O Milagre Evans escrita por Maju


Capítulo 1
O Milagre Evans - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Nada melhor do que passar o Natal escrevendo ou lendo sobre esse casal. Escrevi a maior parte do capítulo ouvindo Oh Darling dos Beatles, para quem quiser escutar.
Boa Leitura!



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O dia antes do feriado de James começou com uma frase:

– Feliz Natal, Evans!

Lily parou abruptamente quando o jovem se jogou na frente dela. Ele sorriu. O mesmo sorriso que escapava ao tramar algo, não era maldoso, no entanto. James estendeu para ela um pequeno embrulho fino, o papel de estampa verde e varas de açúcar, muito comum naquela época do ano.

A garota juntou as sobrancelhas ruivas lançando um olhar desconfiado para ele, James não perdeu a pose. Ela pegou o presente, os cabelos caíram pelo seu rosto enquanto abaixava a cabeça para examinar o objeto. Descolou o laço que fechava-o

– Ei! – James chamou tirando sua atenção do desembrulho antes que pudesse ver o que realmente era – Não vai entregar o meu?

Ela corou trocando o peso da perna, o contraste do rubor nas bochechas e a pele branca faziam-na parecer uma boneca.

– Eu... Potter, eu não sabi...

– Ora, não seja tímida! – cortou ele – Vou gostar de qualquer coisa que você me der. Onde está, Evans? – perguntou levantando o pescoço e dando uma volta ao redor dela. Lily desconcertada abriu a boca novamente, mas o Maroto pegou a varinha.

James sabia que Sirius estava escondido dois pilares a frente esgueirando-se para ver se o planejado funcionaria, Remo sentara-se num dos cantos espiando por detrás do livro que fingia ler. Tinham arquitetado aquilo há duas semanas enquanto desfrutavam de doces roubados da mesa do jantar no dormitório masculino.

Accio presente! – disse, um embrulho, igual ao que ele tinha dado, voou do bolso das vestes dela até sua mão. Lily arregalou os olhos verdes, surpresa, e James pegou-o no ar rasgando o papel, tinha que agir rápido naquela parte do plano, antes que ela se irritasse percebendo mais uma de suas tramoias.

– Eu não acredito! – Colocou uma das palmas da mão na boca dramaticamente – Tivemos a mesma ideia, Evans!

James estendeu o papel para ela, Lily olhou para o que estava em suas mãos, o mesmo presente. Ela balançou a cabeça já entendendo o que acontecia. E o grifinório tinha levado muitas rejeições dela para saber que era a hora de sair de cena. Seu ato já havia acabado.

– Potter! – esbravejou e bateu o pé no chão, mas ele já tinha se virado levando sua mala consigo. O braço de Sirius apoiou-se em seus ombros assim que saíram do castelo em direção a multidão de malas e alunos, rindo tanto que abaixou-se com as mãos na barriga.

– Você se superou, James – Remo se aproximou do outro lado balançado a cabeça – Inacreditável!

James se curvou em agradecimento.

– Foi genial! – exclamou o Black.

– Como vai saber se ela não vai jogar fora?

James ajeitou os óculos lançando um olhar confiante para o amigo, adentraram na carruagem que os levaria ao Expresso de Hogwarts para passarem o recesso com a família. O garoto observou os alunos mais novos sorridentes em ficarem duas semanas sem escola, para abrirem os presentes de Natal e comerem a ceia. James, pelo contrário, estava ansioso com o dia posterior a isso.

A mãe de James Potter sempre lhe falou sobre os milagres de Natal, ele nunca havia refletido se eram verdadeiros ou apenas histórias que os mais velhos contavam para a esperança acender nos jovens, mas naquele momento precisava acreditar, porque precisava de um milagre.

– Ela não vai.

***

No dia 25 de dezembro, lá estava James. As mãos suavam um pouco, uma nova sensação para ele, o nervosismo. Era algo inédito. E só Lílian Evans conseguia essa proeza.

