O Testamento escrita por Cecília Mellark


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Preparados para a hora da verdade?

Vamos lá...



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Não sei porque estou tão nervoso – repito internamente – é só a Katniss. E leva-la ao baile é apenas natural, afinal, sempre fomos os melhores amigos que esta cidade já viu. Quando entro na rua da casa dela, vejo o motivo do meu nervosismo: Gale.

O infeliz já se formou e está na faculdade, a mesma para qual Katniss escolheu ir, até ai tudo bem a Faculdade Protestante de Panem é a melhor para o curso de Administração que a Katniss escolheu e eu estou feliz por ela, o problema é que o cidadão não sai da cola dela, prometendo mil festas e só de imaginar os dois juntos em algum lugar eu meu sangue ferve. Ciúme. É isso que eu constato ao vê-la em seu vestido de formatura que eu mesmo ajudei a comprar na semana passada. O tecido tem um brilho suave na cor amarelo bebê, dá uma sensação de uma pessoa vestida a luz de velas, o corpo bonito e magro dela é abraçado sutilmente pelo vestido até na cintura e depois se desfaz em um caimento fluido. Mas é o decote que me faz enlouquecer, em forma de coração ele ajusta e contorna os seios dela que eu imagino que cabem perfeitamente na minha mão. Pare! Eu me ordeno. Há tempos não vejo Katniss apenas como uma amiga, aliás, pensando bem eu nunca vi mas é meio idiota dizer que você é apaixonado pela sua melhor amiga desde a primeira vez que a viu na escola, com duas trancinhas ansiosa para cantar, radiante num vestido vermelho. Hoje as tranças foram substituídas por uma só que começa do lado esquerdo próximo a orelha e termina caindo no ombro direito. Ela está deslumbrante, e é obvio que Gale percebe isso, assim como eu.

Me aproximo devagar, lembrando que Gale não faz ideia do quanto eu não confio nele.

– Boa noite, Gale! – digo com um sorriso educado que minha mãe ensinou – Uau! Cadê aquela marrenta? Chama ela lá que quero uma companhia pro baile! – arranco o mais sincero dos sorrisos que ela tem, Katniss não suporta muito elogios então essa é a forma de dizer que ela está linda.

Prendo a flor que combina com seu vestido no seu pulso e estendo minha mão para que possamos ir e é ai que eu percebo que Gale a tem presa em seu olhar. Sinto meu sangue ferver novamente, penso em dizer alguma coisa, mas logo sinto a mão dela fechar na minha.

– Nos vemos no baile Gale?

– Não, isso é coisa de criança. Divirtam-se! – ele sorriu ironicamente e pelo canto do olho vi Katniss abaixa a cabeça e murmurar algo.

Não seria Gale que estragaria nossa noite, tratei de começar outro assunto e logo ela estava relaxada ao meu lado. O baile estava um sucesso, todos os nossos amigos de classe vestidos com elegância comemorando o fim de uma fase da vida, todos nós iriamos para faculdades, alguns para a mesma, outros para faculdades distantes como eu. Olhei Katniss dançando com Madge e quis gravar aquele momento na minha memoria, ela estava feliz, deixando a postura séria e sombria que ela sempre manteve e revelando aos outros uma garota que somente eu e infelizmente Gale conhecíamos. Só de pensar na distancia que nos separaria agora, eu senti meus olhos encherem de lágrimas, não era a primeira vez que chorava de imaginar minha vida sem ela, mas é que estava chegando perto da hora da partida. E novamente o desejo de me declarar pra ela vem a tona, trato de empurrar tudo para baixo, para não reviver os inferno que passei há uns dois anos atrás.

Tínhamos 15 anos, e Gale estava caçoando de nós dois porque éramos BV, eu não ligava pra isso, nem a Katniss, mas o maldito estava beijando todas as garotas da cidade na nossa frente e eu tive a brilhante ideia de propor para Katniss que como éramos amigos podíamos fazer isso juntos. Ela não só me deu um sermão como ficou 3 meses inteiros sem falar comigo, aqueles foram os piores meses da minha vida, e eu só superei porque um dia a tarde ela apareceu na padaria como se nada tivesse acontecido, me chamou pra ir caminhar na praia e conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo, quando chegamos num ponto muito afastado paramos para ver o por do sol, ela sabia que eu adorava e foi ai que ela pegou minha mão chegou seus lábios tão perto dos meus que eu sentia sua respiração e me disse: “Você tem razão Peeta, eu não vejo motivo para fazer isso com outra pessoa que não seja você” e me beijou. Eu não sou um perito em beijos já que a única que beijei até aquele dia era ela, mas o primeiro beijo é sempre o inesquecível, apenas alcancei o céu naquela tarde tendo-a envolvida nos meus braços e beijando seus lábios de todas as formas. Depois disso, aconteceram mais dois beijos apenas e foram justamente quando estávamos conversando sobre a distancia que nos separaria agora.

