Ela Áries, Ele Escorpião escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Passando pra avisar que Horóscopo do Amor foi atualizada, e que a one dessa vez tem Áries e Peixes.



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Ariana brincava com o relógio no pulso, pensando no que tinha feito. Agiu por impulso, e isso era uma das coisas que fazia com muito frequência, se bem que ela não roubava objetos alheios só pra chamar atenção no cotidiano. Era bem raridade, demorava muito pra isso acontecer.

Tirou uma foto no espelho com o relógio, querendo guardar uma prova de sua recente loucura. Quando entrou no quarto de Trevor pela manhã não foi com a intenção de pegar algo, só queria vê-lo uma última vez antes de ir embora.

Obsersou um Trevor ainda mais bonito dormindo, e pensando no fato de que ele tinha estado excitado por ela, resolveu dar um empurrãozinho. Achou engraçado a ideia de pegar o relógio na cabeceira dele só pra fazê-lo ir buscar, mas agora, enquanto refleria sobre isso, se dava conta da idiotice que tinha feito. Não tinha sentido nenhum, exceto o de poder olhar pra ele de novo. E isso também não tinha sentido.

Tudo bem, Trevor era um homem que podia povoar seus pensamentos e a fazer imaginar nas mais diversas loucuras. Sem falar daquele magnetismo dele, um talento natural para atrair olhares.

A campanhia tocou, desenfreada, e Ariana sentiu certo empolgamento. Era divertido, não podia negar. Aquela adrenalina de fazer alguma maluquice e ver as consequências chegando.

— Já vou! - Ariana disse, tirando o relógio do pulso e procurando um lugar para escondê-lo. A campanhia continuava sendo tocada, e pensou nos vizinhos que poderiam ouvir. - Calma aí, já estou indo!

Jogou o relógio dentro de um vaso de porcelana, e olhou pelo olho mágico. Sorriu ao ver que era ele, e destrancou a porta.

— Olha só, você veio! - disse, dando espaço pra que ele entrasse.

—Cadê meu relógio? - ele perguntou, irritado.

Ariana sentiu um arrepio pelo corpo. Era sexy a forma com que ele falava quando estava com raiva, sentia vontade de provocá-lo só pra ouvir Trevor brigar com ela.

— Que relógio? - perguntou, se fazendo de desentendida.

Os olhos dele brilhavam com um fogo que a atraia mais e mais, parecia até uma mariposa indo em direção ao mel. Pensou se o olhar de tesão dele seria parecido com esse. Agora se lembrava do motivo de ter tentado chamar a atenção dele.

— Você está brincando com chama viva, garota. - ele a ameaçou. - Aquele relógio vale mais pra mim do que muita coisa que eu tenho. Devolva.

Ariana se sentou no sofá, com o coração disparado. Isso estava melhor do que podia ter imaginado. Se tinha medo de brincar com fogo e se queimar? Ela era chama viva. E deixar o ambiente quente era uma de suas melhores qualidades.

— Quem vê pensa que assaltei sua carteira. Senta aqui, vamos conversar. - pediu.

Trevor a mediu, os olhos semicerrados, mas nem se mexeu.

— O que você quer? - ele perguntou.

Ariana deu de ombros, tentando mostrar uma imagem descontraída. O que queria? Tantas coisas, e no fim nada. Fazia um bom tempo que não aprontava uma, e isso era um desleixo sem tamanho. Qual seria a graça da vida sem um pouco de aventura? Uma vida só valia a pena se fosse bem vivida, e sua mente se encarregava disso.

— Quero que você se sente, só isso. Por que está tão tenso? Vou te devolver o relógio, calma. - vendo que ele não iria colaborar, Ariana se sentiu sem escolhas. - Ou senta ou quebro esse seu relógio antes que consiga dar dois passos.

Trevor a fuzilou com aqueles lindos olhos dele, mas acabou se sentando.

— E agora? - ele questionou.

— Por que esse relógio é tão importante pra você? - Ariana perguntou, curiosa. - Não venha dizer que é de uma ex. - Trevor não disse nada. - Minha nossa, você guarda objetos de ex?

— Não seja ridícula. - ele refutou. - Não é de uma ex.

— Então de uma atual? - ela tornou a perguntar, insistente. - Você tem namorada.

Trevor passou as mãos pela cabeça, claramente irritado.

— Quer me ver implorando por um objeto? Tudo bem. Eu imploro pelo meu relógio. Pode me devolver agora?

— Claro, devolvo sim.

Ariana se levantou, indo em direção aos vasos de planta, e levou um susto enorme : o vaso que tinha jogado o relógio estava com água.

— Caramba... - ela sussurrou, torcendo as mãos.

— O que foi? - ele perguntou, se levantando.

— Esqueci do bolo! - ela disse, tentando distraí-lo e afastá-lo do vaso. - Bolo, tem bolo de... bolo de... Vem comigo que te mostro.

Ariana pegou na mão dele, mas Trevor não deixou.

— Não quero bolo nenhum, quero meu relógio. - exigiu.

