Lendo o Futuro escrita por Lu Swan Potter


Capítulo 5
Capítulo 5: As cartas de ninguém


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho, me contem o que vocês acharam no comentários.
vejo vocês nas notas finais.
bjus



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/666866/chapter/5

Anteriormente:

— Por que é um bando de medrosos. – falou Frank.

— Acabou o capítulo? – perguntou Dorcas.

— Sim quem vai ler o próximo? – perguntou Pedro.

— Eu quero, por favor. – falou Lilian.

— Ótimo qual e o titulo do capítulo? – perguntou Alice.

— As Cartas de Ninguém. – falou Lilian.

— Talvez seja a carta de Hogwarts. – falou Marlene.

— Vamos ler para descobrir. – Alice disse curiosa.

A fuga da jibóia brasileira rendeu a Harry o seu castigo mais longo. Na altura em que lhe permitiram sair do armário, as férias de verão já haviam começado


— Que horror. – falou Frank.

— Desculpar Lilian, mas dar certa vontade de matar a sua irmã e o marido dela. – falou Pedro.

— Concordo com o Pedro. – falou Alice.

 

e Duda já quebrara a nova filmadora, acidentara o aeromodelo e, na primeira vez que andara na bicicleta de corrida, derrubara a velha Sra. Figg quando ela atravessava a Rua dos Alfeneiros de muletas.


— Coitada da Senhora. – falou Marlene.

Harry ficou contente que as aulas tivessem acabado, mas não conseguia escapar da turma de Duda, que visitava a casa todo dia. Pedro, Dênis, Malcolm e Gordon eram todos grandes e burros, mas como Duda era o maior e o mais burro do bando, era o líder.


— Nossa que legal o jeito deles escolher o líder. Falou Sirius ironizando.

— Mais faz sentido sendo esse porco imundo o mais gordo e burro. – falou Sirius com raiva.

— Que isso Sirius. – falou Marlene chocada.

— Estou pegando ódio de como o Harry estar crescendo e onde eu estou. – falou Sirius.

— Calma almofadinhas, certeza que o livro vai explicar. – falou James.

 Os demais ficavam bastante felizes de participar do esporte favorito de Duda: perseguir Harry.

 

— Vou Azarar esse moleque. – falou Sirius.

— Não vamos fazer nada com uma criança, e sim com os pais dele. – falou Lilian seria.


Por esta razão Harry passava a maior parte do tempo possível fora de casa, perambulando e pensando no fim das férias, no qual conseguia vislumbrar um raiozinho de esperança. Quando setembro chegasse, ele iria para a escola secundária e, pela primeira vez na vida, não estaria em companhia de Duda.

 

— Você não vai para essa escola secundaria, vai e para Hogwarts. – falou James orgulhoso.

— E irá ser torna o melhor aluno – falou Lilian.

— Sim, mais também maroto – falou James sorrindo.

— Só um pouquinho ta bem – falou Lilian esperançosa.

 

 Duda tinha uma vaga na antiga escola de tio Válter, Smeltings. Pedro ia para lá também. Harry por outro lado, ia para a escola secundária local. Duda achava muita graça nisso.


— Esse garoto tem problemas muito sérios. – falou Alice.

— Eles metem a cabeça dos garotos no vaso sanitário no primeiro dia de escola — contou ele a Harry — quer ir lá em cima praticar?


— Idiota. – falou Dorcas.

— Não, obrigado — respondeu Harry — O coitado do vaso nunca recebeu nada tão horrível quanto a sua cabeça, é capaz de passar mal. — E correu antes que Duda conseguisse entender o que dissera.


— O Harry vai ser um ótimo maroto. – falou Remo.

— Resposta digna de um maroto! – falou Sirius.

Certo dia de julho, tia Petúnia levou Duda a Londres para comprar o uniforme da Smeltings e deixou Harry com a Sra. Figg.

A Sra. Figg não estava tão ruim quanto de costume. Afinal, fraturara a perna porque tropeçara em um dos gatos e não parecia gostar tanto deles quanto antes. Deixou Harry assistir a televisão e lhe deu um pedaço de bolo de chocolate que pelo gosto parecia ter muitos anos.

— Pelo menos ele se livra desses três idiotas. – falou Pedro.

