficar em paz?

Ethan tentou falar com sua amiga algumas vezes, mas foi ignorado em todas elas, pelo visto ele estava certo, ela queria se afastar dele e só ficaria pior quando descobrisse que ele tinha mesmo ido conversar com seu pai, o garoto tinha que pensar em um jeito de se desculpar com a menina, queria ajuda-la, não podia ficar longe dela de forma alguma, aquilo não era uma opção.

(...)

Valentina chegou em casa cansada, andar da escola até lá não era muito divertido, ainda mais sozinha, porém não podia ir com Ethan, e se ele tentasse beijá-la outra vez? Não queria aquilo. Quer dizer, queria, mas não podia, estava confusa.

Ignorou Heloísa e subiu para seu quarto, esperando a hora que seu pai a buscaria e quando finalmente chegou, ela desceu com sua mala pouco pesada.

— Aonde vai com isso, Valentina? — a irmã perguntou, a observando com a mala grande.

— Vou morar com papai. — a menina respondeu como se fosse uma coisa normal.

— O quê? — perguntou incrédula. — Por que não me disse para me arrumar também?

— Porque quem vai sou eu, ué.

— Eu também vou, me espere. — correu até as escadas.

— Não vai, você não vai me infernizar lá também. — disse firme.

— A mamãe sabe disso? — se virou nervosa.

— Sabe, foi ela quem me mandou ir embora.

— Nem ela te aguenta, como você se sente com isso? — perguntou em tom cruel e uma buzina soou.

— Eu me sinto ótima, irmãzinha, tchau. — disse irônica e acenou, saindo da casa em seguida. Valentina entrou no carro e beijou a bochecha de seu pai.

— Oi Vale, cadê Helô? — indagou, observando a casa a procura de sua outra filha.

— Ela não quis vir falar com você, está irritada.

— O que houve?

— Nada... Ela só é nervosa por natureza. — colocou o cinto de segurança e observou o pai.

— Hum... Vou acreditar. — começou a dirigir. — Então, quer me contar o que aconteceu ontem? — a olhou rapidamente.

— Agora não, deixa pra depois. — voltou a ficar triste e Marcos assentiu, eles seguiram em silêncio enquanto a menina tentava se alegrar.

Alguns minutos depois, chegaram à casa de Marcos e ele pegou a mala da filha.

— Achei que fôssemos almoçar. — Vale comentou esperançosa.

— Nós vamos, eu vou cozinhar, Helena está em casa. — disse, andando em direção ao elevador.

— Ah não. — ela reclamou.

— Colabore, tudo bem? Depois ela vai fazer compras. — a garota assentiu mesmo sem concordar e eles chegaram ao apartamento, entrando em seguida. — Olá, Lena. — Marcos a cumprimentou, tirando a atenção da mulher da televisão.

— Amor, você... — desviou os olhos e observou quem estava a sua frente. — O que essa garota está fazendo aqui? — perguntou nervosa, se levantando do sofá onde estava sentada.

— Vale vai morar conosco por um tempo, Helena. — Marcos avisou, colocando a mala da filha no chão.

 


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Notas finais do capítulo

Anorexia, bulimia e automutilação são doenças e precisam ser tratadas.
Ah, amores, quero a opinião de vocês: eu não pretendo mostrar como Valentina e Clarisse fazem para manter o NF ou alguma outra dieta, porque não quero incentivar ninguém a fazer o mesmo, porém vocês acham que a história ficará muito "crua" sem esses detalhes ou acham que eles podem mesmo influenciar alguém? Me digam.
Avisem caso encontrem algum erro.
Até a próxima semana!