Um dia se passou e as restantes das magas ainda não tinham chegado o que deixava Orianna preocupada, tinha dado o prazo de uma semana, mas não conseguia evitar, principalmente com o treino da sua irmã não indo nada bem, as magas sempre tinham alguma especialidade, tanto com armas quanto com magia, mas sua irmã não parecia se adaptar a nenhuma arma, mesmo tentando outros tipos como arco e flecha, adagas e até mesmo lanças era puro fracasso, poderia ser sua pressa, mas ela precisava aprender alguma coisa.

Alison estava caída no chão e olhava para os olhos de sua irmã, a mesma apontava a lamina de uma lança para o seu pescoço.

— Não é possível que você seja péssima em tudo! – reclamou a irmã indignada.

— Não é possível que você queira que eu aprenda tudo em um dia! – reclamou Alison irritada, afastando a lança de sua garganta e se levantando – Alguém já lhe disse que você é uma péssima professora? Se não, você é uma péssima professora.

Orianna viu sua irmã entrar de volta ao castelo, deu um longo suspiro em quanto colocava a lança ao seu lado. Sentiu uma aproximação, apontou a lança no mesmo instante.

— Seus reflexos são rápidos – elogiou Elrond, dando um leve sorriso – Mas adoraria que não apontasse essa lança para o meu pescoço.

Orianna arregalou os olhos e puxou a lança.

— Desculpa lorde Elrond – pediu envergonhada.

— Vamos fingir que isso não aconteceu – disse Elrond – Observei você e Alison treinando, você esta apressando as coisas, ela não vai aprender sob pressão, precisa dar um tempo para ela.

— Eu sei, mas preciso que todas estejam prontas o mais rápido possível  - disse chateada, Elrond estava certo, precisava dar espaço para sua irmã, afinal só tinha se passado um dia, ainda tinham seis dias até o confronto.

— Eu entendo, mas às vezes precisamos encontrar nossos caminhos sozinhos – disse sabiamente, deixando Orianna pensativa.

***

Tinha visto o pequeno desentendimento da Orianna com a Chorona, ficou pensativa por um tempo, com um pequeno dilema, já tinha passado por algo parecido até que encontrou seu próprio caminho, tendo ajuda da sua companheira e amiga, Nemue, sem ela nunca teria achado no que era boa. Chorona precisava de ajuda e Orianna precisava ter calma, ajudaria a decima segunda, não por que precisavam correr com o tempo apertado ou por que provavelmente morreriam se todas não ficassem em perfeita forma quando confrontassem Daliah, mas porque eram um time.  

Fez uma trança em seu cabelo, coloriu os lábios com o batom que fez naturalmente, que o deixou levemente rosados, olhou para o seu fino vestido vermelho e vendo que estava ótima saiu de seu quarto e foi em direção ao quarto da Chorona, era um chute no escuro, talvez ela nem estivesse lá, mas iria mesmo assim, precisava acha-la. Pegou uma informação com uma serva que saia do quarto de Mekare, já sabendo qual era o quarto da novata, foi em direção a ele. Bateu três vezes na porta, esperou alguns segundos até que foi aberta pela loira, seus olhos estavam um pouco vermelhos, deveria estar chorando quando a interrompeu.

— O que quer? – perguntou à loira em um tom infantil

— Queria ver se gostaria de conversar, sei como pode ser difícil aguentar a Orianna – respondeu um pouco tímida, na sabia qual seria a reação dela.

— Entra.

***

Tinha voltado para o seu quarto depois de ter brigado com sua irmã, tinha gostado da aproximação delas, mas naquele mundo ela estava diferente, era exigente, não tinha paciência, era difícil conviver com ela, Tatiana estava mais para uma treinadora do que sua irmã.

— Se eu estivesse treinando com Sael eu poderia estar odiando ele, e não ela! – conseguia sentir as lagrimas sendo derramadas, seu peito doía, queria chorar feito uma criança, mas infelizmente não podia, tinha que ser forte.

Escutou três batidas na porta, limpou as lagrimas rapidamente. Respirou fundo duas vezes e foi abrir a porta, ficou surpresa em ver uma das magas, nenhuma delas tinham vindo até ela depois da briga com sua irmã e de Mekare. Seus cabelos eram castanhos e cumpridos, presos perfeitamente em uma trança de lado, os olhos eram iguais aos seus mas com um brilho de audácia neles, tinha pequenas covinhas, mostrava um sorriso gentil, vestia um fino vestido vermelho.

— O que quer? – perguntou, sua voz tinha saído meio infantil, por estar reprimindo o choro, o que odiou, queria dispensa-la o mais rápido possível.

— Queria ver se gostaria de conversar, sei como pode ser difícil aguentar a Orianna – perguntou tímida, com um pouco de cautela, como se não soubesse como ela reagiria com sua intromissão. Pensou em fechar a porta na cara dela mas precisava de alguém para conversar e seria uma ótima chance para conseguir uma amizade.

— Entra – abriu mais aporta dando passagem para ela entrar. A maga observava seu quarto com certa curiosidade.

— Belo quarto – elogiou

— Obrigada – agradeceu – Eu não sei o seu nome – disse só reparando nesse detalhe naquele momento.

— Ah, como eu pude esquecer – ficou sem graça, mas logo se apresentou – Eu me chamou Newen – disse estendendo a mão.

— Prazer, como já deve saber, sou Alison – apertou a mão estendida.

As duas se dirigiram para a cama e se sentaram.

— Você parecia bem irritada com a Orianna – comentou Newen, ela era uma boa observadora.

— Porque ninguém chama as pessoas pelos seus nomes reais? – perguntou desviando completamente do assunto principal.

— Para o povo daqui não estranhar nossos nomes – respondeu sem se importar por fugirem do assunto.

— Eu prefiro que me chamem de Alison – comentou – Seria muito estranho ficarem me chamando pelo apelido que me dei.

— Deveria ter escolhido um nome melhor – deu uma pequena risada, Alison gostou de ouvir, fazia tempo que não escutava uma risada, era bom.

— Concordo, na verdade era para eu ser chamada de Crona e não Chorona – revelou.

— Porque mudou de ideia?

— Senti que não seria reconhecida por Crona – respondeu. Newen ficou pensativa. – E você? Por que escolheu esse nome? – perguntou cheia de curiosidade

— Por caso de um sonho, nele havia uma mulher que se chamava Newen, ela parecia ser forte, eu queria ser como ela – respondeu mergulhando em suas lembranças.

— Um bom motivo – declarou – Se eu pudesse escolher como eu quisesse ser chamada pelo nome de alguém que eu gostaria de ser, eu provavelmente escolheria Khantra.

— A Rainha de Etherion? – perguntou surpresa

— A mesma, ela me pareceu ser uma boa rainha, que se preocupa com o seu povo e acolhe quem precisa de ajuda. Ela foi muito gentil comigo, se preocupando com a possibilidade que o Thranduil estivesse me procurando por motivos ocultos – lembrou-se – Fora que estamos em uma era que as mulheres são desvalorizadas e reprimidas e Khantra tinha a lealdade e o carinho do seu povo, deve ter lutado muito por isso, se fosse para me espelhar em alguém, seria ela.

— Khantra era bem famosa por ter mãos de ferro para governar Etherion, a imagem que você tem dela é exatamente o que ela foi – disse colocando sua mão em cima da de Alison, como um gesto de carinho. Alison ficou surpresa por um momento, mas sorriu.