Capítulo 5 - Suigetsu

You know you love me, I know you care,
you shout whenever and I’ll be there.
You are my love, you are my heart
and we will never ever ever be apart.

- Não, você não vai. – Sasuke disse, segurando o meu braço direito e o puxando, fazendo com que eu ficasse frente a frente com ele. Perto demais!

- Me solta! – Exclamei, virando o rosto. Ele me soltou. – Por quê? – Perguntei, me distanciando dele.

- Porque o professor não sabe que você saiu. Ele vai brigar com você e não vai te deixar entrar. – Sasuke falou, me encarando.

- E você se importa? – perguntei, com a voz brava. Quem ele pensa que é?

Ele desviou o olhar do meu rosto para um ponto qualquer. Respirou fundo e respondeu.

- Não. Não me importo, pode ir.

Comecei a andar, ainda enrolada na toalha. Quando eu estava perto da porta de vidro, a garota de cabelos cor-de-rosa apareceu na minha frente, me dando o maior susto.

Olhei para trás, e o Uchiha não estava mais lá.

- O que você estava fazendo com o Sasuke-kun? – ela perguntou, brava, dando vários passos em minha direção até ficar bem na minha frente.

- Eu não estava fazendo nada. Apenas o segui porque ele não queria fazer a aula. – Falei, tentando passar por ela e entrar na piscina. Ela não deixou.

- E por que ficou tão próxima a ele? – Ela segurou o meu pulso. Afe, o povo cismou em segurar o meu braço hoje, hein?

- Ele me puxou, eu não tenho culpa, me deixa passar, garota! – Quase gritei.

- SUA MENTIROSA, PIRANHA! VOCÊ ‘TAVA É QUERENDO FICAR COM O SASUKE, TÔ SABENDO! – A garota surtou, e tentou dar um soco no meu rosto. Mas alguém segurou seu punho.

- Sakura – uma voz rouca e conhecida pronunciou. – Nem pense em fazer isso.

- S-Sasuke-k-kun?

“Sa Sasuke ku kun” ficou estranho. Eu ri.

- Ei, o que está fazendo aqui? – Perguntei. – Eu não preciso da sua ajuda.

- Não fiz isso por você. – O Uchiha falou, soltando o punho de Sakura. – Fiz isso... Para não machucar as mãos de Sakura.

...

- Foi tenso. – Falei, enquanto secava os meus cabelos após sair do banho.

Descobrimos mais uma câmera, numa das duchas, o que fez Temari ficar mais nervosa.

- Deve ter sido mesmo. Ela ia dar um soco em você e o Sasuke impediu? Isso é raro. – Disse Ino, a voz seca, enquanto passava seu delineador preto nos olhos.

- Mas que fique claro que ele disse que impediu a Sakura de me dar um soco por causa da mão dela. – Ri ironicamente.

- Claro, claro. – Sussurrou Konan. Ela estava pensativa. Konan sempre estava pensativa. – Hina, posso jantar na sua casa hoje? – Ela me olhou, suplicante.

- Sim. – Respondi.

Vesti a minha calça jeans e uma regata preta do Nirvana, com aquela caretinha fofa deles.

Coloquei também o meu tênis Adidas branco com três listras pretas, afinal, a aula já tinha acabado e meu uniforme estava sujo.

- Curte Nirvana, Hina? – Perguntou Tenten, olhando para a minha blusa.

- Ahan. – respondi o óbvio.

- O que você vai fazer na casa da Hina, Konan? – perguntou Ino, curiosidade lá longe.

Saí do vestiário e Konan me seguiu. Ela não devia satisfações a Ino.

- Ah é? Nunca vou contar as novas pra vocês, vão ver, vão ver! – Pude ouvir Ino gritar.

Konan e eu andamos até o portão do colégio. Ele estava cheio de gente, ou melhor, cheio de garotos. Não havia nenhuma garota lá, apenas nós duas.

- Olha lá, que gatinhas! – Falou um garoto alto, que parecia ser do terceiro ano.

- Fica quieto, Suigetsu. Elas são minhas amigas. – Falou Deidara, nos abraçando por trás e dando ênfase na palavra ‘minhas’.

- E daí? – O garoto se aproximou. – Podem ser minhas amigas também.

Suigetsu beijou a mão de Konan, e pelo jeito os dois já se conheciam.

- Sai pra lá Suigetsu. – Ela falou, empurrando-o.  – Hina, esse é o Suigetsu, ele tá na sala 3C. Suigetsu, essa é a Hinata. Ela é nova no colégio.

