Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Nove - Rancor


Notas iniciais do capítulo

....................
Não tenho nem o que dizer.
Nem eu consigo acreditar que faz tanto tempo que não atualizo, não parece que faz mais de 1 ano, pra mim passaram como 3 meses.
Eu devo milhares de desculpas a vocês, mas também devo milhares de agradecimentos.
Se não fosse por vocês, que mesmo com a demora continuam deixando mensagens maravilhosas pedindo por mais capítulos, que continuam acompanhando, eu não conseguiria terminar essa história.
Esse capítulo é pra todos que não desistiram!



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Adrien não conseguiu tirar o sorriso do rosto. Ali, de mãos dadas com a Marinette, tudo estava perfeito. Eles saíram do jardim e estavam indo para o restaurante.

― Não quero nem imaginar a cara da Alya quando ela descobrir. ― Adrien olhou para ela, que dava uma risadinha baixa. Como ele amava aquele sorriso. Quase no automático, ele se curvou e deu um beijo em seu pescoço. Marinette ficou vermelha na hora. ― A-Adrien! Você não pode fazer essas coisas do nada! Eu ainda não estou acostumada. ― Ela desviou o olhar assim que ele olhou para ela com aquele brilho no olhar.

― Você não sabe quanto tempo eu esperei para te chamar de namorada. ― Ele deu um selinho em seus lábios dessa vez. ― Na-mo-ra-da. Minha. ― Ela riu diante das criancices de Adrien.

Quando viram, já estavam na frente da porta do restaurante, mas a vontade de entrar era mínima. Marinette quis voltar para o conforto do jardim, mas Adrien abriu a porta.

A princípio, ninguém reparou neles, mas Alya logo acenou animada quando viu amiga. Seu gesto ficou mais devagar a medida que ela via as mãos dadas do casal.

Sem se importar com as outras pessoas, Alya deu um grito e veio correndo em direção aos dois. Sem entender, Nino, Pierre e Oliver seguiram-na.

― Eu não acredito! Isso é real? ― Seus olhos brilhavam. ― Vocês estão juntos? ― Assim que entenderam o que estava acontecendo, Oliver sorriu de orelha a orelha, com os olhos brilhando, Pierre olhou com um sorriso de quem já sabia e Nino ficou surpreso.

― Eu nem sabia que você gostava da Marinette! ― Ela ficou vermelha, ainda mais com todos seus amigos em cima dela, fazendo perguntas e ela e Adrien tentando responder da melhor forma possível.

― Desde quando?

― Ahn... Alguns minutos. ― Adrien respondeu, começando a ficar vermelho.

― Nãããão! Desde quando vocês se gostam? Eu nem sabia que vocês estavam próximos assim! ― Alya olhou ressentida para a amiga.

― Digamos que eu não sabia que era o Adrien.

― Como assim? ― Nino perguntou, mas tanto Oliver quando Pierre entenderam.

― Nós ficamos amigos num chat! Na internet. Totalmente anônimo. ― Ele olhou nos olhos dela, como que dissesse para ela seguir seu plano. Ela sorriu e Alya derreteu.

― Isso é a coisa mais fofa que eu já vi! Eles não ficam perfeitos juntos? ― A animação da Alya foi interrompida por mais pessoas, que chegavam perto para tentar ver o que acontecia naquele grupo.

A primeira a se manifestar foi Alessandra. A italiana sorria.

― Uau, não sabia que o loirinho gostava das morenas.

Eles finalmente resolveram se sentar. Era quase como um jantar de casais, Pierre e Oliver, Marinette e Adrien, Alya e Nino. Tirando o fato que o último casal se recusava a se aceitar como tal. Mais por parte de Alya do que de Nino.

Mais ao longe, já saindo do restaurante, Nathanael estava acabado.

Não imaginou que doeria tanto ver Marinette com outro. Ele já sabia, contudo, que nunca seria o suficiente para uma garota como ela, afinal, seu tipo parecia mais bonito e rico.

Uma onda repentina de raiva atravessou o menino. Talvez se ele fosse menos tímido, se ele fosse mais...

Não deu tempo de pensar. Já estava no corredor de seu quarto e nunca tinha ficado tão feliz em estar sozinho. Apesar de ter prometido a si mesmo que superaria ela, a dor que sentia era tão absurda que ele pensou seriamente se não seria algo físico.

