Ela Áries, Ele Escorpião escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu sumi, não foi? Cara... sério, sei que fazem meses mas parece que o tempo passou tão rápido...

Nas notas finais explico meu sumiço ta? Mas uma coisa eu prometo : enquanto eu tiver um leitor que seja, não importa o quanto demore, eu vou continuar. Obrigado a todos pela motivação, o simples fato de estarem aqui já significa muito.



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Ariana acordou irritada. O barulho no quarto ao lado do seu a impediu de ter uma boa noite de sono e isso nem era o que mais a perturbava. Era ela quem teria que passar o dia trabalhando, o mínimo que Lúcia podia fazer era ficar quieta.

Ariana colocou o travesseiro sobre a cabeça, tentando em vão voltar para o mundo da inconsciência. Para a sua infelicidade, os gemidos da prima  e os ruídos que a cama fazia na parede eram impossíveis de ser ignorados.

Ariana se levantou frustrada, sentindo os olhos pesados. Escovar os dentes foi um sacrifício tremendo e durante o banho, shampoo caiu no seu olho,
fazendo com que Ari praguejasse.

Se vestiu com raiva, querendo sair o mais rápido possível. Desde que Lúcia tinha colocado um ponto final nos Dois Elis o humor dela voltou a ocilar. Uma hora chorava, no outro a acusava. Ariana ficou muito feliz quando Lúcia resolveu voltar a fazer seu curso profissionalizante e encontrado um cara por lá, superando Lucas e acalmando o
humor distorcido. O problema era que o dito colega de curso não levava Lúcia pra casa dele, toda noite eles tinham que transar ali sem dar uma noite de sossego aos vizinhos.

Ariana tinha que se controlar ao máximo pra não mandar Lúcia se foder. Tinha que se lembrar constantemente do quanto a prima já havia sofrido nas mãos de um certo crápula e do quanto ela era imatura. Não era inteiramente culpa dela e sim do que aconteceu no passado. Lúcia era sua responsabilidade, sua Luluzinha, para proteger e cuidar. Suas oscilações de humor não eram propositais, eram consequência de traumas passados.

Ariana saiu do apartamento e iniciou seu dia com ônibus e trem lotado. Chegou adiantada no trabalho, esperando que em troca
pudesse sair mais cedo. Agora que Lúcia se dedicava ao curso e ao novo ficante, era Ari quem tinha que trabalhar naquela porcaria de lugar pra pagar as contas. Perfeito, pensava. O que mais podia acontecer pra piorar as coisas?

Assim que pisou no saguão deu de cara com o seu chefe. Ariana não se
lembrava de ter passado por debaixo de alguma escada ou cruzado com um gato preto, mas provavelmente tinha feito isso sem se dar conta. Como explicar tanto azar?

–Ora, ora, olha quem chegou. -Henrique a cumprimentou, a cara cheia de malícia. - Saiu direto de Lupanar pra vir pra cá?

Grunhindo os dentes, Ariana tentou pensar nas suas opções. Podia quebrar o nariz dele de novo, e então teria que pagar outra multa. Podia tentar denunciá-lo mais uma vez, mas sabia que ninguém iria depor a seu favor. Odiava isso, a sensação de estar presa e sem saída. Mais que isso, Ariana odiava o fato de que o dinheiro se sobrepunha sobre a justiça.

–Vá se danar, seu nojento.- respondeu, indo até seu armário para guardar suas coisas.

Henrique devia ter uns cinquenta anos. Era um velho gordo e tarado, um ser repugnante que assediava suas funcionárias. Ele não tinha abusado sexualmente de nenhuma, pelo que ela sabia, mas o nojo e repugnância por ele ainda eram grandes.

Começou o seu expediente duas horas mais cedo que o comum, duas horas mais cedo no inferno. Era uma das secretárias de Henrique e sua função consistia
em atender telefonemas e anotar recados. De quebra, ganhava uma tarefa extra : a de insultá-lo o máximo possível. Como na hora em que foi até a sala dele avisar que um dos fornecedores estavam cobrando por pagamento e Henrique jogou algumas folhas no chão, querendo que ela se ajoelhasse e pegasse mostrando a bunda pra ele.

