O Contador de Histórias escrita por themuggleriddle


Capítulo 7
A Dama Branca


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi escrito para a Thams/brassclaw, que foi quem criou a personagem/headcanon/AU que foi utilizado nesse capítulo. A Dama Branca, então, pertence à ela e quem sabe um dia a gente consegue arrancar essa história, que é linda e merece ser contada, como o próprio Beedle diz.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/666267/chapter/7

Foram precisos dois meses para Tom conseguir voltar a sair de casa. Dois meses sem forças para se levantar da cama, tendo que se levantar para comer e tal tarefa ser pior do que caminhar de Little Hangleton até Londres debaixo de uma tempestade. Todo o seu corpo parecia pesar mais do que o normal e respirar era difícil, como se houvesse alguma criatura sempre sentada sobre o seu peito. A única coisa que o acalmava era o mar e as estrelas, que conseguiam fazer a sua mente ficar limpa por alguns minutos.

Foi Evert quem foi ver o que havia acontecido. De alguma forma, as notícias de que Tom havia se tornado um eremita chegaram aos ouvidos de Hangleton e o bruxo subiu até Robin Hood’s Baye para ver o que estava acontecendo, apenas para encontrar um trouxa jogado no canto da cabana, com a barba por fazer e com as piores olheiras que ele já havia visto.

“Ainda acho que devia manter a barba,” disse Evert, depois de alguns dias com um tratamento intensivo com muita infusão de erva-de-são-joão e muitas caminhadas quase forçadas, quando conseguiu convencer Riddle de segurar uma lâmina para fazer a própria barba. “É uma barba muito magnífica.”

“É ridícula,” o homem resmungou, antes de se livrar de tudo aquilo.

O bruxo ficou uma semana junto dele, sem nunca perguntar o que havia acontecido, mas mesmo assim não o julgando. Mas Evert tinha que voltar para Hangleton, principalmente porque agora havia uma esposa e uma filha esperando por ele... E a melhor solução que o homem achou para tirar Riddle daquele buraco de desânimo foi mandá-lo para outro lugar.

“É uma chave-de-portal,” ele explicou, entregando uma bota velha para Tom. “Vai levá-lo até Godric’s Hollow. É um vilarejo bonito, tem bruxos e trouxas... Você vai gostar. Tem um ar diferente e ouvi dizer que se procurar bem, tem uma mulher por lá que guarda livros da época dos fundadores de Hogwarts!”

Assim sendo, Tom Riddle logo se viu passando alguns dias em Godric’s Hollow. A comunidade bruxa do local estava em polvorosa com a proximidade do Samhain e toda a vila parecia ter saído de um cartão de Halloween: as árvores com as folhas alaranjadas, o céu acinzentado, as corujas e corvos sobrevoando a cidade, o céu em tons alaranjados... Era bonito.

E, como sempre, o lugar que mais chamara a sua atenção fora a taberna. Como Samhain estava próximo, muitos bruxos de fora estavam se reunindo na vila e, assim, muitas histórias eram contadas enquanto as bebidas eram servidas. Riddle já havia ouvido sobre uma bruxa que havia tentado atravessar o canal da Mancha montada em uma vassoura, um bruxo que colecionava livros que tentavam matá-lo e até mesmo um casal que tinha como bicho de estimação um hipogrifo. Foi enquanto ouvia sobre um rapaz que fora encantado para dançar até a morte que alguém se sentou à sua mesa - a única que ainda tinha um lugar livre.

“Desculpe invadir a sua mesa,” disse o homem que havia acabado de sentar. Ele era bem mais velho que Riddle e tinha cabelos brancos com alguns fios escuros ainda aparecendo. “Mas está ficando difícil permanecer em pé, mesmo que seja para ouvir uma boa história.”

“O melhor mesmo é ficar confortável para isso,” disse Tom, sorrindo sem graça.
“Gosta de histórias?” o velho perguntou, sorrindo gentilmente.

“Acho que posso dizer que são elas que me mantém vivo.”

“Ora... Qual o seu nome, rapaz? Eu sou Ignotus.”

“Beedle,” o homem falou e franziu o cenho ao ver o senhor abrir um sorriso ainda maior.

“Beedle de Yorkshire?” ele perguntou.

“Sim...”

“Minha neta me contou uma de suas histórias esses dias! Uma sobre o rei que escondeu a morte em um ovo,” o bruxo falou. “Posso lhe contar uma?”

“Uma história?” Tom assentiu, rindo fraco. Era engraçado ouvir alguém querendo lhe contar algo e não pedindo uma história. “Claro.”

“Você parece gostar de contar sobre a morte, então, bom... Vou pedir desculpas, pois não sou contador de histórias como o senhor,” disse Ignotus, sacudindo uma mão. Tom sentiu um arrepio descer pela sua espinha e supôs que o senhor havia colocado algum tipo de feitiço silenciador ao redor deles. “Veja bem, isso aconteceu comigo e com os meus irmãos. Uma vez estávamos viajando, indo visitar um parente no norte, e lá em cima, já na sua terra, você já deve ter ouvido falar de um riacho maldito... A água parece calma, mas é só pisar lá dentro que você some e nunca mais volta. Nós vimos uma raposa afundar lá e por isso nem tentamos atravessar a nado,” o velho explicou. “Usamos magia para fazer uma ponte, um negócio bem simples... Imagine o susto quando fomos atravessar e já tinha alguém nos esperando no meio do caminho!”

