Simple like Flowers escrita por BlueLady


Capítulo 24
Capítulo Vinte e Quatro - Confusões Adolescentes


Notas iniciais do capítulo

...
Adivinha quem resolveu aparecer após 5 meses?
Eu mesma.
Acho que depois de tanto tempo, muita gente deve ter abandonado a fanfic, e eu entendo essas pessoas, mas se você ainda lê isso aqui, você tem meu total amor e carinho ♥
Agora vamos aos motivos do meu sumiço:
1º) Eu perdi diversas cenas desse capítulo diversas vezes. Isso me desmotivou demais.
2º) Eu tive um bloqueio criativo enorme, sério, eu não conseguia sentar na frente do computador e escrever, as ideias simplesmente não saíam
3º) Foi meu último ano do ensino fundamental, eu tive várias provas atrás de provas, foi impossível me concentrar em outra coisa.

Enfim. Esse capítulo será meu presente de natal para vocês ♥ (Ainda tá valendo)
Sabiam que dia 19 a fic fez 1 ano? Muita coisa geuheuehe

Aproveitem o capítulo ♥



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/! ATENÇÃO: Eu terminei de programar a fic, então todos os acontecimentos que vão acontecer já estão anotados e eu tenho uma má notícia: A fanfic está acabando e está na reta final já. Mais 7 capítulos e é o fim. T.T 

― Stephanie. ― Conseguiu sibilar, depois do choque, se lembrando apenas da marca de mão na cor roxa no pescoço da loira. ― Você apanhou?

Stephanie grunhiu antes de se soltar.

― Depois de tudo que você fez, Marinette, não tente bancar a santa. Não sou sua amiga e nunca serei, então não seja hipócrita.

Marinette arregalou os olhos surpresa. Só estava tentando ajudar. Mesmo assim, ela lembrou que deu um tapa na garota por puro ciúme e colocou várias pessoas contra ela.

Era mesmo hipócrita.

Stephanie deu meia volta e foi embora, deixando Marinette sozinha. 

Marinette paralisou, com os olhos vidrados no chão.

***

Adrien estava um pouco mais irritadiço do que antes. Ele tinha certeza que não era nada, mas no fundo, ele sabia que era porque Marinette não o cumprimentou de manhã. Era só ele perceber que estava apaixonado que ela passava a ignorá-lo?

Nino não deve ter percebido, pois nem notou o olhar irritado do loiro e continuou a falar normalmente com o mesmo.

Adrien não gostava disso. Não gostava de passar despercebido por ela. Ele a tinha salvado, não? Qual era o problema dela?

Ah, foi Chat Noir que a salvou.

A aula passou e ele não tinha percebido que Stephanie não estava até a mesma passar pela porta.

Foi estranho, muito estranho. Adrien ainda odiava a garota, por tudo que a mesma fez, mas foi como se seu coração sentisse pena sem mesmo entender o porquê. E Adrien odiou o sentimento.

Quando o sinal tocou e Marinette saiu correndo atrás de Stephanie, Adrien percebeu que talvez, mas só talvez, ele pudesse estar realmente preocupado com a garota. E odiou de novo. Ele nem falou com Nino, só seguiu as duas um pouco de longe.

E não acreditou no que ouviu. Ele odiava Stephanie e isso não mudou quando escutou que ela apanhava, talvez só tenha diminuído um pouquinho...

Adrien não sabia mais o que era certo ou errado, a única coisa que ele sabia era que Marinette estava lá parada, sozinha. Ele queria poder ir até lá e confortá-la, dizendo que não era hipócrita e que tinha um coração enorme, mas duas coisas passaram por sua mente: Ele sentia que talvez (Mas só talvez) ela estivesse sendo um pouquinho hipócrita, e precisava falar com Pierre, urgente.

Ele sabia que, mesmo sendo amigos, tinham se afastada após a chegada de Stephanie. Pierre tinha se afastado de todos depois que a Stephanie apareceu. Ele deveria saber alguma coisa sobre o que acontecia na casa dela, não é?

Deixando Marinette com seus pensamentos, Adrien foi em busca de Pierre.

Não foi difícil achá-lo. Pierre estava na sala de aula, escutando música.  Adrien percebeu que o outro não tinha o notado, então retirou seus fones de ouvido.

― Adrien? Aconteceu alguma...

― Precisamos conversar. ― Pierre teria feito uma piada, mas o olhar sério do loiro o deixou angustiado. Será que teria a conversa sobre Stephanie de novo? Se sentia cansado só de pensar.

― Você tem.... ― Olhou no relógio, mesmo sabendo exatamente quanto tempo faltava. ― 15 minutos. Estou ouvindo.

