Marinette estava incrivelmente estupenda naquela manhã. Diferente de suas roupas normais, Marinette usava um vestido rosa claro que ia até seu joelho e tinha alcinhas. E, diferente das normais marias-chiquinhas, Marinette usava um penteado especial, composto por um coque com o contorno trançado. Mesmo lindo e elaborado, era algo bem casual e suave.

Como planejado ― por ela e por Alya na tarde anterior, que passaram o tempo todo comprando e montando novos visuais. ― Ninguém tirava os olhos dela. Isso a deixava um pouco constrangida, porém ela tinha que continuar normal, embora suas bochechas levemente coradas mostravam a vergonha que ela sentia ― e que, por acaso, a deixava mais fofa.

Assim que entrou na sala, os cochichos e conversinhas pararam e todos passaram a encará-la. Ela queria agradecer a Deus por sua carteira ser a segunda, assim poderia ignorar os olhares mais cedo.

Ela fingiu não perceber, mas o olhar de Adrien sobre sua pele a queimava tanto que sentia sua bochecha mudar de rosa para o tom mais profundo de vermelho escarlate.

― B-Bom dia, Alya. ― Ela tentou disfarçar, enquanto sentava em sua carteira. Por mais que ignorasse, ela sentia inúmeros olhares queimando em suas costas.

― Uou! Ficou realmente bom em você! Seus dons de moda são realmente incríveis! ― Alya não estava ajudando.

― O-Obrigada... ― Sua face gradativamente voltava a coloração normal, deixando apenas um leve rosado.

A aula passou normalmente, embora ainda desconfortável, Alya conseguia fazer com que Marinette se esquecesse do resto.

O almoço chegou sem mais delongas.

― Eu devo escolher sanduíche de frango ou atum? Quero dizer, frango é bom, mas atum não engorda tanto. ― Alya parecia em uma situação de vida ou morte.

― Escolhe o que você gosta mais, depois é só dar uma passadinha na academia. ― Marinette piscou para ela.

A mesa que elas escolheram naquela manhã ficava um pouco mais visível, ideia da Alya.

― Alya, eu não sei se vou aguentar o dia inteiro, são muitos olhares em mim... ― Marinette se lamentava enquanto comia.

― Foi ideia sua, para início de conversa. Você sabe que o Adrien não conseguiu tirar os olhos de você quando entrou. Embora a Chloe tenha te mandado um olhar de puro ódio.

― Espero que ele tenha gostado do que viu.

― Claro que gostou, não seja boba. ― Alya achava engraçado a insegurança da amiga.

― Marinette. ― Ela seguiu a voz, o dono dela era, nada mais nada menos, que Nathanael, que como sempre, estava corado ao ver a menina.

― Sim, Nath, o que posso fazer por você? ― Nathanael corou mais ao ouvir o apelido.

― B-Bem, eu só... Só queria dizer que eu realmente gostei da sua roupa. Você ficou m-muito bonita nela.

― M-Muito obrigada, Nath ― Ela corou tanto quanto ele.

― E-Eu tenho dois ingressos p-para o cinema hoje, tem um filme muito interessante passando. Q-Quer ir comigo?

― M-Mas é claro, Nath! Nos vemos que horas?

― E-Eu posso te buscar em casa as s-sete. T-Tudo bem? ― A cor da face do garoto atingia cada vez mais os tons mais avermelhados.

― C-Claro, N-Nath! ― Marinette ficou vermelha como uma maçã. Ela pegou, desajeitadamente, uma folha onde anotou o endereço. ― A-Aqui, te vejo as sete então.

― A-Até.

Quando Marinette olhou para Alya novamente, percebeu o olhar confuso da amiga sobre ela.

― O que foi isso? Vai mudar do loirinho para o ruivo? E todo aquele amor? Desapareceu? ― Alya a atropelava com as palavras.

― C-Calma Alya. O Nath é legal, você sabe, eu não tinha nada para fazer hoje à tarde, de qualquer jeito, por que eu não posso me divertir? Não é como se o Adrien fosse me chamar para sair só por que eu mudei de roupa. ― Marinette respondia intrigada, perdeu todo o apetite. Foi jogar seu lanche fora e na volta, viu quem estavam ocupando dois dos três lugares na mesa: Nino e Adrien.