O amor que ele sentia por Marinette era real. Não era possível que um simples afeto fizesse com que ele sentisse aquela dor, aquele sufoco. Ele não queria, mas, enquanto olhava a lua, ele chorou.

Talvez fosse realmente melhor que Marinette estivesse longe de alguém como ele.

***

Alya tinha combinado de sair para ver as estrelas com Oliver na praia, até tinham convidado Marinette, mas ela não se sentia totalmente disposta. Por esse motivo, ela voltava sozinha para o quarto agora.

Não estava nos seus planos escutar um choro baixo, muito menos descobrir que ele vinha da Chloe, que tentava se esconder no corredor para funcionários.

― Chloe? É você? ― Marinette chamou e, como resposta, recebeu um olhar raivoso, manchado de maquiagem.

― Sim, sou eu, Marinette, o amor te deixou cega? ― Falou com desdém, mas Marinette não deixou ser abalada.

― Por que você está...

― Por que eu estaria, Marinette?! ― Ela gritou, se levantando para encarar a morena cara-a-cara. ― Talvez porque eu sou apaixonada minha vida inteira por um garoto, para uma menina que nem fala com ele roubá-lo de mim!

― E-Eu não roubei ninguém! Talvez se você fosse um pouco menos fútil, ele pensaria em você com outros olhos e...

― Você acha que eu não tentei?! ― Ela gritou de novo. ― Eu já tentei de tudo para ele me amar, mas ele sempre foi indiferente. Nós dois encontramos refúgio um no outro quando nossas mães morreram. Eu conheço ele mais do que ninguém. Era para ser eu ao lado dele, não você. ― Ela deixou mais lágrimas caírem, antes de passar por Marinette e ir em direção ao seu quarto, se fechando lá dentro.

Marinette não sabia o que pensar.

***

Alya sabia que não era uma boa ideia ter chamado Nino para ir ver as estrelas com ela. Quer dizer, não estavam só os dois, mas a tensão entre eles crescia a cada minuto.

― Eu acho que eu vou embora. Está ficando tarde. ― Alya falou, se levantando da areia. Oliver e Pierre se pegavam de uma maneira nada discreta, então sua fala foi dirigida especialmente a Nino.

― Vou com você, não era exatamente meu plano para a noite ficar de vela. ― Alya riu e esperou que ele se levantasse para acompanhá-la.

Eles foram o caminho conversando sobre coisas triviais, mas nenhum dos dois conseguiu agir completamente natural.

O prédio feminino era o primeiro, então, assim que pararam em frente a portaria, Alya olhou sem graça.

― Bom, é aqui minha parada. ― E riu. Nino nada disse, então ela considerou o silêncio como uma despedida. Se virou para entrar quando sentiu a mão de Nino agarrando seu pulso.

― Espera. Vem comigo. ― Ele puxou ela para a lateral do prédio, onde não havia iluminação e ela só conseguiria ver o rosto de Nino caso ele chegasse bem perto. Coisa que ela temia que acontecesse.

― O que foi?

― Alya, eu... ― Ele respirou fundo. Ela estava encostada na parede e se sentiu mil vezes mais exposta. Ela esperou que ele continuasse, mas ele nada disse. Em vez disso, tocou seu rosto de leve e a beijou antes que perdesse a coragem.

Alya arregalou os olhos, mas não tinha percebido antes o quanto ela queria aquilo.

Nino deixou suas mãos caírem na cintura de Alya e aprofundou o beijo.

Não durou tanto quanto ele gostaria. Quando separou seus lábios do dela, não precisou de um espelho para saber que sua boca estava vermelha, inchada e dormente. Exatamente como a dela.

― Isso foi.. ― Alya começou.

― Bom?

― Inesperado. ― Ele sentiu uma parte dentro de si congelar. ― Não que não tenha sido bom, mas eu não esperava que você estivesse tão na seca assim. ― Nino demorou para responder.

― Como?

― Nino, eu sei que soa estranho, mas nenhum de nós dois namora, não é tão errado assim querer beijar de vez em quando. ― Ela soava tão convicta do que falava, que Nino ficou confuso.

― Alya, eu não te beijei, porque eu simplesmente queria beijar alguém. Na verdade, o fator principal foi você. ― Ele não esperava que diria isso tão cedo, mas fechou os olhos por um segundo para continuar. ― Eu gosto de você. Mais do que você provavelmente gosta de mim. ― Alya olhou para ele, espantada.

