D'edowolŗěd escrita por Sugar High Unicorn


Capítulo 1
Capítulo Único - D'edowolŗěd (Darling)


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas desse site ^^

Mais uma ideia louca que me veio a cabeça e não pude dormir até terminar de escrever, então resolvi postar de uma vez.

Espero que gostem:

*OBS: Meu conhecimento de Star Trek é limitado aos dois filmes lançados e pesquisas no google (quando n tô com preguiça), então por favor se tiver algo que não se encaixa, vai na onda kkk



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Eles estavam três meses dentro de sua missão de cinco anos quando o planeta desconhecido foi avistado. Ele era ao menos quatro vezes maior que a terra e os sensores indicavam que 89% do planeta era coberto de água e ele tinha uma atmosfera respirável de Nitrogênio e Oxigênio. Não possuía nenhuma forma de vida detectável.

Kirk, que desde o começo da missão praticamente pedia por uma aventura, não perdeu tempo em conseguir trajes de mergulho para que pudessem explorar o recém-descoberto planeta. Spock, como sempre, contestou a sanidade mental de seu capitão, ao ver que o mesmo resolvera simplesmente “mergulhar de cabeça”, em suas próprias palavras. Ironia intencional.

Deixando o comando com Sulu, eles foram transportados para uma pequena parte de terra no meio de toda a água que cobria o planeta. Decidindo que era “agora ou nunca”, Kirk pulou na água, sendo surpreendido por corais coloridos e alguns pequenos peixes de uma espécie que ele nunca havia visto.

Spock logo afundou ao seu lado, a face neutra como sempre, enquanto nadavam para explorar o recém-descoberto planeta. Eles estavam nadando por uns bons dez minutos, aumentando a profundidade cada vez mais, quando a ouviram.

fr๑mah mah, mahun fr๑n'hwodoh'j๑n'hh's pahɨwoh's

Kirk se virou para Spock, tentando confirmar se ele havia ouvido o mesmo que o loiro, mas se deparou com o primeiro oficial num estado de transe.

fr๑mah v'hɨæ̀ mah, fr๑n'hwodoh'j๑n'hh's pahɨwoh's, fr๑mah ŧє biŧєmah ๑f'h ŧє do. ๑biun ๑n'hwo d'eh's d'e v'h' bi 'kd'e, h'jɨ n'hh's un๑n'hwo l๑, bi๑d'eun d'e mahd'e.

O cântico era em alguma língua desconhecida por eles, o que deixou os mesmos mais encantados. Ele sentia que algo estranho estava acontecendo, mas sua mente estava nublada pela bela voz que entoava a melodia repetidamente.

Sem consciência de suas ações, os dois oficiais foram cada vez mais afundando nas águas desconhecidas, sem nunca parecer chegar ao fundo. E então eles a viram.

Kirk podia jurar que, se perfeição tivesse um rosto, seria o daquela mulher. Os cabelos claros e longos flutuavam na água, formando formas espiraladas como se houvessem sido feitos para ficar daquela forma, suspensos. Os olhos de caleidoscópio eram hipnotizantes e ele não conseguia parar de os admirar. Além disso, havia a pele clara e boca carnuda e rosada, convidativa como um copo d’água após dias no deserto.

fr๑mah mah, lɨŧєŧєl bin'hh'jh's, d'e ɨ' f'hɨqe un๑n'h. d'e๑ un๑n'h v'hŧє 'k๑v'h pahf'hfrŧєɨ, v'h fr h'sh๑v'h un๑n'h.

Ele virou o rosto para ver mais mulheres se juntando à primeira, e só então notou. Elas não possuíam pernas, mas sim enormes e adornadas caldas. A calda começava bem a baixo dos seios, que estavam a mostra, e as escamas pareciam possuir um brilho próprio. Ele queria tanto tocar... só...

h'shn'hŧє n'hpah, biɨŧєfrh!