A casa de paredes cor de salmão era um tanto sem graça e não combinava nada com uma das moradoras, vasos de flores enfeitavam o jardim e o parapeito das janelas, o número 107 encarava-o.

Bateu na porta, esperou que Lily a abrisse rapidamente, assim seria um sinal que estaria o esperando. Repetiu a si mesmo que ela era uma garota espetacular que não dispensaria ao ver que ele tinha vindo até ela, porém ficava mais difícil a cada batida descompassada que seu coração dava.

Olhou para seus pés, certamente, queria estar mais apresentável. As roupas encharcadas água, os cabelos foram amassados e os óculos escorregavam por seu nariz.

Demorou um instante, mas a porta se abriu, sua linda e ruiva...

– Quem é você? – uma garota pescoçuda e magricela perguntou analisando-o de alto a baixo. O queixo longo e protuberante a fazia ter cara de cavalo.

– Estou procurando a Lily. Meu nome é Ja...

– Lílian! Um daqueles seus amigos aberrações está aqui! – gritou ela para dentro da casa, olhou-o mais uma vez em uma expressão de repugnância e desapareceu. O som de escadas sendo descidas apressadamente ecoou até os ouvidos de James.

Lá estava ela. Lily Evans parada na porta de frente para ele, era diferente vê-la sem as vestes da escola. Usava uma blusa verde de mangas compridas e gola alta, calça jeans escura e botas.

– Potter – cumprimentou com as sobrancelhas arqueadas, os cantos da boca tremeram e só conseguiu manter os lábios colados por míseros segundos, desatou a rir da aparência dele. E se James Potter não fosse James Potter teria ficado envergonhado, como não era o caso, ele girou entorno de si mesmo – O que aconteceu com você?

Ele parou assumindo uma postura reta e com as mãos atrás das costas – Seus meios de transporte são ineficientes e desordenados, e... bem mal educados. Deviam aprender sobre a maravilha que é o Pó de Flu – explicou-se e ela riu agitando os ombros como ele se pegava observando sempre, Lily tinha uma risada engraçada que fazia você querer se juntar a ela.

Quando a ruiva percebeu que ele estava observando-a retomou a postura séria, fechando o sorriso. James tinha novamente armado uma de suas gracinhas, tinha que aguentá-las na escola, mas passar para seu feriado era um absurdo.

– Passou dos limites, Potter. – Cruzou os braços sabendo que o garoto entenderia o que ela queria dizer.

– Vai recusar um presente? – Fingiu-se admirado – Que feio, Evans. E, além disso, você também me deu um.

– Colocou aquilo no meu bolso! – acusou curvando-se para ele.

– Não, aquele era o presente que você iria me dar. Talvez, só talvez... eu tivesse te compelido a me dar aquele em específico.

Ela suspirou e rolou os olhos, James continuou com o sorriso maroto nos lábios, não importava o que ela falasse, ele rebateria mesmo que a resposta fosse ridícula.

– Como descobriu onde eu moro? – perguntou semicerrando os olhos, uma pequena ruga se formava em sua testa quando fazia isso.

– Bem, não foi muito difícil... Pedi a Frank que falou com Alice que perguntou a Marlene que olhou no cartão do seu malão – explicou mostrando nos dedos cada passo – E agora aqui estou eu, podemos ir? Temos um dia para você me mostrar como os trouxas vivem!

Ela ficou quieta com os braços cruzados. James insistiu:

– Ora, o que você vai fazer hoje, Evans? Ficar tediosamente em sua casa trouxa, fazendo coisas trouxas que você já está acostumada com sua irmã trouxa com cara de cavalo?

Ela colocou um dedo nos lábios, indicando silêncio e fechando rapidamente a porta atrás de si, aproximando-se dele. O perfume presente em sua pele que James reconhecia dos corredores onde ela passava e os cabelos escovados cuidadosamente indicavam a ele o contrário.