― Nino, eu não imaginava que você me via assim. Eu... Não é que eu não goste de você Nino, mas a gente precisa ir um pouco mais devagar, entende? Acho que essa agitação toda, com os novos casais aparecendo, deve ter feito você sentir coisas que, hum, não existem. ― Ele já não sabia o que pensar. ― Mas eu gostei de te beijar. Gostei mesmo. O que você acha de irmos mais devagar? Sem compromisso, eu quero dizer. Nem tenho tempo para isso, de qualquer forma. O que me diz? Beijos casuais de vez em quando?

Nino olhou fundo em seus olhos, com a decepção tomando conta de tudo que sentia.

― Claro, tem razão. Sem compromissos.

***

― Marinette, sua preguiçosa, acorda logo! ― Alya sacudia a amiga freneticamente.

― O que foi, Alya? Está tendo um incêndio, por acaso? ― Marinette se encolheu mais na cama, se cobrindo. Acordar cedo nunca foi uma das qualidades de Marinette.

― Ontem, o Pierre e o Oliver estavam no maior amasso, não acha que rolou alguma coisa? Imagina entrar no quarto deles e eles estarem dormindo abraçadinhos na mesma cama? Eu vivi para filmar isso e chantageá-los depois. ― Marinette riu.

― Você é má, Alya. E se tiver realmente ocorrido e eles estiverem pelados?

― Bom, aí a meu preço fica mais caro. Eu queria mesmo uma câmera nova... ― Ela se fez de desentendida e Marinette gargalhou, se levantando.

Logo, as duas já estavam trocadas e no corredor do quarto do casal.

― Como a gente vai entrar sem acordá-los? Não temos a chave, Alya. ― Quase como se pressentisse o que Marinette ia dizer, Alya tirou um cartão de seu bolso e passou na leitora.

― Não é culpa minha que eles são distraídos e deixam isso por todo lado, não é mesmo? ― Marinette riu e Alya empurrou a porta do quarto.

Tendo em mente o que esperavam ao entrar, dentro do quarto foi uma completa surpresa. Oliver dormia no chão, com o travesseiro tampando seu rosto, enquanto Pierre quase caia de sua cama, dormindo como uma pedra.

― Alya, Marinette...? ― Oliver tirou o travesseiro da cara quando escutou a porta sendo aberta. Seus olhos ainda estavam levemente fechados e seu cabelo encaracolado totalmente desgrenhado. ― O que estão fazendo aqui?

― Viemos ver vocês, mas achamos que iam estar numa situação, digamos, mais... íntima. ― Alya respondeu, ainda surpresa. Oliver se sentou na cama, arrumando os cabelos, quando entendeu o que a amiga queria dizer.

― Pierre ronca. É impossível dormir perto dele. Eu sempre acabo tampando os ouvidos com o travesseiro. Além disso, olhem só para ele. ― Todos seguiram seus olhares em direção ao amigo. ― Parece que ele morreu e deixamos ele ali para apodrecer.

As meninas riram um pouco alto demais, o que fez com que Pierre acordasse, irritado.

― O que vocês estão fazendo aqui? A gente entrou no quarto errado ontem a noite? ― Ele perguntou para o Oliver, que negou com a cabeça. As meninas riram mais e Pierre mandou um olhar confuso.

― Elas acharam que nós íamos dormir juntinhos, e vieram aqui para ver. ― Como se entendesse a situação, Pierre olhou para as meninas e respondeu como se tivesse total convicção do que falava.

― O Oliver se mexe muito. Como vocês acham que ele sempre acaba no chão? ― As meninas não conseguiram controlar as risadas, e Pierre mandou um sorriso maroto para elas antes de piscar para Oliver.

― Nós estamos indo, então. Vemos vocês no restaurante. ― Marinette respondeu e saiu do quarto puxando a amiga.

Como que pressentisse que estavam por perto, a porta da frente se abriu, revelando um garoto loiro e seu melhor amigo moreno. Marinette ficou vermelha, mas sorriu.

― Adrien! Nino! Bom dia. ― O rosto de Adrien se iluminou a ver a namorada – como ele amava chama-la desse jeito – em sua frente.

Juntos, os 4 desceram para tomar café da manhã.

***

Nathanael estava passando por uma desanimação desde que soube do namoro dos dois até o último dia da viagem. Não gostava de dizer, mas passou noites chorando por uma garota. Ele nunca tinha se apaixonado, ela era a primeira, e talvez a única.

