Através do espelho escrita por Sweet Girl


Capítulo 13
Gorda!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por não ter postado no dia certo, não estava conseguindo escrever, as aulas voltaram, então espero que entendam.
Obrigada a Miu Kori pela linda recomendação, eu adorei! E obrigada também pelos comentários, cada dia me apaixono mais por vocês.
Acho que alguns comentários ficaram sem resposta, desculpem-me por isso também, mas assim que tiver um tempinho responderei os que faltam, ok?
Sobre os detalhes do NF que pedi a opinião de vocês: tentarei retratar o máximo possível sem que possa influenciar alguém, então provavelmente será bem pouco, porque estou mesmo com medo de fazer isso.
Boa leitura!



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— Vale vai morar conosco por um tempo, Helena. — Marcos avisou, colocando a mala da filha no chão.

— O quê? Por quê? — indagou, mais irritada que antes.

— Aconteceram algumas coisas com Laura e Valentina vai ficar aqui. — Marcos explicou mesmo que não precisasse.

— Porque a mãe dela é louca eu tenho que aturá-la? — elevou a voz.

— Menos Helena. — o homem pediu, tentando manter a calma.

— Pai, se vai incomodar vocês eu posso ir embora. — Vale disse, inquieta.

— Não, você fica, ela não se importa, não é mesmo? — encarou sua mulher.

— Na verdade eu me importo sim, pode ir querida. — ela disse irônica e olhou para Valentina.

— Nesse caso quem muda de casa é você. — Marcos disse e Helena o observou incrédula.

— Então você prefere ela? — praticamente gritou.

— Claro Helena, ela é minha filha.

— E por isso está me expulsando da nossa casa?

— A casa é minha!

— Acho melhor você tomar cuidado com o que diz. — ela o ameaçou.

— É melhor você seguir seu próprio conselho. Vamos almoçar, Vale. — Marcos disse e se virou, a filha o seguiu.

Os dois saíram do apartamento, deixando a mulher bufando lá dentro depois de fecharem a porta. Foram até o carro em silêncio, Marcos estava irritado e Valentina não sabia bem o que dizer.

— Pai... — ela o chamou, receosa.

— Oi? — respondeu, desviando o olhar da pista para a garota.

— Acho melhor eu voltar para casa.

— Nada disso, você vai ficar comigo e Helena vai ter que entender. — disse firme.

— Tem certeza? Não quero atrapalhar vocês, e...

— Shh, não vai atrapalhar nada Vale. — ele a interrompeu.

— Está bem. — a menina se deu por vencida.

Não demorou muito para chegarem a um restaurante ali por perto. Ao entrar Valentina fez uma careta, o cheiro da comida estava ótimo, mas ela não conseguia se imaginar comendo nada que tinha ali, seu estômago já revirava só de pensar nisso, imagina quando o fizesse.

Marcos pegou um prato e fez sinal para que a filha o seguisse até o carro térmico, onde colocou um pedaço de lasanha no recipiente e o entregou para a menina.

— Não quero isso. — ela reclamou.

— Você prefere a macarronada? Posso trocar então. — disse, se virando novamente para as comidas.

— Não pai! — Vale exclamou rapidamente, não aguentava mais ver tanta comida em sua frente. — Eu não estou com tanta fome para comer tudo isso... — completou, mesmo sentindo seu estômago vazio pelo tempo sem comer.

— Mas é seu prato preferido. — ele continuou tentando convencê-la.

— Não é pai, eu não quero. — devolveu o prato a ele.

— Mas você vai comer, Vale. — caminhou até uma mesa e deixou o prato lá, fazendo a garota sentar-se em seguida. — Vou buscar algo para mim e quando voltar quero te ver comendo. — avisou, como se estivesse falando com uma criança e se virou, indo para o meio da comida outra vez.

Valentina emburrou, mas cortou um pedaço da lasanha (397) e o levou a boca, contorcendo o rosto logo depois. Estava muito boa, ela não se lembrava da última vez que havia comido algo daquele tipo, só seu pai para fazer isso mesmo, contudo não podia comer mais daquilo.

Marcos voltou e sentou a frente da filha, sorrindo ao perceber que ela estava comendo e a garota sorriu de volta, mexendo em sua comida com o garfo.

— Estou satisfeita pai. — empurrou o prato. — Vou ao banheiro. — se levantou.

— Tudo bem, não demore. — ela assentiu.

— Na verdade quero água antes, pede uma garrafa para mim? — sentou-se novamente.

— Claro. — ele chamou o garçom e alguns minutos depois entregou a garrafa d’água para a menina, que tomou os 500 ml rapidamente.

— Agora vou, não se preocupe se demorar. — comunicou, levantando e seguindo depressa para o banheiro.