― Você e Stephanie são bem chegados? ― Pierre sabia que o assunto era a garota loira, mas a pergunta foi recebida com uma cara surpresa. Pierre não diria que era o jeito que eles começavam o Assunto “Stephanie”.

― Mais ou menos, por quê? ― Pierre achou que devia ter receio ao responder. Adrien podia parecer lerdo, mas sua mente funcionava a mil.

― Você já foi na casa dela?

― Você quer saber se a gente transou? ― Adrien ficou vermelho quando percebeu o duplo sentido da frase.

― Não! ― Ele passou a mão no cabelo, envergonhado. ― Não é isso. Acho... Acho melhor eu ir direto ao assunto, não é? ― Pierre nada disse, só continuou a olhá-lo esperando que o loiro continuasse. ― Bem, eu estava na sala de aula e...

― Vai direto ao ponto, Adrien.

― Eu ouvi a Marinette conversar com a Stephanie. Ela está apanhando, Pierre.

Pierre ficou sem reação. Sua boca abriu levemente enquanto os olhos azuis do mesmo se encontravam com os olhos verdes de Adrien. Não contaram quanto tempo foi, mas Adrien achou ser uma eternidade.

― Você está mentindo. ― Ele disse, simplesmente.

― O quê? ― Adrien o encarou, perplexo. ― Como pode achar algo assim? Já disse, eu...

― Adrien. ― Interrompeu o loiro. ― Você tem 16 anos, não 12. Não haja como uma criança. Eu sei que vocês não se gostam, mas inventar algo assim é cruel. ― Adrien nem conseguiu responder. Era sua vez de ter o queixo caído. Pierre estava realmente duvidando dele? Estava realmente dizendo que ele era... Mentiroso?

― Eu não estou...

― Eu tenho 16 anos, não 10. Eu sei o que eu estou fazendo. ― O sinal tocou, indicando que a conversa teria acabado. Pelo menos para Pierre. Adrien não parecia concordar com isso.

― O que te faz pensar que eu estou mentindo? Eu sou seu amigo, Pierre! ― Pierre o ignorou, deixando o loiro irritado. Não escondeu sua cara de descontentamento.

― Adrien? ― Quando a voz doce aqueceu seus ouvidos e a mão delicada de Marinette, a carranca de Adrien sumiu e seu rosto se iluminou. Ele se virou para encarar a garota e se permitiu aproveitar a vista. Marinette estava com os cabelos soltos e a franja presa por uma presilha rosa. Os olhos azuis e ingênuos da garota estavam marcados por uma maquiagem escura que Adrien não soube identificar e não gostou. Deixava a aparência da garota muito mais sensualizada do que a sua personalidade permitia. Sua ingenuidade era atraente aos seus olhos. ― Adrien, está me escutando?

Ele pareceu acordar de um choque. Adrien podia ser inteligente para muitas coisas, mas o amor não era algo com que ele estava habituado. Marinette o deixava inquieto, e dessa vez, não teria uma máscara para conseguir flertar com ela sem medo.

― Me desculpe, pode repetir? ― Ela sorriu e ele se sentiu o homem mais sortudo do mundo.

― Meus avôs organizam um Festival todo ano, com o tema chinês. Eu gostaria que você fosse esse ano. ― Ela pegou um papel da bolsa, desdobrou e o entregou a Adrien. Ele segurou o panfleto do Festival que nem um idiota. O sorriso não saia de seu rosto.

― É claro que eu irei. ― Se sentiu especial, mas a carranca dele voltou assim que ela tirou outro panfleto da bolsa e se dirigiu a Pierre.

― Pierre, eu...

― Eu ouvi. É claro que eu vou. ― Pegou o papel de suas mãos e sorriu para a mesma. Adrien fez a maior cara de desgosto que conseguiu.

― Obrigada, meninos. É importante para mim. A propósito, Alya, Oliver e eu vamos almoçar em um restaurante italiano aqui perto, gostariam de ir conosco?

― Adoraria. ― Adrien amava comida italiana, poderia, discretamente, mostrar todo seu conhecimento, Marinette certamente ficaria impressionada e adoraria ouvir sobre as suas viagens para Itália.

― Eu passo, vou almoçar com Stephanie hoje. ― Marinette entristeceu o olhar ao ouvir falar da loira. Lembrou-se da conversa no começo do intervalo e estremeceu. Adrien queria abraçá-la, afagá-la e mostrar todo seu carinho, mas não era a hora certa, e Adrien ainda tinha medo de ser rejeitado.

