Between Jingle Bells and Mistletoes escrita por violet hood


Capítulo 1
Baby, it's cold outside


Notas iniciais do capítulo

Hellou! To atrasada e tive vários problemas (to meio que tendo um agora).
Estou planejando essa fic desde o meio do ano, iria ser até maior, mas meu atraso não me permitiu.
A fanfic ainda não foi betada, mas vai ser.
Na parte do "Baby, it's cold outside" eu imagino as vozes Daisy Ridley e Oscar Isaac cantando essa música, queria colocar o link aqui, mas a internet não está boa. Se quiserem ouvir me mandem seus twitters que eu marco vocês no tweet que tem eles cantando quando a internet melhorar.
Espero que gostem!



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Eu sempre pensei que a vida seria mais fácil caso não fosse uma Greengrass. Não que ser Greengrass não tenha suas vantagens (dinheiro, conhecer o elenco de diversos filmes e as viagens para o exterior), contudo, depois que virei a ovelha negra da família por escolher cursar Artes Visuais, ser Greengress era apenas desvantagem. Não tinha mais dinheiro dos meus pais, ou seja, passei a trabalhar, não era mais convidada paras as festas chiques com pessoas famosas e muito menos viajava para o exterior. E o pior de tudo, tinha que aguentar minha mãe me ligando e mandando e-mails para falar dos meus possíveis futuros maridos, todos eles aprovados por ela.

“Querida, hoje mesmo encontrei com a Sra. Nott e ela me informou que seu filho está solteiríssimo e cursando medicina. Não é uma notícia incrível?”

“Minha filha, sabia que Blaise Zabini terminou com a namorada? Deveria investir nele, vocês dois teriam filhos lindos.”

Pelo menos, eu não tinha que encarar minha mãe pessoalmente, podia ignorar os e-mails ou fingir que as ligações haviam caído. Porém, amanhã eu teria que voltar para casa para o feriado de Natal, minha mãe já havia mandado a lista de homens ricos e solteiros que estariam na festa anual de Natal dos Malfoy (uma das únicas festas chiques que ainda me convidavam) e, eu realmente não queria ir.

Entretanto, a não ser que encontrasse outro lugar para o passar o feriado, não tinha escolha. Minha mãe era capaz de contratar alguém para me arrastar para casa. Por isso, precisava encontrar um lugar para passar o Natal.

— Hermione! — entrei no quarto de uma das garotas que morava comigo. — Posso passar o Natal com você?

Hermione Granger parou de arrumar as malas para me encarar.

— Não posso — respondeu parecendo se sentir culpada. — Vou para casa do Ron.

Fiz uma careta.

— Pensei que tivessem terminado — comentei me jogando em sua cama, em um espaço afastado das roupas.

A garota me encarou confusa.

— Terminado? Por que você achou isso?

Dei os ombros.

— Vocês estão juntos a tempo demais — expliquei. — Não acho que um casal deveria durar tanto.

Hermione arqueou uma sobrancelha, parecendo não acreditar muito no que eu dizia.

— E os seus pais? — indagou. — Eles estão juntos a anos.

— Por isso mesmo! — exclamei ficando ereta na cama. — O relacionamento deles não é saudável. Não acho que as outras pessoas deveriam passar por isso.

Hermione riu e se sentou ao meu lado na cama.

— Talvez os seus pais não sejam o melhor exemplo de que um relacionamento duradouro, mas ainda existem casais que ficam juntos por muito tempo e se amam. — Odiava quando Hermione usava aquela voz de mãe comigo. E ela fazia isso com frequência. — Você só não encontrou o cara certo ainda.

Revirei os olhos.

— Nem fale sobre isso — disse rapidamente. — Todos os e-mails que mandei para a minha mãe sobre estudos e trabalhos, ela só me responde com uma lista de caras ricos e solteiros.

Hermione tentou segurar a risada.

— Não ria! — ordenei fazendo bico.

Ela riu do mesmo jeito.

— Talvez você deva dar uma chance para um deles — disse sento otimista. — Vai que além de rico, é gato e legal.