Seu coração pareceu parar e voltar, mas ela não queria pensar no pior, não queria pensar que talvez eles queriam sair entre amigos hoje à tarde.

― O-Oi pessoal, quer dizer, oi Nino e o-oi A-A-Adrien! O-O que estão fazendo aqui? N-Não que eu não os queira aqui, pelo contrário, só estou curiosa! ― Marinette se auto atropelava com as palavras. Adrien e Nino riram.

― Se quer tanto que nós vamos embora, é só dizer. ― Nino provocou.

― N-Não é i-isso! N-Não entendam mal! ― Marinette sentiu seu dia sendo arruinado.

― Relaxa, eu estava só brincando. ― Suspirou aliviada. ― Viemos aqui saber se vocês querem sair com a gente hoje à tarde, vai ter um festival bem legal na praça da Torre Eiffel. ― Nino perguntou, sorridente.

― Claro! ― Alya animou-se. ― Que horas?

― O festival começa às cinco e acaba as onze, mas temos que ficar para o show das oito, é simplesmente imperdível. ― O sorriso no rosto de Marinette sumiu na hora. Adrien falava tão animada que isso a contagiou, mas ela não podia fazer isso com o Nath.

― E-Eu tenho um compromisso, sinto muito. ― Adrien me encarou, surpreso, mas com um semblante levemente triste.

― Não dá para adiar? Esse festival só acontece uma vez por ano e... ― Adrien não conseguiu terminar a frase ao ver o olhar de Marinette, que mostrava o quão impossível aquilo era.

― O-O Nathanael me chamou para sair. ― Seu rosto foi tomando um vermelho de tristeza. ― Eu não posso simplesmente desmarcar.

Agora não só Adrien, mas Nino também demonstrava um olhar triste.

― É uma pena... ― Nino comentou. Alya parecia sofrer pela amiga. O silêncio pairou no grupo e Marinette nem percebeu que não tinha se sentado.

O sinal bateu para alívio de todos. Sem dizerem uma palavra, todos foram para a sala.

Pela primeira vez, o grupo não conversou no resto das aulas.

***

― Marinette! ― Uma voz a parou na saída da escola. Ela queria virar e ver olhos verdes e cabelos loiros, mas não foi isso que aconteceu.

― Oi, Nath, algum problema? ― Tentava não demonstrar o aborrecimento.

― E-Eu só queria saber se está r-realmente tudo de pé. E-Eu sei que você t-tem outros amigos e ... ― Marinette não podia deixa-lo sozinho. Nath parecia realmente empolgado com aquilo. O coração de Marinette era muito puro para esse tipo de coisa.

― Claro que sim, Nath! ― Ela segurou suas mãos e sorriu. Ele envermelhou como seus cabelos e começou a gaguejar coisas sem sentido. ― Te espero em casa. ― Ela se soltou dele e foi para casa.

Nathanael só conseguia ficar ali parado, olhando a garota ir embora.

Aquela seria uma longa noite para aqueles dois.

***

― Por que você está fazendo essa cara? Você já sabia da resposta. ― Nino perguntou ao amigo que observava Marinette e Nathanael de longe.

― Eu só queria ouvir da boca dela.

― Feliz com o resultado?

― Como eu poderia estar feliz sabendo que ela prefere sair com outro cara ao invés da gente? ― Adrien estava com a cara fechada.

― Adrien. ― Nino chamou. ― Você gosta dela?

A carranca de Adrien desapareceu e deu lugar a uma cara surpresa e vermelha.

― O-O que? E-Ela é m-minha a-amiga, é c-claro que e-eu gosto d-dela. ― Nino fingiu acreditar.

Adrien estava confuso. Por que ele estava tão irritado? Ele gostava da Ladybug, não é? Mas quando a Marinette entrou na sala com aquele vestido e aquele cabelo.... Seu cérebro parou de funcionar e tudo que ele via era ela.

Quando ele a olhava de longe, percebia que era tão linda e animada, mas isso não acontecia quando estava perto dela. Ela parecia odiá-lo. Ele não queria isso. Até porque, sua animação lembrava tanto a Ladybug...

Adrien sabia uma coisa. Ele iria nesse encontro, mesmo que fosse como Chat Noir.