Hinata estava limpando uma das bolas tentando não pensar na partida do dia anterior. Não estava dando nada certo, óbvio. Ele esteve tão avoado na partida... Agora, não fazia a mínima do porquê estava assim. Exatamente. Ele não fazia a mínima ideia, certo?

Terminou uma das bolas e pegou outra, sentado no chão do depósito. A quadra estava toda apagada, pois ele já havia terminado de arrumar a quadra em si. A grande pergunta era: por que diabos ele tentava se enganar assim? Era só ele e ele mesmo, afinal. Esfregou a bola com mais força, irritado. Mas é claro que sabia o motivo. Claro que sabia porque passou aquele jogo inteiro focando apenas em uma coisa, a ponto de não conseguir nem acompanhar a própria bola que certa pessoa levantava.

“Mas que merda, Hinata!”. Falou pra bola. “Por que, com todo o universo a sua disposição, você teve que focar nele?!”.

Enfim, não ia adiantar pensar muito nisso, certo!? Bom, talvez adiantasse... Lembrou-se da vez que ouvira Suga-san falar sobre como colocar seus problemas em voz alta ajuda a superá-los. Talvez, se ele colocasse pra fora, poderia se ver livre disso! Ah, que genial! Finalmente voltar focar no vôlei, nos jogos, nos levantamentos, nos levantamentos dele, nele... Ah, merda... Eu estou tão ferrado. Espero que realmente funcione.

Com determinação, Hinata levantou para guardar a bola. Um calafrio percorreu a sua espinha ao pensar que teria que apagar as luzes do depósito e atravessar a quadra toda no escuro. Bom, pelo menos seria o lugar ideal para gritar trocentas vezes essa merda que o aporrinhava os pensamentos. Apagou as luzes do depósito reunindo toda a sua coragem.

Mas, logo depois de virar o corredor para quadra, ele se arrependeu de tê-lo feito.

“Mas que breu, caralho!!”. Ele tateava as paredes para ter um sentido de direção. Estava na quadra já, sabia disso porque conseguia visualizar as janelas que ficavam na parte superior. “Bom...”. Respirou fundo para fazer o que pretendia: gritar com todas as suas forças.

“EU AMO O BASTARDO DO KAGEYAMA!!!!”. Ele esperou o acolhimento que o silêncio iria lhe proporcionar, mas este não veio. Ao invés disso, escutou barulhos estranhos vindo do outro lado da quadra. Seria um fantasma?? Caceta, merda, merda!! Começou a tatear a parede de novo, andando rapidamente com sua ajuda. Seu coração estava a mil. Merda, merda, merda. Desesperado, Hinata resolveu correr pelo meio da quadra. Precisava sair rápido dali.

Foi assim que ele esbarrou no que, pensou, seria aquele que veio buscá-lo a mando da morte. “Merda, merda, merda! Por favor, senhor fantasma, não me mate, por favor!”. Ele se encolheu esperando os últimos momentos da sua vida. A sombra o pegou pela gola do seu uniforme, dava pra sentir a respiração quente que a criatura emanava.

“VOCÊ PERDEU A PORRA DA CABEÇA?????”. Perguntou a besta dos infernos, que, no final, acabou por ser aquele que ocupava os seus sonhos. Há, mas que merda...

“Ka-Kageyama?”.