Os Algoritmos de Anthony Gregory escrita por MadScientist03


Capítulo 7
Interclasses


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e aproveite!



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No que diz respeito à competição interclasses que ocorre anualmente no Colégio Mendes, trata-se de uma semana de competições em diversas modalidades esportivas oferecidas pelos clubes do colégio. Durante toda essa semana, os alunos são dispensados de suas atividades para participar ou assistir aos jogos. Os mais populares são futsal, basquete e vôlei. Estes ocorrem em forma de torneio, contendo várias partidas ao decorrer da semana. É formado um time por turma, com titulares, reservas e um técnico. Além de ser premiado, o time campeão se torna o time oficial do colégio na sua modalidade durante o resto do ano letivo, podendo, eventualmente, competir com times de colégio vizinhos. Todos os jogos são gerenciados pelos professores de educação física. Eric, embora sendo apenas o zelador, faz presença em quase todos os jogos, principalmente os de futsal.
Natação é o esporte menos valorizado. Devido ao pouco interesse dos alunos, é uma atividade que conta, atualmente, apenas quatro alunas do terceiro ano. Por esse motivo, não estará na competição este ano.
Contudo, o evento que mais chama a atenção durante a semana é o campeonato de artes marciais. Ocorre no último dia de interclasses, como competição de encerramento. Apesar de ser permitida qualquer modalidade, a única que é praticada no colégio é o muay thai. Havendo uma grande quantidade de membros no clube, são selecionados oito alunos para participarem do torneio. Não é comum haver alunos que não sejam do clube participar do torneio, mas nada impedia isso.
Esse era exatamente o caso de John Dias, que havia sido inscrito por seu amigo Bernardo há alguns semanas. Em função disso, Dias esteve ausente do colégio nos primeiros três dias de interclasses com Victor. O professor havia levado o garoto para uma casa que ele tinha no interior da cidade.
Ambos voltavam para o colégio, já passada a estadia na casa de campo do professor. Estavam viajando no carro de Victor, um modelo antigo e nem um pouco atraente, com uma cor verde desbotado. Diferente do seu dono, o carro não fazia sons esquisitos. Funcionava muito bem. Ninguém falava nada a viagem inteira. Victor dirigia enquanto John olhava a paisagem pela janela, sentado no acento do carona. Estava chovendo lá fora. O vidro estava embaçado com gotas de chuva.
― Não sabia que você também tinha o postatium ― John quebrou o silêncio, ainda olhando pela janela.
― Sim ― respondeu o professor. ― Já faz alguns anos. Muitos anos, na verdade. Mas foi outra pessoa que havia preparado a fórmula. Por isso tive medo de não funcionar em você. Foi a primeira vez que eu tinha feito aquilo. E funcionou muito bem, pelo que pude observar.
― Mas não é algo que eu possa utilizar o tempo todo ― John olhou para as suas mãos. ― Eu fico muito cansado depois que uso. É uma arma bem situacional.
― Exato. E ainda não controla bem a quantidade de energia que você libera, portanto vá com calma. Mas talvez nem precise usar, então não esquente muito a cabeça com isso. Lembre-se o motivo principal por trás disso.
― É.
― Por falar nisso, deu tudo certo com a instalação dos programas?
― Sim. Só as dores de cabeça que te falei que continuam. Mas tanto o programa de caratê quanto a calculadora que Bernardo instalou por último funcionam bem. Não que eu me sinta um mestre das artes marciais nem nada, mas acho que aprendi algumas coisinhas.
― Calculadora?
― Sim. Uma calculadora científica.
― Entendo. Ele quis comprovar a teoria base de Anthony ― o carro fez uma curva. O ambiente bucólico começara a desaparecer, dando espaço ao comércio e às construções urbanas. ― Espero que ele continue com a gente depois da apresentação do projeto.
― Acho difícil. Só se aparecer um projeto que o deixe tão interessado quanto este ― John pôs as mãos na frente de seu rosto e assoprou as palmas. ― E Bernardo não faz o tipo que faria experimentos consigo mesmo como se fosse um rato de laboratório. Ele é bem sensato.
― O que é isso? ― a expressão de Victor era de quem acabou de ver algo repugnante.
― Isso o que? ― perguntou John, que pensava estar fazendo uma expressão de susto com o rosto, mas na verdade só havia conseguido erguer as sobrancelhas.
― Isso que acabou de fazer! Assoprar as mãos!