O cântico parou quando a exclamação foi proferida fazendo todas as mulheres se virarem para alguém atrás deles. Embora as palavras parecessem soar mais em suas mentes que no ambiente, fora ouvida por todos. Kirk não conseguiu seguir o olhar delas, ainda hipnotizado pela beleza encantadora das sereias. Spock não estava em melhor estado, embora seu cérebro gritasse que não havia lógica em suas ações, a voz dos seres aquáticos parecia ter uma droga, o entorpecendo a cada palavra da língua desconhecida.

h'j๑ dov'hdoun, f'hdo'k!

Entoaram todas as mulheres, o cântico melodioso se transformando num silvo raivoso.

Kirk e Spock sentiram algo os puxando para longe das belas sereias, e seus corpos lutavam para permanecerem na presença entorpecente das beldades, os fazendo tentas se libertar.

Nenhuma outra palavra na língua local foi proferida, mas eles viram quando as sereias avançaram em sua direção e algo... alguém, se colocou na defesa deles, as atacando com unhas e dentes, literalmente.

Em alguns segundos, a mente deles desentorpeceu, os fazendo ver o que realmente se encontrava em sua frente. As mulheres tinham sim cabelos brancos, mas eram sem vida e flutuavam como peixes mortos. Seus olhos eram cor de sangue e a boca era seca, mas repleta de dentes afiados que prometiam dor. As caldas, como peixes em decomposição, eram acinzentadas e pareciam estar descamando, dando uma aparência podre.

Entre todas as mulheres havia um vulto esverdeado, golpeando, arranhando e até mordendo as sereias, fazendo a água se encher de sangue. Spock foi o primeiro a tomar ação, se lançando contra uma das sereias e logo a imobilizando, partindo para repetir sua ação novamente em outra delas.

Kirk logo se recuperou o suficiente para se lembrar da arma que havia trazido, capaz de imobilizá-las por ao menos tempo suficiente para escapar. Ele partiu para a ação, desabilitando quantas sereias conseguisse, mas pareciam vir mais e mais.

E então ouviram o grito.

Não, não era um simples grito, era um urro sônico que fez suas orelhas doerem e ele se arrepender de ter comido algo no almoço, já que se sentia prestes a vomitar.

E então as sereias caíram.

Bem, nem tanto caíram como fugiram, sibilando coisas incompreensíveis enquanto iam para o mais longe do local quanto podiam. Kirk logo se virou para ver o motivo da fuga, só para avistar o corpo inerte, ou o quão inerte se pode estar na água, de uma garota.

Spock logo se aproximou do corpo, notando que ela não se parecia com as outras. Ela era quem os havia salvo. A garota parecia entre os dezoito e vinte, com cabelos ruivos longos e pele pálida. Ela estava coberta de cortes, pequenos e profundos, do pescoço aos pés. Passando os braços por baixo dos joelhos e do abdômen da garota, Spock nadou com ela até Kirk, que o observava.

- Ela...

- Está viva, embora os cortes pareçam emanar algum tipo de substância tóxica, portanto há 76% de chances de que ela não permaneça viva – Spock diz

- Vamos levá-la para a nave – Kirk diz, após contemplar as opções por alguns segundos.

- Capit...

- Spock, nós vamos leva-la – Ele não aceita protestos – Se não fosse por ela, provavelmente estaríamos mortos.

Spock somente assente, e voltam a nadar até chegarem ao pequeno espaço de terra firme. Spock tenta argumentar que a garota pode não sobreviver fora d’água, mas Kirk escolhe correr o risco. Eles avisam a Sulu que são três para subir.

Há silêncio na ponte quando os dois aparecem, a garota sangrando nos braços de Spock e Kirk portando alguns cortes não fatais, assim como o primeiro oficial. Spock imediatamente se encarrega de transportar a garota até a ala médica, onde a coloca sob cuidados do Dr. McCoy.

O relatório que enviam para a base é bem interessante aquele dia.

Eles haviam se retirado da órbita do planeta após descobrirem que a nave não detectou nenhuma forma de vida porque algo na água bloqueava os sinais do scaner, e por isso não haviam sido avisados da existência das ditas “sereias”. A garota havia sido tratada na ala médica, após vinte horas de trabalho em um soro para retirar o veneno de seu sistema, que McCoy havia dito ser parecido com o de algumas cobras marinhas de Puethur, um planeta que haviam visitado em uma das primeiras missões e Kirk havia conseguido ser picado.

