Coisas totalmente inesperadas acontecem na vida...Quero dizer,na verdade bem lá no fundo eu acreditava...Acreditava que meu desejo se tornaria realidade,porém o destino queria fazer o possível para me castigar dizendo que era impossível.
Mas não era.
Sabia que minha estrela cadente não me abandonaria.
☆☆☆
Passaram-se exatamente dois anos desde que sai do meu país de origem para acompanhar o tratamento de minha avó (que felizmente está curada e saudável ).
Eu deixei algo naquele lugar,não...Algo,não. Alguém.
Alguém que um dia simplesmente tinha meu coração em suas mãos.
E...Quem diria que o olhar de esse certo alguém e o meu se cruzariam acidentalmente no aeroporto quando eu retornei?
Ao ver aqueles olhos claros um tanto confusos e cheios de emoção senti como se meu coração falhasse uma batida e algo dentro de meu estômago se arrepiasse,um frio na barriga.
Mas...Como eu podia ter certeza que era ele mesmo?
Bem...
—SEU IDIOTA INFELIZ!-Collin gritou praticamente pulando em mim para me dar um abraço.-SABE QUANTO DOEU TE ESPERAR?-me sufocou de tanto que me apertava.
—E-Ei c-calma...-sussurrei sentindo dificuldade de respirar e minhas bochechas esquentarem.
Collin tinha que estragar meu momento épico de narrador. E ainda por cima me xingar. E quase me matar sufocado.
Eu estava parasilado e com os olhos arregalados,era como se eu não acreditasse que depois de tanto tempo ele estivesse ali...Comigo.
—Diego? -Collin colocou as mãos em meus ombros e me afastou delicadamente.-É você mesmo?-arqueou uma sobrancelha.
—E você pergunta depois de me abraçar? -revirei os olhos.
—Era só pra conferir...-Collin disse emburrado.-Eu sei reconhecer você de longe. Afinal,não mudou nada.-riu corando.
Ficamos em silêncio por algum tempo. Não sei dizer,mas era um sensação estranha.
Se eu ainda o amava? Com toda certeza.
Afinal...A distância só serviu para que eu me desse conta de quanto estava apaixonado por Collin e como sentia a necessidade de estar perto dele mesmo que fosse impossível.
—É...-Collin riu nervosamente.-Oi.-acenou.
Arqueei uma sobrancelha, porém ri e respondi:
—Oi...?
—Eu senti saudades!-Collin me abraçou novamente,dessa vez retribui o abraço, sentindo meu coração bater mais rápido por conta da felicidade que sentia ao estar perto de quem amava.
—Eu também.-sussurrei em seu ouvido,o abraçando mais forte,porém com delicadeza.-Muita...Muita saudade mesmo.-fechei os olhos,os sentindo lacrimejarem.-Não sabe o quanto estou feliz por te ver!-dei um pequeno sorriso.
—Você demorou!-Collin disse fazendo biquinho.-Mas...Acho que valeu a pena,já que depois de tanto esperar,eu te tenho aqui comigo.-deu um riso abafado.
—V-Você ainda gosta...-perguntei não conseguindo evitar o sorriso.-De mim?
Collin desfez o abraço e sorriu,depois deixou nossos rostos bem próximos.
—Isso responde sua pergunta? -ele disse dando um demorado selinho em meus lábios.
—B-Bem...-corei quando ele me encarou.
—Sabe que eu te amo,né?-Collin sorriu docemente.
—Ainda tenho dúvidas...-fingi estar pensativo.
—Ah...-Collin riu.-E isso tira suas dúvidas? -segurou meu queixo, posicionando meu rosto para que ficasse de encontro com o seu,assim pressionando seus lábios macios contra os meus,em um beijo repleto de sentimentos, senti uma espécie de "choque",tipo...Um susto? Eu sabia que ele me beijaria,mas foi tão repentino.
Collin separou-se de mim,deslizou sua mão por meu braço até chegar de encontro com a minha,e entrelaçar nossos dedos.
—Que tal pular a parte melosa de saudades e tal...-Collin riu.-E irmos para sua festa de boas-vindas?
—Como assim?-arqueei uma sobrancelha.-Você nem sabia que eu vinha...-eu disse pensativo.
—É que nós mesmos vamos preparar uma...Comemoração. -Collin coçou a nuca.
Sorri.
Collin não mudou nada. Continuava o mesmo de sempre, o que eu achava ótimo.
☆☆☆
Fomos até a casa dele,seus pais estavam no trabalho,então éramos só nós dois...Sozinhos.
