Depois da esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora a postar, espero que esse capítulo me redima!



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KATNISS

 

Eu achei que o número de coisas ruins que poderiam me acontecer, já tinha atingido seu limite. Mas eu estava muito enganada. Olho ao meu redor, e vejo todas as pessoas que eu amo, feridas. Alguns mascarados estão caídos no chão. Mas provavelmente estão mortos. O aerodeslizador se perdeu no céu noturno da noite. E com ele, levou Peeta, e meus filhos. Será que a maldade de Snow não vai ter fim, nunca? Durante todos esses anos, depois de achar que perdi tudo na guerra quando Prim morreu, foi Peeta que me manteve lúcida. Ele me fez amar de novo. Sempre gentil e bondoso. Me dando todo seu amor, coisa que eu nunca mereci. Não dele. E os meus filhos? Os dois lutaram para nascer, lutaram para sobreviver. Prim, tão parecida com minha irmã... Finn... Ainda tão pequeno sem entender nada desse mundo cruel em que vivemos. Como eles foram parar nas mãos daquela mulher? Como eu fui deixar meus filhos provarem da mesma maldade a que fui submetida pelo comando de Snow? Sinto-me completamente perdida sem eles. Fico olhando para o céu, segurando meu arco com minhas mãos trêmulas.

— Nós vamos achá-los, docinho – Haymitch diz, e me envolve em seus braços, num abraço apertado. Sei que ele está sofrendo tanto quanto eu. Sei que ele acha improvável conseguir resgatá-los tanto quanto eu.

— Eu não posso viver sem eles, Haymitch. Eu simplesmente não posso – eu digo, entre as lágrimas que me sufocam. - Eles são tudo o que eu tenho, o que eu mais amo. O que nós vamos fazer?

— Primeiro, temos que parar de lamentação – Johanna diz captando a atenção de todos. – E depois temos que procurar por Panem inteira o esconderijo dessa vadia.

— Mas como faremos isso? Panem é enorme – Carolynn começa, mas para de falar imediatamente pelo olhar que Johanna lança pra ela.

— O que vocês viraram? Uns fracotes? Uns idiotinhas? Nós somos vencedores. Nós vencemos aquelas merdas de jogos. E o resto de vocês, lutou na guerra e sobreviveu. Será mesmo que não damos conta de uma piranha louca e mimada? – Johanna grita.

— Ela está certa – Haymitch diz, e se solta de mim, indo ficar ao lado de Johanna. Eu seguro meu arco com mais força. Se eu lutei por pessoas que eu sequer conhecia, como eu vou me acovardar pelas pessoas que são a minha vida?

— Então. Qual é o plano? – Eu pergunto, e todos olham para mim. Eu enxugo minhas lágrimas restantes, e me forço a ficar composta.

— Vocês – Haymitch diz, e aponta para os pacificadores. – A coisa é séria, como vocês puderam ver. Sunny não está agindo sozinha. Toda a Panem deve estar alerta. Avisem o conselho de segurança. Quero que vasculhem cada centímetro de cada distrito. E não esqueçam do subterrâneo.

Nunca tinha visto Haymitch soar tão autoritário e sombrio. Os homens ficam parados olhando para ele de olhos arregalados.

— Vão! – Haymitch grita. – Façam o que eu mandei. Agora.

Os homens então saem correndo. Em algum lugar, um celular começa a tocar. Procuramos em meio a escuridão, e logo Pollux o acha.

— É meu – Haymitch murmura, e se afasta um pouco para atender. Mesmo assim, conseguimos escutar a voz estridente de Effie. Ele está de costa para nós, mas sinto uma esperança, quando seu corpo se empertiga. Ele se vira para nós, ainda com o telefone na orelha e com um sorriso enorme em seu rosto cansado.

— Devolveram Finnick – ele grita. – Ele está com Effie e Annie. Ele está a salvo.

O trajeto de volta para casa passa como um borrão. Pois eu corro, o máximo que consigo, até meus pulmões começarem a doer. Corro para ver meu filho, para pega-lo em meus braços, e nunca mais soltar. Quando finalmente chego, me deparo com Annie o segurando no colo. Ele a abraça, apertado. Suas roupinhas estão rasgadas em alguns pontos, e eu consigo ver os ferimentos em sua pele clara. Levo as mãos á boca, e tento a todo custo não me desmanchar em lágrimas. Annie também está visivelmente tentando controlar suas lágrimas, mas assim que o pego, ela corre para o banheiro, aos soluços. Quando aconchego Finn em meu colo, ele me fita com seus olhos cinzentos arregalados e assustados.

— Mamãe... – ele sussurra, e se aninha em meu colo, segurando com força minha blusa.

— Eu estou aqui agora, querido – eu digo, minha voz totalmente embargada, enquanto o beijo repetida vezes no topo de sua cabeleira loira.

— Papai? – ele murmura, me pegando totalmente desprevenida.

— O papai já vai voltar – Johanna diz, adentrando a sala ainda ofegante, enquanto senta no chão a minha frente, e segura a mãozinha de Finn.

Ter Finn de volta, traz um grande alívio a todos. Mas é difícil suportar noite, mesmo tento o calor de Finnick em meus braços. Eu tento dormir, mas não consigo. Estou ciente que alguns pacificadores estão de guarda do lado de fora, e Johanna está na sala, porém o que não me deixa dormir não é medo. É aflição. Não paro de pensar em Peeta e em Prim. O que aquela mulher está fazendo com eles?
Quando amanhece, eu desço com Finnick ainda adormecido, para a cozinha. E eu jamais esperava, depois de todos estes anos, encontrar minha mãe á beira do fogão, fazendo o café.

