I Love You, Idiot! escrita por Hazy


Capítulo 18
Confusão


Notas iniciais do capítulo

Nyah comeu minha formatação novamente. Espero que isso não atrapalhe. n_n

Não tenho nada a reclamar dessa vez. *pula

Só tenho que agradecer a todos os reviews, dessa vez não naquele estilo 'up, posta', e sim reviews mais completos.

Adorei!

Agradecendo também à inesRodrigues, que indicou a fanfic recentemente. Obrigada linda!

Tentarei responder a todos os reviews nessa semana.

Então, sobre o capítulo: creio que seja o último realmente angustiante da fanfic. A partir do próximo as coisas começarão a, finalmente, se ajeitar. Ou seja, reta final.

Créditos do capítulo à Gati, pois ela me deu vááárias ideias para ele. Esse é seu, Gati. *-*

E olha, esse ficou bem maior como eu prometi.

LEIAM AS NOTAS FINAIS, onegai.

Join.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/66549/chapter/18

Capítulo 14 - Confusão

The world I love

The tears I drop

To be part of

The wave can't stop

Ever wonder if it's all for you

O mundo que eu amo

As lágrimas que eu derramo

Fazem parte

Da onda que não pode parar

Todas as maravilhas, são para você

Can’t Stop – Red Hot Chilli Pepers

Pov’s Sasuke

Desde aquele dia, Hinata vem me evitando. Ela acorda mais cedo que o normal, deixa o café pronto para todos na casa e vai para a escola. E lá, ela some até a hora das aulas começarem.

Faz mais ou menos duas semanas que aquelas palavras ecoam em minha mente me fazendo ficar com uma dor de cabeça insuportável. Não me machuque mais... Eu ainda tentava descobrir por que ela disse aquilo.

Itachi me olhava pelos cantos, emburrado. Ino mal falava comigo e Deidara ainda era o mesmo idiota de sempre. Konan me respondia com monossílabas e Gaara desviava o assunto quando eu perguntava alguma coisa sobre Hinata. Ela também não passava mais o intervalo conosco.

Eu perguntara à loira sobre aquelas palavras, mas ela sempre dizia que eu teria que perguntar à Hinata o motivo delas. Mas, mesmo morando sob o mesmo teto, eu mal a via. Após as aulas ela sempre se trancava no seu quarto, descendo apenas para jantar ou assistir sua novela favorita. E esse momento era sagrado para ela.

Akane-san estava preocupada, afinal havia duas semanas que a filha agia de modo tão estranho. Ela, com sua preocupação maternal exagerada já pensava em convocar algum psicólogo ou algo parecido. Papai dizia que todos os adolescentes passam por um período assim.

Mas eu sabia o motivo. Ela estava fugindo de mim, pois sabia que uma hora ou outra eu exigiria explicações.

Sempre que eu passava por seu quarto, ouvia os acordes da guitarra soando sempre em músicas com letras melancólicas ou agressivas. Ela cantarolava baixinho, às vezes com a voz embargada, significando choro. Isso apertava meu coração, mas eu realmente não entendia.

Hinata estava mudada. Aquela garota forte e decidida, que não chorava por nada, revidava todas as minhas provocações e que adorava me bater havia evaporado. Agora ela andava sempre com os olhos inchados, e em algumas das brincadeirinhas que eu arrisquei, ela apenas ignorava. E eu era o covarde causador daquilo, sem saber ao menos o que eu fiz.

Aí você me pergunta: Como assim o que você fez? Você beijou a Inoue e a Hinata viu.

É verdade, porém, não existem sérios motivos para a morena ficar desse jeito por isso. Eu não entendi a reação dela no momento, fiquei confuso. Ela parecia uma garota enciumada que acabara de ver o namorado beijando outra. Mas isso não fazia sentido.

Hinata me dissera muitas vezes que me odiava. Isso era quase diário. Está certo que o ódio é um sentimento muito forte, e que ela não me odeia de fato. Porém, se ela reagiu daquele jeito, significa que ela gosta de mim?