Três dias depois, a garota despertou, sentando-se na maca se sentindo completamente confusa. A ruiva olhou em volta, percebendo claramente que estava na superfície, mas não sabia mais nada além disso. O local se parecia com um hospital, embora muito mais tecnológico que da última vez que vira um.

- Você acordou – Um homem se aproximou dela, e ela logo identificou a linguagem e adaptou sua mente para a mesma.

Claramente.

A voz em sua mente fez McCoy pular em alarme, olhos arregalados.

- Você é telepata.

Ótima observação.

O rosto neutro da garota não indicava sarcasmo, mas o tom da voz em sua mente lhe entregava. McCoy tomou alguns segundos para se acostumar com isso, e então logo se pôs a verificar o estado de sua paciente, retirar bandagens e ajustar algumas máquinas ao redor.

Posso por favor ter um copo de água?

McCoy assentiu e foi buscar um para ela. Assim que ela consumiu um copo, pediu imediatamente por outro. Foram cinco copos d’água até ela declarar que era suficiente e agradecer pela bebida e pelos cuidados médicos. McCoy somente murmurou que era o mínimo que podia fazer por ela ter salvado os traseiros do capitão e seu primeiro oficial.

Em algumas horas foi notado que todas as feridas haviam se fechado e somente haviam pequenas linhas escurecidas onde antes estavam os cortes. McCoy finalmente a permitiu se levantar e andar (quase) livremente pela ala médica.

Assim que ela se acostumou com seus arredores, voltou à maca onde havia acordado, só para encontrar o médico informando os dois homens que ela vira no mar sobre sua condição.

Spock foi o primeiro a perceber sua presença, finalmente podendo analisar melhor a aparência da garota. Além dos cabelos ruivos que agora era visível que chegavam até o meio das costas, ela possuía olhos num tom azul-lilás, a boca rosada e bochechas um pouco coradas. Em suas pernas, bem nas laterais, haviam escamas em algumas partes, e algo que podia ser uma nadadeira em cada lado das mesmas.

Kirk, assim que a viu, tentou se aproximar. Má idéia.

Ela deu três passos para trás, soltando um chiado defensivo e mostrando a boca, os dentes pontudos e afiados, embora menores que os das mulheres que viram no mar. As unhas afiadas pareciam prontas para perfurar pele. Ela então arregalou os olhos e, respirando fundo, tentou se acalmar. Eles observaram enquanto as unhas e os dentes se retraiam, voltando a parecer normais.

Desculpem-me por isso... foram reflexos.

Spock e Kirk se surpreenderam com a voz em suas mentes, o primeiro só demonstrando com um quase imperceptível arregalar de olhos, enquanto Kirk praticamente pulou.

- Esqueci de avisar, ela faz isso – McCoy parece entretido e ambos duvidam que ele tenha realmente “esquecido”.

Não se preocupem, eu simplesmente projeto meus pensamentos. Funciona como se eu estivesse falando, dependendo da distância alguns não escutam e não posso exatamente escolher quem me ouve a não ser que esteja tocando na pessoa.

- Por que você não fala? – Foi a pergunta que, sem permissão, saiu da boca de Kirk.

A garota pareceu entristecer-se, olhando para o chão.

Eu gostaria de não falas sobre isso, se possível.

- Como se chama? – Spock perguntou, desviando habilmente o assunto assim que percebeu que durante todo esse tempo, eles não haviam pedido essa informação, o que era ilógico.

Connie H’lays.

- Bem, Connie, Eu sou o Capitão James T. Kirk, esse é o Primeiro Oficial Spock e você já conhece o Bones. Você está na USS Enterprise. Somos membros da federação dos planetas unidos e estamos numa missão de cinco anos corajosamente indo a onde ninguém jamais foi no espaço, a fronteira final – Kirk disse orgulhosamente.

Isso soa como um comercial fajuto.

Ele não se sentiu ofendido, pois pode ouvir o riso da garota reverberar em sua mente, além do de McCoy, que riu baixo, concordando com Connie. Até Spock sorriu, de um jeito Vulcano, o que quer dizer que ele moveu o canto da boca um milímetro para cima em um quarto de segundo.

