Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 25
Capítulo Vinte e Cinco - Sentimentos Negativos


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu troquei meu nome de MissiMy para BlueLady, assim padroniza com todos os sites :)
Para quem não lembra:
—Birdie=Oliver
—Chien de Guarde= Pierre

Eu criei uma página no face, então lá vai ter atualizações, perguntas sobre o que vcs acham melhor na fanfic e tals, então se vcs quiserem, link aqui > https://www.facebook.com/SsBlueLady/



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LEIAM AS NOTAS INICIAS

 

Marinette acordou tão extasiada naquela manhã que nem pensou que tudo iria dar errado a partir do momento que saísse da cama. Sua mãe a chamava enquanto mexia em seus ombros. Assim que percebeu que a garota abrira os olhos, ela a soltou.

― Que bom que acordou, sinto que estou te chamando há horas. Seu amigo está aqui em baixo te esperando pra ir pra escola. ― Ela ficou muito mais atenta.

― Que amigo?

― Oras, aquele fofo do Oliver. É um garoto tão simpático, Mari, devia ver. Ele trouxe flores e tudo. ― Marinette ficou estupidamente vermelha com a afirmação de sua mãe. Oliver, com certeza, não perdera tempo. Sua mãe encarou a parede onde antes ficavam as fotos de Adrien por um segundo. ― Por que você as tirou? Brigou com Adrien?

― Eu só percebi que não gosto dele tanto assim. Acho que o principal motivo que me fez me aproximar dele foi o fato de ser irmão do Félix.

Sua mãe nada disse, mas entendeu a deixa e saiu do quarto, deixando a garota sozinha. Ou pelo menos, isso achava, claro que Marinette estava com Tikki.

Ela se levantou da cama, indo em direção ao armário. Tikki foi voando atrás dela.

― Sabe, Marinette, eu não concordo com isso.

― Eu sei, Tikki, você tem falado isso desde ontem a noite. Eu só... Eu só não tive escolha, tá?

― A questão, Marinette, é que nós sempre temos escolhas, mas as pessoas preferem acreditar que só há o caminho mais fácil, mesmo que mais doloroso.

― Você vai ficar me dando lição de moral? Eu sei que o que fiz foi errado, mas hoje mesmo eu falo com ele e explico toda situação. Chat é compreensivo, com certeza vai entender meu ponto.

― Seu copo está cheio, Marinette, e essa gota vai fazê-lo transbordar. ― A morena só suspirou com a frase de Tikki.

Esperando lá em baixo, sentado no sofá e tendo uma conversa casual, Oliver parecia o mesmo de antes, pelo menos para Marinette, mas ela sabia que tudo estava errado. Não seria um sacrifício namorar com ele, Oliver era seu melhor amigo e com certeza, umas das melhores pessoas do mundo para se ter perto, mas como ela faria para fazê-lo esquecer-se de Pierre e ao mesmo tempo se apaixonasse por ela se seus pensamentos iam e voltavam para um certo gato preto?

― Marinette! Estava te esperando. ― Ele sorriu timidamente e ela sorriu de volta. ― Vamos, se não a gente vai se atrasar. ― Ele estendeu a mão para ela e ela segurou de volta, porém, mesmo que ninguém tivesse percebido, ela teve uma leve hesitação. Sua mãe lançou olhares sugestivos para a filha, mas a mesma fingiu que não percebeu.

― Vamos.

O caminho foi calmo, eles conversavam sobre assuntos aleatórios. Todo o tempo, Marinette voltava a pensar que não seria um problema ficar assim com ele, que mesmo amigos eles podiam andar de mãos dadas e abraçados, porque Oliver era a melhor pessoa para isso, mas sempre um muro a impedia: Chat Noir.

Suspirou, mas, se Oliver percebeu, não disse nada.

***

Adrien estava tão feliz naquela manhã que não conseguia parar de sorrir. Agitado e impaciente na cadeira, Adrien parecia mais feliz do que jamais fora. Óbvio que Nino não sabia o motivo, mas Adrien só esperava ver Marinette de novo e de ver seus olhos, seus cabelos, sua pele...