Naquela noite, Duda desfilou para a família reunida na sala de estar vestindo o uniforme novo da Smeltings. Os alunos da Smeltings usavam casaca marrom-avermelhada, calções cor de laranja e chapéus de palha. Carregavam também bengalas nodosas, que usavam para bater uns nos outros quando os professores não estavam olhando isto era considerado um bom treinamento para o futuro.


— Como assim treinamento para o futuro? – perguntou Lilian irritada.

— Tenho pena deste garoto. – falou Marlene.

— Por quê? – Sirius perguntou confuso.

— Ele nunca vai aprender a resolver nada sozinho. – falou Marlene.

Ao contemplar Duda nos calções laranja novos, tio Válter disse com a voz embargada que aquele era o momento de maior orgulho em sua vida. Tia Petúnia rompeu em lágrimas e disse que não podia acreditar que era o seu Dudinha, estava tão bonito e adulto.

 

— Deve ter ficado horrível. – falou Dorcas.

— Verdade. – falou James.


Harry não confiou no que poderia dizer. Achou que duas de suas costelas talvez já tivessem partido só com o esforço para não rir.

— Deve ter sido muito engraçado mesmo. – falou Remo rindo.

Havia um cheiro horrível na cozinha na manhã seguinte quando Harry entrou para o café da manhã. Parecia vir de uma panela de metal dentro da pia. Ele se aproximou para espiar.

A tina aparentemente estava cheia de trapos sujos que boiavam na água cinzenta.

— O que é isso? — perguntou à tia Petúnia... Os lábios dela se contraíram como costumavam fazer quando ele se atrevia a fazer uma pergunta.

— O seu uniforme novo de escola — respondeu.


— Petúnia você que me aguarde. – falou Lilian vermelha de raiva.

Harry espiou para dentro da tina outra vez.

— Ah — comentou — eu não sabia que tinha que ser tão molhado.

Todos riram com o comentário de Harry.

— Não seja idiota — retorquiu tia Petúnia com rispidez. — Estou tingindo de cinza umas roupas velhas de Duda para você. Vão ficar iguaizinhas às dos outros quando eu terminar.

Harry tinha sérias dúvidas, mas achou melhor não discutir.

Sentou-se à mesa e tentou pensar na aparência que teria no primeiro dia de aula como se estivesse usando retalhos de pele de elefante velho, provavelmente.

— O Harry tem muita imaginação. – falou Marlene rindo.

— Vai ser ótimo maroto. – falou Sirius.

Duda e tio Válter entraram ambos com os narizes franzidos por causa do cheiro do novo uniforme de Harry. Tio Válter abriu o jornal como sempre fazia e Duda bateu na mesa com a bengala da Smeltings, que ele carregava para todo lado.


— Não sei como esses pais não educar esse menino. – falou Alice raivosa.

Ouviram o clique da portinhola para cartas e o som da correspondência caindo no capacho da porta.

— Apanhe o correio, Duda — disse tio Válter por trás do jornal.

— Como assim ele dando ordens no filho, vai chover. – falou Dorcas.


— Mande o Harry apanhar.

— Apanhe o correio Harry.

— Mande o Duda apanhar.

— Cutuque ele com a bengala da Smeltings, Duda.

Harry se esquivou da bengala da Smeltings e foi apanhar o correio.

 

— Meu filho vai ser um ótimo jogador de Quadribol. – falou James orgulhoso.

— Como você pode saber disso. – falou Lilian.

— Ele sabe ser rápido – falou James.

 

Havia três coisas no capacho: um postal da irmã do tio Válter, Guida, que estava passando férias na ilha de Wight, um envelope pardo que parecia uma conta e uma “carta para Harry”.

— É a carta de Hogwarts. – falou James.

— Deve ser mesmo. – falou Remo.

— Será que o Harry sabe alguma coisa do nosso mundo? – perguntou Pedro.

— Duvido muito, ele nem podia perguntar as coisa – falou Sirius.

 

Harry apanhou-a e ficou olhando, o coração vibrando como um elástico gigante. Ninguém, jamais, em toda a sua vida, lhe escrevera. Quem escreveria? Ele não tinha amigos, nem outros parentes,


— Isso vai mudar. – falou todos juntos.