– O que tem a perder, hein? Pode me mostrar como isso funciona – levantou as mãos mostrando o lugar ao redor. Lily encarou-o e ele fez o mesmo, ambos numa briga visual de quem venceria a discussão.

Evans, sem nada dizer, entrou na casa novamente. James não sabia se ela tinha batido a porta na cara dele esperando que fosse embora. Tinha levado em torno de uns vinte foras da ruiva só no começo do ano letivo, tentando chamar sua atenção de todas as maneiras possíveis e sendo rejeitado de todas as maneiras possíveis. Começou a perder as esperanças quando a porta se abriu.

– Como nós vamos para lá? – perguntou vestindo o casaco bege, e ele não pode deixar de sorrir, se estivesse no mundo bruxo teria soltado fogos de artifício. Pigarreou e deu dois passos para o lado. Saindo da frente da motocicleta de Sirius.

Ela abriu a boca espantada, James pegou de um dos guidões um capacete e estendeu-o a ela. Lily olhou para o objeto refletindo por mais um momento, James balançou-o e, suspirando, o pegou.

– Não vou entrar nisso com você. Vai matar nós dois – contestou.

– Ah não, Sirius me deu umas aulas de como pilotá-la, bem... talvez não uma aula, mas explicações úteis. Eu sou o apanhador da grifinória, Evans, não deve ser tão complicado quanto voar numa vassoura.

Sem ter muita certeza disso, Lily colocou o capacete, e James ligou a moto que fez um barulho estrondoso, instintivamente ela olhou para a casa ao lado, sorte a deles que os vizinhos estavam viajando. A irmã da garota apareceu com o queixo encostando na janela. Evans fez um sinal de positivo, mas a outra apenas rolou os olhos. E Potter decidiu que não gostava dela.

Apertou o guidão, tinha conseguido vir de sua casa até lá com a moto e esperava que nada desse errado com a garota. Lílian se sentou no sidecar o que deixou-o desapontado, ela viu sua cara e provavelmente xingou-o, não pode ouvir. Começaram a andar. Faltando pouco para seguirem reto em uma curva, o maroto apertou alguns botões e a moto inclinou-se para decolar.

Lílian gritou e se segurando nas bordas do sidecar disparou xingamentos que o garoto nunca pensou que ela dissesse. Um frio na barriga tomou o corpo dele à medida que as rodas saiam do chão, a moto subia em um ângulo de 45 graus.

– Não me disse que iríamos voar! – o vento forte deixou sua voz abafada – Isso é legalizado? James... se nos virem...

– Eu e Sirius já demos umas voltas por aí nas férias, acalme-se, Evans! – ele gritou, estavam subindo, pareceu que tinham dado um soco na região do umbigo, com certeza o amigo Black era melhor piloto do que ele. Estavam indo rápido demais, passaram por dentro de uma árvore, folhas secas prenderam-se as roupas dos dois, Lily gritava e James apertava os botões. Precisava das duas vivas. Lily e a moto.

Um prédio de quinze andares materializou-se na frente deles, James viu seus reflexos aterrorizados refletidos nas janelas fechadas, virou a moto em uma guinada e vinte metros depois sobrevoavam a pequena cidade da menina.

– Merlin! – exclamou – Isso foi emocionante, não foi, Evans? Aposto que nunca fez algo parecido. Quase morremos no dia do Papai Noel!

Lílian virou o pescoço em um movimento lento, como uma boneca, o olhar que lançou a ele não era amigável.

– Potter! – suas mãos estapearam seu braço direito – Irresponsável! Acha graça de tudo, não é, seu mesquinho!

– Evans, você vai cair daí. Seja uma boa co-pilota e não morra – pediu ele sem conseguir esconder um pouco do nervosismo ao notar a barriga dela próxima demais da beirada.