Connie olhou para os homens que a olhavam, os analisando.

O médico parecia simpático, confiável, embora talvez um pouco dependente da bebida.

O capitão exalava ansiedade – literalmente, seu olfato é bem aguçado -, inspirava confiança e parecia ser um imã para confusão.

O primeiro oficial parecia, após um olhar, misterioso. Ela sabia que ele não era humano, mas seu olhar era tão repleto de perda que ela não pôde evitar sentir solidariedade, além de um impulso para descobrir mais sobre aquele ser misterioso.

Com um leve sorriso, ela se despediu dos dois últimos, voltando a se deitar por ordens do doutor.

Ela fechou os olhos, suspirando.

Talvez as coisas estejam finalmente melhorando.

Ainda levou mais um dia e incontáveis exames para que McCoy a permitisse sair da ala médica, e só porque ela havia começado a cantarolar “9999 garrafas de leite na parede” em sua cabeça, com 9000 a mais que o normal, e ele não queria saber qual seria a próxima após ela chegar em 0 garrafas.

Connie havia sido dada um uniforme da frota, embora este fosse preto e ficasse um pouco curto em si, ela se conformou e finalmente pisou para fora da ala médica. A nave onde se encontrou era enorme, muito maior do que qualquer uma que já havia visto naufragar em Varlys. Também era muito mais avançada tecnologicamente que tudo que já havia visto.

Após explorar, sem um exato objetivo, ela se viu no elevador, se direcionando à ponte. Ela imaginou que lá encontraria o capitão. Assim que a porta se abriu, Spock a notou.

- Creio que sua recuperação foi bem sucedida, visto que o doutor lhe autorizou a sair da ala médica – Spock declara, se virando para a garota.

Era me liberar ou ter de escutar músicas irritantes por tempo indeterminado em sua mente. Creio que foi uma escolha fácil.

O tom entretido de sua voz traía sua expressão neutra. Infelizmente, nem todos na ponte foram avisados da telepatia de Connie, o que causou vários sobressaltos.

- Connie! – Kirk se aproximou dela, a fazendo dar um passo para trás em receio, e logo corar envergonhada. Eles a haviam salvo, não havia o que temer... provavelmente – Você está...

O olhar do capitão passou por todo o corpo da garota, a fazendo corar.

Desconfortável seria a palavra, capitão. Favor retornar seus olhos para o meu rosto, se possível.

Kirk, pela primeira vez, pareceu se envergonhar, e logo concedeu ao pedido da garota.

Ela é linda.

Eles não entenderam até notarem a garota admirando a nave.

- Eu sei – Kirk diz, com orgulho. Se há uma coisa de que ele se gaba, é a beleza de sua nave.

O que usa para se mover?

- Cristais de Dilithium e um bom motor de dobra – Kirk sorri de lado.

Oh, que bom que não naufragaram esta nave em Varlys. Seria a primeira coisa que as Serinas roubariam.

- Eu pensei que elas se alimentassem de exploradores? – Kirk a olha, confuso.

Antes fosse. Elas só os capturam e torturam, logo os matando e dando de comer aos peixes mais ferozes. Elas se alimentam de matéria.

- Uh – Foi tudo que saiu da boca de Kirk.

- Srta. H’lays, aparentemente tem bastante conhecimento para com os hábitos culturais de tal espécie. Posso solicitar informações para reportarmos à base? – Spock os interrompe

Quando se passa dezenas de anos observando alguém, claramente se aprende algumas coisas.

Connie respondeu.

Não terei problemas em lhe dar um relatório completo de todos os aspectos do planeta e suas formas de vida se me for fornecido um meio de escrita.

- Espera, dezenas? Você não parece ter mais de dezenove! – Kirk exclama

Te asseguro, sou mais do que aparento ser.

Connie sorri de lado, e sua fala implicitamente se refere a mais que sua idade.

Um arranhar de garganta chama a atenção do capitão para a mesa de Uhura.

- Sem querer interromper, capitão – Ela inclui na palavra veneno suficiente para matar um elefante – Quando vai nos apresentar sua... amiga?

