Donna escrita por SayakaHarume


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Para o Amigo Secreto de Natal da Liga dos Betas.
Feliz natal, querida! Espero que você goste desse simples e singelo presente. Foi feito com amor.



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Desde que chegara a casa de repouso, Donna Noble se tornou o espírito e a alegria do lugar. Todos se impressionavam com a boa senhora, quase nos seus noventa anos e ainda dona de uma disposição de fazer inveja. Quem via de fora jamais desconfiaria que o Alzheimer lançava suas garras afiadas naquela mente cheia de energia e histórias.

E que histórias!

Não era raro pacientes e funcionários se reunirem em uma das salas de descanso para ouvi-la falar de sombras assassinas, vespas gigantes, Agatha Christie e saleiros com raios mortais. Os médicos se impressionavam com a quantidade de detalhes que todas as histórias tinham e quão criativas eram.

Donna sorria e ria diante dos rostos embasbacados, e tinha um olhar de quem guardava um segredo a plena vista. E para aqueles que paravam para dar um olhar mais atento as histórias, bem suspeitavam que aquele segredo era sobre o homem que ela nunca chamava pelo nome.

Quando falava sobre ele, ele era apenas o Doutor.

Houve algumas más interpretações no meio do caminho, de pessoas que suspeitavam que ele fosse mais do que apenas um companheiro de viagens, mas Donna sempre jogava essas insinuações para o escanteio, com impaciência.

― Ora, que ideia! O homem do espaço e eu! Por que todos insistem nessa ideia descabida? Em Pompéia, no Planeta dos Oods, lá em 1920, com a querida Ágatha, apenas ela viu a verdade. Todos insanos!

E as enfermeiras sorriam diante dos contos de Donna.

Quando ela não falava do Doutor, falava de suas filhas, as pupilas de seus olhos e que eram o principal motivo de seu orgulho: Martha e Rose.

― Sabe, eu sempre tive a impressão que Martha deveria ser médica ― Donna falava para o homem que empurrava sua cadeira de rodas pelo jardim. ― Mas quando ela se formou em direito, eu quase explodi de alegria. Minha Rose está concorrendo ao congresso, não esqueça de ir votar!

O homem sorriu e preferiu não lembrar que as eleições já haviam passado, e Rose tinha sido eleita com vasta maioria. Ele adorava vê-la falando das filhas. E Donna continuava:

― Eu quis ter um garoto, sabe? Depois que as duas estavam crescidas, mas meu marido adoeceu. Uma pena. Eu já tinha um nome em mente. John Smith.

O homem apertou seus punhos levemente, e tentou controlar sua voz.

― Smith não é um sobrenome?

― É o nome que o doutor usava quando queria se passar como humano.

― Meio comum.

― Como ele. Por trás daquela fachada de viagem do espaço-tempo, TARDIS e outras besteiras, ele é como todos nós. Um pouco mais idiota que a maioria, mas no geral, como nós.

O homem riu enquanto parava a cadeira de rodas ao lado de um canteiro de flores. Ele ainda ria enquanto caminhava para se ajoelhar na frente dela, o sorriso afetuoso enquanto ajustava sua gravata borboleta.

― Quem é você? ― ela perguntou abruptamente, mas sua expressão ainda era sossegada.

― Eu sou o doutor.

― Certamente não o meu. ― Donna deu um tapinha afetuoso no rosto jovem do ancião a sua frente. ― Mas com certeza o de outra pessoa.

― Eu senti sua falta.

― Ora, eu sei disso. ― Ela riu novamente. ― Como você conseguiu sobreviver sem mim é o mistério. Conseguiu alguém para tomar conta de você?

O Doutor sorriu.

― Algumas pessoas.

O sorriso de Donna tremeu um pouco.

― Eu queria ter sentido sua falta, mas eu esqueci. Como eu posso ter esquecido?

― Só porque você não lembrava, não quer dizer que esqueceu. ― O Doutor pegou as mãos de Donna entre as suas.

― A hora está chegando, não é? Não estaria aqui se não fosse o caso.

― Você está assustada?

― Não. ― E ela sorriu da mesma maneira que sorria depois que terminavam uma aventura, na sala de controle da TARDIS, e isso pareceu certo, já que ela tinha chegado ao fim da melhor aventura que se poderia ter.

― Essa é minha Donna Noble. ― Ele sorriu largamente. ― A mulher mais importante de toda criação.

E Donna sorriu enquanto as cortinas do espetáculo fantástico que havia sido sua vida se fechavam. E o Doutor sorriu e chorou, por que ao menos no final, sua melhor amiga esteve de volta.


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Notas finais do capítulo

Nomeei as filhas da Donna de Martha e Rose sim, pode me julgar, mereço.