A Menina Que Beijava Monstros escrita por Kaito


Capítulo 5
O Jogo "Renai" – Parte II


Notas iniciais do capítulo

Ok, a verdadeira "essência" da música que deu origem a essa história vai começar a ser narrada na parte III, mas espero que essa daqui consiga deixar vocês ansiosos também! :3c
https://www.youtube.com/watch?v=VfFwfD1asic



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Ah, tudo começou naquele dia, quando uma novata entrou na sala da terceira série, já sendo alvo dos comentários maldosos de algumas meninas. Ao lhes darem ouvidos, Len e seus amigos foram rápidos para perceber que ela era, de fato, gorda, e talvez fosse melhor não conversar com ela por causa disso.

Rin pareceu feliz quando duas garotas se sentaram ao seu lado, aparentemente para conversar. Len achou que seu rosto ficava extremamente inocente quando se iluminava daquele jeito, mas apenas bufou e se virou para frente. Yuuma, porém, ficou espiando a conversa das três muito atentamente, para depois contar aos amigos.

– Como você chama? – foi a primeira pergunta, vinda de IA.

Yuuma ainda especificara durante seu relato que, enquanto Rin sorria (aquele sorriso que Len supôs fosse o mesmo que ele vira, encantador e gentil), as duas meninas estavam fazendo cara de desgosto.

– Rin! E vocês?

– Ah… - IA suspirou, parecendo cansada daquela conversa que ela mesma iniciara. – Isabela. E ela é a Gumi.

A esverdeada, por outro lado, parecia um pouco mais maldosa do que IA.

– Quais meninos você acha bonitinhos?

Rin ficou vermelha assim que aquilo lhe foi perguntado.

– Ah, eu não vi muitos ainda…

– Mas viu alguns! Ou você é cega?

– É que minha mãe me fala pra não apaixonar tão cedo…

– Nossa, que careta… Deve ter pelo menos um… Conta pra gente!

– Ah, eu achei aqueles ali bonitinhos… – Rin apontou discretamente para o grupo de Len. Era regra, eles se sentavam todos juntos, para que pudessem fazer aviõezinhos de papel durante a aula.

– Nossa, mas eles são só os meninos populares da escola! – IA sorriu. – Sabia que nós somos amigas deles?

– Mesmo? – Rin sorriu, ainda inocente.

– Mesmo!

– E vocês acham que, quando eu crescer, eu posso namorar com eles?

IA e Gumi se entreolharam, rindo.

– Ah… - Gumi revirou os olhos. – Sei lá. Depende, né. Quanto você pesa?

Aquela pergunta fez com que o sorriso de Rin caísse, deixando-a sem graça. Era verdade, ela era gorda. Sua mãe teve que tirá-la da antiga escola, mas ela se sentiu expulsa. Estava fugindo do bullying que sofria por causa do seu peso.

Yuuma parou de bisbilhotar por aí, já não tão curioso para ouvir o resto.

Com o passar dos anos, Len passou a se perguntar o sentido de muitas coisas. Por que, mesmo sofrendo bullying, Rin ainda continuava na sua mesma escola? E por que ele, que simpatizava tanto com a menina, era rude com ela? Ele sabia que ela era apaixonada por ele; mas também sabia que, se desse o braço a torcer, especialmente em público, sua reputação estaria acabada – e, convenhamos, a reputação de um menino de quatorze anos é quase a mesma coisa que a própria vida dele.

Kaito parecia ser o mais cruel. Ele sempre fora a criança mais agitada da sala, correndo para lá e para cá; quando encontrou seu alvo loiro, parecia que aquele era o diabo atormentando Rin. Ele sempre corria na direção dela, empurrava a menina, fazia com que seus livros caíssem de propósito. Era covardia bater em uma menina, mas ele fazia tudo aquilo "sem querer". Já Gakupo, que era mais quieto, parecia uma víbora. Ele, que era mais próximo das meninas – não fossem os rumores de que ele já ficara com todas elas, ele seria rotulado como "gay" e sofreria assim como Rin –, parecia atacar a pobre menina lenta e dolorosamente, cochichando para lá e para cá, alterando histórias.

– Você ficou sabendo que a Rin espalhou pra escola inteira que o Yuuma gosta dela? Como se o Yuuma fosse gostar de uma menina gorda…

Essa era o inocentíssimo tipo de comentário que ele fazia ao lado de Gumi, a namorada de Yuuma, e, no dia seguinte, parecia que uma tempestade acabara de cair sobre a loira.