Valentina entrou no sanitário e agradeceu mentalmente por ele parecer vazio. Caminhou até a última cabine e adentrou, ajoelhando em frente o vaso. Prendeu seus cabelos e abaixou a cabeça, enfiando dois dedos na garganta logo após.

Em pouco tempo sentiu a conhecida ardência na garganta e os olhos marejaram, o gosto ácido subiu por sua laringe e a lasanha que havia comido saiu como um jato, caindo dentro da privada. A menina sentiu dor, não tão forte como havia sentido antes, talvez pelo período que ficou sem fazer aquilo. Contudo forçou mais um pouco, até sair o restante e perceber que não conseguiria eliminar mais nada.

Vale se ergueu e apertou a descarga, saindo lentamente da cabine se segurando na parede, encontrava-se um pouco tonta, porém conseguiria chegar até a pia. Abriu a torneira e molhou as mãos, passando-as no rosto, depois as encheu de água e fez um bochecho para tirar aquele gosto horrível da boca.

Observou seu reflexo no grande espelho a sua frente e lágrimas brotaram em seus olhos, a garota as segurou. Estava pálida outra vez, torceu para seu pai não notar, entretanto não era isso que a deixava com vontade de chorar. A menina refletida no espelho não podia ser ela, Valentina não queria acreditar que era, não aceitava ter aquele rosto rechonchudo, aqueles braços gordos e não queria nem olhar para suas pernas, traria uma decepção maior, ela só não entendia o motivo de ainda estar tão gorda, sendo que fazia de tudo para emagrecer, nada estava dando certo, talvez ela merecesse todo aquele sofrimento.

“GORDA!” — A voz em sua cabeça gritou, podia ser Ana ou Mia, mas soou mais como si mesma, e poderia muito bem ser, quem havia dito não importava, o que era importante ali é que o ruído estava certo, como sempre, Valentina estava parecendo uma baleia.

Algumas lágrimas escorreram por seu rosto mesmo com todo o seu esforço para segurá-las, era fraca até para isso. As enxugou e lavou os olhos novamente, se amaldiçoando por não ter levado nem uma maquiagem para disfarça-los. Respirou fundo e desejou ter uma lâmina naquele momento, sentia-se péssima.

Suspirou e saiu logo de lá, não aguentava mais observar aquela garota no espelho — que não aceitava que era ela. Encontrou Marcos de pé ao lado da mesa em que estava, olhando para os lados.

— Oi, pai. — ela chamou sua atenção.

— Você demorou, Vale! — exclamou, colocando a mão sobre o peito. — Fiquei preocupado.

— O que poderia acontecer no banheiro? — perguntou, sorrindo para disfarçar qualquer evidência.

— Não sei, mas a gente se preocupa, né? — caminhou até a porta com a filha a seu alcance.

— Avisei que não precisava se preocupar. — entrou no carro.

— Mas não dá para controlar. — começou a dirigir.

— Aonde vamos? O condomínio não fica para esse lado... — a menina indagou confusa.

— Vamos à praça, quero conversar com você.

— Con... Conversar? — gaguejou.

— Sim, algum problema?

— Não... Sobre o quê?

— Vai saber quando chegarmos lá. — Valentina sentiu seu corpo estremecer, mas ficou quieta, tentando imaginar o que seu pai diria.

Chegaram à praça ainda em silêncio e sentaram-se em um banco afastados das poucas pessoas que estavam ali.

 — Vale, o que está acontecendo com você? — o homem perguntou, a encarando.

— Acontecendo? Comigo? — indagou atônita.

— Sim, me conta. — segurou as mãos da garota.

— Não está acontecendo nada.

— Eu sei que está. Um amigo seu conversou comigo, ele confirmou a minha preocupação Vale, então me diz o que é.

— Um amigo? Ethan? O que ele te disse? — questionou rápido, ficando nervosa.

— Isso não vem ao caso.

— Quem ele pensa que é? Ele não sabe de nada! — exclamou alterada.

— Ele pareceu saber, sou seu pai, sei que tem algo errado.

— Não tem nada errado! — elevou a voz.

— O que você tem, Valentina? — Marcos indagou sério e angustiado, insistindo mesmo sabendo que a menina não diria.

— Eu não tenho nada pai! — ela respondeu mais irritada que antes, querendo dar um fim naquela conversa enquanto sentia os olhos marejarem mais uma vez.

— Olha, se você não me disser nós vamos a um psiquiatra.


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Notas finais do capítulo

Anorexia, bulimia e automutilação são doenças e precisam ser tratadas.
Grupo no Facebook: (https://www.facebook.com/groups/122789688098517/).
Lembrando: os números entre parênteses são a quantidade de calorias dos alimentos.
Se houver algum erro me avisem. O que acham que vai acontecer com a Vale?
Não sei quando posto o próximo capítulo, porque estou com alguns problemas, mas tentarei atualizar o mais rápido possível. Amo vocês, até mais!