Assim que Alec abriu os olhos, foi saudado por um par de íris felinas e douradas.

"Você desmaiou... bem nos meus braços. Você sabe, se queria minha atenção, não deveria ir tão longe." Magnus se inclinou para frente, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, sentado em uma cadeira paramentada por arabescos ao lado de Alec. Mantinha um sorriso fuleiro nos lábios, mas não estava totalmente desprovido de seriedade; podia ver em seus olhos. Por trás de uma película de divertimento, havia preocupação.

Alec se ergueu do colchão da cama usando os cotovelos, numa tentativa de se sentar, mas a onda de vertigem que o assaltou o impediu. Deitou a cabeça no travesseiro, suspirando.

“O que aconteceu?” murmurou. Mas Alec se lembrou antes mesmo de Magnus emitir uma palavra sequer; cobrindo os olhos com o antebraço, gemeu, acabrunhado. “Aaagh. Não acredito que fiz aquilo.”

“Nem eu, sinceramente. O que deu em você para beber aquele ponche? Ponches são arriscados por aqui, você sabe. Você estava delirando.”

Alec previra que aquilo não seria uma boa ideia. Primeiro, Magnus, boêmio como sempre, aleatoriamente decidia festejar para fazer jus ao seu nome e ao clima festivo de fim de ano, convidava qualquer integrante do Submundo em um raio de quilômetros e deixava totalmente claro que não o perdoaria se se ausentasse - até porque ocorreria no loft que dividiam, e não tinha outra escolha. Segundo, Alec descobria que não conhecia praticamente ninguém do invitados - Clary, Jace, Izzy e Simon, os quais tivera o decoro de convidar, haviam resolvido que não poderiam ir, sob o pretexto de estarem ocupados. E então, para coroar, Magnus decidia que seria recreativo deixar Alec às próprias custas em uma torrente de gente esdrúxula e desconhecida enquanto papeava com outros convidados. E esse comportamento execrável, tinha certeza, se devia por puro revanchismo, só porque Alec protestara contra o evento por apenas algum tempo.

No fim, Alec, completamente enfadado, cedera às provocações de um grupo de vampiros que o havia rodeado e o vinha atormentando, e acatara aquele desafio: bebera uma taça inteira de ponche borbulhante e suspeito. Tudo depois disso era uma sequência de eventos nebulosa: ele sendo anormalmente expansivo e loquaz com quem nunca falara, então alguns acessos de energia súbitos e, para finalizar, um magnificente blackout, bem quando Magnus começara a estranhar suas atitudes e fora verificar.

“Como você se sente?” quis saber Magnus, gentilmente.

“Sinto que devia te matar” grunhiu. “Só não tento porque minha cabeça parece prestes a explodir.”

“Tudo bem, eu relevo sua crise raivosa. Ela quer dizer que você está bem.” Magnus sorriu, complacente. “E reconheço que errei, okay.”

“Pois é. Não teria acabado assim se não fosse por você” acusou Alec, semicerrando os olhos.

"Deixa eu adivinhar. É melhor que não se repita?"

"OBRIGADO POR ENTENDER."

Magnus riu, e se inclinou mais para frente para poder beijar-lhe a bochecha.

"Tudo bem" sussurrou. "Mas não me contrarie de novo."

Magnus não riu quando Alec o golpeou com o travesseiro.