Ela Áries, Ele Escorpião escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Só uma pergunta, vocês não vão ver problemas com uns hentais futuramente, vão? Uns hot da vida.

Boa leituraaa



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Trevor acordou antes mesmo que seu despertador tocasse. Abriu os olhos, encarando o teto e passando mentalmente a lista de coisas que teria que fazer. Se levantou da cama, procurou pelo seu par de chinelos e se dirigiu ao banheiro.

Não sabia bem o que ia fazer com a garota deitada em sua sala, era um péssimo dia pra isso. Ele tinha que sair rápido, precisava chegar mais adiantado que o habitual, e uma jovem bêbada não merecia sua atenção ao ponto de chegar atrasado ou se desconcentrar. Precisava arranjar um jeito de fazê-la ir embora, e de uma vez por todas.
Não queria distrações, não estava afim de brincadeiras com desconhecidas, e mesmo que ela tivesse lá seus encantos não valia a pena no momento. Daria uma carona a Ariana, a deixaria na porta de casa e sairia pra nunca mais voltar.

Tinha muitos problemas pra resolver, e um deles incluía uma outra mulher. Ele teria que ser obrigado a olhar pra uma criatura odiosa por longas horas, e isso era mais esforço do que se atrevia pensar.

Tomou um banho rápido, enrolou a toalha pelo torso da cintura e pegou sua roupa cuidadosamente organizada no armário. Secou o cabelo e  procurou na mesinha de cabeceira por seu relógio favorito, não o encontrava em lugar nenhum.

Saiu do quarto, decidido a resolver um problema de cada vez, e se surpreendeu com um sofá vazio. A garota teria conseguido acordar cedo?

— Ariana? - chamou, procurando pela casa. Nenhum sinal dela.

Olhou a bancada da cozinha, a mesinha da televisão, nenhum sinal do relógio. Ela não teria pegado, teria? Dobrou os cobertores e ajeitou a sala, imaginando onde ela teria ido. A bolsa dela não estava a vista, talvez tivesse ido embora. Pelo menos não teria a função de acordar a moça e despejá-la.

Ligou para a recepção, deu as descrições de Ariana e perguntou se ela tinha passado pelo hall de entrada. Uma secretária checou as câmeras de segurança, e constatou que Ariana havia saído a quase uma hora.

Não iria se permitir pensar mais nela, pensou, precisava direcionar o foco no trabalho. Se ela tinha ido embora sozinha, melhor assim. Um dos clientes mais rígidos e fieis do Banco de Investimentos onde trabalhava estava com sérios problemas financeiros por conta da crise, e queria conselhos.

Era uma grande oportunidade, e tudo precisava estar em seus devidos lugares. Passou as últimas semanas se preparando para aquela reunião, e mesmo que tivesse que se unir com Margareth, se o acordo fosse renovado as coisas poderiam mudar pra melhor. Sabia que esse cliente pensava em diminuir custos, e isso incluia pagar por conselhos em investimentos. Mostraria a ele como a decisão era tola.

Saiu do apartamento, trancando a porta da frente, e deixou um bilhetinho na portaria para o caso de Ariana acabar voltando. Ligaria para Lucas depois, pra saber como foram as coisas e se ele tinha ideia de onde a loirinha poderia ter ido, só esperava que ela estivesse bem.

Não demorou muito pra chegar a empresa em que trabalhava, e logo viu a movimentação lá dentro. Cumprimentou a recepcionista, e entregou a ela uma cópia do seu pen drive.

— Envia para o Steve e pede pra que ele dê os últimos ajustes? E pede pra ele me ligar. - pediu, ignorando o fato da mulher ter corado.

Foi até os elevadores e enquanto apertava os botões, esperando um deles descer, percebeu que alguém se aproximava. Olhou para o lado e teve a infelicidade de dar de cara com ela, Margareth.

— Bom dia. - disse, voltando a olhar pra frente.

— Dia. - ela respondeu, curta e seca como o era de se esperar.

Margareth tinha cortado os cabelos, e Trevor sentia que esse gesto era apenas por provocação. Detestava cabelos curtos em uma mulher, e os dela estavam perto do ouvido.

— Seu cabelo... está horrível. - Trevor comentou, entrando no jogo dela.

— Depende dos olhos de quem vê. - ela respondeu, o desprezo latente na voz.

Trevor sabia que tudo isso fazia parte da proteção que ela colocou sobre si mesma, como se ele fosse machucá-la. Ainda não, pensou. Faria com que Margareth se arrependesse do que fez, mas tudo a seu tempo.

A porta de um elevador abriu, e os dois entraram. Trevor fixou o olhar na porta, Margareth franzia os lábios. As portas tornaram a se abrir, e Júlio entrou.

— Bom dia, pessoal. - o garoto cumprimentou os dois. - Dia agitado hoje, não?