“Alguém...?”

“A Morte em pessoa,” o homem murmurou. “Ela estava irritada e surpresa ao mesmo tempo. Todo mundo morria naquele rio, mas nós fomos mais espertos. Ela disse que nos daria algo em troca e meus irmãos logo se animaram. Antioch pediu uma varinha que pudesse vencer todos os duelos - ele amava duelar - e Cadmus pediu alguma coisa que trouxesse os mortos de volta à vida-“

“Mas nenhuma magia pode trazer os mortos,” Tom sussurrou, lembrando-se das próprias palavras no conto da bruxa Babbitty.

“E nós dissemos isso à ele! Mas o teimoso não quis nem ouvir... Ele havia perdido a esposa fazia pouco tempo, entende? Estava desesperado.”

“E o que o senhor pediu?”

“Apenas algo que pudesse me esconder dos olhos da morte,” o senhor falou, rindo fraco. “A Morte então foi até a margem do rio e quebrou um pedaço do galho de um sabugueiro, entregou à Antioch e disse que com aquela varinha ele nunca iria perder um duelo sequer. Para Cadmus, ela entrou no rio e trouxe, lá do fundo, uma pedrinha escura... Disse para ele usá-la para trazer os mortos à vida. E para mim... Tadinha, ela ficou tão perturbada! Ela tirou a própria capa e a colocou nas minhas costas. Quando olhei para mim mesmo, meu corpo havia sumido! Uma capa da invisibilidade! Mas não qualquer capa, não um tecido com um feitiço, mas sim a capa da própria Morte, a capa que a esconde quando ela vem nos buscar.”

“Nós brincávamos... Criamos um desenho para nos representar. Era uma brincadeira, sabe? Nós marcávamos um símbolo onde quer que fossemos e assim saberíamos que um de nós estivera lá,” ele falou, desenhando, com uma linha dourada de magia, sobre a mesa um símbolo composto por um triângulo, uma linha reta e um círculo. “Cada um seguiu a sua vida depois de um tempo. Antioch, no entanto, era exibido e logo saiu anunciando a sua varinha invencível... Não demorou para alguém ir atrás dele. Ouvi dizer que a varinha maldita ainda está por aí.”

Tom sentiu um arrepio atravessar o seu corpo ao lembrar-se do dualista que encontrara em outra taberna, o homem que quase esfregara em seu rosto uma varinha que dizia ser a mais poderosa de todas.

“Cadmus... Cadmus voltou para casa e chamou a sua esposa dos mortos. E ela voltou! Ela voltou e eles viveram juntos por um bom tempo, mas Alethea estava diferente. Ela havia morrido e pertencia à Morte, a sua casa agora era a morte,” o homem explicou. “Meu irmão não aguentou vê-la tão miserável, viva e morta ao mesmo tempo. Eventualmente ele a seguiu para junto da Morte.”

“E o senhor continua aqui,” disse Tom, franzindo o cenho enquanto via o bruxo sorrir.

“Eu continuo aqui,” ele repetiu.

“Escondeu-se a vida inteira com a capa...?”

“Ha! Claro que não! Imagine fazer amor com a sua esposa debaixo de uma capa da invisibilidade!” O bruxo riu, batendo com a mão na mesa e fazendo o símbolo de magia se desfazer em fiapos de magia dourada. “Eu apenas não desafiei a Morte. Antioch brincava com ela o tempo todo, ele vivia dançando com a Morte em cada duelo, e Cadmus humilhou-a, tentou ser mais poderoso que ela... Eu apenas... Continuei com a minha vida? A capa, é claro, me foi útil diversas vezes, até mesmo salvou a minha vida, arrisco dizer. Mas sei que a Morte me encontraria mesmo se vivesse apenas debaixo dela.”

“Posso perguntar uma coisa...?” perguntou Tom, observando o senhor com cuidado. Apesar de velho, Ignotus tinha um brilho no olhar que fazia Riddle pensar em todos os aventureiros sobre os quais contava histórias.

“É claro.”

“Por que o senhor me contou isso?” o homem perguntou, indicando o resto da taverna. “Por que contou à mim e não à todos?”

“Há duas razões, na verdade,” disse Ignotus, respirando fundo. “Primeiro, o senhor é um contador de histórias. Tenho certeza de que uma história como essa é tratada com muito carinho pelo senhor... Sei que vai cuidar bem dela.” O bruxo sorriu, antes de apoiar uma mão sobre o pulso do outro. “Além disso, sei que você e a Morte tem uma história juntos também. O senhor também foi tocado por ela e também foi deixado escapar com vida... A Morte esteve muito perto de você, ela deve ter chegado a considerar levá-lo, mas deixou-o ir.”

Riddle permaneceu em silêncio, sentindo a própria respiração trancada enquanto encarava o velho. Os dedos dele sobre o seu pulso pareciam emitir a sensação engraçada de um tecido muito suave contra a sua pele e a medida que as palavras dele se estruturavam melhor em sua mente, inúmeras memórias voltavam.