- Nova, é? – Perguntou Suigetsu, aproximando-se de mim. Logo depois, sussurrou no meu ouvido. – Beija eu?

Empurrei ele com força. Que vontade de dar uns murros nesse cara!

- Suigetsu, para com essas idiotices, deixa a garota em paz. – Disse Itachi, aparecendo do nada ao meu lado.

- Era só brincadeira, girl. – Odeio pessoas que falam palavras em outra língua na mesma frase. – Se bem que você é bonitinha, hum. – Ele me olhou maliciosamente, de cima a baixo. Depois voltou e parou no meu decote.

- Hina, vamos. – Disse Konan, já andando na minha frente.

- Deixa que eu levo vocês até logo ali. – Falou Itachi, dando uma última olhada para Suigetsu.

- Eu vou junto! – Gritou Deidara.

Andamos um pouco, quando chegamos perto de uma sorveteria. Olhei o horário no relógio de pulso de uma moça que passava lentamente ao meu lado. Eram quase quatro horas da tarde. Olhei para a sorveteria cheia e me surpreendi ao ouvir Itachi dizer, com as mesmas palavras, o que eu iria falar.

- ‘Vamo na sorveteria? Eu pago. – Cheguei a quase gritar. Nem tanto Hinata, nem tanto.

- Era o que eu ia falar. Você lê mentes? – perguntei, assustada.

- Não, é apenas o óbvio. Estamos parados em frente a uma sorveteria, não comemos nada no almoço hoje além daqueles sucos de caixinha vencidos com gosto de unha e você olhava para aqueles sundaes do cartaz como se fosse devorá-los com os olhos. – Itachi falou, puxando Konan e eu para a sorveteria. Deidara ia atrás, com o dedo indicador na boca. É verdade, ele está certo. Parece até que eu vi um espírito de tão assustada que fiquei. Claro, é óbvio.

Sentamos e uma espécie de garçonete veio nos atender. Ela não era como as garçonetes comuns, que usavam roupas curtíssimas, eram peitudas e cheias de sorrisos. Era uma senhora de aproximadamente uns 78 anos, super ativa, que olhava para nós com curiosidade.

- O que vão querer criancinhas? – Perguntou, suuuuper fofa.

Criancinha é a avó, tive vontade de dizer. Mas acho que ela não deve ter avó.

- Eu vou querer um sundae especial duplo com quatro bolas, uma de chocolate, uma de leite condensado, uma de baunilha e uma de morango. Quero bastante cobertura, confetes e granulado. Manda também uma coca-cola bem gelada. – Falou Itachi, cheio de sorrisos.

Konan e eu ficamos boquiabertas.

- Eu quero o mesmo! – Gritou Deidara.

- E vocês, garotas, o que vão querer? – Perguntou a velhinha.

- Uma casquinha de morango, por favor. – Falou Konan.

- Idem.

...

Depois da sorveteria, Konan foi comigo para a minha casa.

- Por que quer jantar lá em casa, Konan? – Perguntei.

- Na verdade não é nada em especial. Quero só conhecer sua casa mesmo. – Ela falou, para a minha total surpresa.

Andamos e logo chegamos.

- Oi filha, já chegou? – Mamãe perguntou.

- Sim. Esta é a Konan, mãe. – Apresentei.

Mamãe estava com o uniforme do trabalho. Logo seu turno começaria.

- Muito prazer querida. Você é filha do Fumio-kun? – Ela perguntou, ligando a televisão da sala.

- Sim, como sabe? – Konan perguntou, surpresa.

- Fumio e eu fomos grandes amigos na infância... Na verdade, éramos mais que amigos. Éramos irmãos. Não o vejo há tempos, e reconheço esses olhos em qualquer lugar.  – Mamãe falou, olhando para cima e sorrindo de leve. – Eu o ajudei a cuidar de você quando era pequena, quando morávamos aqui.

Ah sim, eu lembro que minha mãe me contou que meu pai, ela e eu moramos em Konoha até eu completar dois anos, para depois irmos para Honsho. Quando meus pais se separaram, minha mãe voltou.

- Ah! – ela exclamou, logo se levantando e correndo até seu quarto. Voltou com um convite em mão. – Entregue a seu pai, estão convidados para o meu casamento.

- Obrigada. – Falou Konan.

- Vamos lá pra cima.