— Quer um chá? - ela perguntou, pensando em qualquer coisa pra mudar de assunto. - Tenho de vários sabores, sabe, sempre previnida. Um bom chá faz muito bem, não acha? Todo mundo gosta.

— Detesto chá. - ele a interrompeu. - O relógio.

— Nossa, você é muito estressadinho. Vem cá, essa raiva toda é por minha causa mesmo? Ou aconteceu alguma coisa que te deixou assim?

— Escuta, eu não...

— Porque eu não fiz nada demais. Teve que sair mais cedo do serviço? Honestamente, até parece que esse relógio vale tanto assim. Quanto custou? Duzentos, trezentos?

— Ariana, eu realmente...

— Vou fazer um café, já que insiste tanto.

Ariana foi em direção ao fogão, e colocou uma panela pra esquentar. Tentava controlar suas mãos, que tremiam.

Pegou a vasilha com o pó de café, e quase a derrubou ao ver Trevor em pé, atrás dela.

— Ai, que susto. - ela exclamou, se sentando em uma cadeira.

— Olha só...

— Eu sei, eu sei, o relógio...

— A panela no fogo está sem água.

Ariana se levantou, indo desligar o fogão. Se virou para olhá-lo. Trevor parecia confuso, sem saber ao certo o que fazer, e a olhava como se ela fosse louca.

— Não tenho problemas mentais. - ela se defendeu.

— Isso é com você e um médico, não tenho...

— Eu sinto muito, okay? Não queria ter te incomodado. Prometo que você nunca mais vai me ver. Estou totalmente arrependida pelo que eu fiz.

Trevor se sentou em uma cadeira, mais relaxado.

— Por que fez isso? - ele perguntou. - Queria me ver de novo?

Ariana fez que sim com a cabeça, e colocou uma bandeja de bolo na frente dele.

— Fiz hoje de manhã, o bolo. Juro que não envenenei.

Trevor pegou um pedaço, e deu uma mordida. Ariana colocou água na panela, e ligou mais uma vez o fogo.

— Olha, não sei quem te ensinou essas estratégias, mas se queria me ver, custava pedir? Pessoas normais mandam mensagem, sabe? Uma ligação ou algo do tipo.

Ariana confirmou com a cabeça de novo, pensando em como tirar o relógio da água sem que ele visse.

— Espera um pouco. - Trevor disse, se levantando. - O que estou fazendo? Não vim até aqui pra tomar um lanche, Ariana. Quero o que me pertence.

Ariana saiu da cozinha, sendo seguida por Trevor. Foi até o vaso de plantas, tirou o relógio da água e mostrou a ele.

— Hum... aqui está.

Tentou entregar a ele, mas Trevor mal piscava. Ele olhava atentamente para o relógio, incrédulo.

Ariana colocou o relógio na mesinha de centro e se sentou no sofá, encolhida. Apoiou o rosto no joelho, sentindo a culpa chutar seu estômago.

— Sinto muito. - ela disse, se desculpando. - Mas a culpa foi sua, sabe. Quem mandou vir tão rápido? Não devia estar trabalhando ou sei lá? Você tocou a campanhia e me pegou de surpresa.

O silêncio de Trevor começou a incomodá-la, então Ariana resolveu olhar pra ele. Trevor tentava secar um relógio com a própria camisa, parecia apavorado. A cena fez Ariana se corromper por dentro.

— Você vai chamar a polícia? - ela perguntou.

Trevor, a princípio, a ignorou. Depois de tentar secar ao máximo o relógio ele olhou pra ela, frustrado.

— Não, Ariana, eu não vou chamar a polícia. Mas por favor, fique longe de mim. Já me causou mais problemas em menos de 24 horas do que qualquer um, um recorde.

Trevor se preparou pra ir embora, mas Ariana se levantou, barrando sua passagem.

— Por favor, não vá embora com raiva. Eu só... Diz que me perdoa, por favor. Não fiz de propósito!

Trevor fechou os olhos, prester a dizer algo. Ele tornou a abrir os olhos, respirando fundo.

— Está desculpada, Ariana. Agora saia da minha frente.

— Espere. - ela pediu de novo. - Eu estraguei tudo, não foi? Olha, se você teve que pedir licença no trabalho, eu digo a eles que a culpa foi minha, pra não descontarem em você. Eu realmente...

— Realmente, está me tirando do sério. - ele a interrompeu. - Já te desculpei, posso ir embora?

A porta de repente foi aberta, e Lúcia entrou chorando.

— Ari, você não... - a garota parou, imóvel, observando Trevor. - O que ele faz aqui?

Havia acusação em sua voz, mas um soluço entrecortado amenizou o tom. Ariana abraçou a amiga, assustada.

— Luluzinha... meu bem, o que houve? - Ariana perguntou. - Meu Deus, o que foi? O que houve? O que fizeram com você?

Lúcia tentava limpar as lágrimas com a palma da mão, mas seus olhos não paravam de lacrimejar.
—Lúcia, se você não abrir logo essa boca... - Ariana ameaçou, sacudindo ela. - Responde!

— Ele é um canalha. - Lúcia respondeu, e o choro aumentou. - Um idiota, Ari, um idiota!