Eu posso falar por mim mesma. E sim, entendo a ironia do momento.

Uhura suaviza sua expressão ao perceber que ela não estava ignorando a todos por despeito, mas sim por não saber como se aproximar.

Meu nome é Connie H’lays, é um prazer.

- O prazer é meu, conhecer quem salvou os traseiros desses dois inconsequentes – Ela sorri levemente.

- Tenho a dizer em nossa defesa que o scaner não havia detectado nenhuma forma de vida no planeta – Spock se defende, em seu modo neutro – Embora eu devia ter imaginado que com a propensão do capitão a se “meter em encrenca”, como dizem coloquialmente, acabaríamos em alguma situação comprometedora, como o ocorrido.

O “Ei!” do capitão foi ignorado quando todos ouviram a leve risada da garota em suas mentes, o que era estranho, porque ela se mantinha com expressões neutras.

Após essa “quebra de gelo”, o resto dos presentes na sala se apresentou e um rapaz de cabelos encaracolados que ela aprendeu se chamar Chekov lhe forneceu um PADD para que ela registrasse os dados sobre Varlys. Kirk lhe apontou uma cadeira ao lado da estação de Spock e ela se sentou, logo se pondo a escrever.

Uma hora e alguns minutos haviam se passado quando Spock a ouviu. Era como um pequeno eco no fundo de sua mente, mas estava lá. Ele se concentrou para ouvir o que era pronunciado, e identificou uma melodia.

ɨ v'hಌdo 'k๑v'h... v'hhdoŧє un๑n'h æ̀'k dobi๑n'hŧє un๑n'hwo f'hn'hŧєn'h, fr un๑n'h mah v'hhdoŧє un๑n'h æ̀'k, v'hhdoŧє un๑n'h æ̀'k dobi๑n'hŧє un๑n'hwo lɨf'h?

Ele olhou para Connie, a garota estava sentada de pernas cruzadas em uma cadeira ao lado de sua estação, digitando rapidamente no PADD e cantarolando baixo em sua mente. Com uma melhor análise, ele percebeu que ela não tinha conhecimento de estar cantando, muito menos na língua das Serinas. A diferença era que a música da garota não afetava a mente de ninguém, como a delas havia feito. Mesmo assim, ele se viu tendo que admitir que era uma boa melodia, embora parecesse um pouco triste.

Ele resolveu seguir com seu trabalho, ao som do cantarolar da garota, pois não teve em si para pedir que se silenciasse. Ele se viu terminando o que lhe faltava de obrigações rapidamente, tendo no final como tarefa somente a monitoração básica dos controles. Nesse momento ele se virou para Connie, ao ouvir a melodia um pouco mais alta, mas um pouco falha.

ɨf'h un๑n'h æ̀'k æ̀doŧє un๑n'h' woh'j ๑n'hh'jh, ɨf'h un๑n'h æ̀'k un๑n'h bilh'j ๑n'hh'jh, ɨf'h un๑n'h æ̀'k æ̀doŧє un๑n'h' woh'j ๑n'hh'jh, ɨf'h un๑n'h æ̀'k un๑n'h bilh'j ๑n'hh'jh...

Ela estava com os joelhos encolhidos contra o corpo, somente o PADD entre ela e suas pernas, enquanto ela digitava devagar, parecendo perdida em sua própria mente. Os olhos azul-violeta, ele notou, estavam levemente avermelhados e brilhando, o que indicava um pequeno acúmulo de lágrimas. Mesmo assim a expressão da garota não era nada além de neutra.

Ele queria não entender tão bem o que ela estava fazendo.

- Capitão – Spock chamou a atenção do homem, que parecia também estar perdido em sua mente enquanto olhava para a tela frontal da nave.

- Sim, Sr. Spock? – Kirk se virou para ele

- Acredito que seja de seu interesse providenciar um local de estadia para a Srta. H’lays – Spock diz, fazendo com que Kirk se lembre da garota encolhida no canto da ponte e olhe para lá, a vendo com lágrimas nos olhos.

Spock era a última pessoa de quem Kirk esperava uma reação à demonstração emocional alheia, mas passou a admirar o primeiro oficial um pouco mais depois disso.

