Contos Yaoi escrita por Creeper


Capítulo 9
Papelaria


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso! O capítulo está pronto desde sexta-feira,porém tive problemas para postar...
Boa leitura!



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Com minha pasta amarela (que uso para guardar meus preciosos desenhos) em uma mão e com o celular na outra,usei o corpo para empurrar a porta de vidro da papelaria em que trabalhava ,só estava naquele emprego para conseguir dinheiro para ajudar meu pai com as contas e comprar jogos.
—Bom dia,Nicolas!-Mariana acenou atrás do balcão e deu um de seus melhores sorrisos.
—Oi Mari.-sorri de canto colocando a pasta em cima do balcão.-E oi,Arthur.-olhei para o garoto que estava concentrado lendo um livro.
—Oi.-ele sussurrou sem tirar os olhos do livro.
—Andou desenhando de novo?-Mariana olhou minha pasta e sem permissão a abriu e tirou de lá os desenhos.
Eu me considerava o melhor desenhista do grupo,mas Mari e Arthur descordavam.
Arthur que percebeu os desenhos nas mãos de Mari os olhou atentamente,sabia que ele procurava qualquer defeito.
—Bonitos,mas...-Arthur disse indireitando a armação dos óculos e me encarando.-Você sempre desenha esses...Animes.
—Algum problema?-perguntei pegando os desenhos e os guardando.
—Nenhum,é só que...
Arthur não aceitava a minha preferência pela cultura japonesa. Dizia que não fazia sentido. Sabe o que não faz sentido? Ele dizer que não entende as músicas japonesas,sendo que ele ouve músicas inglesas. Ele dizer que eu perco tempo assistindo animes,sendo que ele assisti séries. Ele dizer que eu não posso falar "Kami-Sama",sendo que ele fala "God".
—Estou buscando um traço,gosto de desenhar e quero aperfeiçoar isso.-suspirei indo em direção ao quartinho dos fundos.
A quem eu estou enganando? Eu gosto do Arthur mesmo ele me criticando. Pode me chamar de idiota.
Peguei um caderno simples e um lápis em uma caixa de produtos que não iriam a venda,pretendia desenhar enquanto a loja não abria.
Voltei para o balcão e quase tive um infarto ao ver Mariana e Arthur pintando alguns dos meus desenhos.
—O que vocês estão fazendo,seus idiotas?!-arregalei os olhos.
Encarei o desenho que eu fiz do Natsu (de Fairy Tail) que Mariana pintava,ele estava com o cabelo loiro e com a roupa azul.
Depois meio receoso olhei para o desenho do L (de Death Note) nas mãos de Arthur,tinha o cabelo laranja e a roupa verde.
Respirei fundo e fechei os olhos tentando não mata-los.
—Nós estávamos entediados e quisemos pintar seus desenhos!-Mariana explicou inocentemente.
Sentei no chão e pousei as mãos sobre os meus cabelos louros escuros.
Eu demorei tanto tempo para desenhar!
Tinha deixado sem pintar,pois na ocasião estava sem as cores certas.
Abri os olhos e sorri de modo psicopata enquanto os olhava.
—Tocou sem permissão,vou arrancar a sua mão!-eu disse.
—Cara,era só um desenho!-Arthur deu de ombros.
O pior de tudo era a pintura de criança : rabiscada e variava de clara para escura.
☆☆☆
Após esse ocorrido,eu,Arthur e Mari estávamos atrás do balcão fazendo algo para espantar o tédio,a loja já estava aberta,porém sem movimento.
—O que você está fazendo,Mari?-perguntei olhando de soslaio para a tela do computador.
—Jogando um jogo muito educativo sobre o amor!-Mariana sorriu e suspirou como se estivesse apaixonada.
—Deve ser Amor Doce.-Arthur sussurrou para mim e eu revirei os olhos.
Fiquei ao lado de Mariana e encarei o tal jogo: uma estudante colegial coberta de sangue rodeada de vários cadáveres. Arregalei os olhos e fiquei boquiaberto.
—Yandere Simulator.-Mariana disse concentrando-se em limpar a "cena do crime".-Você tem que eliminar todas as suas inimigas para que o Senpai note somente você!-cerrou os dentes e a cada palavra ia aumentado o tom de voz com raiva.
