'Twas the night before Christmas... escrita por Hikari Mondo


Capítulo 1
'Twas the Night Before Christmas


Notas iniciais do capítulo

Fanfic motivada pelo Desafio de Natal do grupo Shikatema BR



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“E então, você não quer passar o Natal deste ano com a gente?”

Temari virou-se para encarar seu namorado. Noivo, corrigiu-se mentalmente. Eles estavam saindo de uma reunião no quartel general da União Shinobi, a última do ano, antes das celebrações de fim de ano.

“Eu... não sei. Minha família não é das melhores em comemorações, mas ainda gostaria de passar com meus irmãos...” Temari admitiu sincera. Não seria uma boa idéia mentir para ele.

“Mas você pode passar com seus irmãos. Quero dizer, minha mãe convidou eles também. Digo, eu gostaria que eles fossem.”

Temari ergueu uma sombrancelha. “Não sei se seria uma boa idéia...” Apesar de seu trabalho extenuante como diplomata, Temari não conhecia todas as tradições de Konoha. Isso seria ainda pior se fossem os três irmãos, e ainda considerando estarem entre um dos clãs mais renomados de Konoha.

“Você está preocupada com as nossas diferenças culturais?” Shikamaru era inteligente, e conseguia estimar o rumo dos pensamentos dela bem. Pelo menos na maior parte das vezes, adicionou internamente. Seu rosto corou com a lembrança. Esse não era um momento para isso. Temari suspirou para recuperar sua linha de raciocínio.

“Imagine algum de nós cometendo alguma... inconformidade quanto as tradições de seu clã...” Shikamaru sorriu de lado com a escolha de tal palavra inusual, mas não disse nada. “Com nosso recente compromisso e a importante posição que nós três temos na Suna, isso traria uma imagem negativa ao nosso relacionamento, e você sabe que hoje nosso relacionamento tem bastante impacto na aliança Suna-Konoha, e na União Shinobi como um todo. Se isso acontecer na frente de todo seu clã-“

“Não vai acontecer.” Shikamaru disse calma e seriamente. Mas, de novo, não se preocupou em fornecer mais informações. Temari também não fez questão de perguntar. Eles se entendiam bem assim, não precisavam de muitas palavras. Ela apenas o observou e esperou.

Por fim, Shikamaru inspirou silenciosamente antes de começar a explicar, em um tom tranquilo. “Nosso clã não tem costume de fazer uma celebração com o clã inteiro, como em alguns outros. Bem, na verdade sim, no dia de Natal propriamente dito, mas não na véspera. Na ceia, no momento de celebração de fato, passamos apenas com nossos familiares mais próximos, talvez alguns amigos dependendo da situação. Não haveria problema nenhum em inclusive incluir algumas das suas tradições.”

“E no ‘dia de Natal propriamente dito’?” Ela adicionou provocativa. Shikamaru suspirou revirando os olhos, e ela conteve o riso. Sim, provocá-lo era bastante divertido.

“Bem...” ele colocou a mão atrás da cabeça para coçar a nuca. “O líder do clã precisa quebrar o Tronco Cagão e distrib-” Ela soltou um único ‘Ha’ em alto e bom tom. Aquilo não podia ser verdade. Shikamaru riu pelo nariz em uma tentativa de se conter, mas era definitivamente uma risada, e uma que só ela tinha o prazer de ouvir assim. “É, é, eu sei. O nome é meio bobo-“

“Meio?!”

“Ok, ok. Eu me pergunto o porquê dele desde criança, mas fazer o quê, você joga de acordo com as regras do jogo...”

“Ok,” ela falou ainda rindo, “e então, o Tronco Cagão...” Ela estava sorrindo com os lábios apertados, evitando rir mais. Felizmente Shikamaru não era uma pessoa que se ofendia facilmente. Ela poderia perder um acordo diplomático se fizesse isso com outra pessoa. Mas aí também, ela não estaria tão tranquila e a vontade se não fosse Shikamaru.

“Todo dia 6 de dezembro, as crianças visitam a floresta Nara em busca de um tronco. Esse é um bom exercício para conhecer as terras de seu clã. Elas devem escolher e trazer um único tronco até a área comum. Deste dia em diante, todos no clã irão colocar doces dentro do tronco. No dia 25, o tronco é quebrado e os doces divididos entre as crianças.”

“Hmm,” Temari assentiu, pensativa “vocês treinam essas crianças para serem shinobis desde cedo. Entrar em consenso num grupo, colaborar pelo bem comum, aprender a partilhar...”

“Nós educamos elas para serem boas pessoas.

“E depois nos perguntam porque achamos que vocês em Konoha são brandos...” Ela revira os olhos depois de sussurar estas palavras.

“Enfim, você poderia estar comigo para ajudar a distribuir os doces... Não é preciso nenhuma fala especial, nem pretensões, apenas entregar. E você estaria participando das nossas tradições, ponto positivo... Em tudo que você citou antes.”