- Pode a levar para o dormitório vago que faz par com a Uhura – Kirk disse, voltando a se concentrar na tela como se fosse a tarefa mais importante que lhe fora dada.

- De acordo – Spock diz e se aproxima de Connie. Ela o nota e rapidamente se senta direito.

Eu já estou prestes a terminar, eu só...

- Não há motivos para se apressar com o término, visto que o prazo para o envio de meu relatório é de uma semana e não haverá problemas se escolher termina-lo em outro momento – Spock assegura – Eu sugiro, no entanto, que venha comigo para que lhe mostre seus aposentos temporários.

... De acordo.

Ele se vira, seguindo para o elevador e contando com que ela o siga. Em alguns segundos eles se retiram e logo se encontram nos aposentos que Kirk indicou a ele. O quarto é de um tamanho médio, com uma cama, estante e uma mesa com duas cadeiras no canto. A porta do lado direito leva ao banheiro, que por sua vez é ligado ao quarto de Uhura. O quarto de Jim se encontra na porta ao lado, ligado pelo banheiro ao de Spock.

Obrigada.

- Agradecimentos são ilógicos – Spock retruca.

Retirar alguém de um ambiente por estar tentando esconder um mal estado emocional também é, Spock.

Ela sorri tristemente para ele, que ignora a observação em função de a analisar.

- Você estava cantando – Ele comenta

O que?

- Enquanto escrevia, estava cantando em outro idioma. No mesmo que as Serinas – Ele detalha para que ela entenda.

Oh, eu não percebi. Sinto muito se isso perturbou seu rendimento.

- Não foi um incômodo, mas se posso perguntar, o que estava cantando? A melodia não me é totalmente estranha – Ele pergunta, com leve curiosidade.

Eram algumas músicas antigas que ouvi numa das naves que naufragou em Varlys, de uma banda chamada Radiohead. Eu a traduzi para Varlysian, minha língua-mãe.

Spock imediatamente identificou de onde conhecia a música. Sua mãe possuía alguns discos de vinil, praticamente raridades terrestres, ela dizia. A havia ouvido cantando uma dessas músicas várias vezes.

A onda de tristeza que passou por Spock não foi despercebida por Connie, que viu imediatamente nos olhos do Vulcano que algo estava errado. Ela então analisou o quarto, era muito vazio, impessoal. Ela temia ficar sozinha ali.

Eu espero que não seja pedir muito, mas me encontro receosa a permanecer sozinha aqui, seria possível que eu pudesse... te acompanhar?

Spock deveria ter recusado, ele pensou alguns minutos depois, quando se encontravam em seus aposentos, mas sinceramente não quis deixar a garota sozinha nos aposentos designados após ela dizer que tinha receio de ficar lá.

No momento, ele estava lhe ensinando as regras do xadrez, e ela estava aprendendo rápido.

Então se eu fizer esse movimento...

Ela logo quebrou a defesa dele, deixando o caminho livre para o rei. Ele levantou levemente a sobrancelha, surpreso com a rapidez do aprendizado de Connie. Após várias partidas, eles não notaram quando Uhura entrou no quarto, após haver batido três vezes.

Ela abriu a porta um pouco e logo contemplou a vista de Spock e Connie um de cada lado da mesa onde o tabuleiro de xadrez se encontrava. Claramente ele a havia ensinado, pois duvidava que houvesse xadrez no planeta alagado da garota.

Uhura sorriu ao ver ela fazer cheque, sem nem ao menos surpreender Spock. Eles haviam terminado após o incidente do vulcão há quase seis meses, e desde então eram bons amigos, então ela se viu feliz ao notar que ele havia feito amizade com mais alguém, mesmo que fosse uma garota-peixe telepata. Se retirando dali, ela foi para seu quarto.

Elas cortaram minhas cordas vocais.

A voz de Connie em sua mente corta o silencio confortável em que estavam durante o jogo. Spock levanta a cabeça de onde analisava sua estratégia para analisar a garota. Ela mexia em uma das peças descartadas, evitando contato visual.

O capitão havia me perguntado...

Ela o olha.

Foi isso o que houve.