—Mas,tem mais garotos do que garotas aí...-apontei,reparando que ela falou "Inimigas".
—Vai que meu Senpai prefere garotos,né...-ela explicou dando de ombros.-Estou sempre prevenindo.-ela me olhou e deu uma piscadela.-E...-voltou a olhar o computador.-Droga! Droga! Droga!-bateu no balcão com o punho cerrado. Olhei para onde ela olhava e lá estava uma mulher torcendo o braço da estudante até chegar a costa.
—Você não é uma boa assassina.-Arthur disse baixinho.
—Mari!-alguém gritou abrindo a porta.
—B-Be-Bernardo?-Mariana arregalou os olhos e corou levemente ao ver o garoto que vinha em nossa direção,acompanhado de uma garotinha e um garotinho (gêmeos) que aparentavam ter uns sete anos de idade.
Eu e Arthur nos olhamos e reviramos os olhos.
Mariana era caidinha por Bernardo desde a sexta série.
—P-Precisa de a-alguma coisa?-Mariana perguntou colocando os fios rebeldes de sua franja atrás de sua orelha.
—Um favor.-Bernardo disse se apoiando no balcão e ficando cara a cara com Mari.
Ver o nervosismo e a vermelhidão de Mariana era algo engraçado,eu tinha que me esforçar o máximo para não rir.
—Q-Que favor?
—Pode cuidar dessas criaturinhas "adoráveis" enquanto eu dou uma passada na cafeteria?-Bernardo disse a palavra "adoráveis" com sarcasmo,ele refiria-se as crianças que provavelmente eram seus irmãos.
Ele trabalhava em uma cafeteria do shopping,pelo que eu soube essas "criaturinhas adoráveis" estavam proibidas de entrar lá.
—Sim!-Mariana não pensou duas vezes.
—Valeu!-Bernardo sorriu e surpreendeu Mari com um abraço.
A garota quase derreteu,pareceu até que ia desmaiar.
—Nos vemos depois.-ele a soltou e deu uma piscadela.-Se comportem!-olhou mortalmente para as crianças.
Quando Bernardo saiu da loja,Mariana suspirou e colocou a mão no peito.
—Aguenta coração...-sussurrou para si mesma fechando os olhos.
—Por que você muda completamente perto dele?-Arthur perguntou.
—E-eu...-Mari gaguejou enquanto a vermelhidão ia sumindo de seu rosto.-Nicolas!-ela colocou as mãos em meus ombros e me obrigou a olha-la.-Me ensine a conquista-lo!-pediu.
Revirei os olhos e olhei para Arthur.
—Seguinte.-em um movimento rápido segurei o queixo do garoto,obrigando-o a me encarar.-Eu te amo. Vamos casar e ter vários filhos!-disse com a voz fina como se fosse uma menininha apaixonada.-Me beija!-fechei os olhos e fiz menção de beija-lo.
Na base de um segundo Arthur colocou a mão em minha nuca e com força a empurrou para o lado,fazendo eu bater de cara no balcão de vidro e por puro azar cortar meu lábio inferior.
—Olha o que você fez!-resmunguei colocando o dedo indicador em cima do corte.
—Você me obrigou!-Arthur disse,não pude deixar de notar suas bochechas um tanto rosas.-Foi pura defesa!
—Eu estava ensinando a Mariana a conquistar o crush!-eu disse.
—Hum.-Arthur murmurou cruzando os braços e virando o rosto.
—Mari,aprendeu?-sorri como se nada tivesse acontecido.
—Muito.-Mariana ria feito uma retardada.-Vocês dois parecem um casalzinho!-apontou para eu e Arthur.
—Cala a boca.-eu disse sem jeito olhando para o lado.
Encarei as crianças que faziam um caos na papelaria,a garota arrancava folha por folha dos cadernos e o garoto pintava as paredes com giz de cera.
—O QUE?!-arregalei os olhos.
—Kiara! Ken! -Mariana gritou vendo a bagunça dos gêmeos.-PAREM IMEDIATAMENTE!-pulou por cima do balcão e fez pose de autoridade.
—Nos obrigue!-o tal Ken mostrou a língua e rabiscou o chão.
—Se o dono ver isso,ele nos mata!-eu puxei meu cabelo desesperado.
Agora entendo porque os gêmeos foram expulsos da cafeteria.
