Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 16
Capítulo 16




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— Eu preciso de você.

Eu juro ouvir essas palavras, enquanto sinto-me sendo sugado da escuridão, junto com uma dor lancinante. A dor percorre todo meu corpo diversas vezes como correntes elétricas. E eu oscilo entre a luz e a escuridão. Mas as palavras que acabo de ouvir, fazem com que eu me agarre á luz. Faz com que eu lute pelo ar, lute pela vida. E então, eu sinto meus pulmões se enchendo de ar. Não consigo abrir os olhos, mas o fato de eu estar respirando, já é uma conquista e tanto. Eu me contento em ficar imóvel, apreciando o fato de estar vivo. Mas sem conseguir suportar por muito tempo, sinto-me sonolento, e sei que vou acabar apagando. Antes de eu cair em completa inconsciência, sinto alguém acariciando meu rosto. Sinto lábios tocando os meus. E eu nem consigo abrir os olhos para saber quem é. Por fim, adormeço.

Quando acordo novamente, me sinto bem melhor que da primeira vez. É como se eu tivesse dormido por dias. Mas eu me sinto forte, me sinto bem de verdade. Olho para meu corpo, coberto com diversas cicatrizes. Estou nu. Olho ao redor e não consigo me lembrar de onde estou. Não há nada no cômodo além da cama a qual estou deitado. Eu me levanto, e sinto uma leve tontura. Alcanço a porta, e ao abri-la, me deparo com um longo corredor. Me esgueiro por ele, torcendo para encontrar alguma roupa. Mas a maioria das portas está trancada.

— Senhor? – um homem chama, e eu me viro assustado. – Quer me acompanhar, por favor?

Eu dou de ombros e decido que segui-lo é melhor do que ficar vagueando por aí sem roupas. Eu faço diversas perguntas a ele, mas não obtenho resposta. Ele me deixa em uma espécie de suíte, onde tudo parece ser vermelho. As paredes, os móveis. Sob a cama, há uma roupa branca muito elegante que eu suponho ser para mim. Então eu tomo um longo banho, e me visto. Me olho no espelho em seguida, surpreso pelo resultado. Passo mão por meus cabelos molhados e os jogo para trás. É neste momento que o mesmo homem que me guiou até aqui, adentra o quarto, e me informa que o jantar já vai ser servido. Eu o sigo, e me deparo com um enorme salão com uma mesa farta. Meu estomago ronca, acho que estou com fome. Nem me lembro qual foi a ultima vez que comi. Quando termino de me servir, uma mulher estonteante aparece. Seus cabelos escuros caindo por sobre seus ombros, um vestido colado em seu corpo escultural. De um lado do seu rosto, ela tem uma enorme cicatriz que quase a desfigura, porém ela é bem bonita mesmo assim.

— Você está bem, querido? – ela pergunta, e se senta ao meu lado.

— É, estou ... Mas... Quem é você? – Eu pergunto, sem jeito,  sentindo pontadas na minha cabeça.

Seu semblante muda, e ela parece extremamente triste.

— O médico me disse que isso poderia acontecer – ela diz, e enxuga uma lágrima que rola por seu rosto. – Você não se lembra mesmo de mim?

Balanço a cabeça negativamente.

 - Eu sou sua esposa, Peeta. Sunny, sua esposa. – ela diz, e se inclina, me beijando.

Eu deixo que ela me beije, mas a dor em minha cabeça é quase insuportável. Esposa? Porque eu não consigo me lembrar dela? E porque todas as minhas memórias parecem estar incompletas?

Durante o jantar, Sunny conta do acidente que tive, de ter levado uma grande descarga elétrica enquanto consertava algo no telhado, e ter caído e batido a cabeça, perdendo minha memória. Eu assinto, conforme ela tenta me relembrar dos detalhes de nossa vida juntos, mas não consigo me lembrar de nada do que ela fala. De repente, perco a fome.

— Vamos para o nosso quarto? – Sunny sugere. Eu sinto suor brotando de minha testa, mas assinto.

— É aquele em que você tomou banho. Pode ir na frente, eu tenho só que resolver algumas coisas. Já te encontro lá – ela diz, e me beija.

Eu estremeço com seu contato em mim, mas apenas obedeço e me encaminho para o quarto. Quando estou caminhando lentamente, tentando me lembrar de qualquer coisa daquelas que Sunny me contou, um homem bem grande e com resquícios de tinta sob a pele, me intercepta. Ele começa caminhar ao meu lado, e parece bem nervoso.

— Ela está a salvo. Conseguiu chegar até minha casa – ele diz. Apenas o olho, sem saber do que ele está falando.

Então, o homem segura meu braço me forçando a parar, me olha parecendo profundamente triste.