Cheguei a pensar que minha amiga havia sido abduzida por alienígenas. Não era possível que ela estivesse sugerindo aquilo.

— Não fale essas loucuras, Hermione! — bufei. — Não vou sair com nenhum cara que minha mãe sugeriu — disse cruzando os braços. Antes que ela pudesse dizer algo, acrescentei: — E não vou passar o Natal com a minha família.

Hermione suspirou desistindo. Ela se levantou da cama e voltou a arrumar as roupas.

— Boa sorte em encontrar outro lugar — falou dobrando os pijamas antes de colocá-los na mala. — Você não vai passar o Natal sozinha nesse apartamento.

— Tudo bem — suspirei pensando em alguém que pudesse pedir abrigo para o feriado. Tinha muitos amigos, mas poucos amigos íntimos. Apenas Hermione e... — Luna!

Não demorou muito para a outra garota que dividia o apartamento comigo, aparecer na porta.

— Me chamou?

Sorri vitoriosa e Hermione revirou os olhos.

— Aonde vai passar o feriado?

— Brasil — respondeu contente. — Irei com meu pai para Amazônia encontrar espécies raras.

Fiz uma careta e me virei para Hermione:

— Parece que terei que voltar para casa — suspirei tristemente.

— Tenho certeza que irá conhecer um cara, rico, gato e legal — assegurou, enquanto analisava dois vestidos. — Qual você...?

— Vermelho — escolhi rapidamente. — Não existem pessoas ricas e legais. É um fato.

— Claro que existem.

— Nomeie um — desafiei.

— Beyoncé — respondeu. Hermione parecia estar orgulhosa de si mesma, conhecia minha amiga bem o suficiente para saber que ela amava ter uma resposta na ponta da língua.

— Rico, legal e real — corrigi.

Luna exclamou assustada, ainda parada perto da porta:

— Beyoncé não existe?

Hermione bufou.

— Claro que existe, não de ouvidos a essa louca. — Depois voltou-se para mim: — E você, mocinha, vai ter que aguentar sua mãe te apresentando diversos pretendentes, ou vai precisar encontrar um namorado antes de viajar.

A garota não falava aquela última parte com seriedade, sabia disso. Porém, não posso mentir, aquilo ficou na minha cabeça.

***

Torci o meu nariz assim que Draco Malfoy entrou pela porta do Três Vassouras, a cafeteria onde eu trabalhava.

Draco era o cara mais idiota do universo, ele se achava melhor que todos só porque era rico e bonito. Adorava falar da sua mansão, que era do tamanho de uma ilha e, da sua outra mansão, que ficava dentro da sua própria ilha.

O pior de tudo era que aquele idiota estava em primeiro lugar na lista da minha mãe de “Homens Perfeitos Para Casarem Com Astoria.”

— Hannah — chamei a garçonete loira que estava do meu lado. — Pode atender o Malfoy?

Fiz minha melhor cara de filhotinho, sempre funcionava com meu pai, às vezes com Hermione e com sorte funcionaria com Hannah. Mas eu não sou um bom exemplo de pessoa sortuda.

— É sua mesa, Astoria — falou analisando as unhas cor de rosa. — Se vira.

Bufei irritada e peguei meu bloquinho. Foi caminhando o mais devagar possível, tentando evitar aquele momento.

— Olá, Greengrass. — O sorriso em seu rosto não poderia ser mais falso. — Como andam as artes que você vende na praia?

Revirei os olhos. Outro motivo para Draco Malfoy ser o maior idiota: ele só sabe fazer piada do fato de eu cursar artes. Draco faz direito, deve ser por isso que odeio tanto direito e todos os alunos de direito (tirando a série How To Get Away With Murder, única coisa boa em direito é essa série).

— O que você vai pedir? — perguntei sem me importar em sorrir ou parecer educada.

— Poxa, Astoria. — Fez bico. — Venho aqui apenas para ver o seu lindo sorriso.

Forcei um sorriso, que deveria parecer mais uma careta.