Não, não. Não pode ser isso. Ela não gosta de mim. Pensar isso é até cômico. Tirando os ataques de ciúme que ela tem de vez em quando, nunca demonstrou nada parecido. Por mais que eu sinta uma dorzinha no peito ao dizer isso, eu sei que ela não pode estar apaixonada por mim.

Pela lógica, seria isso.

Mas não faz sentido.

Não sei se seria bom ela estar apaixonada por mim, de verdade. Eu sou um cara impulsivo, idiota, arrogante e inconsequente. Caso eu me envolvesse com ela, alguém acabaria machucado, e com certeza esse alguém não seria eu.

E além de tudo, eu ainda não sei bem o que sinto em relação a ela.

Gosto dela. Gosto de irritá-la, conversar e brincar com ela. Odeio vê-la triste. Não gosto muito quando ela está com outras pessoas, em especial, garotos.

Mas isso parece mais possessão. Ela me encantou de alguma forma, e eu sinto um enorme carinho por ela, isso eu sei. Mas ainda estou confuso.

É difícil você perceber que seus sentimentos mudaram em relação a uma pessoa. Nos odiávamos no começo, brigávamos como duas crianças. Mas criamos laços e eles se intensificaram.

Eu me pergunto... Será que eu a amo? Seria possível ela me amar?

Isso poderia dar certo, algum dia, sem que eu a machucasse?

Eu acho que não.

Para todas as perguntas.

E eu acho que estou parecendo um cara sentimental demais.

Tô me estranhando, sério.

...

Pov’s Neji

Era complicado demais pra todo mundo.

Hinata contara para Ino seus sentimentos em relação ao Uchiha. Mas ela esqueceu de pedir segredo, um grande erro.

Ino contou pra Tenten, e dentro de poucas horas todos ficaram sabendo. Menos o Sasuke. E isso porque ele é muito lento.

E agora o resultado: Hinata passava todos os intervalos com um aluno do primeiro ano, Kira, um cara simpático, mas bastante tímido. Eles haviam criado uma espécie de amizade e Hinata o ajudava nas matérias que ele precisava durante o almoço. 

Ela mal falava com Ino. Havia ficado realmente magoada pela loira ter espalhado aquilo para todos, mesmo sabendo que era importante para ela. Minha prima confiou na Yamanaka, e Ino não soube enxergar isso. A única com quem ela conversava direito era Konan.

Mas todos estávamos preocupados com ela.

Porque todos nós sabíamos de uma coisa: Hinata se apaixonou pelo cara errado.

E ela se machucaria muito até Sasuke descobrir os próprios sentimentos, os quais todos nós já desconfiávamos a um bom tempo.

Era óbvio que Sasuke sentia algo diferente por ela. Conhecemos ele há tempos, e sabemos mudou bastante. Nunca agira do modo que age agora.  Ele está mais feliz do que era antes. Nós todos reconhecíamos em seu olhar um brilho que só fora visto ali antes de sua mãe morrer, antes da Matsumoto o machucar daquela forma.

Mas ainda assim temíamos pela Hina.

Porque ainda existia aquele canalha dentro do Uchiha, por mais que estivesse esquecido lá no fundo, ainda existia.

E, porra, o cara é muito lento.

...

Pov’s Sasuke

Final da aula. Todos foram embora sem mim. Nenhum deles poderia ao menos esperar eu terminar de copiar a matéria da lousa? Francamente. Eu nunca me atrasava, mas havia pensado muito durante a aula. Pensei demais e acabei trabalhando pouco.

Guardei meus materiais a fim de dar o fora dali logo. Decidira que falaria com Hinata de uma vez por todas. Eu queria descobrir o porquê daquilo tudo, o porquê daquela frase. E eu faria isso logo que a visse.

Nem que tivesse que arrombar a porta de seu quarto.

Corri, eufórico, parecendo uma criança prestes a encontrar os pais no fim da aula.

Mas parei ao passar por uma das salas do primeiro ano.

E parecia que a sorte estava comigo.

Adentrei devagar pela porta já aberta, sem atrair a atenção da morena pra mim. Ela estava sentada em uma das cadeiras, folheando alguns livros do primeiro ano enquanto fazia algumas marcações nos tais.