Tanto que, quando Marinette entrou de mãos dadas com Oliver na sala, ele se abalou só um pouquinho.

Não podia ser real, ele sabia, porque Marinette disse ontem mesmo que o amava. Não é?

Seus olhos buscaram por sinais que eram só amigos, mas assim que Alya chegou perto e ele ouviu dos lábios dela, que eram namorados e depois, só gritos da Alya, seu sorriso fraquejou tanto que ele só permanecia com a boca aberta em perfeito “O”.

― Eu não acredito! Eu não acredito! ― Escandalizava a amiga.

― Vocês estão juntos? Tipo, pra valer? ― Nino perguntou por Adrien, embora o moreno não soubesse. Se Adrien tivesse perguntado, com certeza sua voz falharia no meio e ele ia acabar explodindo de sentimentos.

― Sim. ― Oliver respondeu, sorrindo. ― Ontem à tarde, depois do almoço, eu levei a Marinette em casa e ela me convidou para subir. Ficamos conversando um tempo e nós dois percebemos que... ― Ele pareceu buscar a melhor palavra. ― Completamos um ao outro.

Adrien não era fraco. Definitivamente não era, mas ouvir aquilo quebrou cada parte dentro dele de uma maneira que fez o garoto querer chorar. Adrien tinha beijado Marinette na noite passada. Ela já era comprometida e, por Deus! Já devia ter beijado Oliver também.  Ela mentira. Tantas coisas para mentir e ela resolvia mentir sobre o amor. Ela simplesmente viu os sentimentos de Chat Noir e resolveu brincar com eles e destruí-los como uma criança destrói uma massinha de modelar.

Foi tão burro. Como pode acreditar que ela gostaria dele também? Como pode pensar que alguém gostaria dele? Ninguém nunca gostou. E nunca gostaria.

Ele sorriu trêmulo ouvindo Alya fofocar sobre como faziam um casal fofo e isso e aquilo. Se levantou, indo em direção a porta.

― Onde você vai, Adrien? A aula já vai começar. ― Marinette perguntou para ele e, quando ele se virou para encarar os olhos azuis que um dia eram a coisa mais importante para ele, pensou que sentiria tristeza, mas tudo que sentia era raiva.

― Eu vou no banheiro, volto logo. ― Ela percebeu o tom frio que ela utilizara, mas pensou que ele só estivesse tendo um dia ruim.

No banheiro, Adrien se certificou que não havia ninguém lá. E, quando confirmou, se deixou extraviar.

Ele chorou. Adrien nunca pensara que choraria por amor. Sempre se achou mais forte que isso. Mas doeu. Doeu tanto que Adrien sentia seu peito apertado.

Ele entrou numa cabine e se sentou em cima do vaso, segurando as pernas e olhando para o teto.

Não tinha a mínima vontade de voltar para a aula e ver os dois de charminho um para cima do outro. Suspirou e, enquanto encarava o teto sujo do banheiro, pensou em como achava que conhecia Marinette. Talvez o grande coração que ele achava que ela tinha fosse uma farsa e ela só tinha uma face perversa que gostava de machucar os outros.

Ele tentou. Tentou muito pensar mal de Marinette, mas não conseguia. Tinha que haver uma explicação, não tinha? Mas ele não sabia ao certo se queria ouvir. Preferia manter a face que tinha dela como uma boa garota do que ver sua real cara.

Não tinha certeza se queria sair do banheiro, mas sabia que ficar trancafiado lá dentro não ia ajudá-lo a superar. Seus olhos estavam vermelhos, ele tinha certeza, mas só confirmou quando olhou sua aparência no espelho.

Esfregou um pouco a cara e jogou água algumas vezes. Sua aparência estava melhor, mas ainda dava para perceber que algo estava errado. Saiu do banheiro e não se surpreendeu quando viu os corredores vazios. Pela janela do corredor, Adrien conseguia ver Marinette e Oliver sentados juntos, sorrindo um para o outro e seu estômago embrulhou. Se virou assim que decidiu matar a aula, mas acabou batendo de frente com um Stephanie cabisbaixa.