“Por que ela fez isso?” o homem perguntou quando finalmente conseguiu achar a própria voz.

“Porque não era a sua hora. Nós dois não somos as únicas pessoas no mundo que foram tocadas pela Morte e deixadas seguir em frente. Ela deve ter pensado que, talvez, não fosse a nossa hora,” disse Ignotus, antes de acenar com a mão outra vez e se levantar. “Nós temos um bardo aqui!” ele falou em voz alta, atraindo a atenção de todos. “Acho que vocês deviam parar de falar abobrinhas sobre minhocas gigantes para ouvir uma história decente!”

“Peverell, eu estou no meio da história!”

“Alfric, todo mundo já sabe da sua minhoca de estimação!” O bruxo olhou Riddle outra vez, sorrindo, antes de abaixar-se um pouco para sussurrar. “Um velho sente a morte se aproximar e eu ficaria muito feliz de ouvir uma boa história antes de ir me encontrar com ela.”

Tom observou o homem por um momento, antes de olhar para os outros. Fazia dois meses que não contava uma história, dois meses que não conseguia nem mesmo pensar em nada que não fosse querer acabar com tudo aquilo...

“No alto de uma colina, dentro de um jardim encantado, havia a Fonte da Boa Fortuna. Todo ano, no solstício de verão, uma pessoa era escolhida para entrar no jardim e tentar chegar até a fonte, onde poderia se banhar e receber toda a sorte que aquelas águas ofereciam,” o homem começou a falar, sem nem saber direito o que diabos estava contando. “Em um ano específico, na manhã do solstício, centenas de pessoas estavam esperando ao redor das paredes do jardim: homens e mulheres, velhos e jovens, bruxos ou não bruxos... Lá, três bruxas se conheceram.”

“A primeira, chamada Asha, estava doente com uma doença que nenhum curandeiro conseguia curar e esperava que a fonte a ajudasse a melhorar. A segunda, Altheda, havia sido roubada e perdera a sua casa, seu ouro e a sua varinha, e lá ela esperava recuperar o seu orgulho e seu dinheiro. A terceira, Amata, havia sido deixada pelo homem que amava e queria que as águas da fonte curassem o seu coração partido,” Riddle continuou, sorrindo de leve enquanto deixava a história se desenrolar por si só. “As três decidiram que iriam entrar todas juntas, caso uma fosse escolhida. Assim, quando o primeiro raio de sol brilhou no céu e uma rachadura no muro apareceu, vários galhos saíram de dentro do jardim e agarraram Asha, que segurou a mão de Altheda, que conseguiu segurar o vestido de Amata... Que esbarrou em um pobre cavalheiro, levando-o junto para dentro do jardim.”

“Lá dentro, Asha e Altheda ficaram irritadas, pois se já era difícil escolher qual delas iria se banhar na fonte, agora havia mais uma pessoa para dividir o prêmio! Mas o cavalheiro, Sir Azarado, sabia que não tinha chance alguma de chegar lá e declarou que iria voltar para fora dos muros,” o homem continuou. “Com isso, Amata se irritou ‘Covarde! Puxe a sua espada, cavalheiro, e nos ajude a chegar até a fonte!’”

“Os quatro então começaram caminhada até o centro do jardim, atravessando diversas flores e árvores que nunca haviam visto antes e só encontrando um empecilho quando chegaram na base da colina, onde havia um enorme... Verme branco. Quando eles se aproximaram, o bicho virou para eles e murmurou: ‘Pague-me a prova de sua dor’,” Tom falou. “Sir Azarado tentou matar o verme com a sua espada, mas de nada adiantou. Altheda tentou atirar-lhe pedras, mas de nada adiantou. Asha e Amata tentaram usar feitiços, mas de nada adiantou. E o verme não deixou-os passar. A medida que o sol ficava mais alto no céu, Asha, entristecida, começou a chorar. O verme se aproximou e bebeu das lágrimas da bruxa e então sumiu para dentro da terra, deixando o caminho livre.”

“Felizes, os quatro começaram a subir a colina até que, na metade da subida, viram uma pedra com a seguinte inscrição: ‘Pague-me o fruto de seu trabalho’... Sir Azarado tirou do bolso a sua única moeda e colocou no chão, mas ela apenas rolou colina abaixo e foi perdida. As bruxas e o cavalheiro então tentaram continuar a subida, mas quanto mais eles subiam, mais eles voltavam, andando para trás. Desesperados e exaustos, eles viam o sol começar a descer no horizonte e todos já ficavam desesperançosos. Altheda, no entanto, continuava a subir com vigor,” disse Tom. “ ‘Coragem, amigos, e não desistam!’ ela dizia, limpando o suor da testa. Assim que as gotas de suor pingaram no chão, a inscrição na pedra sumiu e eles conseguiram subir a colina.”