–Ajoelha você, seu pau no cu. - foi a resposta dela.

Já tinha se demitido uma vez, e foi com muita humilhação que pediu o
emprego de volta. Se o salário não fosse tão bom teria saído a muito tempo atrás. Não iria voltar para as ruas, isso era bem pior do que suportar um velho escroto. E infelizmente, pra não ir pra rua precisava engolir sua ética a cada minuto que estava ali.

–O único emprego bom o suficiente que te dê tanto dinheiro é em um puteiro, sua vaca. - Henrique a lembrava toda vez que a via com raiva. -Te aceitei uma vez, sua
vadiazinha, não vou aceitar de novo.

A tentação de pedir as contas era muito forte, mas precisava se lembrar. Conta de água e luz, do gás, telefone e internet, tv a cabo, das baladas da vida, dos sapatos que amava, comida. Gostava de mostrar aos pais que estava
indo bem e não só por ela, por Lúcia. Lúcia não podia voltar para o lugar imundo de que saiu.

Foi com grande alívio que Ariana viu suas horas de trabalho cumpridas. Pegou sua jaqueta e
bolsa no seu armário e ignorou um chamado de Henrique, querendo ir embora. Se tinha chegado mais cedo sairia mais cedo. Nem se deu ao trabalho de avisar a recepcionista, ela que se virasse.Aquela mulher tinha sido uma das que negaram todas as acusações de Ariana naquela empresa e o ódio por al gesto ainda era estampado em ambas as faces, uma coisa mal resolvida. Âmber mentiu em seu depoimento em troca de um abono salarial, e ainda se considerava certa por tal atitude, como se Ariana estivesse errada em mal querer olhar pra ela.

No meio do caminho de volta pra casa, sentada em uma estação com uma latinha de refrigerante, Ariana pensou se era uma boa ideia chegar sem avisar. Lúcia não saberia que tinha saído mais cedo, e se Ariana abrisse a porta e pegasse os dois pombinhos em cenas impróprias no seu sofá? Não estava a fim
de fazer um escândalo, não com sua melhor amiga. Estava com um humor do cão e não queria descontar nela. Aliás, era bem isso o que acabaria fazendo, descontando na Lúcia.

Estava na metade do caminho, e metade do caminho significava 50% de chances de ir para outro lugar. Ariana morava em uma cidade do interior porém, graças aos nem tão eficientes metrôs, podia se deslocar para a capital com facilidade e era ali que as maiores festas rolavam.

Precisava se distrair, encher a cara e por alguns minutos esquecer do mundo real, tirar a raiva e frustração da mente e do corpo. Precisava de música nas veias e quem sabe, um homem pra ficar. Sim, por que não? Mas precisaria tomar um banho antes.

Pegou o celular e checou seus contatos. Uma pessoa louca precisava de amigas loucas. Ligou para a Lety, uma de suas amigas baladeiras. Antes, poderia ser duas da manhã que se convidasse Lety para um forrozinho que fosse
ela iria. Lety agora estava mais quieta, estudando pra tentar entrar na faculdade. Porém, tinha certeza de que ela não recusaria um convite, não quand era uma emergência.

–Lety?- chamou assim que foi atendida.

–Hum, Ari? Faz um tempo que você não liga. - disse a voz sonolenta de Lety.

– É, eu sei. Escuta, to pensando em passar em alguma casa de festa hoje, relaxar um pouco. Ta afim de ir?

Lety demorou um pouco pra responder, provavelmente pensando.

–Ari... - a garota começou. - , não sei se você sabe, mas é segunda-feira.
O PIOR dia da semana. As pessoas precisam descansar pra se recuperar de um
dia de pesadelo.

Ariana suspirou, resignada. Talvez fosse melhor voltar pra casa e tentar dormir. Realmente, tinha tido um dia de merda.

–Acho que você tem razão. - falou, circulando com o dedinho a abertura da
garrafa. - Eu devia ir descansar. Mas é que é uma emergência, sabe?

– Sei... espera, um happy sunday? - Lety riu, divertida. - Tudo bem, estou acordada. Tem algum lugar em mente? Eu fiquei sabendo de um lugar novo, meu primo conhece um cara que trabalhou na inauguração.