—O que vamos fazer?-perguntei me sentando no chão, a decoração da sala havia mudado,porém o tapete macio e felpudo continuava ali.
—Hum...-Collin pensou jogando no chão caixas de lápis de cor e giz de cera,folhas de papel e cartolina e tesoura.
—Nem sabe,né?-ri.
—Solte sua imaginação.-Collin sentou de frente para mim.-Você continua bom nisso, certo ?-sorriu.
—Sim!-sorri pegando um lápis e uma folha de papel.-Então...-eu disse sem encara-lo.-O que aconteceu durante esses dois anos?
—Tipo?-ele perguntou.
—Tipo...Do cotidiano.-eu disse.
—Bem...Meu irmão mais velho já é pai.-Collin disse com simplicidade.-Em breve vou saber se passei de ano no colégio...Meus pais pararam de brigar e desistiram do divórcio.
Fiquei com os olhos arregalados.
—Desde que você foi embora eu fiquei sozinho no colégio...-Collin suspirou. -Mas depois acabei fazendo amizade com um garoto mais velho que eu...
—Hum...-fiz biquinho,estava com ciúmes.
—Calma!-Collin riu.-Ele tinha namorada,ela também era minha amiga. Contei para eles sobre minha amizade com você, e eles queriam te conhecer antes de irem para outra cidade cursar faculdade.
—Uau...-sussurrei o olhando.
—E...Eu não deixei de pensar em você por um momento sequer. Sabe o quanto senti sua falta?-Collin fixou seu olhar em mim.-Podia ter mantido contato!
Infelizmente as fronteiras (de redes sociais e celular) não permitiam. (N/A: Comprava chip da TIM,então! )
—Muita coisa aconteceu.-suspirei.-Parece que...Nesse tempo eu me desliguei do mundo...Dois anos para alguns são pouca coisa,mas para mim...-pensei.-Foram dois anos em branco .
—Bem...E o que aconteceu com você nesse tempo?-Collin perguntou pegando um giz e rabiscando na cartolina.
—Durante o tratamento da minha avó, passei a estudar em casa,e como passa tempo fazia o rascunho de um livro infantil que algum dia pretendo publicar. Conheci várias pessoas,mas não podia chama-las de amigas...Sabe,acho que só você me conhece bem o bastante para me aguentar.-sorri.
—Verdade.-Collin sorriu.-E sua avó? Melhorou?-ele perguntou preocupado.
—Está saudável como nunca esteve...-eu disse e Collin suspirou aliviado.
—Você pensou em mim nesse tempo?-Collin perguntou corando.
—Você tem coragem de perguntar isso?-ri.-Claro que pensei...-eu disse calmamente.-Não conseguia me esquecer do momento em que nos depedimos e não parava de fantasiar o momento em que iríamos nos reencontrar...
—Depois daquele dia comecei a acreditar em estrelas cadentes...Quer dizer,vê-las como motivação, como se fossem simbólicas...Acho que foi isso que me deu forças para acreditar que você voltaria.-Collin sorriu.
☆☆☆
—Terminei!-eu disse.
—Também! -Collin disse encarando seu cartaz meio confuso.-Talvez eu tenha exagerado na purpurina...
—É glitter.-eu disse encarando a cartolina que de tão brilhante chegava a cegar.
—É purpurina.-Collin disse franzindo a testa.
—É glitter.-eu disse.
—Nem tem diferença! -Collin bufou.
—Se não tivesse diferença, teria apenas um nome!-eu disse.
—Não é verdade!
—Então me diga...-sorri.-É biscoito ou bolacha?
Collin arregalou os olhos e fez uma careta como se tivesse chupado limão azedo.
Essa era a pergunta que mais intrigava a humanidade...
Nem cientistas sabiam a resposta...
Talvez fosse uma armadilha do universo,talvez ele estivesse tentando desafiar a mente humana...
É biscoito ou bolacha? Nunca saberemos...
—Tem diferença...-Collin admitiu cruzando os braços e olhando para o lado.
—Ah,é? Qual? -sorri.
—Bem,eu não sei!-Collin disse.-Só sei que nunca ouvi alguém falar "biscoito de água e sal" !
—Eu já.-eu disse pensativo.
—Mudando de assunto...-Collin disse.-Está quase anoitecendo...
—Sim...-confirmei olhando pela janela,vendo o céu laranja mesclado com roxo se tornando azul marinho (Hã...?)