E quanto á Yuuma, o menino era, talvez, o que mais a atormentava. Sentia prazer em ironizá-la, humilhá-la e xingá-la na cara, especialmente na frente da sala inteira. Era motivo de risada de alguns. Quem não ria, também não se pronunciava, temendo ser a próxima vítima. Len se perguntava se era por isso que ele se mantinha indiferente.

Estava na hora de mudar as coisas, nem que só um pouco, nem que só naquele fim de tarde. Todos os seus amigos estavam em casa, e apenas ele sobrara, pois seus pais estavam em uma consulta médica. Estava ficando tarde, o sol já se pusera, como fazia em todo fim de aula, e a noite ameaçava chegar mais rápido do que o normal.

Na falta do que fazer, com a cantina e as salas de dança e de música fechadas, ele imaginou que pudesse encontrar algum entretenimento na biblioteca.

Foi ali que ele viu uma cabeleira loira, sentada sozinha. Estava de costas. Ele não sabia se era uma boa ideia se aproximar. As paredes estavam vendo suas ações.

– Oi. – decidiu-se, sentando-se ao lado da menina. – Rin, né?

A outra abriu aquele sorriso que não mudava havia sete anos, e as bochechas de Len ruborizaram.

– Aham! – ela concordou, balançando a cabeça. Os cabelos voaram juntos. – E você é o Len!

– É. – respondeu sem emoção. – O que você tá fazendo aqui?

– Eu sempre fico depois da aula. Não consigo prestar atenção na professora, então venho pra cá pra tentar estudar.

Len olhou para baixo. É claro que ela não conseguia prestar atenção; a sala inteira tinha prazer em atormentá-la. Virou a cabeça, esperando encontrar um livro de alguma matéria qualquer embaixo do rosto de Rin; mas o que viu, para sua surpresa, foi uma revista de moda. Uma modelo adulta, tão magra que ele não sabia se ela sequer comia, sorria para a câmera, tendo os seios quase de fora, trajando somente um biquini.

– O que você tá lendo? – ele perguntou, talvez não tão discretamente.

– Eu vou ser que nem essa moça quando eu crescer. Hoje em dia, todo mundo me diz que eu sou gordinha, mas eu vou ficar desse jeito, e eles vão ver.

Len sorriu. Dessa vez, foi impossível não sorrir de verdade. Rin tinha todos os motivos do mundo para ser uma garota triste, traumatizada pelas violências diversas que sofria; mas em momento algum ela deixava a positividade de lado. Contava seus planos com tanta animação, que era impossível, para quem quer que estivesse ouvindo, decifrar que quaisquer futuras mudanças que ela planejasse teriam sido induzidas pelas mágoas que guardava, nunca demonstrando, talvez por medo.

– Rin? – Len chamou, observando a menina cautelosamente. – Quando a gente cresce, tudo muda, né?

A menina sorriu.

– Uhum!

– Então, quando a gente crescer, você quer casar comigo?

Os olhos da menina nunca brilharam tanto.

Apesar disso, eles também nunca choraram tanto, quando no dia seguinte, animada e correndo atrás de Len, ela recebeu apenas cortadas e palavras frias. Len nunca achou que algo pudesse abalar aquele sorriso, por trás do qual estavam guardadas tantas tristezas, e, dessa vez, Rin não parecia ter vergonha de mostrá-las.

Anos e mais anos de bullying, e ninguém, até aquele dia, jamais vira a menina chorar.

– M-Mas você me disse que a gente ia casar! – ela se debulhava em lágrimas.

Gakupo arregalou os olhos, ironizando sua surpresa.

– Meu deus… – sussurrou no ouvido de Kaito, alto o suficiente para que ele não fosse o único a escutá-lo. – A Rin gosta do Len, e fica inventando essas coisas sobre ele, ainda por cima…

– Todo mundo sabe que o Len gosta da IA… – Yuuma inventou.

Kaito não conseguia manter-se quieto no lugar, pulando e rindo. Len parecia desconsertado, mas negava tudo que Rin dizia. Até que a loira o agarrou pela gola do uniforme:

– Você vai se arrepender algum dia.


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Notas finais do capítulo

Postei essa rapidinho porque o capítulo anterior foi realmente só uma introdução. Ah, não sei se perceberam, mas eu ~realmente~ não tenho tempo/comprometimento pra postar skdlfjhsdf a Lego House era atualizada a cada três dias, mas não tenho ideia da frequência que vou ter nessa daqui. Quando rolar de escrever e revisar calmamente, eu posto. Desculpem por isso.comentem? (eu tava pensando em fazer uma ilustração pra cada capítulo... meh)



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