― Me Desculpe, eu... ― Seus olhos encontraram os dele e sua feição endureceu. ― Adrien.

― Stephanie. ― Ela saiu de sua frente e continuou a andar em direção a sala de aula, mas parou depois de dar 3 passos. Ela se virou com rapidez e se aproximou do loiro.

― Você quer matar aula?

***

― Eu não achei que alguém como você conhecia um lugar como esse. ― Stephanie disse assim que eles foram para uma praça perto da escola. ― Então quer dizer que o garoto certinho é, na verdade, um rebelde?

― Não enche, Stephanie.

― Você não me odeia? Por que aceitou matar aula comigo? Está tão na merda assim?

― Eu não sei mais de nada, Stephanie, mas você não me parece a mesma garota de algumas semanas atrás, sabe, desde que você apanhou da Marinette. ― Ela ficou vermelha de raiva com a acusação.

― Você está me dizendo que estou ficando boazinha que nem a Marinette? Deus me livre.

― Estou dizendo que você está deixando as pessoas entrarem na sua vida. Eu tenho certeza que você poderia ter escondido o quanto você quisesse que seu pai bate em você, mas você preferiu deixar Marinette descobrir. ― Ela arregalou os olhos.

― Como você... Ela te contou, não foi? ― Stephanie fechou a cara e seu olhar ficou assassino.

― Eu vi. Tudo. ― Ela aliviou um pouco a tensão. ― Stephanie, eu só... Cansei de brigar. Tem muita coisa acontecendo na minha cabeça agora, eu só preciso de um tempo.

― Tem a ver com ela, não? ― Stephanie se sentou ao lado dele no banco, com a expressão imensamente mais calma.

― Eu não quero falar sobre isso.

― Mas devia. ― Ela olhou para o céu. ― Não é bom guardar as coisas para si mesmo. Uma hora, você se afoga com as lágrimas e, consequentemente, machuca os outros. ― Ele teve dúvida, mas parecia que ela falava mais sobre ela mesma do que sobre ele.

― Como eu vou saber que você não vai espalhar essa informação pra todo mundo?

― Bom, você sabe um segredo meu que pode fuder com a minha vida. ― Ele a encarou por um tempo, como se quisesse ter certeza que valeria a pena. ― Vamos fazer assim: Você conta uma coisa que quer desabafar e eu conto outra. Nada que foi falado aqui pode sair daqui. Regras simples, não? ― Ele suspirou, concordando.

― Eu estou apaixonado pela Marinette, muito mesmo. Ontem ela me beijou e disse que gostava de mim. Hoje, ela apareceu namorando o Oliver. ― Stephanie não disse, nada, só continuou a olhar para frente.

― Eu tenho problemas mentais. ― Ele olhou surpreso para ela, mas respeitou seu silêncio.

― Meu pai nega até a morte, mas eu tenho certeza que ele matou minha mãe. ― Stephanie não conseguiu evitar olhar para ele mais surpresa ainda, mas, como Adrien, não disse nada.

― Eu estou apaixonada pelo Pierre, sei que ele é o único que consegue lidar comigo, e tenho certeza que ele nunca me perdoou pelo o que eu fiz com ele.

― Eu sinto como se ninguém se importasse com a minha real existência.

― Eu tenho medo que por baixo da menina má, exista uma menina boa. ― Eles ficaram em silêncio, mas nenhum dois se sentia pressionado a falar nada.

― Já está na hora de voltarmos. Você tem razão, Stephanie. É melhor não guardar as coisas pra si mesmo. ― Ele se levantou, indo em direção a escola.

― Não pense que as coisas mudaram entre nós, Adrien. Eu não sou uma menina boa, eu vou continuar te tratando do mesmo jeito. ― Ela pegou sua mochila e o seguiu.

― Eu não esperava, Stephanie. Não se preocupe.