“Quando finalmente chegaram ao topo da colina, ainda havia um riacho o qual eles deviam atravessar. No fundo das águas cristalinas, havia uma pedra que dizia: ‘Pague-me os tesouros do seu passado’... Sir Azarado tentou subir no seu escudo e flutuar, mas logo afundou e elas tiveram que tirá-lo da água. As bruxas tentaram a mesma coisa, mas não deu certo,” disse Riddle, olhando em volta e sorrindo ao ver até mesmo o bruxo da minhoca de estimação entretido na história. “Amata foi a primeira a entender a mensagem e, sem hesitar, retirou de sua mente inúmeras memórias de seu amado e colocou-as no riacho. Assim que elas desapareceram, um caminho de pedras surgiu, deixando-os passar até a outra margem.”

“Eles finalmente estavam a alguns passos da fonte quando Asha caiu no chão, chorando de dor. Tão grande era o seu sofrimento que ela nem mesmo deixava os outros a tocarem para levá-la até a fonte,” o homem continuou. “Altheda então correu para os arbustos, pegando as ervas que acreditava que funcionariam e, usando o cantil do cavalheiro, fazendo uma poção para dar à amiga. Assim que bebeu a poção, Asha se levantou, sentindo-se mais revigorada do que em anos e sem dores. Sua doença estava curada.”

“Agora elas precisavam decidir quem iria se banhar na Fonte da Boa Fortuna. ‘Minha doença foi curada, não preciso mais das águas. Deixem que Altheda se banhe,’ disse Asha. ‘Agora que sei usar as ervas para curar, posso ganhar dinheiro com isso, não preciso mais das águas. Deixem que Amata se banhe,’ disse Altheda. Mas Amata não quis... A correnteza do riacho havia levado embora todo o seu sofrimento...” Foi só quando viu os cenhos franzidos dos ouvintes que Tom se lembrou que estava contando aquela história para bruxos e bruxos não viam trouxas com bons olhos. Não havia pensado naquilo, havia se animado tanto com a própria história e agora tinha medo de não gostarem do final por envolver um trouxa.

‘O senhor é quem devia se banhar na fonte, Sir Azarado, por sua gentileza e coragem,’ disse Amata.” Todos se viraram para ver quem assumira a liderança da história, pois não fora Tom quem completara a fala de Amata. Do outro lado da taberna, encostada em uma parede, havia uma mulher que se fundia com as sombras. Seu rosto estava oculto pelo capuz da capa, mas era possível ver um pequeno sorriso em seus lábios. “E assim, o cavalheiro pulou dentro da Fonte da Boa Fortuna e saiu de lá com toda a glória que aquelas águas podiam lhe conceder. Sentindo-se mais corajoso, ele pediu a mão de Amata em casamento, pois nunca havia visto uma mulher mais gentil e bela como ela. E Amata aceitou, feliz por ter encontrado um homem que a iria amar.”

“As três bruxas e o cavalheiro desceram a colina felizes e satisfeitos, todos levaram uma vida longa e alegre,” disse Riddle, fazendo uma leve reverência com a cabeça em agradecimento à mulher no canto da taverna. “E nunca desconfiaram que as águas da fonte não carregavam encantamento algum.”

Foi engraçado ver em todas aquelas pessoas a mesma reação que as crianças tinham, aquele pequeno momento de silêncio enquanto ainda absorviam a história.

“Obrigado,” murmurou Ignotus, que ainda estava parado perto de si. O senhor ainda desviou o olhar para onde estava a mulher que o ajudara, acenando para ela com a cabeça. “Foi uma bela história.”

Tom sorriu para o velho, que fez uma reverência e então se afastou, sumindo no meio dos outros. Enquanto alguns bruxos ainda perguntavam uma coisa ou outra da história, Riddle tentava manter a mulher encapuzada sob o seu olhar e foi apenas quando ela deu as costas para a multidão e saiu da taberna que o homem inventou alguma desculpa esfarrapada para escapar dali também.

“Obrigado por me salvar lá dentro,” disse Tom, assim que saiu para a rua e alcançou a mulher.

“Mudei muito a sua história?” ela perguntou, virando-se para olhá-lo. O sorriso pequenino ainda estava em seus lábios.

“Pior que não,” ele explicou. “Era o final que eu queria, mas... Na hora fiquei com medo que eles não gostassem muito.”

A mulher riu, finalmente erguendo as mãos para abaixar o capuz e fazendo com que Riddle ficasse um bom momento apenas a observando, sentindo o ar faltar.
A primeira coisa que lhe chamou a atenção fora o longo cabelo branco e cacheado que agora, livre do capuz, caía até a cintura dela. A segunda, foram os olhos: a única coisa que Tom conseguia comparar àquela cor era um dia ensolarado, mas extremamente frio, como os que aconteciam em Little Hangleton no início do inverno. Eles pareciam azuis e verdes e cinzas ao mesmo tempo. Apesar dos cabelos brancos, a mulher não parecia ser mais velha que ele, talvez até tivessem a mesma idade… Mas, o que realmente mais o surpreendeu não fora a aparência da mulher: ele já a havia visto, no seu tempo. Nunca iria se esquecer daquele rosto e daqueles olhos e daqueles cabelos, lembrava-se de como a associou com as estrelas em uma questão de segundos... Lembrava-se que fora difícil tirar algumas poucas palavras dela e lembrava-se de como era desenhá-la.