 

não era sócio da biblioteca, de modo que jamais recebera sequer os bilhetes grosseiros pedindo a devolução de livros. Contudo, ali estava, uma carta, endereçada tão claramente que não podia haver engano.

— Ele tem um lado pessimista não e. – falou Pedro.

Sr. H. Potter

O Armário sob a Escada

Rua dos Alfeneiros 4

Little Whinging Surrey

— Hogwarts certeza. – falou Sirius.

O envelope era grosso e pesado, feito de pergaminho amarelado e endereçado com tinta verde-esmeralda. Não havia selo.


— Finalmente a carta. – falou Dorcas.

— Acho que não vai ser assim tão fácil. – falou Lilian triste.

Quando virou o envelope, com a mão trêmula, Harry viu um lacre de cera púrpura com um brasão, um Leão, uma Águia, um Texugo e uma Cobra circulando uma grande letra "H".


— Não mudou nada o envelope. – falou Frank sorrindo.

— Anda depressa, moleque! — gritou tio Válter da cozinha. — fazendo o quê, procurando cartas-bombas? — E riu da própria piada.

— Mais que idiota. – falou Alice.

Harry voltou à cozinha, ainda de olhos fixos na carta. Entregou a conta e o postal ao tio Válter, sentou-se e começou a abrir lentamente o envelope amarelo.


— O Harry devia ter lido na sala. – falou Pedro.

Tio Válter rasgou o envelope da conta, deu um bufo de desdém e virou o postal.

— Guida está doente — informou à tia Petúnia. — Comeu um marisco suspeito...

— Pai! — exclamou Duda de repente. — Pai, Harry recebeu uma carta!


— Que garoto mais dedo duro – falou Remo.

— Seu... – xingou Sirius.

Harry ia desdobrar a carta, escrita no mesmo pergaminho que o envelope, quando tio Válter arrancou-a de sua mão.

— É minha! — disse Harry, tentando recuperá-la.

— Quem iria escrever para você? — zombou tio Válter, sacudindo a carta com uma das mãos para desdobrá-la e percorrendo com o olhar. Seu rosto passou de vermelho para verde mais rápido que um sinal de tráfego. E não parou aí. Segundos depois ficou branco-acinzentado, cor de mingau de aveia velho.

— P-P-Petúnia! — ofegou.

— Idiota e muito dramático. – falou Lilian irritada.

Duda tentou agarrar a carta para lê-la, mas tio Válter segurou-a no alto fora do seu alcance. Tia Petúnia apanhou-a cheia de curiosidade leu a primeira linha. Por um instante pareceu que ela talvez fosse desmaiar. Levou as duas mãos à garganta e produziu ruído de engasgo.

— Válter! Ah, meu Deus, Válter!


— Que drama e esse ela já viu outras cartas de Hogwarts – falou Lilian.

Eles se encararam parecendo ter esquecido que Harry e Duda continuavam na cozinha. Duda não estava acostumado a ser desprezado. Deu uma bengalada forte na cabeça do pai.


— Não duvidava que esse moleque fosse usar a bengala – falou Frank.

— Verdade – falou Dorcas.

— Quero ler esta carta — falou alto.

— Quero lê-la — disse Harry furioso —, porque é minha...

— Saiam, os dois — ordenou com voz rouca tio Válter, enfiando a carta no envelope.

Harry não se mexeu.

— QUERO MINHA CARTA! — Gritou.

— Me deixa ver! — exigiu Duda.

— Fora! — berrou Tio Válter, e agarrando os dois, Harry e Duda, pelo cangote atirou-os no corredor e bateu a porta da cozinha. Harry e Duda na mesma hora tiveram uma briga furiosa, mas silenciosa, para saber quem ia escutar à fechadura, Duda ganhou, por isso Harry, os óculos pendurados em uma orelha, deitou-se de barriga no chão para escutar pela fresta entre a porta e o chão.


— isso e muita injustiça. – gritou James.

— Calma cara, iremos mudar tudo isso e o meu afilhado ira ter a melhor infância que possamos proporcionar a ele – falou Sirius.

— Válter — disse tia Petúnia com voz trêmula — olhe só o endereço. Como é que eles poderiam saber onde ele dorme? Você acha que estão vigiando a casa?