― Ah! ― John olhou novamente para as palmas. ― Elas soam muito quando está frio. Quando eu assopro elas secam e trazem uma sensação de frescor.
― Curioso. Bem curioso!
― O que está pensando, professor?
― Meu pai fazia exatamente a mesma coisa. Nunca tive coragem de perguntar a ele. E fiquei em uma dúvida eterna quanto a isso depois que ele morreu. Será que era por isso que ele assoprava? ― Victor disse a última frase quase que sussurrando, fazendo a pergunta para si mesmo. O Neurocomputador não fez John perceber esse pequeno detalhe; pode ouvir claramente o que acabara de dizer. Na verdade, sua mente foi invadida pela ideia de que não sabia absolutamente nada da vida de Victor Beaumont. Sua família, onde morava, se tinha amigos ou não. Eram informações completamente desconhecidas. Mesmo sabendo tão pouco sobre ele, parecia a John uma pessoa muito confiável. Mas não havia nenhuma informação lógica que confirmasse essa ideia. E neste momento, um leve sentimento de preocupação havia invadido sua mente. Muito similar com o que sentira quando Victor aplicará aquela seringa em seu braço. “E se ele não for o tipo de pessoa que aparenta ser?”. Era isso que Dias pensava. Esses pensamentos ocuparam todo o tempo de John até o fim da viagem.
Chegando ao colégio, Victor dirigiu até a uma vaga no estacionamento, que se encontrava mais cheio que o comum. A maioria dos carros que estavam lá parados pertencia a pais de alunos que estavam participando do interclasses naquele exato momento.
Victor e John, que não possuíam nenhum guarda chuva, pegaram suas mochilas e saíram do carro. A chuva estava mais fraca. Eles seguiram o caminho até o laboratório a passos longos e ligeiros. O campus estava deserto. A calçada e a grama estavam completamente molhadas, com algumas poças d’água. Era possível sentir uma leve brisa que se movia na direção oposta do movimento dos dois homens. A entrada do laboratório estava molhada, tornando impossível entrar sem sujar seus tênis com muita lama.
A porta estava destrancada, o que não era surpresa para nenhum dos dois. John se acomodou na cadeira mais próxima e retirou seus tênis completamente sujos e ensopados. Victor fechou a porta e jogou sua mochila no chão. Apoiou as costas na parede e começou a ofegar. John estava retirando suas meias ensopadas quando Kalina apareceu saindo da sala ao lado. Estava com uma vassoura na mão. Vestia uma camisa e uma calça velha.
― Vocês sabiam que eu acabei de limpar aqui?! ― disse a menina, indignada.
― Nos poupe dos detalhes, Kalina ― respondeu Victor levantando sua mão direita na altura do ombro. ― Acabamos de chegar e estamos exaustos ― Victor se acomodou em uma cadeira ao lado de John. Kalina estava com uma expressão de profunda raiva, como quem iria pular no pescoço de Victor a qualquer momento.
― Alguém vai ter que limpar isso! ― disse a menina entre os dentes. ― E não serei eu nem Bernardo! Já arrumamos a sala que você ficou de arrumar desde o primeiro dia que coloquei meus pés aqui!
― Desculpa Kalina. Pode deixar que eu mesmo vou limpar isso. ― disse John rapidamente, com medo que a menina fizesse algo bem desagradável.
― Você e esse aí também! ― Ela apontou o dedo para professor, que estava olhando para o teto de boca aberta com os seus braços esticados na direção do chão. John confirmou com a cabeça. ― Tem panos e baldes na outra sala! Sequem os pés antes de entrarem lá, por favor!
Kalina deu as costas e saiu.
― Ela não é mais tão amável quando se conhece melhor, não é verdade? ― disse Victor com um sorriso.
― Ela está cansada. Trabalhou o dia inteiro ― John defendeu a amiga.
― Eu estou cansado. Dirigi o dia inteiro!
Passado alguns minutos, John levantou com um pouco de dificuldade e arrastou os pés descalços até a outra sala. Os secou em um pano estendido na entrada. O cômodo estava completamente arrumado. As mesas que costumavam ficar espalhadas, agora estavam em fileira do lado de uma parede, com uma cadeira bem posicionada na frente de cada uma delas. Havia quatro computadores, um sobre cada mesa. Um deles era o justamente o computador primário. As mesas que sobraram foram enfileiradas no centro da sala, como se fosse uma única longa mesa de jantar rodeada por cadeiras. Sobre elas estavam alguns papéis empilhados e uma lata de lixo. A cafeteira, que antes ficava em um canto aleatório da sala, agora estava sobre o balcão ao lado da pia. Os armários foram para o fundo da sala, organizados um ao lado do outro. Bernardo guardava as ferramentas de Kalina em um dos armários, enquanto ela estava sentada a mesa, organizado a papelada.