—Para com isso!-Mari gritou tentando tirar o giz da mão de Ken.
Fui até Kiara e disse amigavelmente:
—Ei,que tal parar de...
Ela me interrompeu batendo com o caderno em meu rosto.
—Ora...-cerrei os dentes.
Kiara fez uma careta me provocando e correu pela loja,vez ou outra batendo nas prateleiras e derrubando os produtos.
Uma senhora idosa entrou na loja junto de uma garota,as duas se assustaram ao ver a bagunça.
—Arthur,ajuda aqui!-pedi encarando o garoto que permanecia parado lendo seu livro.-Você não serve pra nada mesmo,em!
No momento seguinte fui acertado por um livro.
—Vai ser assim,é?-eu disse bravo.-Toma essa!-joguei uma caixa de lápis de cor em Arthur que por pura sorte desviou,ou melhor,eu errei a mira.
O próximo item a ser jogado foi um tubo de cola que (sem querer) acertou a idosa.
—M-Me desculpe!-eu disse olhando a senhora massageando a cabeça.
—Como ousa fazer isso com minha avó?-a garota (que parecia ter dez anos) pisou em meu pé.
Em seguida,ela pegou o mesmo tubo de cola e jogou em mim,só que acabou acertando Mariana que ficou uma fera.
—Ahhhhh!-Mari gritou com raiva perseguindo Ken e Kiara por toda loja.
Kiara passou por mim correndo e quase que me derrubou,consegui pega-la pela cintura e ergue-la,tirando seus pés do chão para que não pudesse correr.
—Você é pesadinha...-eu disse reparando em como Kiara era rechonchuda,mas era tão fofa!
—Me solta!-ela esperneou e se debateu.
Enquanto isso,Ken botava o terror na loja e puxava o cabelo ruivo de Mariana.
Senti algo bater em minhas costas,me assustei ao ver que era a garota (neta da idosa) segurando um estilete e me olhando sorrindo. Vingativa...
—E-Ei,calma!-engoli em seco me afastando.
Arthur parou no meio do local e lançou um olhar de autoridade para todos ali presentes.
—Parem.-disse sério e em tom baixo.
—E se eu não quiser?-Ken ousou.
Arthur andou até Ken,se abaixou até ficar na altura do garoto e disse estralando os dedos:
—Quer descobrir qual é a temperatura do fogo do inferno? Posso te ajudar,te mandando para lá agora mesmo.
Fiquei pasmo. Arthur dizendo uma coisa dessas? Um garoto tão tímido e tão ameaçador...É por isso que eu gosto dele.
Todos ficaram parados e calados.
Ken começou a chorar como se tivesse apanhado.
Kiara também chorou,a soltei e ela foi correndo até o irmão e o abraçou.
A idosa e sua neta saíram da loja assustadas sem dizer uma única palavra,bem,a garota me olhou de um jeito estranho antes de ir embora...Mas decidi ignorar.
—O que foi isso?-sorri irônico para Arthur que voltou a ler.
—As vezes é preciso ser assustador.-Arthur disse baixinho.-Não foi nada de mais.
—Temos que arrumar essa bagunça!-Mariana disse segurando as golas das blusas de Kiara e Ken que continuavam a chorar.
—Pois é...-eu disse apoiando a mão em uma estante. A estante balançou e aos poucos foi caindo para trás junto comigo. Um estrondo.
—NICOLAS!-Mariana gritou ao ver a estante no chão com os produtos espalhados e danificados.
—Ops...-sussurrei me levantando em um pulo.
—Não faz nada certo mesmo!-Arthur disse revirando os olhos e batendo com o livro em minhas costas.
—Eu quero a minha mãe!-Kiara choramingou.
—Cala a boca,pirralha!-Mari cerrou os dentes.
Olhei para a porta com os olhos arregalados e fiquei em silêncio.
—Mamãe!-Ken chorou mais ainda,o que fez Mari apertar a gola dele.
—O que foi?-Mari me encarou.
Apontei para Bernardo que estava atrás dela e assistia a cena de boca aberta.
Mariana virou o rosto e ficou parecendo uma estátua de molho de tomate ao ver o garoto que ao entrar na loja acabou deixando os copos descartáveis de café caírem no chão por conta do susto.
—B-Bernardo!-Mari ficou vermelha e imediatamente soltou os gêmeos e fez uma cara inocente.
