P.O.V America

Acordo de manhã com uma única vontade: permanecer na cama. Não estava minimamente afim de jogar croquet.

— Vamos, senhorita. Levante. – diz Mary, se segurando para não rir.

— Nãããão... me deixe aqui. Socorro!

Era quase uma daquelas cenas típicas e bobas de filmes. Mary parecia prestes a me puxar pelos pés e eu já estava preparada para agarrar a cabeceira da cama e resistir bravamente como um soldado na guerra.     Rio dessa imagem e ela aproveita para me derrubar da cama.

— Desculpe. – ela diz, mas, por algum motivo totalmente desconhecido, acho que não está realmente arrependida. Talvez seja o sorriso em seu rosto.

Rio ainda mais e ela se junta a mim. Lucy e Anne estão no ateliê fazendo mais um vestido e estamos só eu e Mary no quarto.

Quando saio do banho Anne me dá um vestido de dia da cor do pôr do sol. Literalmente. Na parte superior o vestido é vermelho, depois, enquanto desce, torna-se laranja vibrante, depois vai se desvanecendo até um amarelo suave na barra do vestido. Ele é simplesmente lindo. Um vestido belo demais para se jogar croquet, na minha opinião.

Vou para o andar de baixo, para o jardim, mas não o mesmo que costumo ficar com Maxon, um maior, descampado, cuja única decoração é a grama. Sem flores, árvores ou sombra. Mas há uma grande tenda lá e imagino que esse seja o espaço para que o pessoal da Mansão usa para as festas ao ar livre. É lindo.

— America! – diz Marlee vindo me abraçar, feliz.

— Você sabe jogar croquet? – pergunto, conspiratoriamente, antes mesmo de lhe cumprimentar de volta.

Ela dá uma risadinha, mas não sei quão verdadeira ela é. Não parece chegar aos olhos.

— Não, mas acho que nos ensinarão, né?

— Espero. – minto.

O meu plano é esperar que comecem e sair de fininho, torcendo para que não deem minha falta. Seria legal treinar um pouco meu manejo pobre de espada com Percy. Só espero que ele não me mande de volta.

As meninas chegam. Os vestidos delas são bastante parecidos com os meus, a única coisa são as cores ou estampas e o de Celeste. O vestido de Celeste, ao contrário do meu e do resto das meninas é tomara que caia – quase caindo mesmo – e alguns vários centímetros menor. Nem para jogar croquet essa menina sabe se comportar. Quando comento isso com Marlee, ambas rimos.

E então Maxon e Asher chegam. Silvia nos explica rapidamente como jogar croquet, mas como apenas seis jogadores são permitidos, eu, Elise e Natalie acabamos ficando de fora, porque Silvia insistiu em jogar a primeira partida para nos demonstrar como se jogava. Não vou dizer que não fiquei satisfeita.

O jogo havia começado menos de alguns poucos segundos e eu já estava pensando em modos de fugir dali. Olho para Maxon e ele observa Celeste acertar a bola, enquanto Asher observa-nos, as garotas reservas. Ele me dirige um sorriso radiante ao qual lhe correspondo com outro sorriso. E então ele desvia o olhar e me levanto.

Annabeth está prestando atenção na partida e Natalie está entretendo Elise com alguma coisa, então acho que é o momento perfeito. Se eu não sair agora talvez não tenha outra chance. Como estou sendo dramática.

Assim que saio do campo de visão de todos ali, corro até a pequena arena que fora preparada para o treinamento dos guardas, mas Anne me falou que não há treinamento hoje, então talvez Percy esteja sozinho lá. Ou simplesmente não esteja.

Entro na arena e, devo dizer, fico bastante satisfeita e feliz ao ver Percy atacando manequins animados com sua espada, Contracorrente.

— Oi. – digo, no portal da arena, acenando e observando-o.

Ele para abruptamente e perde o equilíbrio, no entanto, seus 28 anos de semideusise serviram para alguma coisa e ele recobrou o equilíbrio no último minuto, quando já estava quase caindo. Ele olha para mim e sorri.

— Olha quem veio dar o ar de sua graça! – exclama.

Sinceramente, se fosse qualquer outra pessoa a falar essa frase, eu com certeza ficaria bem irritada porque eu saberia se tratar de ironia, mas com Percy, com Percy não. Percy só parecia estar realmente surpreso e genuinamente feliz por ter ido me juntar a ele durante o treinamento. Talvez, depois de Annabeth ficar tão ocupada nos adestrando, Percy e ela têm tido menos tempo juntos.

— Vim treinar.

Ele sorri.

— Então, se prepare. – ele dá um sorriso travesso antes de ir a um “porta-espadas” e escolher uma, depois de uma rápida análise de alguns segundos e me jogá-la.

Eu a agarro no ar e é incrível como se encaixa em minha mão.

— É a minha espada? – pergunto, surpresa.

— Sim. – ele dá o mesmo sorriso de antes, parecendo agora satisfeito. – Não achou que íamos fazer todas aquelas medições e testes para simplesmente não fazer uma espada sobmedida para você, não é?

Dou uma risada e nos preparamos.

— Comece. – oferece e eu ataco.

Acontece que eu sou péssima esgrimista, talvez um modo de meu pai me punir por eu não ligar muito para arco e flecha. E sim, talvez por esse motivo, ele simplesmente acaba comigo, dando uma risada gostosa toda vez que me finaliza. Seis vezes.

Quando estamos nos preparando para a sétima partida e eu acho que finalmente tenho chance de durar mais de cinco minutos, um barulho reverbera pelo lugar. Palmas. Ambos nos viramos ao mesmo tempo e damos de cara com uma pequena comitiva.

Annabeth nos encara parecendo satisfeita e feliz, Asher não parece impressionado, mas quase orgulhoso, sorri de orelha a orelha, ainda batendo palmas. Maxon está com uma carranca que parece pelo menos ter diminuído dos últimos dias para hoje. Marlee parece genuinamente feliz, assim como Natalie, mas ela sempre parece feliz, o que talvez não torne sua reação válida. Elise parece decepcionada, assim como Kriss, como se desejassem ter pensado naquilo antes. Mas Celeste me olha com uma expressão de puro ódio, como se pudesse me matar apenas com seus olhos verdes lampejantes.

Asher se apressa em descer até nós e nos cumprimentar, Annabeth logo ao seu encalço, enquanto o resto da comitiva parecia bastante desanimado e hesitante em fazê-lo.

— Uma filha de Apolo esgrimista! – Asher exclama, alegremente, envolvendo meus ombros com seu braço. – Quem diria! – ele ri e minhas bochechas coram.

Sinto os olhares de todos ali em mim, as selecionadas parecem querer me matar, até Marlee parece desconfortável com toda aquela atenção dirigida somente a mim e Maxon está com uma expressão indecifrável.

Annabeth logo pede licença e foge com Percy daquele lugar que parece estar com fogo grego pairando preso em cima de nossas cabeças prestes a despencar e nos queimar. Fizeram bem, mas acredito que seja aquele motivo de felicidade dela de ontem. Será que Annabeth está grávida?

Depois Maxon e Asher são chamados para sabe Zeus onde e eu e as meninas somos encaminhadas gentilmente – como ovelhas de um rebanho – para o Salão das Selecionadas, onde passamos o resto da tarde, mas não volto a falar com Marlee, de qualquer jeito.

Quando ninguém está observando, fujo de lá também e vou para o meu quarto.