— Vigiando, espionando, talvez nos seguindo — murmurou tio Válter enlouquecido.

Harry via os sapatos pretos lustrosos do tio Válter andando para cá e para lá na cozinha.

— Não — disse ele decidido. — Não, vamos ignorá-la. Se não receberem uma resposta... É, é o melhor... Não vamos fazer nada...

— Mas...

— Não vou ter um deles em casa, Petúnia! Nós não juramos quando o recebemos que íamos acabar com aquela bobagem perigosa?


— Quanta bobagem até parece que eles vão conseguir evitar que essa carta chegue ao Harry. – falou Marlene.

— Fora que o Dumbledore pode mandar alguém para buscar o Harry. – falou Alice.

Aquela noite, quanto voltou do trabalho, tio Válter fez uma coisa que nunca fizera antes, visitou Harry no armário.

— Cadê minha carta? — perguntou Harry, no instante em que tio Válter se espremeu pela porta. — Quem me escreveu?

— Ninguém. Endereçaram a você por engano — disse tio Válter secamente. — Queimei a carta.

— Não foi um engano — retrucou Harry com raiva, — tinha o endereço do meu armário.

— CALADO! — gritou tio Válter e algumas aranhas caíram do teto. Ele inspirou algumas vezes e então fez força para produzir um sorriso que pareceu bem penoso.

— Hum, sim, Harry sobre este armário. Sua tia e eu estivemos pensando... Você realmente está ficando grande demais para ele... Achamos que seria bom se você se mudasse para o segundo quarto de Duda.

— Como assim segundo quarto de Duda? – Lilian perguntou furiosa.

— Estão definitivamente mortos. – falou James levando vermelho andando de um lado para ou outro.

— Aquele gorducho estúpido tinha dois quartos enquanto meu filho dormia em um armário? – Lilian gritou.

— Pelo jeito... – falou Pedro.

— Acho que sei o que você que falar Rabicho. – falou Sirius.

— De irmos fazer uma bela visitar a essa família. – falou Remo.

— Por quê? — perguntou Harry.

— Não faça perguntas — disse com rispidez o tio. — Leve essas coisas para cima agora.

A casa dos Dursley tinha quatro quartos: um para tio Válter e tia Petúnia, um para hóspedes (em geral a irmã de tio Válter, Guida), um onde Duda dormia e um onde Duda guardava todos os brinquedos e pertences que não cabiam no primeiro quarto. Harry precisou de apenas uma viagem para mudar tudo o que tinha do armário para o quarto no andar de cima.

 

— Te juro meu filho que sua vida ira mudar. – falou Lilian abraçada ao James.

— Será a criança mais amada. – falou James sorrindo para Lilian.


Sentou-se na cama e deu uma olhada à sua volta. Quase tudo ali estava quebrado. A filmadora com apenas um mês de uso estava jogada em cima de um pequeno tanque com que certa vez Duda atropelara o cachorro do vizinho, no canto estava o primeiro televisor de Duda, no qual ele enfiara o pé quando seu programa favorito fora cancelado, havia uma grande gaiola de pássaros, antigamente habitada por um papagaio que Duda trocara na escola por uma espingarda de ar de verdade, e que estava guardada numa prateleira com a ponta dobrada porque Duda se sentara em cima dela. Outras prateleiras estavam cheias de livros. Eram as únicas coisas no quarto que pareciam nunca ter sido tocadas.


— Obvio que ele não leria. – falou Remo.

— E muito idiota para isso – falou Frank.

Lá de baixo veio o barulho de Duda gritando com a mãe:

— Eu não o quero lá... Eu preciso daquele quarto... Mande-o sair!

Harry suspirou e se esticou na cama. Ontem ele teria dado qualquer coisa para estar ali. Hoje, preferia estar no seu armário com aquela carta do que ali encima sem ela.

 

— E der corta o coração o ver sofrendo assim. – falou Alice triste.

Na manhã seguinte, no café, todos estavam muito quietos. Duda estava em estado de choque.

Berrara, batera no pai com a bengala, vomitara de propósito, dera pontapés na mãe e atirara sua tartaruga pelo teto da estufa de plantas e nem assim conseguira o quarto de volta.

— Parece que ele não saber recebe um não – falou Pedro.