— Ah não – ele murmura. – Não pode ser.

— O que foi? – eu pergunto, incomodado por esse homem estar agindo tão estranhamente assim.

— Você não se lembra de mim, não é? Eu sou Tommy...

Vasculho em minha mente, mas não consigo me lembrar de nada.

— Me desculpe, é.. Tommy, mas... – eu começo.

— Katniss – ele sussurra, me interrompendo. – Katniss Everdeen... Você sem lembra dela?

Ouvir esse nome causa um arrepio, que percorre toda minha espinha. A dor em minha cabeça explode por um momento e até me cega. Me recomponho assim que consigo, e enxugo o suor de meu rosto.

— Eu ... não sei de quem você está falando – murmuro, e começo a andar mais rápido em direção ao quarto vermelho, deixando o homem para trás. Assim que adentro o quarto, Sunny entra atrás de mim.

— O que Tommy queria com você? – ela pergunta enquanto abre o zíper de seu vestido.  Sem saber ao certo porque, eu minto.

— Ele estava passando, e eu me senti um pouco tonto de repente. Ele só me ajudou – digo, enquanto fito Sunny se despindo até ficar completamente nua.  

— Espero que você esteja melhor agora meu amor, pois eu estou morrendo de saudades – ela diz, e avança sobre mim, me beijando desesperadamente. Eu a correspondo, e não protesto enquanto ela começa a tirar minha roupa. Mas não consigo sentir desejo, apesar de ela ser linda. Não consigo sentir nada além de um vazio dentro de mim. E conforme ela me joga na cama e fica com seu corpo nu, colado ao meu, eu sinto uma enorme ânsia, que vai além de qualquer coisa eu já tenha sentido. Tudo que eu consigo fazer é empurrar Sunny de cima de mim, e correr até o banheiro onde vomito tudo que acabei de comer. O estranho, é que eu vomito também um líquido amarelado, quase dourado, e eu não me lembro de ter ingerido nada dessa cor. Quando sinto que mais nada irá sair, enxáguo minha boca, jogo uma água no rosto, e fito o espelho do banheiro.

— Você está bem, querido? – Sunny grita. – Quer que eu vá até aí?

— Não precisa – eu respondo. – Estou bem.

Continuo a fitar o espelho. Porque eu não sinto absolutamente nada por essa mulher que é minha esposa? Na verdade sinto uma leve aversão a ela. O que me preocupa. Mas o que está me atormentando na verdade é outra coisa.

— Quem é Katniss Everdeen? – sussurro para meu reflexo no espelho. E a simples menção a esse nome, faz meu coração disparar em meu peito. Depois preciso ter uma conversa com aquele sujeito, o Tommy.

Volto para a cama, onde Sunny me olha com preocupação.

— É... Acho que eu preciso descansar, não estou completamente bem – eu digo e visto minha cueca.

Sunny me olha desapontada, mas me lança um sorriso.

— Tudo bem, meu amor – ela responde, e se aninha em meu corpo assim que me deito. É incômodo sentir seu corpo gelado e nu, em contato com o meu. Fixo meu pensamento naquele nome, que mexe tanto comigo, e logo adormeço. E uma frase se infiltra em meus sonhos, sendo sussurrada repetidamente: “Eu preciso de você”.

Acordo, pelo que parece ser pouco depois de ter dormido. Tudo está escuro, mas eu vejo dois vultos parados na porta. Continuo imóvel para tentar escutar do que eles estão falando.

— Eles já varreram a capital, e agora estão indo pro distrito 1. Temos que nos mover daqui, senão é possível que nos encontrem – um homem diz.

— Malditos. E para onde nós vamos? – Sunny, eu reconheço, pergunta.

— Acho que nossa melhor chance é no distrito 4 – o homem responde. – Submersos naquele mar.

Sunny ri, parecendo satisfeita.

— Brilhante idéia. Consiga um submarino, o maior que puder. Partiremos amanhã – ela diz.

— Perfeito. Mas... Posso encontrar vocês depois? Eu queria ficar aqui um tempo para, você sabe, conquistar a confiança dela. Agora que ele a esqueceu, o plano vai ser executado com perfeição.  

— Pode fazer o que quiser se for para tirar aquela mulher do meu caminho – Sunny diz áspera.

— Está certo. Vai ser meio difícil, mas logo Katniss estará em minhas mãos – o homem responde. Escuto a porta se fechando e o corpo gélido de Sunny se juntando ao meu novamente. Tento conter o tremor em meu corpo, e não consigo dormir pelo resto da noite. Não consigo pensar em absolutamente nada a não ser no fato de que eu preciso descobrir quem é Katniss. Só não sei como, nem por que. Só sei que eu preciso.


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