–Qual primo? - Ariana perguntou, mas rapidamente mudou de ideia. - Esquece, você tem mais primos do que alguém poderia se lembrar. Eu preciso de um lugar pra tomar banho e de roupas. Se importa se eu passar aí?

–Não, tudo bem. Vou avisar minha mãe de que você está vindo e ver se
consigo alguma carona pra gente.

–Beleza.

Ariana encerrou a ligação, e mandou uma mensagem para Lúcia. Duvidava muito
se ela iria ler, mas era melhor prevenir do que remediar.

♥ ♥ ♥

Ariana desceu do carro de Renata, uma outra prima de Lety. Renata as deixou na entrada, mas se recusou a entrar.

–Se precisarem de carona pra voltar... -Renata falou, se olhando no espelho retrovisor. - Não me liguem, okay?

Lety usava um salto maior que o de Ariana, e sua roupa consistia em uma jeans que ressaltava sua parte inferior e uma blusinha com decote. Ariana pegou emprestado um vestido que poderia se passar por uma blusa grande, porém mais sexy e com as costas abertas.

Assim que Renata deu partida no carro, as duas pegaram fila, deram suas identidades a um homem que estava de segurança e entraram. A música era bem alta ali e o espaço enorme.

–Vou ver se encontro alguém! - Lety gritou no ouvido de Ari, tentando ser ouvida. -Te encontro depois ta?

Ariana fez que sim e não perdeu tempo, foi pra pista. Ficou com um cara, depois ficou com outro. O primeiro não beijava bem, o segundo tinha um hálito estranho que deixou um gosto ruim na boca.

Havia bares em todos os cantos do salão, não foi difícil achar lugar pra comprar uma bebida. Mas não importava o quanto tentasse, algo estava errado, não conseguia se distrair.

Em uma última tentativa, se jogou na pista e ficou surpresa ao reencontrar uma velha figura.

– Trevor? - ela perguntou, incrédula.

Fazia quase um mês que não o via e ficou surpresa com ele ali. Quais eram as chances de um reencontro em um ambiente similar ao da última vez?

Pensou que ele fosse fingir que não a viu, e seu coração deu um pulo com a aproximação dele. Trevor colocou os braços em torno da cintura dela, e por um minuto ela fingiu que isso era normal. Colocou as mãos em volta do pescoço dele e fechou os olhos. Era tão sexy e ardente, o corpo dele colado no seu, como se fossem duas pessoas no acaso curtindo uma simples dança. Ou talvez dois amantes curtindo a noite.

Voltou a abrir os olhos quando ele deu uma mordidinha em sua orelha, e foi sentindo um arrepio conforme ele foi descendo a boca.

– Trevor? - ela chamou, desconcertada. - Trevor?

Teve que aproximar sua boca do ouvido dele para ser ouvida no meio de tanto barulho, e ele aproveitou para dar um chupão em seu pescoço. Mas isso não estava certo, não estava mesmo. A começar pelo fato de que os dois não dançavam mais ao ritmo da música.

– Hum... Trevor? - ela tentou de novo.- Trevor?

– Sim? - ele sussurrou em seu ouvido, e logo em seguida a olhou com aquele olhar fixo dele, um olhar que a fez ter que recuperar o fôlego.

– Você se lembra de mim? - ela perguntou. - Porque da última vez, eu acho que...

– Shhh... - ele a calou, dando um selinho em sua boca.

– Mas você consertou o seu relógio? - ela insistiu.

– Fiz melhor que isso, loirinha. - Trevor continuava dando selinhos nela, e por mais que fosse tentador continuar com isso, Ari ainda sentia que algo ia errado.

– Então... eu não te devo nada? - perguntou, tentando tirar as mãos do pescoço dele, mas ele não deixou.

– Se você deixar seus braços a onde eles estão, você não vai me dever nada.