― Bem vindo de volta, John! Desculpa pela má recepção! ― disse uma Kalina cansada.
― Obrigado! E não se incomode com isso ― responde Dias.
― Olá, John! ― cumprimentou Bernardo, que não parou de fazer o que estava fazendo. ― A viagem foi produtiva?
― Bastante.
Ele pegou um balde, panos limpos e um esfregão. Acabou que John limpou tudo sozinho, como imaginou que seria. Mas pensou que seria o mínimo que ele poderia fazer. Afinal, Kalina e Ben trabalharam bastante em sua ausência. Victor adormeceu na cadeira, o que deixou Kalina irada quando viu aquele homem jogado na cadeira com a boca aberta escorrendo saliva pela sua bochecha. Não era um dia para boas vindas. Todos estavam bem cansados. Trocaram poucas palavras; apenas o necessário. Quando o laboratório ficou completamente arrumado, todos saíram em silêncio. A chuva estava bem mais fraca, porém o céu ainda estava nublado e ventava bastante. Victor ofereceu carona para levar Kalina até em casa, que aceitou com muito desgosto. Ben e John foram para o dormitório, e logo que chegou, Dias adormeceu.
Victor o aconselhou a descansar até o dia da competição. Ou como os membros da NEEF viam: dia da apresentação do projeto. Afinal, John não se preocupava em ganhar. O que o garoto mais queria era não apanhar muito. Pretendia ficar na defensiva o máximo que pudesse. Vencendo a primeira e talvez a segunda luta, mantendo-se recuado, já estaria muito satisfeito. Por enquanto só queria descansar. E fisicamente o fez. Porém sua mente estava uma grande bagunça.
Pensamentos sobre Victor não ser confiável. Sobre o hematoma de Ana. Não sabia por que pensara aquilo, mas aquela cena ainda o incomodava. Sobre Kalina poder ser temperamental, algumas vezes. Sobre se sentir culpado em relação à Bia. Sobre achar Bernardo um pouco distante nas últimas semanas. E Enzo? Seria capaz de enfrentá-lo? Talvez nem chegasse a vê-lo cara a cara. Mas se o visse? Ficaria paralisado novamente?
Pensamentos confusos que se sobressaíam. Alguns só pareciam fazer sentido na sua cabeça. Sua mente tentava criar pontes entre eles, apesar de não estarem relacionados. Seus sentimentos também não pareciam muito claros na maior parte das vezes. Raiva, tristeza, euforia, medo, e outras emoções fora de contexto. A confusão o deixava indisposto para fazer qualquer coisa. Nessas horas John se esquecia das dores de cabeça, que não melhoraram nenhum pouco desde a instalação do Neurocomputador. Mal conseguia raciocinar que, na verdade, aquela confusão neurótica era, na verdade, seu organismo que não se acostumara com o novo sistema.
Os dias passaram tão rapidamente que John não percebeu. Passou todos os dias deitado, ouvindo música ou lendo um livro. A única vez que trocou palavras com Bernardo foi quando este perguntou sobre a roupa que John usaria no dia.
― Uniforme de educação física.
O uniforme de educação física, realmente, era a escolha mais sensata, já que John não possuía roupas apropriadas para tal atividade. Imaginou que todos estariam vestidos adequadamente, e que um kimono seria uma opção muito melhor. Mas descobriu por Bia que todos os alunos foram aconselhados a usar, preferencialmente, o uniforme durante as competições. Isso deixou John um pouco mais seguro.
Na sexta-feira, John saiu do dormitório com Bernardo. Estava com seu uniforme guardado na mochila. Eles se dirigiram para a quadra de esportes, onde seria realizado o torneio. Era por volta das 17h30; o evento estava programado para começar às 18h e não havia um horário certo para terminar. Chegando à quadra, as arquibancadas já estavam com muitas pessoas ocupando os lugares. John ficou um pouco nervoso.
― Jovem! ― um grito veio atrás dos garotos. ― Está atrasado! Por Deus! Estão todos te esperando para passar as instruções! ― Eric o puxou pelo braço. John não teve tempo de se despedir do amigo.