— O que você vai pedir? — repeti a pergunta usando um tom que muitos considerariam ameaçador. Contudo, não podemos ameaçar os clientes, então vou apenas dizer que foi um tom de voz necessário naquele momento.

— Bem melhor — comentou. — Quero um café expresso grande e um pedaço de torta.

— Existem diversos sabores de torta, você poderia ser mais especifico.

— Vou deixar que você escolha o sabor, confio em seu julgamento.

Revirei os olhos e mostrei um pequeno sorriso antes de me afastar da mesa.

Voltei com o café expresso grande e uma fatia da torta de maçã. O Malfoy conversava ao telefone e não parecia nada contente.

— Eu não vou voltar com a Pansy — murmurou irritado para a pessoa do outro lado da linha. Coloquei os pedidos na mesa. — Ela é irritante, fresca e não temos assuntos em comum. — Draco revirou os olhos para o que a outra pessoa disse. — Mãe, eu voltar com a Pansy não é um bom presente de Natal e, além do mais, já comprei o seu presente.

A conversa de Draco Malfoy rapidamente me interessou. Pareceria que nós dois tínhamos algo em comum: mães que não queriam que os filhos fossem solteiros. E então a ideia surgiu, uma ideia muito boba, mas não consegui deixar de pensar. Draco e eu poderíamos namorar! Não realmente namorar, mas ele podia ser meu namorado falso por uma noite. Minha mãe nunca mais me incomodaria com sugestões para namorados, era a ideia perfeita.

Eu conhecia histórias de namoros falsos, vi vários filmes com esse plot e havia acabado de ler “Para Todos Os Garotos Que Já Amei”, sabia como aquelas histórias terminavam. Mas isso nunca aconteceria comigo e Draco, ele me odiava tanto quanto eu o odiava.

Sentei-me na cadeira a sua frente assim que ele desligou o telefone. O Malfoy arqueou uma das sobrancelhas.

— Você está feliz e perto de mim, estou confuso.

— Eu tenho uma proposta para você — disse sorrindo maliciosamente.

Draco pareceu se esforçar para não começar a rir.

— Não quero ser malvado, não dessa vez — começou. — Mas você não tem muita coisa para me oferecer.

Tentei não ficar ofendida, não queria me irritar naquele momento. Contudo, brigar com Draco Malfoy era minhas especialidade.

— Eu tenho muitas coisas falaciosas! — Não, não tinha.

Quando vi Draco não me encarava mais nos olhos.

— Ei! — exclamei tampando o decote do uniforme com os braços. — Isso foi deselegante.

Malfoy enrubesceu, o que foi hilário.

— Desculpe — disse parecendo sincero.

Revirei os olhos e resolvi ir direto ao assunto.

— Eu ouvi sua conversa com sua mãe e acho que posso te ajudar.

— Como? — Ele pareceu interessado.

— Minha mãe quer muito que eu encontre um namorado que ela aprove, então você pode ser meu namorado no Natal — expliquei. — Sua mãe não vai insistir que você volte com a Pansy e, a minha não vai ficar me apresentando aos caras solteiros e ricos.

Esperei a reação dele, esperava muito que fosse concordar. Era uma ideia genial, afinal. Entretanto, Draco Malfoy começou a rir.

— Ficar desenhando não está fazendo bem para você, está completamente louca.

Levantei-me rapidamente e completamente ofendida. Alguns olhares de mesas próximas nos observavam.

— Eu espero que você engasgue com a torta de maçã.

***

Passei o resto do meu turno pensando em como fugir da minha mãe a festa toda. A mansão Malfoy era grande, aposto que não seria difícil encontrar um lugar para me esconder e, além dos meus pais, ninguém sentiria minha falta.

Ao fim do meu turno já estava de noite, despedi-me de Hannah e fui embora. Assim que sai pela parte de trás do Três Vassouras dei de cara com Draco Malfoy.

— O que faz aqui? — perguntei seca, não estava com paciência para aturá-lo naquele momento.

