A escuridão era total dentro do elevador e eu não conseguia enxergar nada na minha frente. Eu sentia a respiração do Edward cada vez mais forte ao meu lado.

– Calma – eu disse – por acaso você tem medo de escuro? – eu perguntei querendo rir.

– É c-c-claro que não – ele disse gaguejando. Então ele tinha mesmo medo de escuro e eu poderia usar essa informação mais tarde caso eu quiser bolar um plano diabólico para acabar com ele ou algo assim.

– Calma, eu cuido disso – eu disse pegando meu celular e ligando a lanterna. A lanterna clareou pouco o ambiente, mas ajudou um pouco e Edward pareceu ficar mais calmo. Eu não sabia porque estava ajudando ele com seu medo depois de tudo que ele me fez passar, mas eu estava.

– Obrigado – ele disse.

Passaram-se mais de uma hora e meia, Edward e eu não conversamos mais e ninguém aparecia pra nos ajudar e nos tira dali. Eu comecei a ficar nervosa porque precisava chegar em casa e ver como minha irmã e minha mãe estavam e Edward já estava me tirando do sério batendo os pés sem parar na porta do elevador.

– Dá pra você parar com isso? – eu quase gritei – isso não vai fazer o elevador voltar a andar.

– Eu sei, mas não consigo ficar aqui parado sem tentar nada pra ajudar igual você está fazendo.

– Ah é? Tá legal, vou desligar meu celular então. – disse pegando meu celular e quase indo desligar a lanterna, mas a mão de Edward me impediu.

– NÃO! – ele gritou enquanto segurava minha mão entre as duas dele – por favor.

– ME SOLTA! – eu gritei de volta.

– Calma Isabella, eu só estou te pedindo pra, por favor, não desligar a lanterna. Você está bem nervosinha.

– Eu preciso chegar em casa logo e ver minha mãe e minha irmã, elas devem estar preocupadas comigo.

– Tenho certeza que elas estão bem – ele disse e eu preferi não contar da doença da minha mãe e o porque de eu estar tão preocupada, isso não era da conta dele – agora por favor, você pode deixar a lanterna acesa?

– Você tem mesmo medo de escuro – eu disse soltando uma risadinha.

– Cala a boca Isabella e larga logo esse celular, eu sou o seu chefe aqui.

– Desculpe senhor Cullen, mas meu expediente já acabou, você não manda em mim agora.

– Vamos cuidar disso amanhã então – Edward disse e começou a puxar o meu celular da minha mão enquanto eu lutava contra ele pra desligar a lanterna. Ele me jogou contra a parede do elevador e prensou a minha mão livre acima de mim pra me impedir. Agora seu rosto estava muito próximo do meu e eu podia sentir a sua respiração no meu pescoço enquanto ele ainda tentava tirar o meu celular de mim.

Eu olhei fixamente pra ele e então comecei a ficar tonta e simplesmente soltei o meu celular. Ele olhou pra mim tentando entender porque eu desisti e deixou o celular cair. A lanterna se apagou assim que o celular atingiu o chão, mas eu não liguei. O rosto do Edward estava a centímetros do meu rosto e por um minuto eu esqueci tudo que nos cercava e todas as condições que nos levaram até aquele momento e principalmente esqueci tudo que o pior chefe do mundo me fez passar.

Eu me aproximei mais e levei a minha mão que segurava meu celular até seu rosto procurando por seus lábios na escuridão total e Edward não contestou. Eu estava pronta para o beijo que estava por vir, mas então minha sorte mudou.

As luzes se acenderam e o elevador deu um solavanco que quase me fez cair e que levou Edward pra longe de mim. Obrigada Deus, muito obrigada. O elevador voltou a andar e Edward e eu voltamos aos nossos estados normais.

– O que você pensou que estava fazendo? – ele perguntou nervoso. Eu comecei a corar, oh céus, o que eu estava fazendo? Nem Deus deve saber o que eu estava fazendo. O que eu estava fazendo era uma loucura certamente.

– Tinha uma meleca saindo do seu nariz – eu menti e Edward pareceu corar também levando a mão ao rosto – mas agora já saiu. Deve ter caído com o solavanco.

Então nós chegamos no térreo e ninguém falou mais nenhuma palavra, peguei meu celular sem conferir se ele tinha estragado e saí. Os funcionários vinham perguntar se estava tudo bem, mas eu dizia rápidos sim sim sim louca pra sair daquele lugar logo.