—Podemos ver as estrelas como nos velhos tempos...-Collin sorriu de modo fofo.
Sorri e suspirei apaixonado.
☆☆☆
Quando anoiteceu por completo e todas as estrelas estavam no céu, eu e Collin nos deitamos no gramado cheio de flores no quintal .
Era primavera,então era normal o quintal estar florido daquele jeito.
—Que lindo...-eu sussurrei olhando o céu azul cheio de pontinhos brilhantes que eram as estrelas. Parecia um quadro pintado por um artista.
—Eu sei que eu sou.-Collin disse convencido.
Para mim cada estrela tinha sua importância, seu motivo para estar ali iluminando a noite junto da enorme e cheia lua. As estrelas eram como as pessoas,tinham um propósito para existirem,se não, não estariam apenas ocupando espaço no céu.
—Quem faz parte da sua constelação? -Collin perguntou.
—Você. -sorri.-Meus avós. Eu...
—Constelações seriam como...Nossas famílias, certo?-Collin fez uma pergunta retórica.
—Você faz parte da minha família.-sussurrei sorrindo.
—Disse alguma coisa?-Collin me olhou.
—Nada não.-sorri.-Olha!-meus olhos se arregalaram e se encheram de esperanças.
—Uma estrela cadente!-eu e Collin dissemos ao mesmo tempo apontando para a bela estrela que cruzava o céu.
Fechei meus olhos e fiz um pedido.
Agora esse pedido estava arquivado em minha mente e coração e precisava ser cumprido, sempre que eu realizava meus desejos por conta própria me sentia satisfeito e alegre,sabendo que podia alcançar meus sonhos com a força de vontade.
—O que você pediu?-Collin perguntou.
—Você sabe que eu não posso revelar...-sorri.
—Hum...-Collin fez biquinho.
Revirei os olhos e dei um leve selinho no canto da boca de Collin.
Ficamos ali deitados e abraçados por um longo tempo,conversando e "matando a saudade".
☆☆☆
Os pais de Collin logo chegaram e ficaram surpresos e emocionados ao me verem. A mãe de Collin preparou um jantar de boas-vindas e o pai dele foi a uma confeitaria comprar um bolo mesmo eu dizendo que não era necessário.
Collin e eu penduramos os cartazes na parede da sala.
O cartaz de Collin tinha a frase escrita com glitter prata: "Bem-vindo de volta,minha estrela cadente" ,e o fundo pintado com giz de cera azul,tentando imitar o céu.
O meu era apenas um simples desenho,onde eu e ele estávamos deitados no gramado há dois anos olhando para as constelações.
A mãe de Collin convidou meus avós para o jantar comemorativo,após comermos a deliciosa comida ,os adultos ficaram conversando e tomando um cafézinho enquanto eu e Collin estávamos no quarto.
—Seus pais parecem felizes e apaixonados...-comentei me deitando na cama.-Nem parece que viviam brigando e queriam se separar...
—Nem me diga...-Collin sorriu e se deitou ao meu lado.
—Gostei muito do jantar,sua mãe é um amor de pessoa.-sorri.
—A comemoração ainda não acabou...-Collin sorriu mais ainda,me deixando desconfiado.-Bem,essa noite você vai dormir aqui. E eu tenho meu jeito de comemorar,entende?
—Não.-neguei com a cabeça, o fazendo revirar os olhos.
—Está se fazendo de inocente?
—Não.-neguei confuso.-Eu não entendi,sério.
—Então eu terei de te mostrar...-Collin sussurrou me beijando.-Bem-vindo de volta.-disse baixinho em meu ouvido quando separou seus lábios dos meus.
—Amo você.-sorri timidamente.
—Eu é que te amo...-Collin sorriu sincero e iniciou outro beijo.
—Eu estou com sono...-bocejei.
—Já?-ele perguntou triste.
—Por que? Quer que eu fique acordado fazendo o que?-perguntei.
—Nada.-Collin riu nervosamente corando.
E naquela noite dormimos juntinhos e abraçados debaixo do mesmo cobertor. E aquilo se repetiu várias e várias vezes.
Foi bom ter voltado. Foi ótimo ter reencontrado Collin. Foi maravilhoso tê-lo ao meu lado.
Nunca me senti tão bem,sabe...Talvez ele tivesse esse poder,além de ter roubado meu coração, também arrancou meus melhores sorrisos e risadas (em um bom sentido).
Só sabia de uma coisa...Eu amava aquele garoto...Aquele garoto chamado Collin e estava feliz ao seu lado.