***

Marinette estava preocupada. Adrien tinha saído da sala antes de começar a aula e até agora não tinha voltado. E se algo tivesse acontecido? Ele podia ter passado mal, não podia? Adrien não era um garoto de matar aula...

Oliver afagava o cabelo da namorada tentando aliviar a preocupação, mas ele mesmo estava preocupado. Será que alguma coisa tinha acontecido?

Assim que o sinal indicando o fim das aulas tocou, Oliver fez menção de levantar, mas, em um piscar de olhos, Pierre estava na sua frente.

― Mari, querida, poderia nos dar licença? ― Pierre sorriu para ela. Marinette deixou o olhar voar entre Pierre e depois Oliver, antes de concordar com a cabeça e sair apressada dali. Assim que ela desapareceu atrás da porta, Pierre voltou a encarar Oliver. ― É verdade que vocês estão juntos?

― Poderia ter perguntado isso na presença dela.

― Só responda. ― Oliver achou estranho, mas Pierre era estranho.

― Sim, estamos. Por que quer saber?

― Ela está te usando, Oliver, ela não gosta de você. ― Pierre disse com fervura no olhar. Oliver sentiu todo o sarcasmo entalado em sua garganta voltando.

― Quer dizer, ela é como a Stephanie? ― Pierre se calou, vermelho de raiva. Oliver devia, mas não sentia nenhum remorso.

― Chega, eu vou falar com a Stephanie. ― Ele saiu em direção a porta. Oliver demorou 2 segundos para raciocinar, mas foi correndo atrás dele.

― O que quer dizer? O que você vai fazer?

― O que devia ter feito há muito tempo.

Oliver ficou parado no corredor enquanto via Pierre se afastar cada vez mais, até virar em outro corredor e desaparecer da sua visão.

Ele não sabia o que ia acontecer, mas tinha um mau pressentimento.

***

Stephanie já estava sentada em uma carteira qualquer de uma sala de aula vazia quando Pierre entrou. Era o lugar de encontro deles, e todos os dias eles se encontravam lá assim que a aula acabava.

― Pierre! Você demorou. ― Ela se levantou e se jogou nos braços dele, clamando por um abraço que não veio. Ela o soltou confusa. ― O que você tem? ― Pierre se sentou em cima da mesa da professora e manteve seu olhar na janela, Stephanie nem se mexeu.

― Sabe, Stephanie, tem uma coisa que eu tenho pensado desde que você voltou: Por que? ― Ela ficou quieta, então ele virou o rosto para ela. Não havia traços de carinho que Pierre exalava sempre que estava com ela. ― Por que você voltou? Para me machucar de novo?

― Foi uma coincidência, e você sabe disso. Eu não te machucaria.

― Machucaria. Eu te conheço, Stephanie, você não é uma pessoa boa. Não importa o quanto você finja ou o quanto você queira. Seu coração já é podre. ― Ela ficou estática olhando para ele. Suas palavras eram verdadeiras, ela sabia, mas vindos da boca da pessoa que ela amava era no mínimo cruel. ― Talvez eu também não seja.

― Pierre, você está me machucando. ― Seus olhos verdes marejaram.

― Por isso que eu disse que não sou uma pessoa boa, Stephanie. Eu quis isso. Eu quis essa situação, desde o começo. Você nunca me enganou, mas confesso que foi muito inteligente. Me fez perder vários amigos.

― O que você quer dizer, Pierre?

― Eu planejava algo grande. Planejava te humilhar na frente da escola inteira mostrando a cobra que você é, e para isso, era só eu ficar bem pertinho de você. Mas isso me deu nojo, e você sabe por que, Stephanie?  ― Ela tremeu. ― Porque você mentiu para mim, porque você me bateu, me trancou numa sala vazia e ainda botou a culpa em mim.  Porque você acabou com a minha vida e a da minha mãe.

― Pierre, eu mudei. ― A primeira lágrima caiu.