O ruivo estava numa rede, o único lugar com sombra livre na praia. Ele odiava praia. Não era atlético e nem bronzeado, então não se diferenciava de um menino de 14 anos, mesmo quando tinha 17. Sua pele branca começava a ficar avermelhada em lugares onde a luz passava por entre as folhas das palmeiras.

Ele suspirou. O lugar ali era calmo, mas depois das noites anteriores, ele não conseguia relaxar. Se distraiu com a flor que estava presa no tronco da palmeira. Era vermelha e, por algum motivo, fazia com que ele se lembrasse da Marinette.

Decidiu pegá-la. Não iria dar para a garota em questão, mas queria a flor do mesmo jeito.

Se levantou e se surpreendeu com o fato de que não conseguia alcançá-la. Não parecia tão alta quando estava deitada.

Ele bufou. Isso também poderia ser pelo fato de ser baixinho. Tinha 17 anos e parou nos exatos 1,70m. Passava em míseros dois centímetros da garota que gostava, e isso não era algo que ele queria lembrar.

De repente, sentiu uma presença atrás de si, mas não deu tempo de se virar antes de um braço aparecer em sua visão, pegando a flor. O braço era feminino e delicado.

Se virou rapidamente para ver e se surpreendeu ao ver, em sua frente, uma garota com, no mínimo, 10 centímetros a mais que ele. Ela tinha um olhar duro, mas era tão linda que Nathanael se encolheu por um minuto. Seus olhos eram verdes e brilhantes, no tom mais bonito que ele já vira. Seu cabelo era preto e caia perfeitamente liso nas suas costas, presos em um rabo.

― Você queria isso, não queria? ― Ela falou, segurando a flor entre os dedos. Por um momento, Nathanael esqueceu como falar. Seus olhos estavam totalmente focados no chão.

― S-Sim. ― Ela entregou a flor para ele, mas não saiu. ― O que foi?

― Você é igualzinho ao seu irmão. ― Ele olhou para ela surpresa. Primeiro, queria saber de onde aquela garota – até então totalmente desconhecida para ele – conhecia seu irmão. Em seguida, seu pensamento foi para a comparação. Ninguém nunca tinha comparado Nathanael a Achille. Achille sempre se destacou. Era alto, musculoso, legal... Estava sempre cercado de amigos. Nathanael era o oposto. Tão diferentes que duvidava se realmente fossem irmãos.

― De... De onde você conhece meu irmão?

― Sou melhor amiga da namorada do seu irmão. ― Nathanael parou com a palavra namorada. Achille nunca tinha dito que tinha uma namorada antes. Na verdade, sempre pensou que o irmão fosse do tipo que não gostava de compromissos.

― O que você quer dizer com...

― Sasha! ― Uma voz veio gritando do fundo, chamando a atenção da garota morena. Alessandra corria, mesmo de biquíni, sem se importar de estar chamando atenção para o seu corpo. ― Eu estive te procurando o dia todo! ― Ela finalmente olhou para o ruivo, e seus olhos arregalaram.

― Eu estava falando com o seu cunhado. ― Alessandra começou a suar frio.

― Do que você está falando, Sasha? E-Eu não tenho cunhado, nem tenho namorado. ― Ela riu de nervoso. Sasha olhou para ela de um jeito que evidenciava suas intenções: “Sem mais mentiras, Alessandra”.

― Ela está com vergonha de falar com você, Nathanael. Você é o irmão do namorado em segredo dela. ― Alessandra deu um tapa no braço de Sasha, mas a mesma não tirou sua expressão séria.

Muitas coisas se passaram na cabeça de Nathanael. Era um pouco assustador como Sasha falava em tom irônico com uma expressão séria. Chegava a ser desconfortável. Também era um pouco assustador como a namorada, que ele nem sabia que existia, de seu irmão estava na frente dele, nervosa com sua presença.

― Ahn, prazer em te conhecer. ― Nathanael disse, desconfortável. Alessandra também era uma pilha de nervos. Provavelmente seu cérebro entrou em curto naquele momento, porque ela se virou e saiu correndo. Sasha e Nathanael se entreolharam, mas a garota simplesmente deu de ombros.

― Depois de um tempo você se acostuma. Alessandra realmente ama seu irmão. ― Nathanael bufou com o comentário.