“Suas histórias são muito belas, senhor,” ela falou, deixando os cantos de seus lábios se curvarem em um pequeno sorriso. “Ouvi algumas em minhas viagens... Já tentou cantá-las?”

“Como é?” ele perguntou, saindo das memórias que ela lhe trouxera sem perceber.

“São belas histórias, dariam belas músicas,” ela explicou.

“Eu não... Quero dizer, eu canto, mas isso não conta. Sou melhor tocando algo do que cantando.”

“Por que não junta as duas coisas?”



“Porque não sei tocar nada...”



“Acabou de dizer que é melhor com instrumentos!” ela riu.

“Não sei tocar nada daqui,” ele falou.

“Que tal tentar a harpa?” a mulher perguntou, encolhendo os ombros. “Não é difícil.”

Tom a encarou por um momento e então riu. A mera imagem de si tentando tocar uma harpa chegava a ser engraçada em sua cabeça. Ele havia crescido com um piano e tal instrumento sempre fora algo que o ajudara, junto com os seus papéis e tintas. Ele sentia falta do som dos martelos contra as cordas de aço, sentia falta da sensação que tinha das teclas cedendo sob os seus dedos e do estalido do pedal sobre o seu pé, sentia falta de poder se perder na música por alguns minutos e de ouvir as notas ficando suspensas no ar naqueles momentos durante os quais mantinha o abafador longe das cordas.

“Não sei se sou muito bom com instrumentos de corda,” o homem falou, sorrindo sem graça.

“Ainda acho que ficaria bom ter um pouco de música para acompanhar as suas histórias,” ela falou. “O senhor não é daqui, estou certa?”

“Sou de Yorkshire,” ele falou. “E a senhora... Escócia?”



“Só pelo sotaque?” ela riu. “Mas, sim, Escócia... Por acaso o senhor mora perto do mar?”

“Sim,” disse Tom, rindo. “Por acaso já me conhece por conta de algum meio divinatório?”

“Não sou muito afeiçoada à adivinhação. O senhor simplesmente... Parece vir de perto do mar,” a bruxa falou, sorrindo fraco enquanto erguia a mão e a passava pelo ar como se estivesse sentindo algo ali.

“Para falar bem a verdade, já estou começando a sentir falta dele.”

“Está aqui faz muito tempo?”

“Cinco dias,” ele falou. “Um amigo insistiu que eu viesse.”

“Que tal uma troca?” a mulher perguntou e foi instantâneo lembrar-se da fada que certa vez encontrara na estrada. Mas aquela bruxa não lhe parecia uma fada... Não parecia ser uma pessoa comum, mas também não parecia ser do povo das fadas. “Eu o levo até a sua casa e você me conta uma de suas histórias. A sua melhor história.”

O homem riu. Bom, não era uma proposta horrível... Ele só teria que pensar em algo bom para contar à ela. Mas, apesar disso, ela ainda era uma bruxa e eles estavam sozinhos. E havia algo naquela mulher que o fazia se sentir incrivelmente desamparado, como se não fosse nada ao lado dela. Não, era como se ele fosse uma presa e ela, um predador curioso demais para atacar. O mais estranho, no entanto, era que, apesar dessa sensação, a maior parte de si insistia em sentir-se seguro perto dela.

“Prometo não lhe fazer mal se não fizer mal à mim,” ela finalmente falou, depois de perceber o silêncio dele.

“Certo...” ele murmurou, apontando para a bolsa de couro que carregava no ombro. “Se quiser ir. Tenho todas as minhas coisas aqui.”

A bruxa sorriu e esticou uma mão para ele. O toque dela parecia formigar e esquentar a sua pele... Se prestasse bastante atenção, conseguia sentir os pequenos desenhos que aquela sensação criava em sua mão, subindo pelo seu braço. Era estranhamente confortável e familiar. Mas tal sensação prendeu a sua atenção por pouco tempo, pois logo tudo a sua volta girava, até que sentiu o terreno acidentado da praia sob os seus pés novamente e o som das ondas enchendo os seus ouvidos.

Tom respirou fundo, sentindo o cheiro da maresia e a brisa leve que soprava do mar. A mulher ao seu lado olhava em volta com calma, antes de arrancar os sapatos e andar até a pedra mais próxima, onde as ondas menores ainda alcançavam, e sentar-se ali, indicando para ele fazer o mesmo. Riddle queria ter suas tintas e telas novamente para poder pintar aquela cena... Os cabelos brancos dela contrastavam com o resto do local que estava completamente escuro, salvo pela luz das estrelas.

“Não sei se essa história é a melhor,” ele falou, tirando os sapatos e indo se sentar ao lado dela, sorrindo ao sentir as ondas baterem em seus pés. “Mas é uma que estou querendo contar faz um bom tempo... Acho que só não tinha encontrado a pessoa certa até o momento.”

“Ora,” ela riu baixinho. “Vamos lá, então.”