― Não, Stephanie, você não mudou. Porque é isso que você faz com as pessoas que você gosta. ― Ela o olhou, espantada. ― Acha que eu não sei, Stephanie? Eu passei muito tempo ao seu lado. Sempre foi assim, e sempre será. Eu demorei para ligar os pontos, mas eu liguei. Principalmente ontem, quando Adrien veio me falar que você apanhava. Isso que me fez desistir da minha vingança.

Stephanie tremia. Ela só queria que tudo fosse um pesadelo.

― Você tem problemas mentais. Eu percebi isso no dia em que ficamos sozinhos pela primeira vez e você começou a falar sozinha. Isso foi causado pelo ambiente na sua casa e eu entendo, de verdade. Eu pesquisei muito. É um mecanismo de defesa, você tem medo de se apegar às coisas. E quando o faz, você tem que machucar primeiro para evitar ser machucada. Por isso eu tinha certeza que, em alguns dias, você ia fazer alguma coisa contra mim de novo. Eu só não sei se fico feliz ou triste de saber que você sempre gostou de mim.

― É mentira. Eu não sou assim. Pierre, eu...

― Stephanie. ― Ela se calou. ― Depois de descobrir tudo isso sobre você, eu percebi que tem um jeito de te ajudar: Você tem que ser machucada. Eu ia fazer isso de qualquer jeito, mas eu preferi fazer aqui, onde só nós dois escutamos o que eu vou dizer: Eu devia sentir pena ou afeto por saber da sua história, Stephanie, mas tudo que eu sinto é nojo. Nojo de um dia ter me apaixonado por você. E ódio. Ódio por você ter feito eu quase perder tudo de novo. Eu não sou idiota, Stephanie. É impossível amar alguém que fez o que você fez comigo.

Stephanie não aguentou e desabou em lágrimas. Pierre a olhava com um olhar duro. Ela saiu correndo da sala, sem nem olhar para trás.

Pierre finalmente soltou o ar que estava segurando.  Ele dizia para si mesmo de novo e de novo que era a coisa certa a se fazer e que agora ela seria curada. Que ser frio com ela a ajudaria, mas seu coração insistia em dizer como ele era mau e que só estava se igualando a ela.

Pierre se sentia libertado e preso ao mesmo tempo. Finalmente se viu livre do passado que o atormentou por anos, com o bônus de ainda poder ajudar a garota que no passado ele amou, mas ainda sentia como se ele fosse o vilão, como se o sofrimento dos outros fosse culpa sua, e que sofrer pelos outros não era algo ruim.

***

Marinette subiu as escadas para seu quarto vagarosamente. Sua mãe mandara que ela arrumasse as coisas para o Festival Chinês que aconteceria mais tarde, mas ela não conseguia pensar nisso direito. Sua cabeça estava embaralhada e ela precisa falar com Chat. Se ele soubesse antes dela explicar, tudo ficaria tão...

Ela levou um susto ao ver Chat parado no meio de seu quarto, com os braços cruzados sobre o peito e cara de poucos amigos. Ela forçou um sorriso e tentou não se abalar ao perceber que ele provavelmente já sabia.

― Chat, que bom que você está aqui, eu precisava mesmo falar com você.

― Realmente deve ser muito importante me avisar que você me iludiu enquanto estava saindo com outro cara. ― Merda, ele realmente já sabia.

― Era exatamente sobre isso que eu queria falar com você. Você entendeu tudo...

― “Você entendeu tudo errado. ” ― Ele fez uma imitação exagerada de Marinette. ― Sério, Marinette? Eu tento acreditar em você, tento mesmo. O problema está na minha certidão de nascimento que insiste em dizer que eu nasci ontem. ― Ela ficou calada, olhando para ele, sem saber exatamente o que dizer. ― Vai dizer o quê? Que é um namoro de mentira?

― Chat, eu...

― Sabe o que é pior, Marinette? Eu te entreguei meu coração. Ele é seu. Todo e completamente seu. Eu confiei em você. E na primeira oportunidade, você amassou ele. Como suco.

― Se você me deixasse explicar você veria que...