Ela respirou acalmando-se, tirou os cabelos que grudavam em sua boca. Os olhos foram para baixo, ele sorriu, é claro que ela não ficaria com medo, era uma grifinória, umas das grandes. James viu junto a ela a cidade toda de cima, era como estar dentro de um mapa, ele conseguia tapar um prédio com o dedo. Ela soltou um assobio impressionado.

– É assim que me sinto quando estou jogando quadribol, vendo todos gritando lá em baixo.

– É lindo.

E era isso que ele pensava sempre quando a via na arquibancada.

***

Em um momento, tiveram que usar a velocidade máxima senão não chegariam a tempo, era muito bom ver tudo de cima, mas James queria andar de pés no chão com ela, em poucos minutos, Londres erguia-se majestosa abaixo deles. Passando por cima do Palácio de Westminster do qual James fez uma reverência exagerada tirando as mãos do volante e fazendo a moto vacilar.

– Atenção, passageira e co-pilota, Evans, estamos prestes a pousar. Uma coisa é voar ilegalmente na sua cidade outra é voar em Londres – anunciou.

Lily olhou-o tensa, mas felizmente, o Potter era muito melhor em pousar do que decolar. Pararam em um pequeno beco sem suspeita dos trouxas. O único trabalho agora era dirigir no chão e chegar ao local.

– Muito bem, Evans, você me guia – pediu ele saindo do beco, ficando atrás de um enorme caminhão baforando fumaça em seus rostos.

– O quê? – Lílian vacilou.

– Pensei que soubesse onde ficava...

– Nunca fui aquele lugar, Potter, como posso saber? – rebateu erguendo os braços para cima.

– Hum... então vamos ter que descobrir.

E depois de pedirem informação em um lugar que Lily disse que os trouxas davam de beber a seus meios de transportes, a um cara e uma senhora que James quase atropelou (Não foi minha culpa, Evans!). Chegaram a seu destino.

James desceu da moto retirando o capacete e bagunçando os cabelos, ajudou Lily a sair do sidecar como um perfeito cavalheiro.

A placa de entrada do parque de diversões era escrita em arco e com cores vibrantes, os olhos de James brilharam ao vê-la retirar o ingresso de dentro do bolso da calça. A situação bateu em sua cara. Deram os bilhetes para o homem do caixa e entrar no parque. Ele tinha um sorriso de rasgar os lábios e logo começou a rir, podia dançar o hino do time de quadribol da Irlanda.

– O que foi? – perguntou Lily a seu lado atravessando o arco.

– Você aceitou sair comigo, Evans! – comemorou, Lily olhou-o de esgueira mordendo o interior do lábio. James notou que, assim como ele, ela também tinha se dado conta do acontecimento do ano. Lílian Evans e James Potter saindo juntos. Não respondeu, não daria esse gostinho a ele.

Não havia muitas pessoas no lugar, algumas crianças acompanhadas de velhinhos que deviam ser os avós realizando a vontade dos pequenos, casais de namorados andando de mãos dadas e eu grupo de... clones usando roupas floridas iguais, James franziu o cenho para eles. Os funcionários do local usavam gorros vermelhos, e guirlandas foram presas com fios acima de suas cabeças. De qualquer forma, pelo visto, ir ao parque de diversão no Natal não era muito comum entre os trouxas.

James deu uma checada no espaço, foi possível ver a estrutura de metal circular com bancos – a roda gigante, tinha pesquisado – , carrinhos passam a uma alta velocidade (para os trouxas) em uma estrutura parecida com trilhos de trem, a montanha russa. Reconheceu a maioria das atrações pelas fotos que tinha visto para não parecer um completo idiota perto da grifinória.

Lily entrelaçou os dedos das mãos na frente do corpo, acanhada. James levantou uma das sobrancelhas, desafiador, a garota semicerrou os olhos em resposta e ele puxou sua mão.

– Aonde vamos primeiro? – Lílian não respondeu, pois tentava não pisar nos próprios pés enquanto ele a guiava como uma criança. James ficou confuso, não tinha pensado nisso... Pararam entre três atrações, duas dos lados e uma na frente.