“Havia um homem que... Vamos dizer que ele tinha um certo passado com magia, apesar de não ser um bruxo. Uma bruxa o havia enfeitiçado e praticamente apagado um ano da vida dele. Com isso, vieram os medos. Era como se houvesse alguma criaturinha feita de sombras que sentava no ombro do homem, sempre lhe sussurrando coisas ruins e quanto mais ele a ouvia, mais ela crescia, até que chegava momentos nos quais era simplesmente impossível para ele sequer se levantar da cama... Essa criatura conseguia fazer com que cada respiração fosse um esforço enorme; com que cada colher de comida parecesse rasgar a  sua garganta; cada noite de sono, um festival de pensamentos ruins e pesadelos; cada coisa que ele antes amava, apenas um vazio,” o homem começou a falar, focando o olhar nas ondas para não precisar olhar a bruxa. “O homem fez coisas horríveis consigo mesmo por causa disso, porque aquilo não era viver, aquilo era apenas sobreviver, um dia de cada vez, sem emoção alguma.”

“O tempo passou e ele aprendeu a controlar essa criatura. Ele conseguia ignorá-la até ela voltar a ficar pequenininha no seu ombro, conseguia argumentar com ela de vez em quando... Volte meia ela crescia novamente, grudando-se nas suas escápulas e fazendo com que fosse impossível se levantar, mas com o tempo ela voltava a diminuir,” ele continuou. “O tempo passou e o que restou da bruxa que havia feito aquilo foram os sonhos ruins, as lembranças vívidas demais, mas ele sempre dizia a si mesmo que, apesar de doer e assustar, aquilo não era mais real.”

“Até o dia em que o filho daquela bruxa apareceu... Era de noite, no meio do verão, e o rapaz entrou na casa do homem, acusando-o de tê-lo abandonado,” Tom falou, tentando puxar sua voz, que parecia presa em sua garganta. “Ele era incrivelmente parecido com o homem, chegava a assustar. E ele era um bruxo, como a mãe... Tudo pareceu passar rápido demais e depois de dois clarões verdes, o homem viu que ele e o filho eram os únicos ainda vivos na casa. Seus pais estavam mortos, haviam morrido em menos de um segundo, com um movimento da varinha. E em segundos, a criatura no ombro do homem cresceu e cresceu e foi como ter uma tonelada caindo em suas costas, como se ela estivesse batendo em seu coração para ele acelerar ao mesmo tempo que arrancava as lágrimas dos seus olhos. E o homem queria apenas morrer, pois não havia mais nada ali para ele... Seus pais estavam mortos e seu filho - ele nem sabia que tinha um filho! - não parava de falar sobre o quão fraco e inútil ele era...”

“Ele implorou para que o garoto o matasse. Era rápido, não? Mas o bruxo estava com tanto ódio que nem mesmo a morte parecia ser uma boa punição aos seus olhos. Ele puxou algo de dentro das vestes, um tipo de colar com uma ampulheta, e jogou no homem.” Riddle respirou fundo, percebendo que estava chorando. Riu fraco ao notar isso, tomando consciência de que era a primeira vez em cinco anos que falava sobre aquela noite para alguém. Na verdade, era a primeira vez que revisitava aqueles acontecimentos de forma voluntária. “Foi como cair infinitamente e depois bater em um chão de pedra... Quando o homem acordou, havia outro rapaz ao seu lado: ele era um bruxo e só ver a varinha dele foi o suficiente para fazer com que o desespero voltasse.”

“Mas esse bruxo era gentil e o ensinou como sobreviver ali, tão longe e tão perto de sua casa. Ele lhe mostrou como curar e como ajudar as pessoas com coisas simples... E o homem começou a se adaptar, lentamente,  à sua nova vida,” Tom continuou. “Ele descobriu que sentia falta de pegar um livro e ler uma boa história, sentia falta de ter algo com o que se distrair, e percebeu que isso se amenizava quando contava histórias para os outros. Ele fazia uma mistura de tudo o que já havia ouvido ou lido antes, de vez em quando inventando algumas coisas próprias, e se sentia bem ao ver as crianças e os adultos parecendo tão entretidos no que ele contava, tão... Felizes e distraídos. Mesmo que apenas por alguns minutos, ele via aquelas pessoas viajarem para longe, fazendo exatamente a mesma coisa que ele queria tanto conseguir fazer para esquecer de tudo.”

“Então ele continuou contando histórias enquanto inventava um personagem para si mesmo. Aos poucos, ele deixou de ser o homem louco que havia se envolvido com a bruxa errada, mas sim o bruxo contador de histórias que todos tinham alguns minutos para ouvir... No fundo, ele ainda era o homem com a criatura de sombras no ombro, mas coisas simples o faziam sorrir de novo, como ver uma menina brincando de ser rainha depois de ouvir uma de suas histórias ou um menino fingindo ser um cavalheiro,” Riddle falou, finalmente arriscando olhar a mulher, que permanecia impassível ao seu lado. “E ele conheceu tantas pessoas com isso... Um Tsar cuja vida se repete diversas vezes e que mesmo assim continua amando viver, uma mulher que atravessou o mar dentro de um caldeirão, três irmãos que brincaram com a morte, uma estrela que ele pensou que nunca mais iria ver...” O homem deixou as próprias palavras serem levadas para longe pela brisa do mar. Não sabia como continuar. Não era como a história da Fonte da Boa Fortuna, pois ali realmente não sabia o final. “Infelizmente, não sei como a história termina.”