Observei-a por alguns instantes. Ela se encontrava tão concentrada que não percebera a minha presença ali.

Eu pensava isso, ao menos.

- Vai ficar me olhando ou vai dizer logo o que veio fazer aqui? – Perguntou sarcasticamente, sem desviar os olhos dos livros.

Me aproximei dela e sentei na carteira à sua frente.

- O que faz na sala do primeiro ano? – Perguntei, sério.

- Estou ajudando Kira a estudar.

- Kira? – Indaguei, com uma ponta daquela velha irritação novamente na voz. – Quem é?

- Um amigo.

- Sei.

E nessa hora ela me fitou, e pude ver seus olhos. Eles estavam tão frios como gelo.

- O que você quer? – Perguntou, me encarando. Eu me senti desconfortável com aquele olhar duro e melancólico dela.

Céus, o que eu havia feito?

- Hinata, por acaso você está me evitando? – Indaguei sem delongas.

Ela desviou os olhos para o livro novamente, antes de responder.

- Estou.

Confesso que essa resposta me atingiu. É óbvio que ela estava me evitando, mas não pensei que fosse assumir isso.

Uma garota normal responderia algo como “Claro que não, por que pensa isso?”; mas Hinata não era uma garota normal. Ao menos não para mim.

- E... quando você vai me explicar o sentido daquela frase? – Aproximei meu rosto do dela, tentando enxergar seus olhos baixos.

- Não me machuque mais – Falou, me fitando, fazendo com que uma pontada de dor me atingisse ao ouvi-la repetir as palavras que tanto martelavam em minha mente. – Eu acho que fui bastante clara.

Formei uma expressão de pura indignação em meu rosto. Eu esperava uma explicação.

- Mas por que você disse isso, Hinata? O que eu fiz que te machucou? – Perguntei já alterado. Eu odiava me ver assim, implorando por respostas. Eu nunca fora desse jeito.

- O que você fez? – Perguntou com um leve toque de inconformismo na voz. – Você é muito lento, Sasuke. Idiota, arrogante, inconsequente, irritante e lento. – E eu reconhecia aquelas palavras. Eu mesmo havia pensado nelas há dois dias, menos a parte do lento.

E eu parecia um cara muito burro agora. O que ela queria dizer com lento?

- Com licença. Vou ver porque o Kira está demorando na secretaria. – Ela se levantou, e eu praticamente me desesperei.

Não deixaria aquela chance passar.

Segurei-a pelo braço, mas ela o puxou na mesma hora, juntando-o ao peito.

- Sasuke – começou, olhando-me nos olhos. – Quando eu pedi para que não me machucasse mais - e novamente aquele aperto. -, isso incluía não me tocar mais. – Eu me assustei com aquelas palavras gélidas, recuando um passo. -  E de preferência não se aproximar mais de mim.

-... Por quê?

- Porquê tudo em você me machuca. – Falou, me atingindo em cheio.

Ótimo, mais uma frase para me impedir de dormir à noite. 

Virou-se novamente, pronta para sair.

E eu fiquei ali, parado, feito um idiota, assimilando os fatos.

Porém, algo a fez voltar, sentar-se na mesma carteira e sorrir. Sorrir com eu não a via fazer há tempos.

Porém, ela sorria para alguém. Um alguém loiro que estava agora sentado ao seu lado, perguntando se estava tudo bem, perguntando quem eu era e se eu havia feito algo a ela.

Ela sorriu e respondeu um mero ‘não se preocupe, está tudo bem’.

Mas não estava.

...

Eu a esperei e tentei conversar com ela quando abandonou a sala.

Porém alguém inesperado apareceu justo quando ela parecia querer falar algo.

- Sasuke-kun! – Inoue gritou, e eu vi a morena, antes hesitante, bufar e revirar os olhos.

Droga!

Inoue estragara tudo novamente. Ela vinha fazendo bastante isso na minha vida.

- Opa, estou interrompendo algo, Sasuke-kun? – Perguntou, querida e delicada, abraçando o meu pescoço, e isso já estava me irritando.