Sinto uma mão me puxando para a pista e vou alegre ao notar que é Katniss. Dançamos até não poder mais e vimos Cato e Madge serem coroados reis e rainha do baile e Katniss começou a dizer que estava faminta, fomos comer cachorro quente comentando ainda sobre todos no baile, quando o assunto acabou Katniss correu para meu lado e colocou sua cabeça no meu ombro. Aconcheguei-a nos braços e senti seu coração disparando, eu sabia o que estava por vir, um beijo.

Mas naquela noite não foi um beijo comum, foi outro beijo daqueles que te levam para o céu. Katniss sussurrou que não queria para nunca mais de me beijar e eu respondi que queria tê-la por cada segundo que ainda restasse do nosso tempo juntos. Vi seus olhos compreenderem minhas palavras. E juntos fomos para a casa da arvore que tínhamos, quase podia dizer que Katniss planejou tudo já que tudo estava organizado. E ali no lugar onde passei os melhores dias da minha infância e adolescência eu amei pela primeira vez a garota dos meus sonhos, toda a noite foi mágica e eu adormeci acariciando seu cabelo, planejando talvez cursar outra faculdade só para ficar perto dela.

A manhã seguinte tinha tudo para ser uma continuação da noite passada, mas tornou-se o pior pesadelo que eu vivi. Katniss não estava do meu lado, ela estava sentada olhando pela janela com os olhos e o nariz vermelhos como se tivesse chorado.

– Kat? Tudo bem? O que houve você está com dor? – quando ela me olhou eu é que comecei a sentir dor, um olhar frio, tão diferente das ultimas horas.

– Eu sempre pensei que minha primeira vez fosse ser com alguém que eu amava! Não com você Peeta! Não com você! Eu não deveria ter dado ouvidos ao Gale!

Choque, mas um choque tão violento que eu cai sentindo meu sangue correr em todas as direções ameaçando rasgar meu coração.

– O que você disse? Eu amo você Kat, sempre amei... e você ontem demonstrou tanto amor?

– Amor Peeta? Não! Carinho, medo de perder você. Mas não amor. Eu só fiz isso porque Gale me disse que ele nunca namoraria uma virgem e eu...

– Você o ama? – perguntei sem filtrar as palavras sentindo meu mundo ruir.

– Sim, eu queria te contar mas eu não sabia como e agora acho que fiz da pior forma possível – ela estava soluçando, mas não mais que eu, ninguém estava ferido como eu.

Apenas peguei minhas coisas e me vesti sem me importar em olhar para ela, eu fui usado. Usado apenas para que Gale pudesse agora aproveitar dela, aproveitar de cada pedaço do seu corpo que eu descobri. Pobre de mim, mal tive tempo de começar a sonhar e fui atropelado pela vida. Mas essa seria a ultima vez que eu os veria, nunca mais pretendo colocar os pés nessa cidade.

– Mãe! – Entrei em casa correndo sem me importar com minhas lágrimas – Chame o papai quero ir embora daqui agora! Quero ir para o Distrito 1, vou passar o verão lá até as aulas começarem para me adaptar! – Minha mãe surgiu na minha frente e abriu a boca para dizer algo umas três vezes, mas nada veio, ela viu meu estado.

Até a tarde daquele dia ela não me procurou, não veio me dizer que era tudo brincadeira, e eu parti deixando pra trás o amor da minha vida que só arruinou meu coração.


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Notas finais do capítulo

É isso gente, um pouco do passado deles na visão do nosso amado Peeta. Teremos alguns capitulos com POV Peeta.
Eu sei que vocês, assim como eu, o amam de todo coração, então acho que ninguém irá reclamar!
;D



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