 

Harry pensava no dia anterior àquela hora, desejando com amargura que tivesse aberto a carta no hall. Tio Válter e tia Petúnia se entreolhavam, ameaçadores.


— Você não tem culpa, Harry – falou Marlene.

Quando o correio chegou tio Válter, que parecia estar tentando ser agradável com Harry, fez Duda ir buscá-lo. Eles o ouviram bater nas coisas do corredor com a bengala da Smeltings. Então ele gritou:

— Chegou outra!

— Vai começar outro drama desse gordo. – falou Sirius irritado.


Sr. H. Potter,

O Menor Quarto da Casa

Rua dos Alfeneiros 4...

Com um grito sufocado tio Válter saltou da cadeira e saiu correndo pelo corredor, Harry logo atrás dele. Tio Válter teve que lutar e derrubar Duda no chão para lhe tirar a carta, o que foi dificultado por Harry que agarrara o pescoço do tio Válter por trás. Depois de um minuto confuso de luta, em que todos levaram varias bengaladas, tio Válter se endireitou, ofegante com a carta de Harry apertada na mão.


— Já nem sei o que pensa. – falou Lilian triste.

— Calma meu lírio, iremos dar um jeito nisso. – falou James.

— Vá para o seu armário, quero dizer, para o seu quarto — chiou para Harry — Duda, saia, saia logo.


— já não sabe mais o que estar fazendo ou pensando. – falou Marlene.

Harry deu voltas e mais voltas no novo quarto. Alguém sabia que ele se mudara do armário e parecia saber que ele não recebera a primeira carta. Isto significava com certeza que ia tentar outra. Outra vez? E desta vez ele tomaria providências para que desse certo.

Tinha um plano.

O despertador consertado tocou às seis horas na manhã seguinte. Harry desligou-o depressa e se vestiu em silêncio.

Não podia acordar os Dursley. Desceu as escadas sorrateiro sem acender nenhuma luz.

— Espero que de certo – falou Dorcas.

Ia esperar pelo carteiro na esquina da Alfeneiros e receber primeiro as cartas endereçadas ao numero quatro. Seu coração batia com força quando atravessou sem ruído o corredor escuro até a porta de entrada.

— AAAAAIIIIIEEE!!!

— Dever ser o idiota do tio do Harry. – falou Pedro.

— Ninguém merece. – falou Sirius.

Harry deu um salto no ar, pisara em alguma coisa grande e mole no capacho, uma coisa viva!

As luzes se acenderam no primeiro andar e, para seu horror, Harry percebeu que a coisa grande e mole tinha a cara do tio Válter estava dormindo junto à porta de entrada em um saco de dormir para impedir que Harry fizesse exatamente o que estava tentando fazer.

— Teria sido um ótimo plano, se desse certo – falou Frank.

— Verdade – falou Alice.

Gritou com Harry quase meia hora e depois lhe disse para ir preparar uma xícara de chá. Harry foi para a cozinha, arrastando os pés, infeliz, e quando conseguiu voltar o correio tinha sido entregue, bem no colo de tio Válter. Harry viu três cartas endereçadas em tinta verde.


— Ainda e obrigado a fazer chá para esse idiota. – falou James.

Tio Válter não foi trabalhar naquele dia. Ficou em casa e pregou a portinhola para cartas.

— Entende — explicou à tia Petúnia por entre os lábios cheios pregos — se eles não puderem entregar então terão de desistir.


— Não vão desistir! – falou Alice.

— Não tenho muita certeza de que isto vai dar certo, Válter.

— Ah, a cabeça dessa gente funciona de maneira estranha, Petúnia eles não são como você e eu — disse tio Válter tentando bater um prego com um pedaço de bolo de frutas que tia Petúnia acabara de lhe trazer.

 

— Ainda bem que não somos parecidos com vocês – falou Remo.

Na sexta-feira chegaram nada menos que doze cartas para Harry. Como não passavam pela portinhola da correspondência, tinham sido empurradas por baixo da porta, metidas pelos lados e algumas até forçadas pela janelinha do banheiro no térreo. Tio Válter ficou em casa de novo. Depois de queimar todas, apanhou martelo e pregos e fechou com tábuas as frestas das portas da frente e dos fundos, de modo que ninguém podia sair.