― Certo, turma, todos em seus lugares, a aula já vai começar. ― Stephanie entrou na sala de cabeça erguida, nem parecia a mesma garotinha frágil que entrou na sala pela manhã. Marinette só queria saber como ela aguentava colocar aquela máscara todos os dias.

***

Abraçar Marinette era uma coisa que Oliver gostava de fazer. A garota era pequenina e magrela, além de ser sua amiga. Abraçá-la era uma coisa que poderia virar facilmente parte de sua rotina, visto que Marinette não se importava, pelo contrário, mostrava gostar disso.

Então o caminho para o restaurante foi agradável aos dois, que andaram abraçados e conversando sobre coisas banais. O problema era Adrien ao fundo. O garoto estava quase vermelho de ciúmes e sentia a raiva dentro de si crescer. Não era possível que os dois estivessem juntos, não é? Só pensar naquela possibilidade fez Adrien estremecer. Não queria isso, ele gostava demais da morena.

Um pouco mais à frente do grupo, andava uma garota morena, com os cabelos castanhos e soltos. Marinette a reconheceu de algum lugar e quando passou por ela, não conseguiu não cumprimentar.

― Olá, tudo bem? ― Ela pareceu confusa, olhou de Marinette para Oliver, fixou seu olhar no garoto e olhou de volta para Marinette. Ela achou estranha a reação, estaria ela interessada no moreno?

― Em que posso ajudar? ― Sua voz era calma e serena, gostosa de ouvir. Marinette foi afundada por uma sensação de Dejavú. Aquela voz não lhe era estranha, e isso ela tinha certeza.

― Você estuda na nossa escola, certo? ― A garota assentiu devagar. ― Nos esbarramos no corredor um dia. Foi bem rápido.

― Ah... ― Marinette prestou atenção nos longos cabelos castanhos dela e nos olhos amarelados, era bem cuidados e faziam contraste com o seu jeito quieto e tímido. Usava roupas simples e um óculos de armação grossa e preta, em perfeita harmonia com seu rosto bonito. ― Eu sinto muito, não me lembro.

Ela encarou novamente Oliver e Marinette estava começando a se sentir incomodada.

― Estamos indo a um restaurante italiano, gostaria de nos acompanhar? ― Encarou Oliver com os olhos por 2 segundos mais e se virou novamente para a garota.

― Adoraria. Perdão, mas... Como chamam?

― Ah! Sim, claro... Eu sou a Marinette. ― Se apresentou. ― Esses são Oliver, Alya, Nino e Adrien. Pessoal, essa é a.... ― Percebeu que não sabia seu nome e corou.

― Alessandra. É um prazer.

Embora Alessandra tivesse parado de encarar Oliver, Marinette ainda desconfiava que a mesma estava pelo menos a fim do garoto. Não sabia se ajudava o garoto a tentar esquecer Pierre ou respeitava seus sentimentos. Decidiu observar mais os dois antes de agir.

Dentro do restaurante, Adrien tentou colocar seu plano em prática, começando com a decoração. Marinette já estava admirada com o local, será que lançaria aquele olhar para ele quando explicasse qualquer detalhe sobre a decoração vermelha, branca e verde? Aproveitou que a morena encarava uma fonte ao lado da mesa para começar.

― Marine...

― Você gostou da fonte, ein? ― Alessandra exclamou, com um sorriso. Marinette riu de vergonha. ― Esse lugar me lembra a minha casa, obrigada por me trazerem.

― Você morou na Itália, Alessandra? ― Marinette perguntou com interesse nítido nos olhos. Alessandra assentiu e Adrien afundou na cadeira. Seu plano deu errado.

O almoço passou com Alessandra explicando sobre sua vida na Itália e algumas coisas sobre si. Era um ano mais velha que eles e voltou recentemente a França. Marinette escutava tudo com os olhos brilhando.

Adrien ouvia tudo, mas a realidade era que ele desanimou ao descobrir que seu plano falhara. Mesmo assim, ouvir aquela garota falar com tanto amor sobre o lugar onde passara a infância fazia com que ele quisesse ouvir sua história. Um garçom retirou os pratos e Oliver se virou para a amiga.

― O que você achou da... ― Ele parou assim que encarou seu rosto e começou a rir. Marinette ficou sem entender, olhando com dúvida explicita para o moreno. Ele segurou seu rosto com a mão esquerda, fazendo a garota encará-lo com seus belos olhos azuis.

De leve, passou seu polegar direito no canto da boca da garota, tirando o restinho de molho que ficara em seu rosto. Poderia ser uma simples cena para os dois, mas o resto do grupo os encarou de forma estranha.