— Eu percebi que a sua proposta é interessante — disse sem me olhar nos olhos. Seu orgulho, com certeza, estava ferido depois de dizer tais palavras e eu adorei isso.

Cruzei os braços, minha mochila roxa quase caiu do ombro, mas não me importei.

— O que disse?

Draco me encarou, sério.

— Não me faça repetir — falou. — Eu aceito a proposta.

Soltei uma risada que pareceu confundi-lo, como se aquilo não fizesse parte dos seus planos.

— E quem te disse que a proposta ainda está de pé?

O Malfoy bufou.

— Não faça isso, Astoria. — Ele esperou que eu respondesse, contudo continuei o encarando de braços cruzados, sem mostrar uma reação. — O que quer que eu faça?

— Uma box com os filmes de Star Wars — disse. — A mais cara.

Draco revirou os olhos, mas não hesitou.

— Feito.

***

— Astoria. — Hermione apareceu na minha porta. — Seu namorado chegou.

— Por favor, Hermione — disse fechando minha mochila, roupas suficientes para um dia. — Não diga isso nem de brincadeira.

— Mas vocês estão namorando — protestou com um sorriso irritante no rosto.

— Por uma noite. — Fiz uma careta. — Se um dia eu quiser mesmo namorar o Malfoy, você tem minha permissão para me internar em um hospício.

Hermione veio até mim e me abraçou, retribui o abraço.

— Boa viagem — falou.

— Para você também.

Luna já havia partido fazia uma hora. Ela e Hermione iriam ficar longe até o recesso acabar e eu só planejava passar uma noite em casa.

Draco Malfoy me esperava dentro do seu carro, que parecia ter custado uma fortuna. Fazia muito tempo desde a última vez que andei em um carro daquele. Não sentia falta.

— Bom dia — disse ele, educadamente. Respondi com outro “bom dia”, pois sei ser educada e, depois joguei minha mochila para o banco de trás, junto com os presentes dos meus pais e da minha irmã.

A viagem de carro estava sendo bem chata, não sei o que eu esperava, mas não pensei que ficaria tão entediada. Amaldiçoei-me por ter deixado o IPod em no apartamento.

Estiquei-me no banco para ligar o rádio, Draco pareceu não notar. Quando ouvi a música que estava tocando logo fiquei animada.

Jingle bells, jingle bells, jingle all the way! — cantei animada, se tem uma coisa que eu amo no Natal são canções natalinas. Cutuquei Draco com o dedo — Cante!

Ele fez uma careta como se eu o tivesse ofendido.

— Você só pode estar zoando.

— Não seja chato, Draco — disse sem tirar o sorriso do rosto. — É o refrão de novo. Jingle bell, jingle bell...

Quando percebi o Malfoy cantava comigo.

Jingle all the way...

Nós cantamos a música inteira e assim que ela terminou, eu comecei a rir.

— O que foi? — Draco perguntou, parecendo estar com medo. — Qual é a graça?

— Você canta bem — disse sorrindo. — Nunca iria imaginar.

— Ah, você também não canta mal.

— Draco Malfoy me elogiando? — perguntei incrédula. — Você está com febre?

Draco revirou os olhos, mas sorriu.

— Não seja exagerada — falou. — Eu sei elogiar as pessoas quando elas merecem ser elogiadas.

— Não sei como deveria me sentir depois dessa frase.

Draco emitiu um som que pode ter sido uma risada. Mas como não sabia se um Malfoy era capaz de rir, não pude confirmar se aquilo foi de fato uma risada.

O resto da viagem não foi tão chata assim. Espero nunca ter que admitir isso em voz alta, Draco Malfoy é bom em cantar canções natalinas.

Ele me deixou bem perto da mansão Greengrass, pedi para não parar na porta porque não queria que ninguém soubesse do meu “namoro” com o Malfoy, não ainda.

Minha mãe foi a primeira a me ver quando entrei em casa, ela estava sentada no sofá lendo uma revista de fofoca.

— Astoria! — Minha mãe levantou para me abraçar. Foi uma abraço rápido e não muito caloroso, mas esse era o jeito dela. — Já decidiu que prefere fazer Direito?