Cantarolou "Pé ante pé no campo de tulipas" enquanto trabalhava, e se assustava com qualquer ruído.

— Esse cara não e normal. – falou Lilian.

No sábado as coisas começam a fugir ao seu controle. Vinte e quatro cartas acabaram entrando em casa enrolada e escondida em duas dúzias de ovos que o leiteiro, muito confuso, entregara à tia Petúnia pela janela da sala de estar.

— Feitiço confundus – falou James.

Enquanto tio Válter dava telefonemas furiosos para o correio e a leiteria tentando encontrar alguém a quem se queixar, tia Petúnia picava as cartas no processador de alimentos.

— Coitado deve ter escutado horrores dele. – falou Frank.

— Mas quem é que quer falar tanto assim com você? — Duda perguntou espantado a Harry.


— Hogwarts e claro! – falou Remo.

Na manhã do domingo, tio Válter sentou-se à mesa do café parecendo cansado e um tanto doente, mas feliz.

— Não tem correio aos domingos — lembrou a todos, contente passando geleia nos jornais, — nada de cartas idiotas hoje...


— Ficou louco.  – falou Alice.

— Hogwarts nunca vai desistir – falou Dorcas.

Alguma coisa desceu chiando pela chaminé do fogão enquanto ele falava e bateu com força em sua nuca. No instante seguinte, trinta ou quarenta cartas saíram velozes da lareira como se fossem tiros. Os Dursley se abaixaram, mas Harry deu um salto no ar para apanhar uma...

— No ar? –perguntou Lilian.

— Podia ter pegado uma do chão. – falou Marlene seria.

— Instinto! – falou James.

— Mais por que instinto? – perguntou Frank.

— Puro instinto de jogador de Quadribol, ele prefere pegar as coisas no ar – falou James.

 

— Fora! Fora!

Depois que tia Petúnia e Duda tinham corrido para fora protegendo o rosto com os braços, tio Válter bateu a porta. Eles podiam ouvir as cartas disparando para dentro da cozinha, ricocheteando nas paredes e no chão.

— Era tão simples deixar o Harry ler logo, isso não vai parar até que ele leia – falou Marlene.

— Verdade, mais esses trouxas são terríveis – falou Sirius.

— Já chega — disse tio Válter, tentando falar com calma, mas ao mesmo tempo, arrancando tufos de pelos dos bigodes. — Quero vocês aqui de volta em cinco minutos prontos para sair. Vamos viajar. Ponham apenas algumas roupas nas malas. Não quero discussão!


— Endoidou de vez – falaram todos.

Ele parecia tão perigoso com metade dos bigodes arrancados que ninguém se atreveu a discutir. Dez minutos depois eles tinham retirado as tábuas para passar nas portas e estavam no carro, correndo em direção a estrada. Duda fungava no banco traseiro, o pai tinha lhe dado um tapa na cabeça por atrasá-los tentando empacotar a televisão, o vídeo e o computador na mochila esportiva.

— Acho que a primeira vez que ele recebeu disciplina do pai. – falou Pedro.

Eles viajaram no carro. E viajaram. Nem tia Petúnia se atrevia a perguntar aonde iam. De vez em quando tio Válter fazia uma curva fechada e seguia na direção oposta por algum tempo.

— Para despistá-los... Despistá-los — resmungava sempre que fazia isso.


— Não vai adiantar nada. – falou Remo.

Não pararam para comer nem beber o dia inteiro. Quando a noite caiu Duda estava uivando. Nunca tivera um dia tão ruim na vida. Estava com fome, sentia falta dos cinco programas de televisão que queria assistir e nunca levara tanto tempo sem explodir um alienígena no computador.


— O que é um computador afinal? – Alice e Pedro.

— É um aparelho que os trouxas usam. – falou Lilian.

Tio Válter parou finalmente à porta de um hotel de aspecto sombrio na periferia de uma grande cidade. Duda e Harry dividiram um quarto com duas camas iguais e lençóis úmidos que cheiravam a mofo.


— Esse hotel parece ser um nojo – falou Dorcas.

Duda roncou, mas Harry ficou acordado, sentado no peitoral da janela, espiando as luzes dos carros que passavam enquanto pensava...