Os dois continuaram dançando juntinhos, e por mais estranho que fosse Ari queria mais. Apoiou a cabeça no ombro dele, fingindo por um momento que aquilo era real. Mas sabia que não era. Por mais que a fantasia fosse maravilhosa, a realidade era mais segura. Levantou a cabeça e encontrou o olhar de uma mulher raivosa olhando pra ela. A mulher estava a alguns metros de distância e olhava para os dois como se fossem a coisa mais odiava do mundo.

Ariana tentou se soltar de Trevor de novo, ele não deixou. Usando a força, pisou no pé dele e o empurrou, precisando de um pouco mais de distância.

– Por que está fazendo isso? Eu te encontro por acaso e você age como se as coisas estivessem tudo bem entre nós. Qual é o seu problema? - Trevor apenas ergue as sobrancelhas, o que a irrita mais ainda.- Tem uma mulher olhando pra nós dois agora e com raiva.

Trevor dá de ombros, como se não fosse nada.

– Você não vai nem olhar pra trás pra saber quem é? Ela ..

– Se ela é a porra da cadela de vestido azul e cabelo curto, ignore.

Ariana solta um longo suspiro, olhou da mulher estranha para Trevor e levantou as mãos, se afastando.

– Quer saber? Eu to fora.

Ariana pegou mais um copo e ingeriu a bebida de uma vez. Sentia o olhar de Trevor em suas costas, e o da mulher também. Mas que merda era aquilo? Decidiu ir para o banheiro e esperou que a estranha fosse atrás dela.

– Você nem disfarça, ne? - Ariana perguntou, ajeitando o cabelo.

– Trevor é meu namorado, sabia? - a mulher disparou. - Ele me ama e estava usando você só pra me fazer ciúmes. Você não parece ser do tipo que é usada, então aqui vai uma dica pra você. Fica longe dele se não quiser se machucar.

Ariana se controlou para não dar um soco na mulher e em si mesma. Como poderia ter sido tão idiota? É claro que um homem como ele tinha namorada, e é claro que estava sendo usada. Mas não sairia por baixo, de jeito nenhum.

– Eu estou sendo usada? - perguntou, se dirigindo para a entrada do banheiro. - Vejamos...

Não demorou muito para avistar Trevor. Ele tinha uma mulher praticamente em cima dele e parecia nem ligar.

Olhando para o lado, Ariana viu a mulher ao seu lado ficar vermelha de raiva.

– E eu que estou sendo usada? - desdenhou. - E você não vai fazer nada? Vai ficar olhando seu "namorado" com outra?

Ariana esperou por uma resposta dela. A mulher continuava parada, fuzilando Trevor. Suspirando, Ari resolveu dar o troco final.

– Veja como se faz, bebê. - disse, indo decidida até ele.

– Com licença? - Ari perguntou, afastando a desconhecida de Trevor. - Seu cafetão está te chamando, querida, tem outro cliente pra você. E cá entre nós, o outro é melhor.

Antes que qualquer um pudesse dar uma resposta, Ariana colocou as mãos no pescoço de Trevor e olhou bem nos olhos dele.

– Hum, querido, ta vendo a sua namoradinha ali? É, acho que você sabe. Ela não serve pra você, baby. Homens como você precisam de uma mulher que tenha atitude, não uma que fica olhando. Se você se implorar com jeitinho, talvez eu te mostre como se faz.

Ariana se soltou dele. Queria ir embora, ir pra longe disso tudo, mas começou a tocar Crazy in Love. Deu as costas pra ele e foi para a pista. Dane-se, isso não era por ninguém, era por ela.


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Notas finais do capítulo

Eu ainda estou sem computador. Me adaptei ao teclado do meu novo celular, mas escrever por aqui continua sendo foda. Mas eu não posso continuar esperando ne? Se eu tenho acesso a internet, minha obrigação é postar pra vocês (u u)

Fora isso, comecei a faculdade e ta uma loucura, trabalho atrás de trabalho. Mas sabem de uma coisa? Dane-se as pesquisas e os trabalhos. Eu AMO escrever e minhas histórias e meus leitores, de agora em diante, estarão no mesmo nível de prioridade que meus estudos. Se tenho tempo pra estudar pra prova, tenho pra atualizar as fics.

Quando eu tiver pc vai ter Par Perfeito por aqui e em breve volto a att Diário Virtual.

Beijooos



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