Dias foi arrastado pela quadra até a porta lateral. Atravessaram o corredor até o vestuário masculino. Era muito parecido com o banheiro do dormitório. Lá estavam todos os outros alunos que iriam competir. Oito garotos sem camisa usando bandagem nas mãos. Usavam o short de educação física e estavam descalços. Todos olhavam na direção de John, que se sentiu ainda mais desconfortável. Era o mais baixo de todos ali.
― Francamente! Por acaso ninguém falou que tinha que estar aqui, no máximo, 17h? ― questionou Eric. John abriu a boca para falar, mas foi interrompido. ― Pois deveria ter se informado! Aliás, esqueça isso! Só vai se trocar, agora! Só falta você!
John entrou no box mais próximo e fechou a porta. Enquanto mudava de roupa, pode ouvir a voz de um dos alunos.
― Na verdade, Enzo ainda não chegou.
― Eu vi ele quando estava vindo pra cá ― disse uma segunda voz. ― Ele estava conversando com uma menina de óculos.
― E por que ele ainda não está aqui?! ― gritou Eric, como se alguém no banheiro tivesse a obrigação de saber a resposta. ― Eu vou trazer ele aqui! ― John ouviu alguns resmungos e passos pesados se distanciando.
Estava com tênis de educação física na mochila, mas como estavam todos descalços, acho que seria uma boa ideia não calçar. Saiu do box com a mochila nas costas. Os outros garotos conversavam em pequenos grupos e mal perceberam a presença de John. Achou um lugar no canto do vestuário e lá ficou, em pé, parado. Agora caíra a ficha do tipo de pessoas com quem iria ter que lutar, e estava cada vez mais nervoso. Suas pernas estavam bambas. Tentou encontrar um ponto fixo no nada para desviar os olhares alheios. A todo o momento estava com seus braços em uma posição diferente. Ora estava com os dedos entrelaçados na altura do peito, ora de braços cruzados, ora com eles bambos.
Quatro figuras entraram no banheiro, e atraiu todos os olhares para a porta do vestuário. O primeiro era Eric, que parecia estar com um humor pior que o normal e entrava com um caderno em baixo do braço. O segundo era o professor de educação física, que segurava um microfone em uma mão. Um homem moreno e alto, com uma barba ao redor da boca. Logo atrás vinha Enzo, que estava com seu cabelo preso em rabo de cavalo e com uma mochila nas costas. Por último um homem pálido, com uma cara cansada e cabelos castanhos escuros penteados para o lado. Era o diretor do colégio. Aparentava ter apenas vinte anos, mas John sabia que ele já passara dos trinta.
Enzo entrou e se colocou ao lado de Eric.
― Bom, então estão todos aqui! ― começou o professor de educação física. ― Primeiramente, gostaria de agradecer a presença de todos vocês nessa noite e desejo a todos uma ótima competição. Tivemos algumas novidades esse ano ― John olhava para um ponto fixo no chão enquanto escutava o que o professor dizia. ― Vou começar pela estrutura das lutas. Cada luta será uma melhor de cinco pontos entre dois competidores. Aquele que alcançar a marca de três pontos primeiro vence a luta. Vocês marcarão pontos desferindo golpes no seu adversário fazendo com que ele caia no chão. Golpes no gosto ou na virilha não serão considerados. Um golpe válido que resulte em uma queda equivale a um ponto. Outra forma de ganhar é nocauteando o adversário. Um golpe em uma região válida que deixe seu oponente inconsciente garantirá sua vitória independente dos pontos contabilizados até então. Se o nocaute for causado por um golpe em uma região inválida, resultará em desclassificação imediata. Dúvidas até aqui? ― ninguém respondeu. ― Ótimo! Diferente dos outros anos, temos dez competidores inscritos no torneio. Dessa forma, faremos uma luta preliminar entre o campeão do ano passado ― apontou para Enzo ― e Carlos, que é o membro de maior graduação do clube ― apontou para um garoto de cabelos loiros e moicano, encostado na parede. ― O vencedor dessa disputa avançará automaticamente para a final, precisando ganhar apenas mais uma luta para se tornar campeão. Os outros oito competidores se enfrentarão em um torneio de três etapas. O vencedor de todas as etapas enfrentará o vencedor da preliminar, decidindo o campeão. Bem, acho isso que é tudo! Deseja falar algo, diretor?
O diretor, que John nunca descobrira o nome, encontrava-se o tempo todo com um leve sorriso no rosto como se tivesse se lembrado de uma piada e segurasse a risada.