Adrien sentiu vontade de desaparecer. Seu rosto ficou quente e seus olhos começaram a arder em ciúmes. Queria pegar Oliver pelo colarinho e dar um soco em sua cara para ele aprender a... Marinette não era nada sua e talvez, ele queria que fosse só talvez, os dois poderiam realmente estar juntos como Adrien pensara. Toda a alegria daquela tarde se esvaiu.

― Prontinho, sujinha.

― Oliver! ― Ela riu e pareceu quebrar o clima estranho que tinha se formado ali. Todos esboçaram sorrisos, menos Adrien, que não conseguia disfarçar a carranca.

― Gostou da comida, Mari? ― Alya perguntou para a amiga. Marinette acenou com a cabeça, satisfeita. O clima voltou. ― Marinette.... Você e Oliver estão juntos?

A garota arregalou os olhos e olhou para Oliver, que fez a mesma coisa. Então Marinette caiu na risada, sendo seguida por Oliver. Adrien não queria ter falsas esperanças, mas não conseguiu evitar sentir um alívio ao ouvir a risada. Significava que não era verdade, não é?

― De onde vocês tiraram isso? ― Marinette disse, entre risadas.

― Vocês estavam tão grudentos hoje que... eu achei... ― Alya tentou se explicar, envergonhada.

― Oliver é meu amigo, Alya, não se preocupe.

A carranca de Adrien desapareceu como num toque de mágica. Ele até parecia mais jovem, mais livre, mais feliz. Se Marinette continuasse olhando para ele como antes, teria percebido, mas a mesma estava tão atordoada pensando em tal gato preto... Se ele a visitasse a noite, poderia convidá-lo para o Festival Chinês. Sorriu boba só com a possibilidade de vê-lo.

Adrien estava olhando para ela. Sua visão apaixonada da garota não permitia ver que ela estava boba pensando em outro homem – ainda que fosse ele mesmo – e ele admirava seus cabelos negros voando com o vento e se perguntava se um dia poderia tocá-los. Adrien podia ser um bobo apaixonado, ingênuo no amor, mas ele não ligava, não quando quem amava era Marinette.

Se despediram e Marinette foi em direção a sua casa. O loiro se perguntou se pedir para acompanhá-la não seria íntimo demais. Queria ficar até o último momento possível com ela, mas ainda era muito tímido. Não sabia se agradecia ou odiava Oliver quando o mesmo se ofereceu para levá-la, mas decidiu que seria melhor assim... Por enquanto. Já tinha acompanhado Marinette até em casa antes, por que agora que gostava dela tudo ficava mais difícil?

Oliver e Marinette tiveram um trajeto tranquilo, conversaram um pouco, mas nenhum assunto delicado. Marinette queria perguntar coisas tanto quanto Oliver, mas nenhum dos dois sabia como começar tais assuntos.

Já na frente da padaria, Marinette parou e olhou para dentro.

― Gostaria de entrar? ― Oliver percebeu o olhar ansioso da amiga. Viu ali uma bela oportunidade de conversar, eles não ficavam a sós há um tempo.

― Se não for incomodar. ― Oliver sorriu, mostrando seus dentes brancos e brilhantes.

― Quando você incomodou, Oliver? Vem, entra. ― Marinette abriu a porta que levava a seu apartamento e Oliver a seguiu, subindo pelas escadas.

A casa de Marinette tinha a cara dela. Era simples, com cores neutras e um toque feminino em alguns cantos. Oliver olhava maravilhado. O máximo que conseguiu em sua casa foi evitar que Pierre deixasse roupas espalhadas pelo chão. Subindo as escadas para o sótão, Oliver se perguntou como não percebeu que Marinette era uma garota tão simples.

― Bem, esse é meu quarto. O que achou?

― Rosa. ― Ele sorriu para ela. Marinette revirou os olhos antes de se sentar no chão. Oliver se sentou ao seu lado, olhando a vista que a garota tinha da janela.

― Oliver, eu adoro te ter aqui para conversar, mas...

― Você me chamou, porque quer falar do Pierre, não é? ― Ele olhou bem fundo nos olhos azuis dela e ela enrubesceu ao perceber que ele sabia de seus planos. ― Eu não me importo, também quero falar disso.

― Como andam as coisas na sua casa?

― Acho que o Pierre está desencanando, não sei. Ele não volta tarde, mas nunca quer conversar sobre onde estava. Na verdade, faz muito tempo que a gente realmente conversou, hoje eu pergunto o que ele quer comer e tudo que ele faz é responder um “qualquer coisa”. Mari, eu estou enlouquecendo.