Bernardo com uma expressão de espanto somente murmurou um "obrigado" e guiou os irmãos para fora da papelaria o mais rápido possível.
—E-Espera aí!-Mariana se segurou para não chorar (de nervoso,talvez)e correu atrás do amado.
Suspirei e sorri de canto. Não que eu estivesse feliz por minha amiga ter com certeza perdido o futuro namorado.
—Sobrou para nós limparmos tudo por aqui.-Arthur disse sentando-se no chão coberto de materiais escolares.
—Parece que sim.-eu disse sentando-me na sua frente e o encarando.
Meu coração acelerou quando meu olhar foi correspondido. Não sabia ao certo quando comecei a ver Arthur com outros olhos,só sei que aquilo que sentia por ele não era só amizade,talvez algo mais,eu ousaria até dizer...Amor.
Arthur pegou um livro infantil azul com o título "mar" em vermelho e um lápis.
—Um "a" na frente de "mar" e a história muda...-Arthur sussurrou fazendo um "A" em letra cursiva na frente de "mar".
—Amar...-sussurrei olhando para o teto.-Você ama alguém?-perguntei.
—Talvez.
Quase engasguei ao ouvir a resposta.
—E você?-me perguntou.
—E-eu...-adquiri uma leve coloração avermelhada nas bochechas.
—Você gosta de mim,certo?-Arthur se aproximou e eu arregalei os olhos.-A Mari me contou...-olhou para baixo um pouco sem jeito.
—Eu vou mata-la.-cerrei os dentes e apertei a barra de minha blusa.
—Nicolas...-Arthur me chamou envergonhado.-Você não me odeia por eu me achar superior?
Arthur podia ter esse jeito quieto dele,mas sempre estava tentando mostrar que era melhor que eu em vários aspectos. Como por exemplo,tinha irmãos que davam festas incríveis,vários amigos,uma mãe que deixava ele fazer tudo que queria...
—Não.-eu disse suspirando.
—Quero que saiba que eu só faço isso porque...-ele se explicou.-Porque sinto que se deixar você ser melhor que eu,não serei notado.
—Quer ser notado,é isso?-arquei uma sobrancelha.
—Quero ser notado...-ele sussurrou e olhou fixamente minha boca .—P-Por você.
Arthur mal acabou a frase e seus lábios já estavam colados nos meus.
Aquilo ardia (por causa do corte),mas do mesmo jeito era algo bom,parece que a vontade de experimentar o sabor dos lábios de Arthur foi saciada,a necessidade de tê-lo perto de mim não existia mais por conta da proximidade.
Coloquei minha mão no alto da cabeça de Arthur e fui descendo até sua nuca para brincar com alguns fios de cabelo.
Arthur colocou a mão em meu peito e foi me empurrando até que eu deitasse.
Nos separamos para respirar,ambos estávamos envergonhados e não sabíamos o que dizer.
Dessa vez eu iniciei o próximo beijo e parece que Arthur gostou,ele parecia feliz pois vez ou outra deixava um sorriso escapar,assim como eu.
—Vamos limpar essa bagunça.-Arthur disse ofegante se afastando.
—S-sim...-o encarei sorrindo bobamente.-Mas,antes...-coloquei as mãos em seus ombros.-Você me ama?
—E você ainda pergunta?-Arthur revirou os olhos e riu.
Estávamos prontos para dar outro beijo, porém fomos interrompidos por alguém limpando a garganta.
Olhei assustado para a porta do quartinho dos fundos e lá estava o dono da loja com uma cara de poucos amigos.
—Alguém pode me explicar o que aconteceu aqui?-ele pediu olhando ao redor e cruzando os braços.
—Lascou.-eu disse fechando os olhos como se estivesse sentindo dor.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem,a opinião de vocês é importante!
Tenho algo para falar sobre a fic "O jogador de basquete e o gótico",tenho toda a história em minha cabeça,só não consigo escreve-la com as palavras certas...
Lembrando que a fic vai começar do começo (do fim é que não é,né Creeper) quando Brady e Drew se conhecem,aí vai ter uma enrolaçãozinha até rolar algo entre eles (como foi lido na segunda parte do conto) e no final...É segredo.
É isso,espero que tenham gostado! Beijinhos com gosto de brigadeiro!