- Por que razão? – Ele se viu perguntando.

Meu pai era um Thrlem, do planeta Thir no quadrante Alfa-Y. Thrlemnes eram seres vastamente inteligentes que tinham aparência humanóide e se comunicavam por telepatia.

Ela começou.

Eles há tempos foram extintos. Meu pai havia ido em uma viagem de exploração e acabou naufragando em Varlys, o planeta das Serinas. Ele foi seduzido, mas diferente de alguns, convenceu a Serina a não o matar. Eu fui o resultado da noite deles, mas quando nasci, todas as Serinas se revoltaram. Eu não era uma puro-sangue, portanto era impura e deveria morrer. Meu pai fugiu comigo, conseguiu concertar a nave e voltou ao planeta, mas havia acontecido uma guerra e uma raça os havia dominado.

Nunca voltamos para casa, até os cinco anos vivemos na nave, sem ter energia para nos deslocar, e então meu pai resolveu voltar a Varlys. Ele se entregou às sereias em troca de pouparem minha vida e cuidarem de mim. Bem, elas me mantiveram viva, mas decidiram que eu não merecia fazer uso de minha voz nem possuir uma cauda, não quando não era como elas. Elas arrancaram minhas cordas vocais, partiram minha cauda e me deixaram amarrada numa pedra perto da superfície, sem nunca poder descer.

Alguns anos depois um explorador me soltou, a água já havia curado minha garganta e minha cauda, que havia sido amarrada enquanto rasgada ao meio, havia se transformado em um par de pernas. Eu voltei para o fundo, mas nunca pude realmente fazer nada, somente tentar proteger os exploradores que caíam ao planeta.

Spock não sabia realmente o que dizer à garota, que abrira grande parte de sua vida para ele. Pensando, ele imaginou que seria lógico compartilhar também um fato sobre si, já que aparentemente era assim que ocorriam as conversas humanas.

- Meu planeta foi destruído – Ele se vê dizendo, sem realmente querer.

Não precisa me contar nada em troca, Spock.

Ela o observa, curiosa.

Eu simplesmente queria lhe informar, e agradeço por escutar. Mesmo assim, sinto muito pelo seu planeta.

Ele assente e então voltam ao silêncio confortável.

***

- Spock! – Kirk aparece no refeitório na manhã seguinte, parecendo alarmado. Como ainda é bem cedo e não há muitas pessoas ali, ele não chama muita atenção – Não consigo encontrar a Connie.

- Já verificou os aposentos dela? – Spock sugere.

- Claro, ou não estaria dizendo que não sei onde ela está – Kirk revirou os olhos.

Spock concordou em o ajudar a procurar, mas falou que antes passariam na cabine da garota. Ele entrou no local e logo se dirigiu à porta do banheiro, a abrindo devagar e contemplando o que havia ali.

Kirk segurou o riso ao ver Connie na banheira, com a mesma cheia de água, dormindo pacificamente. Como um peixe num aquário. Ficou mais entretido ainda ao ver que ela só se encontrava em roupas intimas.

- Creio que seja melhor acordá-la – Spock constata

- Boa sorte com isso – Kirk ri e se retira.

Spock se aproxima da banheira, inserindo a mão na água e notando a temperatura perigosamente quente, muito diferente da água do planeta onde Connie vivia, que era bastante gelada.

Ele então, como é mais resistente ao calor, retira a garota da banheira. Os pensamentos e sentimentos que o invadem são aterradores, e ele então se arrepende de ter feito contato com a pele da garota. Por ambos serem telepatas, ela facilmente transmite suas emoções e pensamentos para ele inconscientemente.

A tristeza da garota o deixa em transe por alguns segundos, seguida pelo pensamento: lŧє mah d'eɨ. Ele não sabe o que é, mas consegue decifrar que ela havia esquentado a água com propósito de tirar a própria vida, não imaginando que aguentaria a temperatura. Ele então notou as várias queimaduras pelo corpo da garota, sem entender por que alguém faria tal ato.

Ele a posicionou na cama da cabine, mas quando tirar seus braços de debaixo dela, Connie acordou.