― Eu queria entender o que está acontecendo com o Pierre. Será que ele mudaria tanto assim pela Stephanie?

― Eu não sei. Tudo que eu sei é que eu sinto que eu estou perdendo ele. É uma sensação horrível, Mari. ― Marinette abraçou ele. Ela sabia que poderia chama-lo de melhor amigo, mas se sentia tão inútil quando o via sofrer e não podia fazer nada. Sentiu uma elevação no bolso do amigo.

― O que é isso? ― Ela perguntou, se separando. Ele sorriu antes de tirar um pequeno pássaro roxo dormindo de dentro de seu bolso. ― Esse é...?

― Sim, o meu Kawami. Seu nome é Liiri. Ele dorme bastante, mas é um bom companheiro. ― Marinette sorriu, maravilhada, enquanto esticou a mão para tocar o bichinho. Era do tamanho de Tikki, mas tinha algo ali que o mostrava tão diferente. O primeiro kawami que viu depois de Tikki. Ela sorriu e abriu sua bolsa, deixando Tikki sair.

Ela olhou para a garota e depois para o kawami, antes de sorrir. Liiri acordou e olhou confuso aos arredores, antes de ver a kawami e voar, mostrando-se feliz com sua visão. Ambos foram conversar numa das mesas mais afastadas do quarto de Marinette.

Oliver olhou para a amiga, que encarava os Kawamis com uma paz no olhar. Ela era linda, ninguém podia negar, seus olhos eram grandes e carregavam o oceano. Seu rosto era delicado e alguns fios caindo em seu rosto mostravam o lado humano da garota.

Ela era perfeita para ele. Era tão fácil, poderia se apaixonar por ela ali mesmo...

Se inclinou na direção da garota. Ela se virou para Oliver e seus olhos se arregalaram. Ele estava perto. Muito perto.

― O-Oliver? ― Ele a beijou. Marinette tentou se separar, mas ele segurou seu pescoço contra ele. Não demorou muito, 3 segundos depois, ele a soltou, com o olhar cheio de arrependimento e mágoa.

― Oliver? O-O que foi isso?

― Me desculpa. ― Seus olhos marejaram. ― Me desculpa, Mari. Eu pensei... Eu pensei que se eu te beijasse, eu poderia me apaixonar por você, mas... Mas eu não senti nada. Eu não aguento mais sofrer pelo Pierre, mas parece que meu coração é masoquista.

Marinette não sabia o que dizer. Oliver nunca deixava nada abalá-lo, porém, vê-lo ali, tão indefeso, parecendo uma criancinha... Marinette não conseguia ignorá-lo.

Seria capaz de sacrificar sua própria felicidade em prol do amigo?

Ela sabia que a resposta era sim.

― Eu fico com você. A gente pode tentar dar certo juntos. Quem sabe você não se apaixona? Assim, você esquece do Pierre. ― Ele sorriu para ela, mas seus olhos estavam tristes.

― Você não precisa se sacrificar por mim, Marinette. Eu sei que você também está apaixonada por alguém.

― Eu estou fazendo isso, porque você é meu melhor amigo. Nunca seria um sacrifício ficar com você. Só quero que você fique confortável, porque eu fico perto de você.

― Eu recuso. ― Ela colocou a mão no braço dele e o olhou com preocupação.

― Um mês. A gente fica um mês juntos e depois você vê se quer continuar, ok? Se você não sentir nada de diferente, a gente termina, ok?

Ele a encarou por uns instantes, cogitando a ideia.

― Ok. ― Ela sorriu em alívio, mas uma pontada em seu coração surgiu.

Seu amor por Chat Noir poderia esperar um mês, não poderia? 

***

― Princesa? Ainda acordada? ― Chat Noir entrou no quarto da garota. As paredes rosas o receberam com alegria, mostrando vários quadros coloridos. Nenhum sinal de Marinette. Ele pensou que a mesma poderia estar no banho e poderia se fingir de inocente quando ela saísse.

Seria uma boa ideia de flerte? Ele não estava habituado com aquilo. Riu consigo mesmo pensando numa Marinette brava e vermelha quando o visse ali. Andou pelo quarto e se lembrou das memórias que fizera ali. Parou na mesa do computador. Em cima da mesa, alguns rabiscos estavam jogados, tornando o quarto mais vivo. Dois copos estavam ali, um do lado do outro. Será que Alya a havia visitado? A parede do lado parecia mais desgastada que as outras. Algumas fotos de Marinette com Alya estavam mais em cima, o que fez o loiro acreditar que haviam outras fotos lá antes.