Comeram cereal velho e torradas com tomates enlatados frios no café da manhã do dia seguinte. Tinham acabado de comer quando a proprietária do hotel aproximou-se da mesa.


— Deve ter chegado alguma carta para o Harry. – falou Marlene.

— Com licença, mas um dos senhores é o Sr. Harry Potter? É que eu tenho umas cem dessas na recepção. — E ergueu uma carta para eles poderem ler o endereço em tinta verde:

Sr. H. Potter

Quarto 17

Railview Hotel Cokewrth

Harry tentou pegar a carta, mas tio Válter afastou sua mão. A mulher ficou olhando.

— Eu recebo as cartas — disse tio Válter, levantando-se depressa e seguindo a mulher que se retirava do salão de refeições.


— Isso e um absurdo. – falou Remo.

— Não seria melhor simplesmente irmos para casa, querido? — tia Petúnia sugeriu timidamente horas depois, mas tio Válter não parecia ouvi-la. Exatamente o que andava procurando ninguém sabia. Ele os levou até o meio de uma floresta, desceu do carro, espiou a volta, sacudiu a cabeça, tornou a embarcar no carro e partiram outra vez. A mesma coisa aconteceu no meio de um campo arado, no meio de uma ponte pênsil e no alto de um edifício garagem.


        - Até ela sabe que e melhor ir para casa. – falou Lilian.

— Papai enlouqueceu, não foi? — Duda perguntou, cansado, à tia Petúnia no fim daquela tarde. Tio Válter estacionara no litoral, passara a chave no carro com todos dentro e desaparecera.


         – Louco. – Tiago falou com um suspiro.

— Esse cara e desequilibrado. – Sirius comentou.

 

Começou a chover. Grandes gotas batiam no teto do carro.

Duda choramingou.

— É segunda-feira — falou à mãe. O Grande Humberto vai se apresentar hoje à noite. Quero estar em algum lugar que tenha televisão.

 

— Bem feito para você seu besta – falou Frank.

 

Segunda-feira. Isto lembrou a Harry uma coisa. Se era segunda-feira e em geral podia-se confiar que Duda soubesse os dias da semana, por causa da televisão, então o dia seguinte, terça-feira, era o décimo primeiro aniversário de Harry.

 

— Onze anos, temos que blinda ao meu afilhado – falou Sirius.

 

Naturalmente seus aniversários não eram lá muito divertidos, no ano anterior, os Dursley tinham-lhe dado um cabide e um par de meias velhas do tio Válter. Ainda assim, não se fazia onze anos todos os dias.

 

— Meu menino, mesmo sofrendo tanto ainda e bondoso. – falou Lilian chorando.

 

Tio Válter voltou sorrindo. Carregava um pacote comprido e fino e não respondeu à tia Petúnia quando ela perguntou o que comprara.

— Encontrei o lugar perfeito! — falou. — Vamos! Saiam todos!


        - Isso não vai dar certo. – falou Remo preocupado.

— Que lugar será esse. – falou Dorcas.

 

Fazia muito frio do lado de fora do carro. Tio Válter apontou para o que parecia ser um grande rochedo no meio do mar.

Encarrapitado no alto do rochedo havia o casebre mais miserável que se pode imaginar. Uma coisa era certa, ali não havia televisão.

 

— Só um idiota mesmo para colocar o Harry e ate o filho dele em perigo. – falou Pedro.

 

— Estão anunciando uma tempestade para hoje! — disse tio Válter alegre, batendo palmas. — E este senhor teve a bondade de concordar em nos emprestar seu barco!

 

— Completo maluco. – falou Frank.

 

Um homem desdentado vinha descansadamente em direção a eles, e apontava com um sorriso muito maldoso para um barco a remos velho que subia e descia nas águas cinza-grafite lá embaixo.


        - Isso e nada seguro. – falou Dorcas.

— Espero que termine tudo bem par o Harry. – falou Alice.

 

— Já comprei algumas rações para nós — disse tio Válter — portanto, todos a bordo!

Fazia muito frio no barco. Salpicos de água gelada do mar escorriam pelos pescoços deles e um vento cortante fustigava seus rostos. Depois do que pareceram horas, eles chegaram ao rochedo, onde tio Válter, escorregando, levou-os ate a casa em ruínas.