Revirei os olhos. A Sra. Greengras continuava a mesma de sempre, achando que podia controlar minha vida.

— Mãe. — A adverti. — Não vamos começar com isso, não hoje.

— Tem razão — concordou. — É véspera de Natal, temos assuntos mais importantes para tratar.

— Comida? — Tentei adivinhar, jogando minhas coisas no sofá. Havia lançado antes da viagem, contudo não comi mais nada depois e estava morrendo de fome.

— Não, estou falando dos homens solteiros que estarão na festa de hoje à noite — respondeu e eu me controlei muito para não revirar os olhos. — Comprei um vestido novo para você, não tem como você ter dinheiro para comprar algo bom vivendo aquela sua vida.

Quis me defender, mas ela estava certa. Eu mal tinha dinheiro para pagar minha parte do aluguel, muito menos comprar um vestido descentes. Estava planejando usar um vestido velho, então o novo que minha mãe havia comprado era muito melhor.

O vestido era azul e longo, tinha um decote na frente e era aberto atrás.

— Nenhum homem vai resistir a você nesse vestido — assegurou minha mãe.

— Na verdade... — comecei. — Já tenho um namorado.

Minha mãe ficou em estado de choque.

— Um... um namorado?

Minha irmã, Daphne, desceu as escadas com metade do cabelo loiro molhado e a outra metade seco e liso.

— Eu ouvi bem? — perguntou parecendo mais chocada que minha mãe. — Você está namorando?

Senti-me muito ofendida naquele momento.

— Por que é um choque tão grande que eu esteja namorando? — Não que eu tivesse tido muitos namorados ao longo de minha vida, mas eu podia arranjar um namorado se eu quisesse.

Daphne ignorou minha pergunta e se virou para minha mãe.

— Aposto que é um perdedor que vende artes na praia — concluiu.

— Ei! — exclamei. — Essa piadinha já está ficando sem graça.

— Quem é? — indagou minha mãe, ela parecia estar com medo da minha resposta.

O que será que fiz para merecer isso?

— Vocês vão descobrir — disse. — Hoje à noite.

Meu plano era ir para o escritório de meu pai logo após dizer isso, ia ser uma saída dramática perfeita. Contudo, precisava pegar minha mochila e os presentes da minha família que havia jogado no sofá. Depois de pegar minha mochila e colocar os presentes embaixo da árvore, fiz minha saída quase dramática.

O meu pai não falou nada sobre namorados ou reclamou das minhas escolhas de vida, o que era um alivio. Chegou a oferecer um pouco de dinheiro (algo que minha mãe não aprovava), fiquei tentada a aceitar, porém tive que recusar. Odiei quando a Sra. Greengrass resolveu que eu não deveria mais ter acesso ao dinheiro da família (Daphne ainda tinha), mas agora estava me virando com o meu próprio dinheiro, que eu havia trabalhado para ganhar, e é bom ser independente.

Quando anoiteceu eu já estava pronta, usando o vestido azul que minha mãe me deu mas não tinha intenção de arranjar um namorado. Minha irmã tentou adivinhar quem era o meu “namorado”, ela chutou quase todos os caras que estariam na festa. Claro que não falou o nome de Draco, o que um cara como Draco Malfoy iria querer com uma garota como Astoria Greengrass, não é mesmo?

O motorista nos deixou na frente da mansão Malfoy e uma empregada abriu a porta.

— Então... cadê seu namorado? — perguntou Daphne. — Estou começando a pensar que ele não é real...

Abri a boca para recrutar, entretanto antes que pudesse dizer algo, outra voz surgiu da multidão.

— Astoria! — Draco Malfoy colocou um dos braços em volta de mim. — Eu estava te esperando.

Sorri para ele, um sorriso falso e, voltei-me para minha família:

— Mãe, pai e Daphne — disse. — Esse é o meu namorado, Draco Malfoy.

A cara da minha família era hilária, principalmente a de Daphne. Draco cumprimentou todos educadamente e, logo em seguida disse que iria chamar sua mãe para avisar que a gente havia chegado.