Felizmente,” disse a bruxa, sorrindo enquanto acenava para as ondas, fazendo o que parecia ser uma pequena raposa feita de água surgir ali e começar a saltitar por todos os lados.

“Não tenho nada para lhe oferecer,” ele falou, encolhendo os ombros. “Mas o que me diz de você me contar a sua melhor história?”

A mulher o olhou de esguelha, antes de sorrir de lado e acenar com a mão, fazendo com que a raposa de água corresse até ele e atingisse o lado do rosto do homem e, assim, arrancando uma risada dele.

“Já ouviu falar sobre como as águias se recolhem e nascem de novo quando atingem uma certa idade?” ela perguntou. “Elas voam até a montanha mais alta e lá fazem o seu ninho. As águias então arrancam o próprio bico para este poder nascer de novo, mais forte, e faz o mesmo com as unhas e as penas velhas. Nem toda águia faz esse processo, mas as que fazem vivem muito mais... Uma vez existiu uma bruxa que fez como a águia, depois de perder o seu maior tesouro. Ela se isolou em uma montanha até deixar de ser quem era. De certa forma, ela morreu e nasceu de novo, enganando a Morte.”

“A partir do seu primeiro vôo depois de renascer, a bruxa decidiu que não iria mais se envolver com o seu passado... Todo o seu legado havia ficado para trás. Ela iria continuar vivendo, continuar viajando e pesquisando, pois ela amava conhecer coisas novas, mas não iria se envolver com nada outra vez,” a mulher continuou. “Ela também conheceu muitas pessoas incríveis, viu muitos milagres e muitas tragédias, sempre conhecendo coisas novas e tentando não lembrar do que havia passado. Mas sempre havia um elemento que se repetia em todas as suas vidas-“

“Como as diversas vidas de Koschei,” Tom murmurou, sem perceber. “Desculpe.”

“Isso mesmo.” Ela sorriu, um sorriso quase imperceptível que curvava muito sutilmente os cantos de seus lábios. “Sempre havia um homem... Ela não sabia como diabos ele sempre a encontrava: podia se passar anos e anos, mas ele a encontrava, mesmo sem saber quem ela era. E ele sempre vinha de uma forma diferente, o que era o mais engraçado: às vezes ele era como ela se lembrava, outras ele vinha de outro país... Até mesmo na forma de uma raposa ele já apareceu!” A bruxa riu, jogando os cabelos para trás e praticamente fazendo uma chuva prateada com isso. “Mas ele sempre lhe dava algum presente: uma música, um desenho, um pedacinho de madeira pintado, um lírio, uma história... Não importava o que era o presente, mas era sempre algo com mais sentimento do que deveria, afinal, ele mal a conhecia!”

Riddle continuou a observando, esperando que ela continuasse, mas a bruxa apenas ficou com os lábios entreabertos enquanto olhava o mar, como se esperasse mais alguma palavra sair de sua boca. Nada saiu e apenas o mar continuou cantando.

“Ainda não sabe o final da história também?” ele perguntou.

“Não,” ela murmurou.

“Aposto que vai ser uma história digna de um livro,” disse Tom, sorrindo enquanto inclinava-se um pouco para a frente para conseguir observá-la melhor. “É uma história que eu adoraria contar, mas ela ainda está se desenrolando e acho que vai continuar assim por muito tempo. Quem sabe você poderia ir escrevendo-a?”

“Somente se o senhor escrever as suas também,” ela falou prontamente, virando-se para olhá-lo. “As suas histórias merecem ser escritas.”

“Certo.” O homem empertigou-se e estendeu uma mão para ela, que a apertou enquanto ria. “Me prometa que irá me falar do andamento da sua escrita da próxima vez que me ver e, quem sabe, um dia eu ainda ganhe um livro seu, hm?”

“Quem sabe,” ela falou, antes de suspirar. “Qual o seu nome, senhor?”

“Beedle,” Tom respondeu. “Qual o seu?”

“Acho que acabei perdendo o nome com o passar dos anos, mas acabei ganhando muitos outros: Lady White, la Dame Blanche, Dame Aliset, Weisse Frau…” A bruxa arqueou uma sobrancelha. “Qual o nome do homem da sua história?”

O homem sorriu fraco. Ele havia ouvido falar de alguns desses nomes, tanto no futuro quanto agora, no passado… A Dama Branca era recorrente em várias histórias, uma mulher sábia e poderosa que podia ver através de mentiras e sabia como desvendar o futuro. Aquela mulher era uma lenda viva e Riddle não sabia se devia se sentir assustado ou fascinado por isso.

“Thomas Felix Riddle,” ele falou. “E o nome da bruxa da sua história? Antes de ela imitar as águias.”

“Rowena,” a bruxa falou, suspirando fraco. “Rowena Ravenclaw.”

E aquele pedaço de informação fez o seu fascínio crescer ainda mais. Ela era a história e a lenda misturadas em uma só, o fato e o fantástico, o possível e o impossível.

“Ouvi falar muito bem dessa moça e de seus feitos,” disse Tom. “Ah, outra coisa: Koschei Bessmertny está procurando por você. Na verdade, faz quatro anos que ele apareceu aqui a sua procura...”