 

— muito perigoso. – Remo disse preocupado.

— Você não achar que possa acontecer algo de ruim para o Harry não e? – perguntou Marlene.

— Espero que não. – falou Sirius.

 

O interior era horrível, cheirava a algas marinhas, o vento assobiava pelas frestas nas paredes de tábuas e a lareira estava úmida e vazia. Havia apenas dois quartos.


        - Estou com medo que aconteça alguma coisa com o meu filho. – falou Lilian.

— Acho que não vai acontecer nada de mais. – falou James.

— Como assim James? – perguntou Frank.

— Eu acho que alguém de Hogwarts pode aparecer e tirar o Harry desse lugar – falou James esperançoso.

 

Afinal as rações de Tio Válter eram uma embalagem de cereal para cada um e quatro bananas. Ele tentou acender a lareira, mas a embalagem de cereal apenas fumegou e carbonizou.

— Aquelas cartas viriam a calhar agora, hein? — disse ele animado.


— Que idiota! – falou Lilian.

 

Estava de muito bom humor. Obviamente achava que ninguém teria chance de alcançá-lo ali, durante uma tempestade, para entregar cartas. Harry concordava intimamente, embora este pensamento não o animasse nem um pouco.

 

— Vai dar tudo certo. – Tiago cochichou para Lilian.

 

Quando a noite caiu, a tempestade prometida desabou ao redor deles. A espuma das altas ondas chapinhava nas paredes do casebre e um vento ameaçador sacudia as janelas imundas. Tia Petúnia encontrou uns cobertores mofados no segundo quarto e preparou uma cama para Duda ao sofá comido pelas traças. Ela e tio Válter foram se deitar na cama cheia de calombos ao lado e deixaram Harry procurar a parte mais macia do assoalho e se enrolar no cobertor mais rasgado e ralo.

 

— Tortura, azarações e ai morte. – falou Sirius rosnando.

 

A tempestade rugia cada vez com maior ferocidade à medida que a noite avançava. Harry não conseguia dormir. Tremia e revirava, tentando encontrar uma posição confortável, seu estômago roncando de fome. Os roncos de Duda eram abafados pela trovoada que começou por volta da meia-noite. O mostrador luminoso do relógio de Duda, que estava pendurado para fora do sofá em seu pulso gordo, informava a Harry que dentro de dez minutos ele completaria onze anos. Deitado, ele viu seu aniversário se aproximar, perguntando-se se os Dursley se lembrariam, perguntando-se onde estaria o remetente das cartas agora.


        - Acho que não – falou Remo.

— Deve estar procurando por ele – falou Sirius.

 

Faltavam cinco minutos. Harry ouviu alguma coisa estalar lá fora. Desejou que o teto não caísse, embora quem sabe conseguisse se esquentar se isto acontecesse. Quatro minutos.

 

— Isso estar me deixando preocupada – falou Lilian.

— Não dever ser nada grave – falou James.

 

Talvez a casa na Rua dos Alfeneiros estivesse tão abarrotada de cartas que quando voltasse ele pudesse surrupiar uma.

 

— Harry sendo otimista. – Alice.

— Eu realmente espero que chegue logo alguém para tirar ele dessa casa. – falou Frank.


Três minutos. Seria o mar batendo tão forte na rocha? E faltavam dois minutos, que barulho esquisito de trituração era aquela? Será que a rocha estava se desintegrando no mar?

 

— O que será que estar acontecendo. – falou Dorcas preocupada.


Mais um minuto e ele completaria onze anos. Trinta segundos... Vinte... Dez... Nove... Talvez acordasse Duda, só para aborrecê-lo... Três... Dois... Um...

 

— Feliz aniversario Harry! – falou todos.


O casebre todo estremeceu e Harry sentou-se reto, arregalando os olhos para a porta. Havia alguém lá fora, que batia querendo entrar.


— Será que e alguém de Hogwarts? – perguntou Marlene.

— Terminou o capítulo. – falou Lilian.

— Quem vai ler agora? – perguntou Alice curiosa.

— Acho que devemos parar um pouco comer alguma coisa e continua – falou Pedro.

— Concordo – falou Sirius.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lendo o Futuro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.