– Com medo, Srta Evans? – provocou, sabia que ela faria questão de mostrar-lhe o contrário, como sempre fazia.

Se fosse um pomo de ouro teria o pegado em menos de cinco segundos.

– Montanha Russa – ela decidiu – Enquanto não comemos nada.

Foi só seguir os gritos, o trajeto do brinquedo era feito de íngremes subidas e descidas e fazia voltas em círculo, Lily tinha razão, ainda bem que eles não haviam comido nada porque James não estava com vontade de colocar para fora o almoço da mãe perto dela.

Esperaram na fila onde havia mais quatro pessoas, quando o carro vazio parou, ela foi com uma pose confiante para o primeiro lugar, na frente. Arqueou as sobrancelhas e James fez uma careta para ela sentando ao seu lado.

– Se escolheu esse lugar por achar que vou sujar as calças, Lily Evans, você está completamente enga... – James foi interrompido pelo impulso do carrinho, gritou de uma forma que depois ele se envergonharia. A sensação era de um repuxo no umbigo que se estendia até o peito. Na primeira subida a velocidade diminuiu, ele olhou de relance para a garota que tinha um sorriso nervoso nos lábios. Pararam na ponta.

Merlin.

Lily levantou os braços, os cabelos dela agitavam em frente ao rosto de James, o vento rugia em seus ouvidos, ele também levantou os braços.

Era libertador. Sentia que poderia fazer qualquer coisa naquele momento.

Descida, subida, volta de trezentos e sessenta graus assustadora e acabou. O cinto que passava por seus ombros soltou-se e as pessoas começavam a sair, James escorregou para fora do assento assim como Evans. Ela cambaleou, zonza, mas rindo.

– Se eu contasse para um de seus amigos o grito que você deu!

– Nem vem, segurou meu braço no giro.

– É claro que não – negou colocando uma das mãos na cintura.

– Segurou sim – cantarolou.

– Por puro impulso então.

– Não sabia que poderia ser tão divertida, bem... pelo menos comigo – soltou e ela franziu a testa – Sabe... na escola, com todo aquele papo certinho.

– Ora, você e seus amigos fazem brincadeiras muito imbecis, Potter! – justificou-se irritada.

– Semana passada ficou brava porque eu e Sirius estávamos ajudando os alunos do primeiro ano.

– Porque estavam ensinando azarações.

– Às vezes, Evans – disse se aproximando – , acho que você gosta de brigar comigo.

Ele teve a mera impressão de que ela vacilou tirando a mão da cintura e erguendo o pescoço para conseguir olhá-lo nos olhos.

– Ficaremos aqui parados? – perguntou mudando, ou para James, fugindo do assunto. Mas não era necessário nem perguntar.

– Siga-me, Evans!

Eles foram a todos os brinquedos que James tinha apelidado de “põe para fora” depois que saíram do elevador e um menino esbarrou nele para chegar à lata de lixo. A vertigem não havia passado e suas barrigas começaram a roncar, decidiram parar para um intervalo.

Lily abriu um sorriso infantil ao ver um homenzinho magrelo de boné ao lado de uma máquina, um toldo listrado cobria-os.

– Você tem que experimentar isso – disse ela e antes que o garoto pudesse perguntar o que era, Lílian já fora até o carrinho. James observou a cena de longe, viu o senhor pegar um palito comprido e colocar dentro da máquina, parecia estar girando, mas ele não tinha certeza. Lily pagou-o com o dinheiro trouxa e ele retirou o palito entregando a ela.

A ruiva caminhou até James com uma nuvem rosa nas mãos, ofereceu a ele e com a outra mão retirou um tufo colocando-o na boca.

– Chama-se algodão doce – explicou, James desengonçadamente fez o mesmo que ela, macio, grudento e derretia na boca e era muito bom. Arregalou os olhos arrancando mais um pedaço. Ela sorriu satisfeita.