― E quem não ama... ― Resmungou baixo, sem um destinatário específico, porém Sasha ouviu.

― Se quer realmente saber, seu irmão realmente não me agrada. Muito convencido. Eu prefiro mil vezes irmãos mais novos, com cabelos vermelhos e alguns centímetros mais baixo que eu. ― Nathanael ficou vermelho com o comentário, mas encarou Sasha do mesmo jeito, para vê-la sorrindo para ele sem mostrar os dentes. Embora fosse longe de um lindo sorriso como o de Marinette, Nathanael não conseguiu deixar de pensar em como Sasha ficava linda sorrindo.

Embora ele soubesse que a frase poderia ter sido interpretada com duplo sentido, Nathanael sabia que Sasha não estava dando em cima dele, só queria animá-lo, no máximo virar sua amiga.

Mesmo assim, ele a chamou para tomar um sorvete com ele.

***

Alessandra corria apressada pelos corredores, procurando por pessoas específicas. Sasha tinha avisado que bastava de mentiras, e a morena sabia exatamente que ela não se referia somente ao seu namoro secreto com o irmão de Nathanael.

Ela conseguiu achar quem procurava nos jardins, sentados em um banco olhando para o céu e rindo.

Adrien e Marinette.

― Bom dia, casal apaixonado. Aproveitando seu último dia bem? ― Marinette e Adrien se viraram para encarar a italiana que vinha até eles.

― Estamos aproveitando o jardim. O céu está muito bonito. ― Respondeu Marinette, com um grande sorriso. Adrien sorriu também, mas no fundo estava irritado com o fato da Alessandra ter atrapalhado o momento romântico dos dois.

― Eu tenho algo para falar com vocês. ― Os dois se atentaram enquanto Alessandra se movia para ficar de frente para eles, sentando em um pequeno banquinho. ― Vocês podem pensar que eu forço um pouco da intimidade com vocês, porque sou amiga do Oliver.

― Isso não é verdade, Alessandra, nós.... ― Marinette tentou falar, mas a italiana a interrompeu.

― Escutem, eu tenho um bom motivo para isso, e sinto que eu preciso contar para vocês. ― Alessandra respirou fundo e soltou todo o ar antes de continuar. ― Pode ser difícil de acreditar, mas eu sou a Volpina. ― Os queixos de Marinette e Adrien caíram quando ouviram isso. ― Por isso que eu sou amiga de Oliver, nós somos heróis juntos. Por isso que eu sempre soube quem vocês dois eram. E não só isso, minha melhor amiga, Sasha, a garota de cabelos pretos, é a Vipere, e meu namorado, o irmão do Nathanael, o Achille, é o Shark.

Adrien e Marinette se entreolharam com a revelação, confusos demais para absorver tudo que fora despejado neles.

― Espera, então você está dizendo que o tempo todo você era Volpina e sabia quem a gente era? ― Adrien perguntou. Alessandra assentiu com a cabeça.

― Por que não nos contou antes? ― Marinette perguntou dessa vez, com um tom mais doce.

― Não achamos necessário. Na verdade, nem queríamos. Nós nos reunimos novamente em Paris com o propósito de terminar uma missão, não fazer amigos. Diferente de vocês, nós somos controlados incansavelmente pelas organizações que nos deram os miraculous. Só podemos usar os poderes se estiver de acordo com os interesses dessas organizações. E o interesse deles agora é derrotar Hawk Moth, e como vocês bem sabem, Hawk Moth está em Paris.

― E não iam chamar a gente para essa missão? Nós poderíamos ajudar. ― Adrien indagou. A história chocava demais ele para ser verdade.

― Poderiam, mas seria perigoso demais. Escuta, lembra quando falamos que tivemos treinamento pesado? Foi justamente para essa missão. Treinamos por metade de nossa vida para conseguirmos derrotar uma pessoa só. Se for do interesse das organizações que vocês entrem nisso tudo, eles vão entrar em contato de uma forma ou outra. Caso contrário, essa é a nossa missão.

Alessandra esperou em silencio por alguma dúvida ou comentário dos dois, mas nenhum se pronunciou. Adrien encarava o horizonte enquanto Marinette encarava os próprios pés.

Depois de um minuto de um silêncio desconfortável, Alessandra simplesmente se levantou e foi embora. Deixando o casal para trás.

― Adrien, o que você acha que vai acontecer? ― Marinette perguntou, aninhando-se para mais perto do namorado.