Connie havia ido para sua cabine com toda a intenção de não sair de lá novamente. Ela finalmente estava fora daquele maldito planeta, portanto não seria impedida de morrer por nenhuma maldita Serina com senso de honra que prometera mantê-la viva, embora insistisse em torturá-la.

A água quente seria suficiente para uma morte rápida, em sua opinião, pois pelo que ouvira das Serinas, um dos exploradores uma vez matara uma delas com este método. Ela não contava que sua metade Thrlem a mantivesse viva, queimando aos poucos, e quando percebeu esse fato, ela já estava praticamente inconsciente.

Ela percebeu, no entanto, quando a dor diminuiu e ela foi movida. Seus olhos se arregalaram e ela encarou quem a havia retirado da banheira. Spock estava ali, cuidadosamente a colocando na cama. Ela, num breve momento de desespero, agarrou o braço do mesmo.

Tudo fluiu de uma só vez para sua mente, a tristeza do Vulcano ao vê-la tentar tirar sua vida, o que ele considerava uma coisa valiosa, e algo que sua própria mãe e muitos de sua raça já não possuíam. Em troca, todo o receio e a depressão da garota foram sentidos por Spock, que sentiu em seguida seus olhos ficarem levemente molhados. Ela havia vivido por mais de duzentos anos à mercê dos seres cruéis que deveriam ser sua família, mas ao contrário a torturavam em toda oportunidade e ela não podia morrer. Sempre que tentava, uma delas impedia.

Em algum momento, ela havia começado a chorar, e agora ele sentiu o fluxo de vergonha que emanou de Connie para ele. Spock logo tratou de a envolver em seus braços. Ele já a havia tocado, não havia nada pior para acontecer. Ela não protestou, se aninhando contra ele, enfiando a cabeça contra a blusa do primeiro oficial.

ɨ'mah h'swoun. Eu sinto muito. f'hh'jɨ mah. Me desculpe. ɨ'mah h'swoun. Eu sinto muito. f'hh'jɨ mah. Me desculpe. ɨ'mah h'swoun. Eu sinto muito. f'hh'jɨ mah. Me desculpe...

Os pensamentos dela na mente dele o pegaram de surpresa.

Está tudo bem, ashal-veh.

Ele transmitiu para a mente dela, se referindo a ela não ter que se desculpar, e não à situação. Ela se sentiu mais calma ao saber que ele não a odiaria por ter invadido sua mente sem permissão.

Connie pensou novamente no que ia fazer e viu que, naquele momento, ela não sentia vontade de tirar sua vida. Ela sentia como se pudesse ficar ali para sempre, não importa o quão ilógico isso fosse.

Ela se deixou acalmar, aconchegando-se no peito do Vulcano e deixando o sono que tentava lhe tomar finalmente a consumir.

ɨ l๑wr un๑n'h.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?

Aceito críticas construtivas :)

Beijos de algodão doce!

—Unicorn

EXTRAS:

SIM! Eu inventei uma língua alienígena, um planeta, uma espécie (dois, se contar com a história dela) e etc. Como fiz isso?

Bem, com o auxílio destes sites:

http://fantasynamegenerators.com/language-generator.php#.VnIeXfkrLIW

> Neste você cria seu próprio alfabeto, colocando com o que substituir cada letra e as combinações de letra, e então escreve e ele traduz. (recomendo escrever em inglês para tradução)
http://www.scifiideas.com/planet-generator/

> Aqui ele gera nomes de planetas, o sistema em que ele se encontra e uma breve descrição, tudo aleatório. (recomendo que entenda inglês, fica mais fácil)
http://www.scifiideas.com/alien-species-generator/

> Neste ele te fornece uma raça, o planeta onde se encontra e uma breve descrição da mesma. (também em inglês)
Claro, não peguei exatamente tudo igual o que eles fornecem, fiz minhas próprias mudanças, mas foi de grande ajuda (porque haja criatividade pra criar planetas e raças, precisa-se de uma mãozinha mesmo)

P.S.: Se quiser saber o que o Spock falou pra ela em vulcan... É o nome da FIC!

P.S.2: Print do MEU alfabeto pra essa fic

http://imgur.com/037hx3s



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