― Só gostaria de lembrar o verdadeiro motivo por trás das competições interclasses ― ele falava lentamente. ― Além de promover as atividades esportivas, ela tem como intuito aproximar alunos de diferentes turmas em uma competição saudável. Sendo assim, peço apenas que sejam respeitosos uns com os outros.
Fez-se um pequeno silêncio no cômodo quando ele terminou de falar. Foi a primeira vez que John parou de olhar para o chão e olhou na direção dele. Com o canto do olhou, notou que Enzo olhava na sua direção. Será que o encarou durante aquele tempo todo? Não sabia dizer. Só desviou o olhar novamente.
O diretor se despediu e saiu do cômodo enquanto Eric trocava algumas palavras com o professor. Este saiu logo em seguida. O zelador começou a passar por cada um dos alunos, falando algo enquanto olhava para o caderno em sua mão. Foi seguindo até chegar ao fundo do cômodo, onde estava John.
― Jovem! ― chamou com firmeza olhando para o caderno. ― A sua luta vai ser a primeira, logo após a preliminar. Você enfrentará o Antônio ― apontou para um garoto de barba volumosa, que era apenas um pouco mais alto que John. ― Tudo certo?
John confirmou com a cabeça sem falar nada.
Logo depois, Eric fez com que todos se mobilizassem pra o corredor, formando uma fila indiana com os alunos. Demorou quase dez minutos para todos se organizarem perfeitamente. Os membros do clube de muay thai não paravam de falar. Os únicos que não abriam a boca era Enzo e John.
Quando todos estavam organizados, Eric os deixou e foi até a quadra. Retornou um minuto depois, ordenando que começassem a se mover. John foi empurrado e a fila começou a andar. Passando pela porta, foram recebidos com gritos e aplausos dos torcedores da arquibancada. John Dias estava ainda mais nervoso. Olhou para todas aquelas pessoas, alunos e parentes de alunos, procurando por seus amigos. Ele avistou Victor, que estava no segundo banco mais próximo do chão. Ao seu lado estava Kalina e Bernardo. Continuou passando os olhos para ver se reconhecia mais alguém. Por fim, localizou Beatriz no último banco, bem no alto, ao lado de Ana e algumas outras meninas. “Devem ser do clube de natação”, pensou.
O primeiro banco da arquibancada estava metade ocupada por alguns professores do colégio, incluindo o diretor. A outra metade foi separada para os competidores.
― Quero apenas Enzo e Carlos aqui, os outros podem se sentar ― disse o professor apontando para os lugares vagos.
John esperou todos os outros se acomodarem e se sentou o mais distante possível. O professor de educação física guiou Enzo e Carlos até o centro da quadra.
― Muito bem! ― disse levando o microfone à boca. ― Agora que já se encontram todos aqui, vamos dar início à luta preliminar. Lembrando a todos, como eu disse mais cedo, essa luta irá decidir o primeiro finalista da noite. De um lado temos Enzo Panzini, ― houve uma chuva de gritos e aplausos ― o campeão do interclasse do ano passado. E Calos Henrique ― mais gritos e aplausos ― lutador de mais alto grau do clube de muay thai.
Enzo e Carlos se viraram pra arquibancada e fizeram uma leve reverência. Viraram para o professor, e o cumprimentaram também. Viraram-se um defronte ao outro, e fizeram os mesmos movimentos. Enzo era mais ou menos dez centímetros mais alto que Carlos. Um silêncio quase que absoluto reinou no salão. Enzo se destacava por ser o único a se vestir de forma diferente. Usava uma calça de moletom cinza e uma regata branca. Carlos e Enzo ergueram os punhos na frente do rosto, em posição de guarda. Seus pés estavam ligeiramente separados.
O professor fez sinal para iniciarem. Carlos começou o movimento, se aproximando lentamente de Enzo, que permaneceu imóvel. Pareciam se estudar, e durante um bom tempo não fizeram nada. Carlos continuou avançando, tornando a distância entre eles cada vez menor. Ele levantou o punho esquerdo, para desferir um golpe na região das costelas. Enzo deu um chute na vertical com sua perna direita, desenhando um arco no ar. Seu pé passou por trás do corpo de Carlos, o acertando na nuca, antes que o garoto finalizasse seu movimento. A cena toda durou poucos instantes, e quando todos na arquibancada se deram conta, um garoto de moicano estava caído no chão inconsciente, provavelmente sem saber o que o havia acertado.
Vitória por nocaute.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem! Estarei me esforçando para enviar os capítulos toda semana, então semana que vem terá mais!



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