― Eu não sei, Mari. ― Ele colocou a mão em seus cabelos. ― Eu não sei.

***

De volta a Paris, nenhum dos alunos conseguia acreditar que a viagem de suas vidas estava realmente acabada. Podia-se ouvir meninas comentando sobre todos os luxos do hotel e meninos comentando de todas as formas de lazer.

Marinette e Alya estavam juntas conversando. Alya pulava e liberava alegria após ver seu nome na lista de aprovados para a faculdade e Marinette ria com a empolgação da amiga. O clima estava tão leve e descontraído que parecia um filme. Adrien e Nino tinham se responsabilizado de pegar as bebidas das meninas numa máquina qualquer no aeroporto, enquanto esperavam todos os alunos pegarem suas malas.

― Que merda. ― Adrien disse para Nino após ouvir a história dele e da Alya. Adrien pegava as bebidas que caiam das maquinas e seu olhar foi para Nino, que suspirou.

― Pois é. Justo quando eu achei que a gente tinha alguma chance... ― Ele balançou a cabeça. ― Aposto que ela nem vai contar para a Marinette que a gente está meio que ficando.

Adrien não sabia o que responder. Queria apoiar o amigo, mas sabia que Alya era uma garota muito imprevisível para dar falsas esperanças a ele.

― Eu posso contar, se você quiser. ― Nino fez que não com a cabeça.

― Eu só queria que a gente fosse como vocês. Um casal normal. Sem grandes complicações. ― Ah, você não sabe de nada, pensou Adrien. Como queria que sua relação com Marinette tivesse realmente sido tão simples como Nino a descrevia.

Sem dizer mais nada, os dois voltaram ao encontro das meninas.

***

Os quatro saíram juntos. Já era possível ver alguns pais no Terminal, esperando pelos seus filhos.

Marinette ainda estava de mãos dadas com Adrien enquanto procurava por seus pais. Ela queria contar para eles o quanto antes. Queria apresentar Adrien para os outros com orgulho, para mostrar que finalmente estava namorando o homem que amava.

O sorriso morreu de seu rosto quando finalmente achou seus pais. O problema não era o olhar esperançoso de sua mãe ou o olhar de seu pai cheio de saudade. O problema era sua irmã ao lado de Félix. Ambos esperando, aparentemente, pela garota.

Ela não queria lidar com isso naquele momento. Estava feliz demais para lidar com Leonor e Félix de novo.

― Mari, por que meu irmão está com seus pais? ― Marinette ficou surpresa.

― Talvez eles tenham finalmente assumido o namoro. ― Respondeu com desdém. Adrien a encarou antes de suspirar. Realmente não gostava da ideia de seu irmão ser o ex-namorado de sua namorada, mas não se podia mudar o passado. ― Acho que teremos que confirmar, não? ― Adrien assentiu levemente.

Leonor e Félix perceberam quando os dois se aproximaram de mãos dadas, Adrien mais atrás, sendo puxado pela garota. Félix, embora parecesse calmo, estava uma pilha de nervos. Nunca agradeceu tanto por não ser alguém que expressasse seus sentimentos facilmente.

Marinette, ignorando propositalmente o casal, foi direto aos pais.

― Pai, mãe. ― Começou, forçando um sorriso. ― Esse é o Adrien, estamos namorando agora. ― Adrien congelou no lugar. Era a primeira vez que confrontava os pais de Marinette com o posto de namorado. Ele sorriu e acenou para os sogros.

Os pais de Marinette se entreolharam, mas sorriram carinhosos.

― Olá Adrien, fico feliz que entrou para nossa família. ― Disse Sabine. ― É uma incrível coincidência, não acha, querido? Nossas duas filhas namorando os dois Agreste. ― Marinette cerrou o maxilar, mordendo com força. Tudo que Adrien queria era poder tirar esse rancor dela, mas sabia que não seria possível. ― Filha, agora mostre sua educação e cumprimente sua irmã e o namorado dela.

Marinette girou os pés dramaticamente, os olhos queimando em chamas. Leonor a encarava de volta, com os grandes olhos dourados suplicantes. Félix encarava o chão, como se fosse muito mais interessante que a disputa de olhares ao seu lado.

― Oi irmã. Oi Félix. ― Um silêncio pairou entre todos. Com uma expressão confusa, mas ainda tentando manter um sorriso no rosto, Sabine interviu.