Trevor fez que sim com a cabeça, Margareth nem se mexeu. Júlio se apoiou na parede do fundo, fingindo mexer no celular.

A porta se abriu de novo, e dessa vez Amélia entrou. Trevor achava a garota irritante. Vivia deixando recadinhos e bilhetes anônimos, como se precisasse ser um gênio pra saber quem as mandava. Nunca respondia, porque se fosse dizer algo, acabaria magoando a moça. Porém, precisava pensar em algo pra fazer ela parar, e um dia desses acabaria dizendo.em voz alta o que queria.

— Bom dia, Trevor. - Amélia falou, tão baixo que ele mal ouviu.

Detestava atitudes assim, onde ela achava que iria dessa forma? Não era assim que conquistaria um homem, pelo menos não ele.

— Bom dia, Amélia. - Trevor respondeu, ignorando os olhares de Júlio e da discreta Margareth. - Como foi o recital de balé? - perguntou, só pra puxar assunto.

— O recital de balé? - Amélia perguntou, surpresa. - Você se lembrou dele?

— Claro que lembro, eu escuto cada palavra que você diz. - errado. Ela repetia tantas vezes que se via forçado a decorar.

Margareth fuzilava seu pescoço, e Trevor sorriu. Era tão fácil mexer com os nervos dela. Amélia corava tanto que parecia até uma beterraba. Flertar com outra na frente da ex tinha suas vantagens, mas dar falsas esperanças a meninas tolas não compensava tanto.

— Foi tudo bem. A Lilá mandou muito bem, uma pena que não pode ter ido. Bem que você podia ter ido.

Trevor cerrou os dentes, se ela dissesse 'bem' mais uma vez acabaria tendo um ataque. É, uma pena não ter conseguido ir a um recital de balé de crianças de 8 anos, com uma companhia tão agradável como um... não tinha palavras pra descrever Amélia de um jeito agradável, mas sabia que não era culpa dela. Ao menos não intencionalmente.

— Talvez da próxima. - disse, aliviado ao ver que o elevador parou no andar que queria.

Desconsolado por ver que Margareth também descia ali, resolveu puxar assunto.

— O que foi, está me seguindo?

— Você é desprezível, Trevor. - ela respondeu, retocando o batom num espelho. - Como consegue iludir a pobre coitada, quando sabe que ela não tem a mínima chance?

— Até porque meu coração devia ser só seu, não é?

— Estamos aqui a negócios, Trevor, não pra resolver questões inacabadas do nosso relacionamento.

Trevor parou, se virando pra olhá-la atentamente.

— Inacabado? Pensei que tivessemos colocado um fim quando você foi pra cama com o....

— Senhores. - Patty apareceu, trazendo algumas pastas na mão. - Graças a Deus os doos chegaram, preciso que deem uma última olhada nesses relatórios. Chegaram agora e não tenho certeza se são bons.

Os três entraram em uma sala pequena, e Patty entregou a eles algumas folhas.

— Nosso cliente está dividido entre duas formas de marketing, e quer a que mais der lucros. Porém...

— A que mais dá lucros é a mais cara. - Margareth disse, a testa franzida. - Por que esses papéis dizem pra irmos na segunda opção?

— Por que é a que vamos dar a ele. - Trevor respondeu, fechando uma apostila. - Patrícia, não vejo nada errado aqui, podemos prosseguir.

— Como não? Isso é arriscado. Quem garante que vai dar certo? - Margareth reclamou, irritada.

— Essa é a diferença entre mim e você. - Trevor disse, dando de ombros. - Quem não aposta alto, não tem muito o que esperar.

— Quem aposta alto cai e quebra a cara. - Margareth contra-atacou.

— Hum... - Patty estreitou os olhos, curiosa. - O que eu queria que vocês vissem mesmo é a cotação do mercado. Mudou pouca coisa, 0,05 o percentual. Mesmo assim, os números precisariam ser atualizados, não? Todos eles. E o resultado pode trazer uma grande variação.

— Isso é um desastre. - Margareth reclamou. - Minha equipe e eu votamos por...

— Sei pelo que votaram, mas essa é minha área. - Trevor fez algumas alterações em algumas folhas, e as entregou a Patty. - Peça para o Steve concertar isso, ele está com uma cópia da apresentação.

Patty saiu da sala, e antes que Trevor pudesse sair, Margareth o segurou pelo braço.

— Não pode ferrar as coisas aqui, pare de misturar trabalho e namoro! Vai deixar essa sua cabeça idiota estragar tudo, só pra não abrir mão da liderança?

Trevor se soltou dela, irritado.

— Existe um motivo pra eu ser o responsável por isso, e não você. Ponha-se no seu lugar.

Margareth ficou imóvel, em choque. Trevor saiu dali e foi para a sua sala, precisava pensar um pouco.