Quando chegamos no meu quarto, eu estava louca para mostrar os meus pôsteres e revistas para a Konan. Mas eles não estavam mais lá. Percebi que o corredor estava cheio de caixas grandes, cada uma com uma etiqueta colada na tampa. Fui até as caixas, e Konan me seguiu, olhando para os quadros e fotos nas paredes do corredor.

Achei uma onde estava escrito ‘Hinata’, e logo ao lado mais três iguais. Deveriam ser as minhas coisas.

- Filha! – Gritou mamãe. – Estou saindo!

Passamos o resto da tarde e uma parte da noite olhando as minhas coisas, fotos antigas e conversando. Também assistimos animes no computador, descobri que ela também gosta. Ela tentou tocar a minha guitarra, e disse que era melhor tocando bateria. Mamãe deixou um bilhete em cima da mesa, junto com um mini-cardápio de uma pizzaria que a gente costumava ir nos fins de semana, quando ela e papai eram casados, em Honsho. Em Konoha, existia uma filial dessa pizzaria.

Pedimos a pizza, e quando o entregador estava estacionando a moto na frente da casa, Konan sugeriu algo que eu nunca poderia imaginar.

- Vale tudo pra ver a cara dele. – Falou Konan, rindo.

- Tudo bem, minha mãe não está em casa e logo não vamos mais morar aqui mesmo. – Eu disse, segurando o riso enquanto ia abrir a porta. Konan foi para o meu quarto se trocar para a espécie de ‘plano’.

Abri a porta antes do entregador de pizza se aproximar. Ele andava lentamente e com a cabeça baixa em minha direção, a caixa branca da pizza com alguns dizeres em vermelho estava em frente ao rosto, e alguns fios displicentes do cabelo caiam sobre a testa. Os cabelos estavam amarrados para trás, eram compridos.

- Você é Hinata-san, que pediu a pizza meio calabresa, meio quatro - queijos? – Perguntou, a voz era baixa e rouca, como se ele estivesse a disfarçando, e o rosto ainda estava baixo.

- Sim. – falei, com um sorriso malicioso, que passou despercebido pelo loiro. – Quanto vai custar? – Perguntei, olhando rapidamente para trás.

- Vai custar... o seu sangue.

O garoto levantou a cabeça, colocando a caixa em frente à boca e o nariz, deixando à mostra apenas os olhos negros. Ele deu dois passos para frente, e eu recuei. Seu olhar era diabólico.

- K-Konan – Chamei, baixo o bastante para que ela não escutasse. Minha voz não saía. – KONAN!

O entregador avançava sobre mim, me olhando com selvageria, os olhos com um brilho perigoso. Eu não conseguia correr.

- O que foi, Hina? – Ouvi Konan perguntar, aparecendo atrás de mim.

Nesse momento o entregador parou. Ele soltou a caixa de pizza no chão e um sorriso bobo se formou em seu rosto. Coçou a cabeça, com o mesmo sorriso bobo, e um grande maço de cabelos – sua franja – caiu sobre os olhos.

- Espera aí – falei, observando melhor. – DEIDARA?

- Bú.

Senti meu sangue ferver. O que aquele idiota pensava estava fazendo?

- SEU RETARDADO, QUE SUSTO VOCÊ ME DEU! QUEM PENSA QUE É? – Esbravejei.

- Deidara, é você mesmo? – Konan perguntou, rindo. – O que está fazendo com essas lentes? E entregando pizza?

- Ah é, consegui um emprego de meio período na pizzaria, pra ganhar uma graninha extra, sabe? E as lentes foram só pra assustar mesmo...

Eu ainda tremia de raiva. Meus punhos estavam cerrados e eu estava pronta para dar um soco na barriga daquele loiro impertinente, quando lembrei de perguntar uma coisa.

- E porque você deixou tudo cair de súbito? – Perguntei.

- Ahn... – ele começou, desconcertado. – É que eu vi a Konan com esse shortinho e... Hehe...

Konan corou instantaneamente, e eu até esqueci a raiva. O planinho de seduzir o entregador não deu certo.

- Entra. – Falei.

- Não posso, tenho que fazer umas duas entregas ainda. Então, beijos e até.

- Konan... – Falei, depois que Deidara tinha desaparecido de vista. – Ele já foi.

- Ah! – Ela exclamou, de súbito. – Desculpa.

- Tudo bem, mas, posso perguntar uma coisa? – Perguntei, sentando num dos pufes da sala depois de recolher a caixa de pizza do chão da varanda.

- Claro.

- Você gosta dele?

- Ahh Hina, quem sabe?

Fim do capítulo 5.