“Ora, Koschei falou de mim?”

“Ele disse que procurava por alguém e que eu saberia de quem se tratava caso a encontrasse,” o homem falou, encolhendo os ombros.

A Dama Branca pulou da pedra onde estavam sentados e permaneceu em pé por alguns minutos, parada enquanto as ondas ensopavam a barra de seu vestido e seus pés afundavam na areia molhada. Novamente, Tom queria conseguir desenhá-la, queria pintá-la e não deixar que aquela imagem ficasse apenas em sua mente... Mas ele já havia feito aquilo e entregue tal desenho à ela. Muitos anos depois, aquela mulher teria um desenho seu em mãos.

“Acredito que devo ir agora,” ela falou, virando-se para o olhar com calma com um sorriso que ele arriscava classificar como doce. “Foi muito bom encontrá-lo e ouvir as suas histórias, senhor. Boa noite e…” A mulher se interrompeu por um momento, suspirando fraco antes de continuar. “Sonhe com as estrelas, Tom.”

O homem nunca achou que pudesse ficar tão emocionado apenas ouvindo o seu próprio nome. Mas depois de tantos anos sendo chamado por um nome falso, era bom ser ele mesmo outra vez, principalmente ao estar com alguém que lhe inspirava uma estranha familiaridade.

“Foi bom ouvir a sua história também,” ele murmurou. “Spokoinoi nochi, dorogaya Rowena.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu realmente não quero terminar essa história, talvez seja por isso que estou enrolando tanto para postar.

1) Erva-de-são-joão: Hypericum perforatum, é uma planta que pode ser usada para ajudar no tratamento de depressão leve-moderada, insônia, ansiedade. Também tem ação antibacteriana e é usada para cicatrização de feridas. Em alguns países, ela é prescrita para o tratamento de depressão, na hora de tentar 'desmamar' os medicamentos. Ela é contraindicada quando a pessoa já está tomando um antidepressivo da classe dos ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) como a fluoxetina ou a paroxetina (e outros), além de outros medicamentos como antirretrovirais, varfarina ou medicamentos que tenham carbamazepina. Ela pode interagir com alguns medicamentos e inativar os efeitos deles, como os anticoncepcionais. Em outras palavras, procure um médico antes de decidir tomar chá de erva-de-são-joão;

2) Beedle e sua barba: em todas as fontes oficiais, diz-se que existe pouca informação sobre Beedle, o Bardo, a não ser o fato de que ele tinha uma barba magnífica. Eu nunca consigo imaginar o Tom de barba a não ser quando ele está nesses momentos ruins, então... Evert deve ter sido bem sacana e perpetuado a imagem dele com a sua magnífica barba;

3) O rio dos três irmãos: eu sempre fiquei me perguntando por que diabos a Morte ficou tão brava que os irmãos Peverell conseguiram atravessar o rio? Então fiquei sabendo de um rio que fica na fronteira de West e North Yorkshire chamado River Wharfe. Quando ele chega na altura de Bolton Abbey (North Yorkshire), o rio que era largo tem que se afunilar em um leito muito estreito... Assim, o rio largo lá de cima, o Wharfe, vira um rio estreito, profundo e com uma velocidade muito rápida. Nessa área, ele é conhecido como Bolton Strid ("strid" é um espaço entre rochas) e, apesar de a distância entre as margens ser pequena, é fácil escorregar. Além disso, debaixo da superfície da margem, é como se as rochas fossem 'cortadas' e formassem um tipo de caverna. Ou seja, não atravesse o Strid a pé, porque há muitas chances de você escorregar, cair e morrer afogado.

4) A Dama Branca: como já foi dito lá em cima, a Dama faz parte de um headcanon/AU que a Thams/brassclaw criou há uns 3 anos e eu fiz o favor de bagunçar ele aqui. Eu não posso falar muito a não ser as coisas que o próprio Tom sabe sobre ela: ele já a viu no futuro e agora ele sabe que ela é uma Rowena Ravenclaw que enganou a Morte.

5) Dame Aliset, la Dame Blanche, etc: só 3 anos depois de ouvir o headcanon da Thams que eu fui ler Outlander e descobri que as Damas Brancas são, na verdade, bem proeminentes nos folclores Europeus. Dame Aliset é uma bruxa folclórica da Escócia; La Dame Blanche são as mulheres sábias e mágicas da França; Weissen Frauen são as bruxas brancas da Alemanha e por aí vai... Em todas as histórias, elas transitam entre o status de bruxa e fada, não são nem amigas e nem inimigas, mas neutras e justas, muito poderosas e sábias, com um talento para ver o futuro, etc. Foi meio fascinante descobrir que esse folclore existia e que nem eu e nem a Thams sabíamos dele, mesmo depois de termos discutido tanto o headcanon da Lady White;

6) Spokoinoi nochi, dorogaya: "Boa noite, querida", em russo;


Como foi dito lá em cima, esse capítulo é para a Thams, que me deixou abusar do plot incrível dela.

Espero que tenham gostado. Reviews, como sempre, são muito muito muito bem vindos. Ainda mais nessa reta final.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Contador de Histórias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.