Não era um assunto que chamou sua atenção, mas, bisbilhotando, seus olhos pararam no lixo. Um cabelo loiro aparecia em uma fotografia. Sua curiosidade atiçou. Pegou o lixo e tirou a foto de lá de dentro. Seus olhos arregalaram quando percebeu que era ele mesmo, Adrien Agreste, na foto. Pegou as outras. Uma a uma, ele se reconheceu de ensaios fotográficos. Marinette tinha mesmo tudo aqui? Era difícil para ele raciocinar. E por que teriam ido para o lixo? Ele fizera algo que a morena não gostou? Se sentiu mal. O almoço fora divertido, ela rira...

Ignorou que o quarto era de Marinette e que era invasão de privacidade, abriu as gavetas em busca de mais fotos. Seu peito queimava com as fotos rasgadas. Ele estava desesperado. Abriu a última gaveta e foi mexendo nas coisas. Eram cadernos, agendas e, no fundo, havia um pequeno envelope, perfeito para guardar fotos.

Abriu-o com o coração na mão. Tinham 3 fotos guardadas em perfeito estado. Chat percebeu que eram fotos importantes para Marinette e não era o que procurava. Mesmo assim, a curiosidade falou mais alto.

A primeira foto era uma de família. Chat reconheceu Marinette, mesmo sendo bebê, ao lado de uma garota que ele não conhecia, mas tinha certeza que era da família pela semelhança, tinha os mesmos olhos amarelados e o mesmo cabelo castanho que o pai de Marinette. Ele tinha certeza que nunca tinha visto a garota e achou estranho. Se ela era realmente a irmã de Marinette, porque a garota nunca falara dela? Será que algo rim tinha acontecido?

Passou para a próxima. Reconheceu de imediato Marinette com seus lindos olhos azuis que faziam com que o gato se derretesse completamente. Ela estava mais nova. Uns 3 anos, diria. A garota ao seu lado era a mesma da foto anterior, porém mais velha. Ela estava mais velha. Uns 15 anos, talvez, e, com certeza, mais velha que Marinette. Chat prendeu a respiração quando viu o quão linda era ela. Parecia uma boneca de porcelana com olhos brilhantes e amarelos cheios de vida. A semelhança entre as duas garotas era clara, mas a diferença gritante era a única coisa que Chat via. Marinette era linda, sempre fora, mas aquela garota ali o fazia repensar todas suas definições anteriores de beleza. Marinette sorria e a garota também. Ele sorriu ao ver como as duas irmãs pareciam ser próximas.

Ele passou para a próxima foto pensando por que as fotos não estavam coladas na parede, quando olhou a última foto. Seus olhos arregalaram quando ele viu Marinette abraçada com um homem definitivamente mais velho que ela. Ele parecia ter 17 enquanto Marinette parecia ter 13. O problema não era Marinette ter um ex-namorado, ele já sabia sobre isso, o problema era quem era seu ex-namorado. As fotos caíram no chão quando seus dedos começaram a tremer de leve. Podia ser qualquer um, qualquer um, menos ele.

― Chat? O que você está fazen... ― O sorriso no rosto de Marinette desapareceu quando ela olhou o estado do quarto. Seus olhos passaram pelas fotos amassadas de Adrien no chão até o envelope aberto e as 3 fotos caídas no chão, bem embaixo das mãos de Chat Noir. ― Você estava mexendo nas minhas coisas?

― Eu... Eu não...

― Eu não acredito. ― Ela foi até ele, com os olhos fervendo como duas bolas de fogo azul. Se abaixou e pegou as fotos. Seu olhar travou nelas, mas ela continuou indiferente. ― Eu confiei em você.

― Marinette, me desculpe, eu... ― Ele tentou se aproximar da garota, mas ela desviou dele.

― Não... Não chega perto de mim.  Vá embora.

O coração de Chat Noir apertou no peito.

― Eu sei que eu errei, mas... ― Ele se aproximou mais da garota, receoso. Os lábios de Marinette tremeram de raiva quando ele se aproximou. Sem nem pensar, pegou a primeira coisa que viu em sua frente e atirou nele.

Chat desviou sem dificuldade do porta-lápis colorido, porém vários lápis de cor voaram pelo ar antes de caírem no chão.

― Marinette, se acalme. Você disse que tinha superado ele, que não guardava rancor.― Ele colocou as mãos como proteção na frente do rosto e o virou quando ela jogou um caderno de desenho em sua direção. O caderno caiu no chão e suas mãos caíram ao lado do corpo e, quando seu rosto se virou, não teve nem tempo de arregalar os olhos antes da caneca se espatifar em sua testa.