— Ele não parece o seu tipo — Meu pai foi o primeiro a dizer. Quis concordar, porém não podia.

— Isso não é possível — soltou Daphne, incrédula.

Minha mãe estava sorrindo.

— Parabéns filha, estou muito orgulhosa de você.

Fiz uma careta.

— Preferia que tivesse orgulhosa das minhas notas ou pelo fato de eu ser uma garota de dezenove anos muito independente. — Diferente de Daphne, acrescentei mentalmente. — Mas é véspera de Natal então não vou reclamar.

Draco voltou com a Sra. Malfoy. Ela me cumprimentou e todos os outros da minha, antes de seu filho anunciar que estávamos namorando. O sorriso de Narcisa Malfoy sumiu na mesma hora.

Ela encarou o filho, perplexa:

— E Pansy?

Draco revirou os olhos.

— Nós terminamos há quase três meses mãe.

Narcisa pareceu decepcionada. O Malfoy me puxou dali antes que sua mãe fizesse outro comentário.

— Ela não gosta de mim — falei e Draco riu. Ele andava risonho demais, nem parecia verdade.

— É que ela gosta muito da Pansy — explicou. — E minha mãe vive dizendo que sente pena da sua mãe, por causa...

— Do que fiz com a minha vida? — completei.

— Exato.

— Não estou surpresa — disse com sinceridade. — Minha mãe reclama disso sempre, mas acho que nunca tinha parada para pensar que os outros fofocavam sobre isso.

— E como fofocam. — Draco suspirou. — Se você olhar em volta agora vai perceber que quase todo mundo nos encara, já devem saber do namoro.

Olhei em volta e vi que grande parte dos olhares estavam voltados para a gente, as pessoas cochichavam uma para as outras. Encontrei os olhos de Pansy Parkison no meio da multidão. Nem preciso dizer que ela não parecia nada feliz.

— Não estou me sentindo muito confortável aqui — admiti.

Draco sorriu, ele segurou uma das minhas mãos, quase dei um pulo por causa do susto.

— Venha.

O Malfoy me levou até os jardins, o lugar estava praticamente deserto e quem estava ali não parecia saber das mais novas fofocas.

— Está se sentindo confortável agora? — perguntou.

— Bom, estou usando saltos muito desconfortáveis, mas tirando isso aqui fora é bem melhor do que lá dentro.

Nós caminhamos em silencio por um tempo, eu estava começando a sentir fome e me arrependia de não ter pego uns salgadinhos dentro da casa.

— Então. — Puxei assunto, porque não aguentava mais aquele silêncio horrível. — Por que você e Pansy terminaram?

Quis retirar aquela pergunta no momento em que a fiz, pensei que aquilo pudesse ser algo muito pessoal. Todavia, Draco não demorou para responder.

— Minha mãe e Pansy estavam começando a falar em casamento — respondeu fazendo uma careta ao falar a palavra “casamento”. — Eu sou muito jovem para pensar em me casar, nem conclui meus estudos. E além do mais, nunca conseguiria me ver casado com Pansy.

— Ela não é assim tão ruim — menti. Ele me encarou como se soubesse que não estava falando sério.

— Não temos nenhum assunto em comum — falou. — E Pansy odeia tudo que eu gosto, acredita que ela não me deixa usar minha blusa do mestre Yoda?

Comecei a rir.

— Você gosta de Star Wars? — perguntei sem acreditar no que ouvia.

— É claro que eu gosto de Star Wars — respondeu fingindo estar ofendido. — Que tipo de pessoal você acha que eu sou? Pansy Parkinson?

Ri mais ainda, não acreditava que estava tendo uma conversa agradável com Draco Malfoy. Hoje ontem erámos quase inimigos e agora agíamos como amigos.

— Olhe para cima. — Ele disse de repente.

Olhei confusa para cima e vi que havia um visco em cima da gente.

— E...? — questionei sem entender.

— Estamos embaixo de um visco, não tem uma regra para isso?