― Eu não sei se eu confio mais em você. Acho que qualquer coisa que saia da sua boca só vai me deixar irritado Marinette, mas parabéns! Você conseguiu o que queria. Me deixou acabado. Tenho nojo de ter me apaixonado por alguém como você. ― Ela abriu a boca, chocada. As lágrimas ameaçaram a sair, mas ela segurou. Não iria se mostrar uma garota falsa e fingida que Chat queria que ela mostrasse.

― O Chat que eu conhecia não iria embora sem que eu tivesse explicado tudo.

― Talvez o Chat que você conhece tenha morrido quando descobriu que você só brincou com ele. ― Ele se aproximou dela e segurou seu rosto, fazendo com que os olhos azuis marejados dela olhassem diretamente nos olhos verdes dele que queimavam as coisas só com um olhar. ― Eu vou fazer questão de que Oliver saiba do que rolou e do que quase rolou.

Marinette não aguentou e deixou as lágrimas caírem. Se sentia fraca, mas, acima de tudo, seu coração doía tanto por causa da crueldade de Chat. Ele pensar tudo isso dela era tão dilacerante...

Ele soltou seu rosto e foi em direção a janela. Pendurado nela, ele deu uma última olhada nela.

― Você mereceu a traição do seu namorado com sua irmã. ― E foi embora, deixando Marinette chorando no quarto, sozinha.

Chat sabia que tudo o que tinha dito foi cruel, cruel demais até para ela, mas queria isso, queria machucá-la como ela fez. No fim, nada importava, não com seu peito doendo daquele jeito nem com as lágrimas caindo de seus olhos.

Por que amava tanto uma garota que claramente só queria fazê-lo sofrer?

***

Marinette tinha acabado de voltar do Festival e não tinha nenhuma vontade de fazer nada. No fim, o que era para ser um momento de felicidade com seus amigos, acabou virando apenas mais um momento de tortura. Seus avôs ficaram felizes, mas sua presença lá não era nada mais que seu modo automático.

Bom, ninguém pareceu notar.

Assim que ela passou a roupa chinesa colada por cima do pescoço e a jogou num canto qualquer, seu primeiro pensamento foi deitar-se na cama e só acordar no ano seguinte, mas sabia que não seria possível, principalmente porque tinha duas horas junto com um gato preto em uma certa patrulha noturna.

***

― My Lady, está radiante nesta noite. ― Ladybug estranhou o comportamento dócil dele, mas lembrou que ele não sabia que Marinette era Ladybug. Riu com a situação. ― Minha presença te deixa tão feliz assim, My Lady?

Fazia tempo que Chat Noir não flertava com ela assim. Olhou fundo em seus olhos. Por baixo do brilho de um sorriso, Ladybug conseguiu ver mágoa e dor. Ela se sentiu mal, muito mal por fazê-lo sofrer desse jeito. Queria abraça-lo e explicar tudo, mas ele nunca ouviria. Ele queria esquecê-la, esquecer Marinette.

― Temos uma ronda para fazer, Chat.

― Eu sei que temos, mas eu gostaria de te entregar algo antes. ― Ela olhou em seus olhos e um sorriso surgiu na face do gato. Uma rosa surgiu pela mão que estava atrás de seu corpo. ― Vermelha e linda como a dona. ― Deliberadamente, colocou a rosa na orelha da heroína. Ela o encarava vermelha. Podia muito fácil fingir que ele fazia isso para Marinette, não para Ladybug. Enquanto ela devaneava, não percebeu que Chat Noir se aproximava cada vez mais. Só percebeu que estavam tão próximos quando ele colou os lábios nela.

Ela não devia, mas retribuiu.

***

Adrien não conseguia tirar o sorriso maldoso da cara quando viu o jornal naquela manhã. Como ele planejava, o beijo dele com Ladybug estava na primeira página do jornal. Seria questão de tempo para Marinette ver.

Deixou o jornal de lado para tomar café. Ele estava sozinho de novo, mas nem se importava dessa vez. Nem a notícia de que seu irmão estava voltando para casa podia estragar seu bom humor. Só tinha que contar para Oliver e sua vingança contra Marinette estaria completa.