Ele gritou antes de cair no chão e alguns lápis caídos perfuraram de leve suas costas. Sua visão embaçou e sua testa ardia. Seu olho direito se fechou e ele levou a mão a testa e não se surpreendeu quando viu que estava cheia de sangue.

― Chat? Ai meu Deus. ― Ela colocou as mãos na boca e arregalou os olhos. Após seu breve momento de choque, Marinette se abaixou na direção dele. ― Ah, eu sinto muito, muito mesmo, eu não queria te machucar, eu só estava brava, ai meu Deus. ― Seus olhos mostravam arrependimento, mas Chat ainda estava muito atordoado.

― Entendi, Marinette, você quer que eu vá embora. ― Ele se levantou com dificuldade e foi em direção a janela.

― Eu não vou deixar você ir embora. Não assim. ― Marinette se colocou na frente dele, com os braços abertos e um olhar determinado. Chat suspirou, cansado.

― Francamente, Marinette, eu realmente não te entendo. É impossível te agradar. ― Os braços dela fraquejaram um pouco, bem como seus olhos azuis, mas logo seu olhar determinado estava lá, como uma cortina, cobrindo a tristeza. Ele suspirou de novo e se sentou na cadeira.

Marinette não disse uma palavra, apenas foi até o armário pegar seu kit de primeiros socorros. Os 10 minutos seguintes passaram em silêncio, com, no máximo, alguns gemidos de dor vindos de Chat, mas em nenhum momento ele reclamou.

― Terminei. ― Marinette disse. Chat Noir já estava mais lúcido e realmente não sabia o que pensar disso tudo. Ele se arrependia do que disse a ela. Marinette errou, mas ele também errara. Além do mais, era impossível para ele fiar com raiva dela por muito tempo. Era claro que ele a perdoaria, a questão era se ela ainda quereria ele como amigo. ― Não tire o ponto falso até cicatrizar e troque o algodão a cada dia. Vai ficar uma cicatriz.

― Posso falar que tive minha primeira briga de bar. ― Os olhos tensos de Marinette procuraram os dele e a tensão sumiu quando viu diversão nos olhos verdes do gato. Ela até se permitiu dar um leve sorriso, mas logo o pesar voltou ao seu rosto.

― Eu acho que... ― Seus olhos umedeceram e Chat se sentiu pior. O que essa garota tinha que só com um olhar fazia ele ceder a todas suas vontades? ― Eu acho que você não vai mais querer me ver, mas eu realmente acho que você precisa saber por que eu fiquei tão... alterada quando vi você com as minhas fotos.

Ele ficou quieto.

― Bom, eu conheci ele numa cafeteria. ― Chat não queria saber, realmente. ― Ele ia sempre lá e eu... Bem, eu ia vê-lo, mas ele nunca pareceu notar minha presença, na verdade, ele sempre lia um livro e ficava lá. Um dia, num acidente, ele acabou me notando e começamos a conversar. Ele era mais velho e sempre tinha muitas meninas aos seus pés, mas, por algum motivo, ele me escolheu. Nós começamos a namorar e eu me sentia nas nuvens, de verdade, mas... Ele se formou no colégio. E veio a faculdade e ele foi estudar fora. Na mesma época, minha irmã foi aceita numa faculdade no exterior e foi o orgulho da família. Enfim, nós continuamos namorando, mesmo a distância. Um dia, eu... ― Ela engoliu à seco.

― Não precisa falar se não quiser.

― Não, tudo bem. ― Ela fez menção de sorrir, mas não conseguiu. ― Eu..., eu liguei para ele numa noite, mas quem atendeu foi um amigo dele. A música estava alta, então eu logo percebi que ele estava numa festa. Eu perguntei pelo meu namorado, e ele... Ele disse que meu namorado estava beijando outra garota. ― Chat arregalou os olhos e os de Marinette se encheram de lágrimas. ― Eu desliguei na hora e no dia seguinte ele me ligou tentando se explicar por ele tinha beijado... A minha irmã. ― Chat se mexeu, desconfortável. ― Ele falou na cara dura, como se eu já soubesse, mas... eu não sabia e... Foi um término bem conturbado.

Marinette ficou com a cabeça baixa, encarando o chão, enquanto Chat ficava sem saber o que falar.

― Eu... Me desculpe por te obrigar a falar, Mari, eu... eu não sabia.

― Tudo bem, não é como se seu sentisse os mesmos sentimentos por ele, mas ainda dói saber que eu fui traída desse jeito quando eu só tinha 14 anos. Acho que é por isso que odeio essas fotos, mas não consigo jogá-las fora.