Temari ponderou por um momento. “Não parece que há muita coisa que possa dar errado...” Ela voltou os olhos para ele. “Mas e se algo imprevisto acontecer?”

Ele deu de ombros. “Bem, então eu terei que resolver na hora.”

“Não sei se é uma boa idéia...” Ela franziu os lábios. Não que passar o Natal com Shikamaru fosse ruim, apenas... ela precisava ser cautelosa.

Shikamaru suspirou resignado. “Tudo bem. Tome seu tempo para decidir. Tudo bem se não puder, não é como se nunca tivessemos passado por isso antes...”

“Se eu não for, você e sua mãe vão passar sozinhos?”

“Não se preocupe por isso. Sim, possivelmente, mas talvez Ino resolva aparecer também, você sabe como ela é...” Temari sorriu. A Yamanaka se tornara uma pessoa bastante presente em sua vida desde que assumiu o relacionamento com Shikamaru. “Ela é uma boa amiga, não é?” Ela falou em um fio de voz, mais para si mesma que para ele, ao qual ele apenas assentiu solenemente.

“Tudo bem, eu falarei com meus irmão a respeito.” Sua voz soou convicta; forte e determinada.

“Fique a vontade para decidir. Nossa casa estará sempre aberta para vocês. Todos vocês.”

Ela pegou a mão dele e a apertou, sorrindo. “Obrigada, Shikamaru.”

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A casa dos Nara estava maravilhosamente enfeitada para a data. Havia luzes em todas as janelas da casa, um pinheiro tão alto que alcançava o teto, cuidadosamente decorado de forma bonita e elegante. Havia velas em locais apropriados, que forneciam uma luz suave e cálida, e enfeites em vermelho e dourado enfeitavam as paredes, contrastando com o ambiente rústico da casa. Temari estava deslumbrada. Tudo estava minuciosamente detalhado, mas mesmo com a quantidade de enfeites, tudo parecia se encaixar e estar exatamente no lugar certo, gerando um clima de harmonia e aconchego. Era impossível que ela não se sentisse a vontade ali. Quase como se fosse seu lar. Talvez agora fosse.

A neve que caíra em Konoha não era nada comparada ao que eles presenciaram no País da Neve, mas era o suficiente para cobrir o chão e os telhados, os arbustos e topos das árvores, com uma fina camada de neve. A sensação de bem-estar ia a tal ponto que ela e os irmãos fizeram um boneco de neve no jardim aos fundos da casa mais cedo naquele dia, sob a supervisão de um, acredite se quiser, divertido Shikamaru.

Temari acreditava não ser a única que a experienciar o clima de fraternidade que se instalara pela casa. Shikamaru parecia genuinamente feliz, algo no mínimo incomum de se perceber nele. Yoshino cozinhava contente grandes bandeijas de cookies. Kankurou estava encantado com a quantidade de plantas que encontrara no inverno de Konoha que poderia usar para tornar os venenos de suas marionetes mais potentes e resistentes. Até Gaara, apesar de não demonstrar, parecia ter uma aura mais alegre naquele ambiente. Uma vez ele lhe perguntara se esta era a sensação de ter uma mãe. Aquilo partira seu coração. Temari também não tinha certeza, já que também não crescera com uma. Mas ao menos ela conhecera uma. Por mais que Temari se esforçasse para tomar conta de seus irmãos, ela jamais poderia substituir uma figura materna. E ela sabia disso. Mas lhe doía pensar o quanto isso afetava a ele ainda.

Temari estava agora observando os enfeites da árvore que se encontrava na sala de estar dos Nara. Ela admirava cada pequeno detalhe que compunha aquele trabalho majestoso. Gaara estava na pequena mesa da cozinha, beliscando dos doces preparados por Yoshino, com Kankurou a sua frente devorando o molho de cranberry – que deveria ser comido com o peru – com os biscoitos natalinos. Yoshino conversava maternalmente com Gaara, e aquecia seu coração saber que toda a sua família se dava bem. Mas neste instante outra coisa estava atraindo a atenção de Temari. De tal forma que ela nem sequer percebeu a pessoa que se postara ao seu lado.

“Então, você gosta da decoração?” Ela se virou rapidamente ao ouvir a voz dele, mas logo sorriu e voltou a fixar seu olhar na árvore a sua frente quando percebeu que ele olhava na mesma direção que ela o fazia a instantes atrás.

“Sim, é tudo tão rico, e harmonioso e... feliz...” Eles permaneceram em silêncio, apenas aproveitando o momento e o calor proveniente da lareira acesa. “Sabe, na minha terra não temos lareira. Bem, nem neve. O Natal é quente lá.” Ela riu. Ele só a olhou e sorriu.

“Eu sempre achei essas festas um tanto exageradas. Para que fazer uma festa para reunir as pessoas que você pode ver sempre?” Ela riu livremente, uma risada gostosa de se ouvir. Shikamaru só a observava, sorrindo em admiração. “Tudo isso ganhou um novo significado ao ter alguém que eu me importava morando tão longe...”