Passei toda a viagem tentando esquecer aquele quase beijo e tentando me convencer e lembrar a mim mesma que Edward não merecia nem que eu avisasse a ele da suposta meleca saindo do seu nariz quanto mais merecer que eu ficasse pensando nele.

Cheguei em casa e escutei o choro de Alice no quarto. Na mesma hora meu coração disparou e saí correndo até ela jogando todas as minhas coisas no chão. Alice estava na beirada da cama chorando enquanto sacudia minha mãe. Meu coração que antes estava disparado agora parou porque minha mãe não acordava.

– Alice? Ai meu Deus, o que aconteceu?

– Bella! – ela me viu e saiu correndo pros meus braços chorando ainda mais – você demorou tanto e não atendia o telefone e aí a mamãe não acordava, eu fiquei desesperada.

– Calma meu amor – eu disse tentando acalma-la, mas eu mesma não estava nada calma. Fui até minha mãe tentando ouvir sua respiração. Sim, ela estava respirando, e meu coração voltou a bater novamente, mas imediatamente eu fui até o telefone de casa e liguei para o doutor James.

Em menos de quinze minutos o doutor estava ali e eu deixei que ele examinasse minha mãe. Levei Alice pra fora pra que ele pudesse trabalhar e pra tentar acalma-la. Tudo o que vinha acontecendo com minha mãe estava afetando Alice, ela não brincava e ria mais como antes, estava sempre séria e tinha piorado bastante na escola. Eu não queria que ela passe por tantas coisas difíceis tão cedo, mas ela era a única que podia ficar em casa cuidando de tudo enquanto eu trabalhava.

– Por que você demorou hoje? – ela perguntou me tirando dos meus pensamentos.

– Fiquei agarrada no trabalho.

– Alguma coisa séria?

– Não, não se preocupe. Aliás, chega de todas as preocupações, vamos ao parque no domingo o que você acha?

– Sério? – ela disse ficando animada – eu ia amar Bella, mas e a mamãe?

– Eu tenho certeza que o doutor James pode ficar com ela por umas duas horas – depois de tantos anos cuidando de Renée, James já tinha se tornado um amigo da família.

– Tudo bem então! – Alice disse dando um pulo e me dando um beijo – eu te amo Bella.

– Eu também te amo – eu disse a abraçando.

Mas então fomos interrompidas por James, que estava na porta da sala, pronto pra conversar. Mandei Alice pro quarto dela enquanto James me dizia o que tinha acontecido.

– Foi só um desmaio, agora ela está acordada, mas um desmaio que pode significar algo muito sério – ele começou – sua mãe piorou Bella, eu não vou mentir, os remédios não estão mais fazendo efeito, vamos ter que aumentar a medicação e começar um tratamento mais forte.

– E o que seria esse tratamento? – eu perguntei.

– Uma quimioterapia mais avançada. Sabemos que ela já tentou uma vez e não deu certo, mas tenho uma esperança que dê certo dessa vez que o quadro dela mudou.

– Claro, eu também tenho essa esperança. Quanto ficaria isso? – eu perguntei já com medo do que viria.

– Cerca de 13 mil reais – ele disse e eu quase engasguei – posso dividir pra você dependendo de quantas seções a Renée for precisar.

– Tudo bem, é claro que vamos querer – eu não sabia como conseguir o dinheiro mas eu precisava tentar, pela minha mãe.

– O.k, leve a sua mãe na clínica na segunda.

– Levo sim, obrigada James.

James se despediu de Alice e foi embora me deixando mais preocupada do que eu já estava. Comecei a pensar como eu conseguiria o dinheiro tão rápido e então vi as minhas coisas jogadas no canto da sala, que estavam ali desde quando eu cheguei assustada com o choro da Alice. Peguei tudo e ia levando pro meu quarto quando eu me lembrei do meu celular que provavelmente estava quebrado.

Tentei ligar e nada, sim, estava quebrado, oh santa Maria das trabalhadoras desesperadas era só essa que me faltava. Eu não podia ficar sem celular, Alice sempre está precisando falar comigo. Agora eu precisava de dinheiro pro tratamento da minha mãe e pra um celular novo e eu só conseguia pensar em uma coisa que eu podia fazer. Eu ia precisar de um aumento, agora teria que pedir favores pra ultima pessoa do mundo que eu queria fazer isso, Edward Cullen.