O silêncio se instalou no quarto por alguns minutos.

― Eu não quero te segurar aqui. ― Ela se levantou do chão e Chat Noir da cadeira. Ela estava com os olhos no chão, mas assim que os ergueu, viu como Chat estava perto. ― C-Chat...? ― Ele a abraçou e ela ficou mais vermelha que um pote de morango.

― Saiba que eu estou aqui, e não vou te abandonar, mesmo você jogando canecas na minha cabeça. ― Ela ficou sem graça, mas, se Chat notou, não se importou. Por fim, ela relaxou e abraçou ele de volta.

Amava esse sentimento. Amava estar tão perto assim de Chat. Se sentia tão calma com suas palavras e tão feliz com seus gestos. Era como se voasse, de tão leve que se sentia perto dele.

Ele, por fim, se desvencilhou do abraço e foi em direção a janela. Ele estava com os braços nos batentes e a perna direita apoiada no peitoril, preparado para dar o impulso, quando se virou de novo para Marinette.

― Antes de eu ir embora, Marinette, eu preciso... Eu preciso te dizer algo. ― O peito de Marinette se encheu de esperança, mas ela tentou não parecer óbvia demais.

― O que é?

― Eu... Faz tempo que eu te vejo assim, não foi desses dias e eu sinto que... Eu sinto que você se tornou uma das pessoas mais importantes para mim. ― Ele ficou vermelho, não se sentia mais como Chat Noir, e sim como um Adrien tímido que simplesmente não consegue dizer o que sente para a menina que gosta. ― O que eu estou tentando dizer é que... É que eu gosto de você. Muito. Desesperadamente.

Os olhos de Marinette brilharam, mas pelos segundos seguintes, – segundos que para Chat foram anos – ela não disse nada. Quando ele estava se arrependendo de ter dito aquilo do nada e seu olhar baixou para o chão, ele foi surpreendido pela mão de Marinette em seu rosto. Seus olhos verdes buscaram fervorosamente seus olhos azuis e todo seu interior mexeu quando ele viu suas bochechas coradas e seu maravilhoso sorriso.

― Gato bobo. ― Dito isso, ela tirou a distância entre eles, selando um beijo apaixonado. Chat não perdeu tempo, e suas mãos foram direto para a cintura fina de Marinette. Sentir seus lábios doces novamente era uma sensação que Chat não saberia descrever. Já tinha beijado ela uma vez, se lembrava disso, mas tanta coisa aconteceu depois disso, porém essa era a primeira vez que Marinette parecia retribuir com toda fervura e calor.

Quando suas línguas se tocaram, Marinette se arrependeu por não o ter beijado antes. Era a melhor sensação que já tivera, com certeza, ainda mais ciente das mãos de Adrien subindo e descendo suas costas e, de vez em quando, dando uma leve apertada na sua cintura que a deixava louca.

Parar com o beijo definitivamente não era a intenção de Chat, mas a medida que o clima foi esquentando, Chat percebeu que não seria simplesmente um beijo se eles continuassem, e ele estava ciente que aquele não era o momento certo, mas quando ela enfiou os dedos no seu cabelo, ele se deixou mais 5 minutos antes de se separarem.

― Chat... ― Seu nome saiu como um sussurro e Chat quis mergulhar de novo em seus lábios, mas ele se controlou.

― Acho melhor deixarmos o resto para depois. ― Ela abriu os olhos e olhou fundo nos de Chat, como se compreendesse, mas não concordasse. Adrien estava com a respiração pesada, e ficar perto de Marinette não o ajudaria a melhorar. Ele se virou para a janela de novo e assim que suas mãos foram para o batente, Marinette o chamou:

― Chat, só mais uma coisa. ― Ele se virou, encarando seus maravilhosos olhos azuis. ― Eu também gosto de você. Muito mais do que jamais gostei de alguém. ― Chat sorriu antes de sair pela janela e desaparecer na noite.

Marinette deixou suas pernas trêmulas desabarem assim que ele saiu. Suspirando, levou suas mãos até o peito, onde seu coração batia descompassadamente.

Ela não tinha mais certeza que conseguiria se segurar por um mês, muito menos se Chat descobrisse seu namoro falso.

Já Chat, caiu na cama e se destransformou. O sorriso não saia de sua cara, e seus pensamentos voavam até Marinette, tanto que ele não ouviu nenhuma das provocações e investidas de Plagg.

Depois desse beijo, Adrien quase conseguiria esquecer que o ex-namorado de Marinette era, na verdade, seu irmão mais velho, Félix. Quase.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Desculpem mesmo a demora e muito obrigada pelos comentários ♥