Ele ignorou a pontada no peito.

Já Marinette, comia lentamente seu cereal, de vez em quando brincando com a comida. Passava pela vigésima vez (de acordo com Marinette) no noticiário aquela mesma cena: Ladybug e Chat Noir se beijando. Ela finalmente entendeu o que Chat queria e foi cruel. Muito cruel.

Tinha que admitir, Chat tinha um espírito bem vingativo.

O fato de ser sábado fazia com que Marinette se sentisse muito mais leve. Qualquer recaída e ela poderia chorar sozinha no quarto sem ter que evitar olhares ou coisas do gênero.

De repente, a reportagem falando sobre o “Novo Casal de Paris”, foi substituída por um alerta de incêndio em um prédio.

Marinette ficou atenta de novo. Seus pais nem perceberam quando a filha sumiu, desaparecendo pelos ares como a heroína número um.

Birdie estava parado agachado com uma criança chorando. Ele falava algo calmamente e de vez em quando, sorria para ela. Ladybug se aproximou e colocou a mão em seu ombro. Ele se virou rapidamente e eu de cara com a namorada.

― Tem mais alguém no prédio? ― Ela perguntou com pesar.

― Deve ter. Chien e Chat já estão lá dentro. Eu vou terminar de acalmá-la e já vou voltar lá pra dentro. ― Ela acenou com a cabeça antes de entrar no prédio.

Ela viu os bombeiros tentando conter o fogo, mas isso poderia demorar demais, e ela não tinha tempo para isso.

Uma hora se passou e o fogo ainda não tinha sido contido. Ladybug tinha salvado uma dúzia de pessoas e, algumas vezes, deu de cara com outros heróis. Ela tinha entrado de novo e já estava à procura de mais gente. Ouviu um choro baixinho.

― Onde você está? Estou aqui para ajudar. ― Ladybug gritou, embora tenha se engasgado com a fumaça em seguida.

― Aqui... ― A voz era baixa, mas Marinette sabia que vinha da direita. Teve um pouco de dificuldade, mas depois de revirar várias vezes o cômodo, conseguiu achar a criança. Era um garotinho e ele estava entre o sofá a e a parede. O fogo tinha quase o alcançado quando Ladybug o tirou dali.

― Vai ficar tudo bem, viu? ― Ele assentiu, com a cabeça baixa e o rosto cheio de fuligem. Ela viu que ele tossia e percebeu que já era hora de sair dali.

Do lado de fora, o fogo tinha sido finalmente contido e Chat tinha acabado de deixar duas moças contra a calçada quando Birdie apareceu.

― Tinha mais alguém na sua ala? ― Chat negou com a cabeça, mas assim que Birdie fez menção de ir até Ladybug para perguntar a mesma coisa para ela, Chat segurou seu braço.

― Tenho que te contar uma coisa, Oliver. ― Chat usou seu nome de propósito. ― Sobre a sua namorada. ― Essa palavra ainda ardia na sua boca. Birdie abriu a boca, com menção de dizer algo, mas uma criança os interrompeu.

― M-Meu i-irmão ainda está lá. ― Birdie abaixou para ficar cara a cara com a criança.

― Onde ele estava? ― O garotinho apontou para uma parte do prédio e Birdie foi correndo entrar lá de novo.

Logo, Chien e Ladybug apareceram com mais crianças no colo. Ao olhar para os lados, Chien percebeu a ausência de Birdie.

― Onde Birdie está?

― Salvando o dia. Deveríamos ajuda-lo? ― Chat comentou olhando para o edifício.

― Nah. Birdie não ia nos perdoar se fossemos ajudá-lo numa missão simples como essa. Sabe como é, né? Orgulho ferido e... ― Pierre não conseguiu terminar a frase, pois um estrondo o interrompeu. Ele virou a cabeça em direção do barulho e seus olhos se arregalaram quando ele viu.

Uma fachada do prédio cedeu, destruindo aquela metade do prédio. A metade onde Oliver estava.


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Notas finais do capítulo

Só isso ♥ Espero que tenham gostado ♥