Nicalysson e Mared escrita por ludiangelo


Capítulo 39
Discurso de morte


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente? Eu não reli esse capítulo com medo de chorar mais do que quando estava escrevendo. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/66719/chapter/39

Alysson Sword

Era realmente mais fácil caminhar ao lado de meus amigos, mas, a cada segundo eu pensava que nem todos voltariam. Perguntava-me se eu deveria morrer no lugar deles, ou se por obra do destino um deles morreria. Nico ficaria vivo? E se eu continuasse viva, mas Nico não voltasse à vida? Como eu viveria sem ele? Eu já havia tentado antes. Passei cinco meses sem Nico ao meu lado. E ele voltou, e foi embora de novo, deixando um destino cruel em minhas costas. Eu o resgatei, e agora tudo aquilo estava contra mim de novo, e pra variar, Nico não estava ali para segurar minha mão.

É indiferente ouvi a voz de Nico ecoar em minha mente.

Suspirei quando Frederik fez o favor de pegar a mão de Mariana e fazê-la começar a tagarelar para que nós não percebêssemos suas mãos dadas. De qualquer modo, eu via a felicidade estampada no rosto da minha melhor amiga. Ela estava ao lado de quem amava. Diferente de mim.

- Aly, está tudo bem? – Danny perguntou puxando-me pela barra de minha camiseta.

- Sim – respondi.

- Não parece – comentou.

- Sabe para onde estamos indo? – Indaguei.

Ele assentiu.

- Sabe o que vamos fazer lá?

Ele olhou para o chão e depois para mim.

- Resgatar seu irmão?

Foi minha vez de assentir.

- Mas ele não é só meu irmão – suspirei, fazendo uma pausa. – Eu o amo, Danny, mais do que como um irmão. E... – olhei para o garoto que me ouvia atentamente, lembrando de que eu já o conhecia, mas ele não sabia de nada.

- E o que? – Perguntou, ansioso.

- Nada – respondi apoiando o braço em sua cabeça.

- Ei! – Resmungou.

- Quieto garoto perdido – disse eu.

Dan riu, parecia animado, mesmo sabendo que estávamos indo de encontro a morte... literalmente.

Frederik Falcon

Minha mão suava colada na de Mariana quando Alysson arfou.

- Chegamos – disse ela.

Eu engoli em seco, era ali que acabava tudo aquilo, eu sabia. E Annabeth parecia tão inquieta quanto eu.

- Eu agradeço por todos vocês terem vindo até aqui – disse Aly. – Mas não posso arriscar, eu vou, vocês ficam.

Mariana soltou minha mão e abraçou Aly.

- Frederik já não disse – disse ela ainda abraçada a amiga. – Que você não vai sem nós à lugar algum?

Aly sorriu e fechou os olhos com força, reprimindo alguma lágrima.

- Mas é aqui que acaba – disse ela se soltando de Mariana. – Obrigada mesmo por terem vindo comigo – ela sorriu, agora chorando. – Eu preciso contar algo para vocês-

- Não – disse Annabeth. – Eu conto.

- O que? – Alysson parecia assustada.

- Aly – murmurou Annabeth. – Minha mãe falou comigo por meus sonhos um dia antes da morte de Nico – ela fez uma pausa, sorrindo para o horizonte. – Estamos em um tipo de universo paralelo, não estamos? Cronos fez algo que nos fez voltar no tempo sem que percebemos, mas você, Alysson Sword, percebeu.

- Annie... – Aly olhou para o chão deixando as lágrimas escorrerem para o solo.

- Não precisa ter medo de nos contar tudo Aly – disse Annabeth. – Só, por favor, explique.

Alysson suspirou, olhou primeiro para Mariana, depois para mim, em seguida para Percy e Daniel, depois fitou Annabeth e começou a falar. Nos contou tudo que acontecera, da profecia que não se concretizara, ou que por obra de Cronos foi dada como finalizada errada. Contou-nos que ela e Nico foram deuses por quase 14 anos. Tiveram filhos, Sophia e Max. E o mais importante: que dois de nós sete, contando com Nico, iríamos acabar mortos.

Quando ela terminou de falar, olhei para Mariana.

- Fomos nós que morremos da última vez? – Perguntou.

Aly assentiu.

- Como eu era a deusa da ressureição, fiz com que vocês renascessem, mas...

- Tudo deu errado – concluiu Percy.

- Sim – disse ela.

- Por que não disse algo antes? – Percy explodiu, mas eu não sabia se ele se referia à Annabeth ou à Alysson. Ambas abaixaram a cabeça, sem responder.

- Não é hora para isso – disse Mariana. – Não vamos deixar você ir sozinha. Temos que estar juntos.

Alysson olhou para Mariana como se fosse a última vez, e sem responder nada, entrou no mundo inferior gesticulando para que a seguíssemos.

Eu nunca estivera antes no mundo inferior. Se estive, foi na vida passada, ou no universo paralelo, tanto faz. Tudo lá dentro era escuro, eu mal podia ver os outros semideuses. Alysson parecia confortável ali, diferente de todos os outros, principalmente Danny que se contorcia a cada passo ali dentro.

Não demorou muito até que o deus que eu mais odeio aparecer em nossa frente.

- O que vocês querem? – Murmurou Hades. – Não podem entrar em meu reino desse jeito.

- Apareceu rápido dessa vez, pai – Alysson murmurou aquela palavra como se estivesse engasgada.

Hades fez alguma expressão, quase pude perceber um sorriso malicioso.