Ficamos paradas, uma fitando a outra como duas estranhas. Ela direciona seu olhar a Finnick, e eu posso ver seus olhos marejarem. Não tenho nada em mente para dizer, mas sinto uma enorme mágoa aflorando dentro de mim.

— Escute, filha. Eu não espero que você me perdoe pela mãe que eu deixei de ser para você. Eu só espero que você me deixe ajudar.

— E como você poderia ajudar? – eu digo com minha voz extremamente áspera.

— Deixe-me cuidar do meu neto. Você não vai conseguir ficar aqui parada enquanto todos procuram por Peeta... e por... minha neta – ela diz, o que me causa uma explosão de raiva.

— Agora eles são seus netos? – eu grito.- Quem você acha que é, para voltar aqui depois de tudo, depois de ter desaparecido quando eu mais precisei, e ainda chamar meus filhos de netos?

— Katniss – Haymitch intervém, aparecendo do nada ao meu lado. Finnick em meu colo acorda, e começa a chorar.

— Deixe que eu o leve para o distrito 13 comigo. Lá ele estará muito mais seguro – ela suplica, com lágrimas correndo por seu rosto enrugado.

— Eu não vou deixar meu filho aos cuidados de uma estranha – eu rebato.

— E se nós formos com ela? – Effie sugere, adentrando a cozinha com Annie ao seu lado. – Não seremos úteis nessa procura.

Penso em argumentar, mas eu confio em Annie. E não estou mesmo disposta a ficar parada. Eu preciso procurar por Peeta e Prim. Olho para Finnick que para de chorar ao perceber que está em meu colo. Vai ser indescritivelmente difícil ter que deixá-lo. Mas eu preciso fazer isso.

— Está certo. Mas não estou fazendo isso porque você pediu. Estou fazendo isso porque confio em Annie – eu digo, mas depois resolvo acrescentar – e em Effie.

E com a partida da minha mãe juntamente com Annie, Posy e Effie levando Finnick para o distrito 13, a nossa preparação começa. Armas, roupas... É o que levamos. E rumamos para a capital. Onde é mais provável que Sunny esteja escondida. Passamos o dia procurando, mas não conseguimos cobrir uma distancia grande. Amanhã, segundo o chefe de segurança de lá, teremos mais apoio para procurar. Tanto no solo, tanto aéreo. Recebemos acomodações num luxuoso hotel, mas nada disso me importa. Assim que chego ao quarto, vou direto para o telefone ligar para Annie. Ela me informa que está tudo bem, e que Finn está bem mais calmo. Pelo menos uma coisa boa acontecendo no meio dessa desgraça toda. Eu a agradeço por estar cuidando do meu filho, e desligo o telefone antes que eu comece a chorar. Não sinto fome. Não sinto calor, frio. Não sinto nada além da angústia de estar longe de Peeta e Prim sem nem saber o que está acontecendo com eles. Tiro minhas botas, e me jogo na enorme cama, me sentindo totalmente esgotada. O telefone do hotel toca. Estranhando, eu atendo.

— Sra Mellark? – uma mulher pergunta.

— Sim?

— Um homem está na recepção querendo vê-la, mas ele não quis se identificar – ela me informa.

Completamente inquieta, eu calço as botas novamente, e desço, imaginando quem pode ser. Ao chegar lá, mesmo de costas, eu o reconheço. Estremeço.

— Gale? – eu chamo sem saber direito que sentimentos me acometem, ao ver o homem que foi meu melhor amigo por tantos anos, que poderia ter sido até meu marido se meu amor por Peeta não tivesse gritado mais alto. E se ele não tivesse indiretamente matado Prim. Ele se vira para mim, com emoções visíveis a flor da pele. Mas eu também não sei dizer o que ele sente.

— Eu vim aqui te oferecer minha ajuda, Katniss – ele diz.

E quando estou prestes a lhe dar uma resposta, sobre como ele ajudou quando fabricou as bombas que mataram minha irmã, uma dor descomunal em meu peito me acomete. Eu perco o ar, perco o chão. Quando percebo, Gale está me apoiando, e as lágrimas caem impossíveis de controlar.

— O que está acontecendo? O que foi Katniss? – Gale grita.

Eu não consigo falar. Só consigo sentir essa dor horrível, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Como se metade de mim, a minha melhor metade, tivesse ido embora. Para sempre.

— Oh meu Deus – eu murmuro... – Peeta...

— O que foi Katniss? Eu não consigo te entender – Gale grita, e apesar de estar ao meu lado, de seus braços estarem ao meu redor, eu sinto como se ele estivesse muito longe. Só consigo em pensar em Peeta. Ele se foi. Eu sinto. Ele se foi. Eu perdi tudo.

Me desvencilhando dos braços de Gale, eu corro de volta para o quarto, a dor me sufocando cada vez mais. Minha força se esvai completamente assim que fecho a porta. Pego no bolso de minha calça, a pérola que Peeta me deu a tantos anos. Seguro ela com força em minhas mãos, enquanto murmuro desesperadamente uma última prece.

— Fique vivo, Peeta – eu murmuro. – Eu preciso de você.


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