Através do espelho escrita por Sweet Girl


Capítulo 11
"Você prefere saúde ou beleza?"


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Dessa vez não atrasei, viram?
Quero agradecer a Cammy Rewo pela linda recomendação, muito obrigada mesmo! Agradeço a vocês também, que vem deixando reviews lindos em todos os capítulos, obrigada, meus amores!
Hoje a fic faz um mês ♥ Obrigada por estarem acompanhando.
Enfim, espero que gostem, boa leitura!



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Valentina ficou deitada em sua cama por bastante tempo, continuava pensando nas palavras de Ethan, o que o garoto havia dito não saía de sua cabeça e ela imaginava se ele contaria mesmo a seu pai, caso contasse ela necessitava de uma forma para se defender daquilo.

Se levantou da cama e buscou seu notebook que estava em cima da mesinha, o ligando e entrando em seu Facebook, por sorte Clarisse estava online.

“Oi.” — enviou e esperou ansiosa pela resposta da amiga, precisava falar com alguém e não tinha ninguém a não ser ela.

“Oi Vale.” — ela respondeu minutos depois.

“Tudo bem?” — quis ser educada antes de contar seus problemas.

“Não, sai do meu NF por conta da minha mãe. E com você?”

“Aaah... — ela quase não acreditava que a menina não havia cumprido sua meta, a via como um exemplo. — Também não.”

“O que houve?” — perguntou, preocupada, talvez, era difícil dizer ao certo. “Comeu demais? Engordou?” — indagou, mandando tudo de uma vez.

“Não. Quer dizer, não sei. Comi um pão de queijo e algumas bolachas, mas não consegui miar, tomei laxante.”

“Você PRECISA miar, entendeu?”

“Mas não estou conseguindo...”.

“Por que não?”

“Está doendo muito e sangrando, estou com medo.”

 “Você prefere a saúde ou a beleza?”

“Beleza, claro.” — respondeu imediatamente, sem pensar duas vezes.

“Então mie, não importa o que aconteça, só mie.” — Valentina pôde sentir a dor voltar a sua garganta ao ler aquilo, era cruel demais, porém necessário, ela conseguia ouvir a voz de Mia repetindo isso em sua cabeça.

“O.k., vou miar, mas não era sobre isso que queria falar com você.” — a garota disse, querendo ir direto ao ponto, não aguentava mais de ansiedade para saber o que a amiga acharia da situação.

“Diga.” — pediu.

“Um amigo meu disse que está preocupado comigo e praticamente implorou para que eu contasse o que está acontecendo.”

“E você contou?” — ela mandou, no mesmo instante que visualizou.

“Não.”

“Qual é o problema então?” — indagou, sem entender o motivo daquela conversa.

“Ele disse que vai contar ao meu pai.” — retrucou, quase estremecendo ao pensar naquela hipótese.

“AI MEU DEUS!” — Vale leu e imaginou que a menina estava tão desesperada quanto ela. “Ele não contou ainda?” — questionou, um tempo depois.

“Não, mas estou com medo de que conte.”

“Tente conversar com ele, explique que só está fazendo uma dieta simples e que assim que chegar a um peso bom parará, diga que não tem nada de errado.” — a amiga, provavelmente mais “experiente” naquele tipo de situação a instruiu.

“Eu não quero falar com ele agora.” — reclamou.

“Por quê?” — interrogou confusa.

“Isso é outro assunto, não vem ao caso.” — replicou, meio rude.

“Certo, mas se não quer que mais alguém fique sabendo é melhor tentar convencê-lo.” — aconselhou.

“O.k., e se ele contar para o meu pai?” — continuou angustiada.

“Aí você terá que convencer os dois. Negue tudo e finja estar bem sempre, com o tempo eles acreditam.”

“E se eu não conseguir?”

“Você vai, eu, a Ana e a Mia estamos com você, não vamos te abandonar.” — Valentina sentiu seu coração apertar.

“Obrigada.”

“Continue firme.” — a menina ia digitar uma resposta quando ouviu batidas fortes na porta. Fechou o notebook e se levantou, indo abrir a mesma enquanto ouvia os gritos de sua mãe.

— Anda garota, estou cansada de esperar! — ela gritou, batendo outra vez e Vale abriu a porta.

— O que foi, mãe? — perguntou irritada.

— O que foi? Eu que te pergunto o que foi! — entrou cambaleando no quarto e a filha a sua frente não acreditou. Valentina pensava que isso não aconteceria de novo, pensou que Laura havia parado de beber e ver que isso não tinha acontecido a fez sentir uma dor inexplicável, por mais que a convivência das duas não fosse uma das melhores ela ainda era sua mãe e a menina ainda se preocupava com ela.

— O que eu fiz? — indagou com os olhos marejados.

— Você não fez, quero saber por que não está comendo. — ela disse mais calma e Vale pensou que ela estivesse preocupada. — Heloísa me contou.

— Argh Heloísa! — a menina exclamou brava. — Eu estou comendo sim.

— Sei que não está... Só quero te dizer uma coisa, tudo bem? — Valentina assentiu devagar. — Eu não estou gastando dinheiro com comida pra você não comer, entendeu? — gritou. — E eu sei que você está parecendo uma baleia e precisa emagrecer, mas não vou ir para o hospital com você, está me entendendo?! — continuou gritando e a filha deixou as lágrimas caírem em um choro descontrolado.

— Mas... Eu... — tentou formular uma frase, porém não conseguiu.

— Mas nada Valentina, acho bom que tenha entendido, porque se não... — gritou e agarrou o pulso da filha. — Você vai precisar mudar de casa, vai morar com o papaizinho, não sou obrigada a criar garota ingrata. — soltou o braço dela com força.

— Eu vou mesmo, ele é melhor que você! — gritou, tentando se reequilibrar.

— O que você disse? — agarrou a menina de novo.

— Que ele é melhor que você, sua bêbada insuportável! — exclamou, sacudindo o braço.

— Não fala assim comigo garota, eu sou sua mãe!

— Preferia que não fosse. — Laura levantou a mão e deu um tapa estalado no rosto da menina.

— Me solta! — continuou se debatendo.

— Acho bom que goste da namoradinha do seu pai, porque é com ela que você vai viver agora. — disse e largou a menina com força na cama. — E vê se emagrece, sua porca gorda! — gritou, saindo do quarto e batendo a porta.

Valentina enfiou a cabeça no travesseiro e gritou xingamentos de todos os tipos enquanto chorava e sentia sua bochecha arder. Aquela não era sua mãe, não podia ser. A mulher sempre fora cruel com ela e sempre preferiu Heloísa, porém nunca havia chegado aquele ponto, se exaltava por conta da bebida, mas não dizia aquelas coisas, costumava ir dormir, contudo a irmã devia ter a enchido de ladainhas e ela preferiu descontar tudo na menina, talvez fosse melhor morar com seu pai mesmo, ao menos ele a tratava bem.

As palavras de Laura ainda ecoavam na cabeça da menina, que latejava por conta do choro, por mais que chorasse a dor não passava. Vale levantou da cama e foi até sua mochila, tirou de lá a lâmina que havia usado mais cedo e seguiu para o banheiro, aquilo deveria a ajudar outra vez.


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Notas finais do capítulo

Anorexia, bulimia e automutilação são doenças e precisam ser tratadas.
NF é a sigla para No Food (sem comida) e é uma “dieta” onde os doentes não comem, apenas ingerem água, café com adoçante, trident e chás por algum tempo que eles mesmos determinam.
Se houver algum erro me avisem.
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Beijinhos!