Hermione não sabia quanto tempo estava na biblioteca procurando e lendo livros sobre todos os tipos de criaturas quando ouviu o som.

 Ele era diferente de tudo o que ela já ouvira, se era um choro ou um lamento ela não soube distinguir e antes que pudesse pensar realmente sobre isso o som desapareceu por completo.

 Ela se sentia cansada e sabia que matara algumas aulas só para poder ficar ali mais tempo a fim de descobrir alguma coisa, mas todo o seu esforço foi em vão porque ainda não descobrira nada.

 Hermione sentiu seu estômago roncar.

 Estava com muita fome e não comera nada depois do café da manhã, ela faltara no almoço sem nem ao menos perceber e sabia que estava muito próximo do horário do jantar dado a quantidade de alunos que ainda estava na biblioteca.

 Hermione guardou seu material e o livro que estivera lendo e caminhou porta a fora.

 Ela andava devagar devido ao peso que carregava, mas tinha pressa. Queria chegar a dormitório para deixar suas coisa e seguir para o Salão Principal.

 No caminho poucas pessoas foram vistas, o Salão Comunal da Grifinória estava quase idêntico com somente duas ou três pessoas sentadas nos sofás.

 A garota subiu as escadas e ao chegar ao seu dormitório jogou suas coisas sobre a cama, estava quase dando meia volta quando viu a coruja através da janela. Era coruja do Harry.

 Hermione abriu a janela rapidamente e a coruja voou para sua cama onde se acomodou.

 A grifinória se apressou para pegar a carta, mas seus dedos trêmulos dificultavam o processo.

 Quando finalmente conseguiu pegar a carta Hermione a abriu:

 Cara Hermione,

 Como assim houve ataques em Hogwarts? Por que eu não fui notificado antes?

 Talvez eu e Rony possamos voltar para investigar, sei que ainda não somos aurores formados, mas estamos trabalhando para isso.

 Fiquei muito preocupado com sua segurança Hermione e com a de Gina também, o que a Diretora Minerva disse sobre isso?

 Tome cuidado,

 Harry.

 Hermione se sentiu angustiada. Harry era como um irmão que nunca teve, ele se preocupava com ela assim como ela se preocupava com ele.

 Querido Harry,
 
 Ela começou, não sabia o que escrever, não queria deixar Harry preocupado e muito menos o fazer abandonar seu curso de auror.

 Não precisa se preocupar tanto assim, sabe que Hogwarts tem pessoas muito mais do que qualificadas para cuidar disso então nem pense em vir para cá, não quero que abandone seu treinamento de auror, isso não deve ser permitido, nem mesmo para Harry Potter.

 Eu agradeço sua tentativa de ajuda Harry, mas não lhe disse aquilo a fim de te desestabilizar.

 Vou cuidar disso como nos velhos tempos, só que sozinha.

 Hermione.

 A garota se sentia mal por saber que metade de suas palavras era mentira.

 Dobrou a carta e a enfiou no envelope amarrando este na perna da coruja.

 Seu estômago roncou.

 Ela precisava descer logo.

 Ao passar pelo Salão Comunal notou que ele estava completamente vazio.

 Ela tinha demorado mais do que imaginara.

 Hermione estava quase chegando ao salão quando viu as pessoas caminharem na direção contrária, todos pareciam muito nervosos e os professores que os seguiam também.

 E ela soube o que havia acontecido.

 Um ataque.

 Ela deu meia volta e seguiu o fluxo de alunos que corriam até a biblioteca.

 Vários alunos já estavam lá quando ela chegou, formando um círculo ao redor de alguma coisa que ela suspeitou ser o corpo do pobre aluno atacado.

 Eles estavam em um canto mais afastado da entrada do lugar, Hermione o reconhecia porque estivera ali mais cedo procurando livros para completar sua pesquisa.

 Passando por alguns alunos a morena pode finalmente ver o que havia acontecido.

 Seu estômago se embrulhou e se ela tivesse algo nele teria colocado para fora naquele exato momento.

 O garoto parecia ter uns quinze anos e usava vestes da Sonserina.

 Hermione não o conhecia, mas se lembrava de ter passado por ele mais cedo enquanto carregava alguns livros em direção a mesa que estava sentada.

 Seu estado parecia terrível agora, bem diferente do garoto bem afeiçoado que passara por ela.

 Havia muito sangue no chão e toda a extensão da barriga do sonserino estava aberta, dava para ver que havia coisas ali dentro, mas ninguém queria se aproximar demais para conferir.

 O cheiro também não era dos melhores, provavelmente fazia algum tempo que o corpo estava ali, o calor era muito e isso deveria ter ajudado para o corpo ficar daquele jeito.

 Hermione se sentia enojada.

 Ela olhou ao redor, para as pessoas.
 E seu olhar se prendeu no de Malfoy um segundo antes dele desviar o rosto.

 Ela precisava sair dali.

 Sentia seus olhos arderem com as lágrimas que segurava.

 Deu um passo para trás e acabou esbarrando em alguém, nem se deu o trabalho de olhar e logo que percebeu que estava longe o suficiente das outras pessoas começou correr.

 Não via para onde estava indo graças a visão turva por causa das lágrimas que tinham começado a escorrer pelo rosto.

 Hermione parou e esfregou os olhos com a barra de suas vestes. Quando seu olhar finalmente se fixou ela se viu diante de uma grande porta.

 Bastou uma olhada para cada lado do corredor para Hermione saber que porta era aquela.

 A porta da Sala Precisa.

 Algo bem lá no fundo de seu interior lhe dizia para não estar ali, afinal foi naquele corredor que o primeiro ataque acontecera e ela não queria um terceiro. Porém a Granger tinha que entrar, ela precisava saber o que mais precisava no momento.

 Ela colocou a mão na maçaneta e respirou fundo. E se ela não estivesse ali para saber o que mais precisava no momento? E se algo bem mais terrível a estivesse chamando?

 Ela precisava saber.

 Abriu a porta...

... E sentiu uma mão agarrar seu ombro.