Este era o tipo de coisa que deixava Temari sem saber o que responder. As palavras eram simples, nada de mais, mas o que elas carregavam, o que elas realmente lhe diziam era muito profundo. Shikamaru a amava. E exatamente por isso seus olhos desviaram de volta ao que atraia sua atenção quando ele chegara.

“O que significam esses enfeites entalhados? Um leque, uma marionete, uma cabaça...” Shikamaru também olhou os enfeites. Eles estavam no centro da árvore, junto a outros similares.

“Bem, eles representam vocês e seus irmãos...”

Isso eu deduzi sozinha, gênio.”

“Hmpf.” Meio em deboche, meio em diversão, veio a resposta. “Eu esqueci que estava falando com a grande e inteligente embaixadora Temari da Suna.” Ele riu em seguida fracamente, mas depois respirou profunda e silenciosamente olhando para os enfeites entalhados. “Meu pai costumava entalhar estes enfeites representando nossa família. Todo ano ele fazia uma dessas galhadas novas, um pouco maior que anterior, como elas crescem nos cervos. Ele representava a si mesmo com galhadas maiores. Ele até fazia as cicatrizes, olhe...” Ele sorriu com a lembrança puxando o enfeite e mostrando a Temari. “Ele sempre representou minha mãe com este aro, pingente sei lá, eu nunca soube o porquê... Esses foram os últimos que ele fez...”

“Essa é uma tradição bonita...”

“Não é bem uma tradição, só... um costume” Os olhos dele estavam perdidos encarando a árvore, mas sem realmente parecer enxergá-la.

“Mas, se estes foram feitos pelo seu pai, quem fez os nossos?”

“Ahnn, bem...-” Shikamaru coçou a nuca, mas não teve tempo de continuar antes de Temari lhe perguntar.

“Você fez? Como? Porque?” Ela cruzara os braços e lhe observava, mas sem sinais de aborrecimento.

“Bem, eu sou um ninja, sabe. Precisamos saber fazer muitas coisas. E bem, vocês são parte da família agora, é natural que tenham um também...” Temari sorriu calidamente. Ele definitivamente amava ela. E ela jamais imaginaria que um dia ainda amaria alguém da forma como ela o amava hoje.

A conversa dos dois foi interrompida por uma Yoshino vindo da cozinha, com uma bandeija de uvas e biscoitos. “Alguém quer comer um pouco antes da ceia? Vai demorar um pouco ainda até o peru ficar pronto.”

“Vocês deviam comer esse molho de fruta, é maravilhoso! Ei, cunhado, agora que eu tenho uma roupa apropriada para esse clima daqui, quando faremos aquela revanche de guerra de neve?”

“Ignore ele, irmão, você não precisa oferecer revanche por uma brincadeira que ele mesmo começou” Gaara intercedeu, ao mesmo tempo que Temari lançava uma reprimenda. “Kankurou, o molho é para o peru, não para os biscoitos!”

“Está tudo bem, irmãozinho, eu tenho mais experiência com neve.” Shikamaru respondeu sem preocupação, enquanto Kankurou se virava para Gaara.

“Ei, EU sou seu irmão, não ele!”

Gaara só deu de ombros “Bem, ele vai ser meu irmão mais velho em algum tempo, não vejo porque não começar agora.”

Yoshino, que sorria feliz por ter sua casa ‘cheia’, lembrou-se de uma história. “Havia uma tradição, bem antiga, que dizia as famílias deveriam patinar unidas logo depois da ceia de Natal. Talvez este seria um bom momento.”

“É isso aí! Vamos fazer uma guerra de patins!” Kankurou socou o ar em vitória.

Temari balançou a cabeça, sussurrando baixo “Kankurou, você me envergonha...”


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Notas finais do capítulo

Primeiro, eu quero dizer que eu sempre imaginei Kankurou “fazendo o teatro” de ser encrenqueiro quando ele realmente não é, e de ser meio, não sei, indisciplinado, não gostar muito de seguir regras rígidas e de ser atado a coisas – sendo que essa última parte me parece estar de acordo com Gaara Hiden. Então sim, eu imagino que quando ele esteja feliz ele se faça de palhaço e rebelde, mas de forma alguma acho que ele é ‘burro’ ou incapaz. Na verdade acho ele muito esperto, isso tudo é só ‘encenação’.
Agora, quanto as tradições: 6 de dezembro é o dia de São Nicolau, a figura que foi transformado na imagem do Papai Noel mais tarde, devido ao fato de ele ter distribuido comida aos pobres no Natal. O ‘Tronco Cagão’ (Caga Tió) é uma tradição da região de Catalunha (Espanha). O costume de patinar na véspera de Natal depois da ceia é da Bélgica. E a de comer uvas, da Espanha. Peru com molho de cranberry é, segundo a professora britânica de cultura inglesa, uma receita típicamente americana.

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