Sentaram-se em um dos milhares de bancos que rodavam o lugar, corvos ciscavam o chão, as asas refletindo a luz do Sol da tarde. Uma brisa bateu em seus rostos, agitando as guirlandas e grudando um pedaço de papel na perna do bruxo, retirou-o e olhou as páginas ásperas.

– Jornal dos trouxas – Lily apresentou. James viu a foto de um homem vestido de terno sorrindo para a câmera, cutucou a imagem.

– Não se mexem? – questionou e ela negou balançando a cabeça.

– Que sem graça, não tem... – buscou uma palavra para aquilo, mas não achou.

– Magia? – completou, balançado a cabeça em concordância. James deixou o jornal de lado terminando a nuvem doce.

Algo chamou a atenção do bruxo. Uma espécie de túnel do parque de diversões. Sons mecânicos saiam dela, levantou-se para enxergar melhor, uma placa em letras garrafais dizia: “Passagem do Terror”

James ficou curioso para saber o que era o terror dos trouxas.

– A fim de tomar uns sustos, Evans?

Para entrar na atração era só se sentar em um carrinho pequeno para o tamanho deles (devia ser um brinquedo para crianças), mas já era tarde para saírem ao notarem o erro. Adentraram no lugar.

Era escuro e o carro andava devagar rangendo a estrutura. Luzes monocromáticas iluminavam os cantos, uma figura de plástico do que deveria ser um monstro de dentes enormes saltou na frente deles, um rugido estendeu-se pelo lugar.

James não aguentou.

– Isso é para assustar? Nem uma criança de sete anos fica com medo disso.

Lily riu pelo nariz no momento que uma fumaça verde explodiu do seu lado e uma boneca sorrindo com um dos dentes pintados de preto, vestida de vestido roxo encardido e um chapéu pontudo revelou-se. James sentiu-se ofendido pela ideia de bruxos que os trouxas tinham.

Já estavam no fim do percurso cômico quando ouviram o som de mais um carrinho andando e uma conversa de vozes infantis.

Era possível deixar aquilo divertido.

– Vamos assustá-los! – sugeriu animado. Seus instintos de Maroto pulsando.

– O quê? De jeito nenhum, Potter.

– Estaremos fazendo um favor a eles. Entraram aqui para isso, não é? – pulou para o chão, Lily repreendeu-o com o olhar, James estendeu a mão para ajudá-la a sair, olhou para o fim do trajeto e de novo para ele, faria aquilo de qualquer jeito, o Potter nunca perdia a oportunidade. Relutantemente, ela aceitou, na realidade, mais temerosa em como o garoto estava planejando assustá-los.

– Quando eles passarem por nós você grita – coordenou aos sussurros.

– E você?

Aquele sorriso maroto abriu-se novamente.

Lílian não acreditava que estava fazendo parte de uma das tramoias do Potter, ajudando-o, mas preferia ficar perto para que ele não passasse nos limites, o que era uma coisa bem James Potter de se fazer. Um Natal de reviravoltas era aquele.

Esgueirada nas sombras esperou, conforme o combinado, o carrinho passar. As crianças conversavam uma querendo falar mais alto que a outra, pouco se importando com os efeitos sonoros chinfrins e bonecos de plástico.

Às costas delas, Lily deu seu melhor grito, as crianças exclamaram virando-se para trás e procurando de onde havia vindo o barulho.

A boneca da bruxa passou flutuando alguns centímetros acima do chão, ereta, como se estivesse caminhando até eles. As crianças gritaram em pavor, saltando de seus lugares e correndo para fora do túnel.

O riso de James ecoou e a boneca caiu no chão, espatifando-se. Maldito.

– Trouxe a sua varinha?! – ela vociferou. James mexeu em algo no bolso da calça.

– O Ministério tem coisas piores para se preocupar nesse momento, Evans. Levitação não é uma delas.

Calou-a, mas ele não queria que pensassem nos problemas que enfrentava o mundo bruxo.