Leu de antemão os últimos documentos enviados, e se concentrou nos números. Daria certo, sabia que sim. Tinha ciência de que era arriscado, mas tinha boa percepção sobre isso. Seu instinto dizia pra ir em frente.

Seu telefone tocou, e viu no sinalizador que era Lucas. Deixou no viva-voz, falaria com ele enquanto fazia umas anotações.

— Eae, irmão, beleza? - Lucas balbuciou. - Escuta, você não vai acreditar no que aconteceu. O carro enguiçou no meio da rua ontem, foi um desastre. Acabamos passando a noite num motel no mínimo suspeito. Enfim, teria como você ligar pra concessionária e pedir pra eles me mandarem um carro? Estamos presos aqui.

Trevor suspirou. Se Lucas não fosse seu melhor e único amigo, teria mandado ele passear a muito tempo.

— Por que vocês não andam e pegam um ônibus? - perguntou. - Chamar a concessionária só pra isso?

— Eu vacilei com ela, okay? Não quero estragar as coisas.

— E vai melhorar com um carro? - debochou Trevor.

— As coisas sempre melhoram com um bom carro.

Trevor ligou para a concessionário, e solicitou um veículo.

— Satisfeito? - perguntou. - Agora já ta me devendo três favores.

— Dois, você não cobrou nada por ontem. Aliás, onde está Ariana? Lúcia quer saber como ela ta.

Trevor girou a caneta entre os dedos, pensando numa boa resposta.

— Não sei, quando eu acordei ela já tinha ido embora.

— Hum... Vou dizer que Ariana está bem, até mais.

Assim que deu 9:00, Trevor foi para a Sala de Conferências e se preparou para ser chamado. A apresentação consistia em explicações com planilhas anexadas, tudo feito com todo o cuidado pelo Microsoft Excel.

Assim que começou, percebeu que os banqueiros presentes pareciam duvidosos quanto a sua sugestão, mas depois de horas de debate seu cliente acabou aceitando.

No fim de sua apresentação, foi recebido com aplausos, e com uma enorme carranca de Margareth. Apertou a mão de alguns poucos, e se preparou pra ir embora.

— Vejo você amanhã, tudo bem? - disse a Patty, depois de receber os elogios. - Diga a Margareth que o agente de vendas número 1 continua sendo eu.

— Por que não diz isso pessoalmente? - a bruxa apareceu, por trás dele.

— Margareth. - Trevor disse, olhando nos olhos dela. - Eu continuo sendo o agente de vendas número 1.

Deu uma piscadinha pra ela, colocou os óculos escuros e saiu pra almoçar. A reunião havia levado duas horas mais do que o planejado, não tinha sido fácil convencer a maioria. Mas trabalho bom era trabalho cumprido, e desafios assim serviam pra mostrar o motivo dele ser o melhor.

Era um dos poucos que sabia lidar com improvisos e mudanças bruscas, conseguia trabalhar bem sob pressão. Bastava jogar a carga de suas costas para um lugar mais apropriado, era simples assim.

Entrou no carro, ouvindo o celular tocar, e viu que tinha uma mensagem nova.

"Uma coisa sua sumiu, e só terá de volta quando descobrir quem eu sou".

Apoiou os dois braços no volante, sem acreditar naquilo. Ligou para Lucas, que parecia estar ocupado no meio de algo importante.

— O que foi? - ele perguntou, brusco.

— Qual o número de telefone da Ariana?

— O QUE?

— Só diz de uma vez.

Trevor ouviu o som de conversa no fundo, Lúcia devia estar conversando com ele. Depois de curtos minutos, Lucas voltou a falar.

— Vou te mandar por mensagem, mas é bom que tenha um bom motivo pra isso. Lúcia agora acha que você perdeu a amiga dela, e foi tomar um banho. Muito obrigado.

Trevor desligou a chamada, e ligou pra pestinha que o tinha roubado . Assim que ela atendeu, foi direto ao assunto.

— Onde está o meu relógio? - perguntou, com raiva. - Eu não teria me importado se fosse outra coisa, mas quero ele de volta.

— Como descobriu meu número? - Ariana perguntou, curiosa. - Eu jurava que tinha enviado anônimo...

— O relógio, Ariana, por favor.

— Hum... Eu não sei. Acabei de chegar em casa, sabe, não estou disposta a sair.

— O que você quer? - Trevor perguntou, ligando a ignição do carro.

Ouviu apenas silêncio do outro lado, e chegou a pensar que Ariana tivesse desligado. Chegou a tela do celular, a chamada continuava.

— Ariana?

— Quero você venha buscá-lo. - ela respondeu, por fim.

Trevor quase mandou que ela fosse para um lugar inapropriado, mas pensou melhor. Queria o relógio de volta, não teria mais um como aquele.

Iria se arrepender mais uma vez da decisão que ia tomar, mas se viu dizendo o que ela queria.

— Qual o seu endereço?


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