- Veio atrás de seu irmão, deusa da ressureição? – Ele gesticulou para que o seguíssemos, exatamente como Alysson.

- Coisa de família? – Mariana sussurrou no meu ouvido e deu um risinho. Eu não conseguia rir.

O seguimos até seu palácio, que não era muito bonito. Assim como todo o mundo inferior, era escuro e deixava o ar tenso. Aly olhava para trás a cada 5 segundos.

- Sentem-se – disse Hades, e eu senti que foi uma ordem.

Todos nos sentamos, Aly ainda estava nervosa.

- Perderam seu tempo – Hades gargalhou.

Aly parecia a ponto de explodir agora.

- A profecia tem de ser cumprida – disse Annabeth. – Não perdemos tempo algum.

- Perderam seu tempo – repetiu Hades.

Alysson fechou as mãos em punho.

- O que quer dizer com isso? – Perguntou.

- A alma de Nico é minha – disse Hades.

- Mas eu o resgatei uma vez – disse Aly.

- Ótimo, quer tentar outra vez?

Alysson sacou o arco e apontou uma flecha para seu pai.

- Boa sorte – disse ele.

- Boa sorte digo eu – Alysson atirou.

Hades desviou como se aquilo não fosse nada. Desapareceu e logo estava segurando Dan pelo pescoço.

- Tente, e ele vai fazer companhia para seu irmão – Hades sorriu.

- Não! – Alysson berrou.

- Solte-o – ordenei.

- Ah, filho de Apolo – Hades me olhou de lado. – Quer ficar no lugar dele?

- Como preferir – cuspi.

Hades deu um risinho e apareceu atrás de mim.

- Tem certeza? – Ele passou a mão pela minha mão esquerda, a qual eu segurava um de meus botões, prestes a sacar uma espada.

Antes mesmo de responder, saquei minha espada e dei uma cotovelada no deus da morte.

- Tente, e você vai fazer companhia para Nico – zombei.

Aquilo era ridículo. Hades podia acabar com todos nós estalando os dedos.

Percy sacou sua espada e se pôs na frente de Annabeth.

- Não somos apenas um – disse ele olhando para mim. – Nico vai voltar, e a profecia... pro inferno com a profecia – ele sorriu.

Annabeth sacou sua adaga, contornou Percy e atacou Hades, que com dificuldade se afastou. Foi minha vez de atacar. Hades vinha direito em minha direção tentando desviar dos ataques de Annabeth. Minha espada o esperava, alguns centímetros atrás de suas costas. Sem olhar para trás, Hades rolou para o lado, onde Danny se encontrava, pegou-o pelo braço e lançou-o para Alysson, derrubando-a com o corpo do garoto.

Alysson arfou, mas se levantou, segurando o arco com força.

Alysson Sword

Eu estava com medo. Estava lutando contra meu pai. O que eu estava pensando? Nico estava logo ali. Eu poderia correr enquanto meus amigos atrasavam Hades, mas a profecia não se cumpriria se dois de nós não terminassem mortos.

Olhei para Danny, que estava no chão, se contorcendo de dor – ainda que eu tivesse amortecido sua queda, ele parecia machucado.

Atirei contra meu pai. A flecha cravou em suas costas enquanto Mariana o distraia tentando acertá-lo. O deus da morte gritou de dor e se virou para mim.

- Não me obrigue a te matar, filha – disse ele.

- Eu não sou sua filha! – Berrei com os olhos cheios de lágrimas e atirei mais uma vez, a flecha se fincou em seu peito.

- É sim, quer você queira ou não – Hades sacou uma faca mortal.

- Se rebaixou – comentei.

Ele correu ao meu encontro no mesmo instante em que Frederik gritou meu nome e jogou sua espada para mim. Quando Hades chegou, nossas lâminas se chocaram. Ele me fitava com pena no olhar, mesmo que eu soubesse que ele não sentia tal sentimento.

Frederik Falcon

A espada de Aly e a faca de Hades estavam quase se cortando de tanto ódio que esvaía dos dois. Alysson estava com lágrimas nos olhos, mas eu podia sentir que por dentro ela estava chorando sangue, de tanto ódio.

- Você é um covarde – disse ela. – Não podia ter filhos, e ainda assim teve Nico e eu – ela chorava mais do que falava. – E Bianca – completou. – Qual o problema com eu ter me apaixonado por meu irmão? Deuses estúpidos. Não deveria ter nenhuma profecia. Quem é o maldito deus do destino? Ou melhor, das profecias. Que morra Apolo – eu reprimi um resmungo. – Tive amigos que ficaram contra mim, sim. Dérick morreu, e eu não sei o que foi feito de Pyter. Frederik e Mariana estão felizes, então, por favor, os deixe assim. Que a profecia seja concluída. E se eu tiver que fazer tudo isso de novo, farei. Não me importo mais de ver Nico di Angelo morto, sabe por quê? Por que sei que no final, não importa se eu vou estar viva ou morta, estaremos juntos. E é assim que vai terminar dessa vez, novamente, estaremos juntos. E pra todos os homens e mulheres que estão aqui agora, por favor, guardem essas palavras – ela fez uma pausa, olhando para todos nós. – Todo homem que é capaz de amar – ela soluçou. – Corre o risco de odiar.

Foi com esse discurso que Alysson Sword entregou sua alma a seu pai, tirando minha espada que segurava da frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é o último tirando o capítulo com a Mari narrando que eu prometi~