Eu arqueei uma das sobrancelhas.

— Você está usando isso como desculpa para me beijar?

— Talvez...

Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Draco Malfoy queria me beijar, a gente vivia brigando e agora ele queria me beijar.

— O que acontece se eu me mover? — perguntei.

— Você irá quebrar várias regras do Natal — respondeu como se aquele fosse um assunto muito sério.

Sei que irei me arrepender disso assim que acabar. Queria poder colocar a culpa da bebida, mas não havia bebido ou comigo nada desde que cheguei.

Deixei que Draco me beijasse e gostei. Eu, Astoria Greengrass, gostei de beijar Draco Malfoy. Preciso ser internada, vou pedir para Hermione fazer isso assim que ela voltar.

Assim que o beijo acabou, eu o interrompi quando percebi o que estava acontecendo, falei para voltarmos para a festa. Draco não protestou e não disse mais nada sobre o assunto.

A festa foi bem chata, tive que cumprimentar pessoas que nem lembrava mais o nome e, conversar sobre assuntos entediantes. Pelo menos, comi bastante.

Assim que voltei para casa, minha mãe voltou a falar de Draco e eu tentei ir o mais rápido possível pro meu quarto.

No outro dia, enquanto trocava os presentes com minha família (ganhei um livro do meu pai, uma saia da Daphne e brincos da minha mãe), não conseguia parar de pensar que estaria em uma carro com Draco Malfoy daqui há algumas horas.

E se ele quisesse falar do beijo? Eu não queria falar daquilo, nem sei por que fiz aquilo. Pensei em ficar mais uns dias em casa, depois podia pegar o trem para voltar. Entretanto, lembrei que não tinha o telefone de Draco ou da casa dele (que ótima falsa namorada eu sou).

Não tinha escolha, teria que encará-lo e torcer para que ele não falasse nada sobre os acontecimentos da noite passada.

E ele não falou.

Ficamos em silêncio no carro, Draco parecia não querer puxar assunto e eu também não estava com muita vontade de começar uma conversar.

Ele esticou o braço e ligou o rádio. Claro que estava tocando “Baby, it’s cold outside” apenas minha música favorita para aquela época do ano.

I really can't stay — comecei cantando em voz baixa.

Baby, it's cold outside — completou Draco e eu não consegui deixar de sorrir.

I've got to go away.

Baby, it's cold outside.

Comecei a rir.

— Você deveria investir na carreira de cantor, estou falando sério.

— Obrigado — falou sorrindo. — Até queria me inscrever para um desses programas de música, mas minha mãe não aprovou.

Tentei imaginar um Draco mais novo querendo ser cantor profissional, imaginei ele cantando no The X Factor e não pude deixar de rir.

Quando paramos em frente ao meu apartamento, não sabia o que dizer.

“Você foi um ótimo namorado falso por uma noite” ou “Obrigada por ter aceitado ser meu namorado falso, agora podemos voltar a ser como erámos ou devemos ser amigos?”

Para minha sorte, Draco foi o primeiro a dizer algo.

— Então, como vai passar o resto do feriado? — perguntou tentando agir naturalmente.

— Acho que vou ver o que tem de bom no Netflix — respondi, não era como se tivesse muitas opções de coisas para fazer.

— Parece divertido.

— Muito — concordei.

Peguei minha mochila que estava no banco de trás e abri a porta do carro.

— A gente se vê por ai então.

— Claro, até mais — disse Draco, pensei que ele fosse dizer mais alguma coisa, entretanto não disse e eu não perguntei.

Sorri, um sorriso sincero, antes de fechar a porta do carro e ir em direção ao apartamento.

Olhei para trás quando ouvi o carro de Draco se afastando. Eu não tinha ideia do que nós erámos agora, mas sabia que não o odiava tanto como antes.

Tentei tirar Draco dos meus pensamentos e focar nas prioridades do momento, o que veria hoje no Netflix.

Séries primeiro garotos depois.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e até o próximo Natal (com um plot bem diferente desse, podem deixar kkkkkk).KissusViolet