Ariana puxou Lúcia pra si, e empurrou Trevor pra passar. As duas entraram num quarto, e Lúcia se jogou na cama.

— Vou buscar um copo d'água, espera aí. - Ariana disse, indo até a cozinha.

— Ela está bem? - Trevor a seguiu, preocupado.

— Claro que não, você é cego? Agora saia da minha frente antes que eu te tire daqui.

Ariana voltou ao quarto, ignorando Trevor. Deu os comprimidos e uma garrafinha de água para Lúcia, e esperou que a amiga bebesse. Se sentou ao lado dela, esperando Lúcia controlar os soluços. Pouco a pouco, a garota foi se acalmando, Ariana apoiou a cabeça de Lúcia em seu ombro.

— Calma, querida, o que tenha acontecido já passou. - falava, passando a mão pelo cabelo dela. - Vai me contar o que houve ou vou ter que ler sua mente?

Lúcia fungou mais uma vez, antes de se afastar e se sentar no meio da cama com os joelhos cruzados.

— Ele mentiu, Ari. Fui apenas uma brincadeira pra ele.

Ari não disse nada, mas já desconfiava disso. Seria um bom momento pra falar sobre o que descobriu com Trevor?

— Quer que eu vá chutar o saco dele? - Ari se ofereceu, querendo confortá-la. - Já fiz isso antes, posso fazer de novo. Dizem que a dor equivale a quebrar todos os ossos do corpo, e dar a luz mais de cem vezea.

Lúcia fez um som parecido com um sorriso, mas recomeçou a chorar.

— O problema sou eu, Ari, tem que ser eu. Por que toda vez acontece alguma coisa? Quando o meu verdadeiro príncipe encantado vai aparecer?

— Quando você parar de esperar por ele e viver sua vida. - Ari respondeu prontamente. - Nem todos os homens são ruins, mas tem que parar de ver todos eles como um possível marido.

Lúcia deu risada, dessa vez uma sincera, e fechou os olhos.

— Tava tudo indo tão bem. Lucas sempre soube o que dizer pra me deixar nas nuvens. Ele disse que ia me mostrar a casa dele, e fiquei tão empolgada. Você sabe, eu realmente queria que as coisas dessem certo entre a gente. Mas então o carro deu algum problema na estrada, e acabamos tendo que empurrar ele por quase uma hora, procurando por um posto de gasolina. Disseram que o carro estava com um problema no motor, e um mecânico só apareceria hoje. Era muito tarde, e estávamos no meio de uma avenida escura. Achamos um motel, e acabamos passando a noite lá. Eu não queria Ari, achei o lugar repugnante demais, mas ele disse que tudo ficaria bem. Disse que se eu era namorada dele, eu deveria confiar. Eu confiei, Ari. Achei cedo demais, mas confiei. Então ele pediu seu número de celular, e parecia que o desgraçado do amigo dele tinha te perdido. Ele disse que Trevor estava com você, e pensei de sairmos juntos, nós quatro. Fui pedir as contas na recepção e quando voltei para o corredor em que estava o nosso quarto, vi o Lucas se agarrando com outra. Foi horrível, Ari, senti meu coração se rasgar. Nem consegui pensar direito, só saí de lá e vim o mais rápido que pude.

Lúcia terminou o discurso, e recomeçou a choradeira. Ari se levantou, com raiva. Acabaria com a fuça desse Lucas, nem que pra isso tivesse que caça-lo no inferno.

— Por que me deixou sair de lá com ele, Ari? - Lúcia perguntou, com raiva. - Você é minha melhor amiga, devia me proteger.

Ari sentiu uma pontada no peito, a dor da culpa.

— Como eu ia saber, Lúcia? - se defendeu. - Eu não tinha...

— Não devia ter me deixado sair com ele! - Lúcia gritoi, furiosa. - Devia ter me impedido, é isso que os amigos fazem.

Ariana ficou calada, controlando a respiração. Tudo bem, sabia que a amiga estava irritada, isso era normal. Ela iria descontar suas frustrações em qualquer um que estivesse perto.

— Lúcia, você sabe que eu te amo, mas não pode colocar a culpa em mim. Nós duas somos grandinhas o bastante pra tomar conta de nossas ações. Somos independentes e não precisamos de ninguém, mas precisa lembrar que a liberdade tem um preço. Tem que ter cuidado.

— Vai ficar dizendo isso pra se aliviar da culpa? - Lúcia perguntou, voltando a chorar. - Eu nem sei por que fui seguir o seu conselho. Forcei o Lucas a se encontrar comigo pessoalmente por culpa sua! Ele não estava pronto.

Ariana olhou para o chão, com mil respostas passando pela dua vabeça, uma mais tentadora que a outra, mas decidiu sair do quarto.

Encontrou Trevor na sala, brigando com alguém por telefone. Assim que ele a viu, tirou o celular do ouvido e se aproximou.

— Está tudo bem com ela? - perguntou.

— Saia da minha casa. - exigiu, apontando para a porta. - Acho que isso nos deixa quites.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sai no domingo.

Beijos



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