― Bom, o que acham de todos virem para casa tomar um chá?

***

O caminho de volta foi insuportável, não só porque tiveram que ir Adrien, Marinette, Leonor e Félix amassados no banco de trás, mas porque, embora Sabine tentasse manter uma conversa, nenhuma das respostas passava de grunhidos e palavras monossilábicas.

Quando finalmente pôde entrar em casa, Marinette ignorou todas as regras de etiqueta e saiu puxando Adrien para seu quarto.

― Mari, você não acha que, hum, talvez a gente devesse ficar lá? ― Adrien tentou argumentar, mas se calou quando viu o olhar irritado da namorada.

― Por mim, eu nunca mais saia do meu quarto. ― Ela bufou. Tudo que Adrien conseguia fazer era colocar a mão no cabelo de Marinette e afaga-lo, em movimentos leves e carinhosos. Ela sorriu pra ele, se mexendo pra ficar em seu colo. ― Acho que temos coisas mais importantes para se preocupar, não?

Tudo que Adrien conseguiu fazer foi balançar a cabeça fortemente, como o bom garoto que era. Marinette o beijou, cravando as unhas em seu pescoço.

Foi um beijo, ao mesmo tempo calmo e feroz, cheio de desejo e carinho, foi como água e fogo, numa dança eterna por espaço e poder. Quando as mãos de Adrien foram por baixo da camiseta de Marinette para afaga-la nas costas, Marinette arfou, chegando mais perto. O rosto de Adrien ficava mais vermelho a cada segundo, e seus cabelos, mais desgrenhados. Quando a mão de Adrien começou a subir pela sua barriga, ouviram as batidas.

― Marinette? Posso entrar? ― Ela se separou rápido de Adrien e arrumou rapidamente as roupas. O garoto parecia atordoado, com os lábios vermelhos da paixão.

― O que você quer? ― Respondeu para a voz do ex-namorado, que parecia conseguir estragar tudo mesmo quando não era mais o protagonista da história.

― Preciso falar com você. Por favor? ― Marinette suspirou, mas deixou que entrasse. Se pareceu surpreso pelo estado do casal, não demonstrou. ― Posso ficar a sós com ela, Adrien?

O garoto olhou do irmão, para a namorada. Confuso, não sabia qual seria a resposta certa naquela situação. O leve aceno de cabeça que Marinette lançou para ele confirmou suas dúvidas, e ele se levantou e saiu do quarto.
Enquanto descia as escadas, começou a pensar em Félix e Marinette sozinhos no quarto. Embora soubesse que seu irmão namorava Leonor agora, não conseguia evitar o ciúmes que crescia no seu peito.

 ― Adrien, querido. ― Sabine disse com um sorriso. ― Venha tomar uma xícara de chá. Qual você prefere?

― Qualquer um está bom, senhora. ― Ele sorriu. Sabine pegou uma xícara que já estava cheia e entregou para o garoto.

― Pode me chamar de Sabine, menino. ― Ela sorriu. ― Venha, vou te mostrar fotos da Marinette quando ainda era uma bebê. ― Adrien ouviu a risada de Leonor ao seu lado. ― Ela era uma gracinha, todo mundo confundia com um menininho. ― Adrien sorriu enquanto levava o chá a boca.

Já no quarto, o clima não está tão leve. Marinette encarava Félix com um olhar cortante e irritado, e pela primeira vez no dia, ele se permitiu mostrar a insegurança que sentia.

― O que foi? Eu acho que você não entendeu a sutileza, então vou ser bem clara: Não quero falar com você nunca mais na minha vida. Fui clara o suficiente agora?

― Marinette, eu entendo que me odeie, mas precisamos conversar, pelo bem da convivência familiar.

― Eu não quero ouvir nada que você tenha a dizer. ― Félix suspirou, sem saber como prosseguir.

― Pelo bem-estar da sua família, você não pode pelo menos me ouvir? Se eu não te convencer, eu prometo nunca mais dirigir a palavra a você, e poderá me odiar pelo resto da eternidade. ― Marinette ponderou, deixando pender levemente a cabeça para o lado.

― Você tem 5 minutos. 


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam?
Pra ser sincera, esse capítulo não é nem metade do que vocês mereciam, principalmente porque não é emocionante nem nada disso, mas eu espero que gostem. Ele é realmente muito necessário.
Muito obrigada, novamente, por não desistirem de mim.



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