– Viu a cara deles? Imagina como vão contar aos pais – disse enquanto caminhavam para fora saindo do outro lado do parque, Lily permitiu-se rir.

Enquanto decidiam a próxima coisa a se fazer, andando sem rumo, alto falantes eram espalhados por todo o lugar, provavelmente para anúncios, mas naquele momento música soava deles.

Lílian cantarolou a música e James reconheceu-a.

– Beatles! – anunciou.

– Os conhece? – espantou-se.

– São tão bons que ficaram conhecidos até no mundo bruxo – explicou fechando uma das mãos e aproximando da boca, como um microfone – Please believe me...

A música acabou e foi substituída por a melodia calma que o garoto reconhecia de caixinhas de música para crianças.

Girava calmamente, de estrutura dourada e redonda com pilares, assentos de figuras de animais, fazendo um movimento de sobe e desce. Crianças riam fingindo-se de cavaleiros. Tinha visto esse em suas pesquisas, mas não conseguia se lembrar do nome...

Lily sorriu para ele e correu para lá, James foi atrás, ela se agarrou a um pilar e se impulsionou para dentro do... Carrossel! O Maroto se conteve ficando parado do lado de fora.

Contemplava-a.

Sempre teve fixação pelos cabelos de Lílian Evans, desde o primeiro ano quando nem ao menos imaginava que acabaria fissurado pela garota inteira. A forma como eles pareciam os raios do solares quando sentava-se no gramado com a luz batendo em sua cabeça e o jeito que ela os jogava para o lado. Vermelho tinha se tornado sua cor favorita.

O nariz ligeiramente arrebitado que passava por ele mais levantado quando fazia algo que a desagradava.

Perfeição era uma palavra muito vaga para descrevê-la. Lily deveria ser descrita minuciosamente.

– Existe um café aqui em Londres chamado Beatles Coffee Shop – contou, andando em sentido contrário ao do movimento para conseguir conversar com ele – Descobri em um guia turístico.

– É sério? – Ela assentiu. E ele imaginou como seria aquela loja até se dar conta de que não sabia nem ao menos como eram os cafés normais dos trouxas.

Lily deixou-se ser levada pelo brinquedo, girando com ele.

Ele pode realmente sentir, era aquilo, ou pelo menos devia ser, passando por seus olhos.

– Você não vem? – perguntou segurando-se no pilar, ele balançou a cabeça em negativo.

– Prefiro ficar te vendo.

Escapou de seus lábios, mas não se arrependeu.

O Sol começava a se esconder no horizonte. Lily saiu do carrossel, o dia de Natal já estava se pondo e o deles juntos onde não implicaram um com o outro – ou pelo menos nem tanto – também se esvaia.

Precisavam encerrar com um gran finale. James Potter, afinal, conseguira sair sua queria grifinória ruiva. E o Natal dos trouxas tinha que ter um pouco de magia.

Parada ao lado dele, James fez um movimento mínimo, antes que tomasse mais uma bronca.

Ela nunca saberia que fora ele.

Fogos de artifício acenderam-se no céu cinzento de Londres, luzes amarelas e vermelhas explodindo, surpreendendo a todos. Trouxas exclamaram, admirados.

– Feliz Natal, Lily.

– Feliz Natal, James.

Aquele não seria o dia que James ganharia um beijo de Lílian. Porém observando-a olhar os estouros céu, a face colorida pelas luzes com um sorriso ainda mais iluminado, teve certeza.

Aquele era seu Milagre de Natal. O Milagre Evans.


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Notas finais do capítulo

Nunca gostei muito de Natal, pensando nisso, tentei torná-lo melhor fazendo uma das coisas que mais gosto, escrever. Essa ideia me veio de repente e meu amor por esse casal me fez escrevê-la.Espero que tenham gostado e me deem um presente comentando, ficarei muito feliz!
Um Feliz Natal e eu espero que seus milagres aconteçam!