- Está. – Respondi, frio, vendo-a se afastar minimamente de mim e me olhar, curiosa.

- O que eu estou interrompendo?

Idiota. Mil vezes idiota. Eu estava nervoso. E não me responsabilizava pelos meus atos a partir desse momento.

- Que droga, Inoue! Eu estava ocupado, não percebeu? – Gritei, vendo a morena arregalar os olhos, surpresa, enquanto Orihime sorria inocentemente.

- Você está nervoso, Sasuke-kun... Precisa de um alívio. – E ela aproximou seu rosto do meu, sua boca a centímetros da minha. Fechou os olhos, esperando.

E eu só consegui empurrá-la com toda a força que sustentava, ignorando sua exclamação de dor e voltando a fitar a morena.

Ela observava a cena, pacífica, bem diferente do outro dia. Ela parecia conformada e talvez até acostumada com isso.

Olhei-a, esperando que ela falasse o que estava prestes a dizer antes da outra interferir. Eu parecia mesmo desesperado. Tudo para saber como a machuquei, o que eu realmente havia feito para magoá-la tanto, tentar descobrir seus sentimentos para não feri-la mais.

E talvez organizar os meus.

Porque eu odiava vê-la triste. Eu queria acabar com a sua tristeza.

Mas o que consegui ver foi ela virar as costas para mim enquanto teclava alguns números em seu celular. Ouvindo-a falar com alguém do outro lado da linha.

- Ino? Sim, sou eu. – Finalmente voltara a falar com a Yamanaka. Eu não havia entendido ainda o afastamento das duas. Aliás, há tempos que eu não entendia nada. – Será que poderia ir lá pra casa dentro de meia hora? Precisamos conversar.

...

Pov’s Ino.

- Obrigada por me perdoar Hina! Muito obrigada! – Eu agradecia, feliz, enquanto a morena ria baixinho. – Você não sabe como eu fiquei com medo de perder a sua amizade... Por Kami! Nunca me desesperei tanto!

- Sem exageros, loira. – Hinata começou, revirando os olhos. – Eu só fiquei magoada por você ter contado pra Tenten. E ela contou pra todo mundo... Era importante pra mim.

- Gomen, gomen, gomen!

- Eu já te desculpei. – Hina bufou, mas logo depois disso deixou sua cabeça pender para baixo, entrelaçando os dedos, nervosa. – Mas eu não sei o que fazer se isso chegar até o Uchiha.

- Tudo bem – tranquilizei-a, pousando uma das mãos em seu ombro. – Prometemos não contar nada para ele.

- Arigatou. – Ela sorriu verdadeira.

Comecei a brincar com meus cabelos, um ato que expressava nervosismo. Queria perguntar algo, mas não sei se devia. Não tinha certeza se era o momento certo.

- Pergunte.

Me assustei, mas logo relaxei. Hinata me conhecia melhor do que eu pensava.

- Mas e você, Hina... Quando vai contar pra ele?

Ela respirou fundo.

- Eu quase contei hoje, Ino. – Começou, me surpreendendo. Me aproximei mais dela, procurando saber detalhes.  – Não sei se eu conseguiria, mas eu tentaria. Porém – sua voz tornou-se sarcástica nesse momento, atiçando minha curiosidade. – Inoue me atrapalhou.

E nessa hora me deu uma vontade louca de matar aquela vadia. O que ela pensava que estava fazendo? Não foi isso que nós combinamos.

- Ahhh! Que droga! Vamos enfiar aquela perua na privada, puxar a descarga e mandá-la para conviver no esgoto, com os ratos e insetos. – Dei um ataque, provocando risadas gostosas na morena. Sorri com isso.

- Mas acho que não vou contar para ele, Ino... Ele não gosta de mim. Nós não daríamos certo.

Bufei.

- Isso é o que você pensa. – Falei, dando de ombros, como quem não quer nada.

Conseguindo o que queria: atiçar a curiosidade da Hyuuga.

- O quê você quer dizer com isso?

- Heh? Ah, nada, nada mesmo! – Me fingi de idiota, levantando depressa e correndo por entre a porta do quarto. – Nos falamos amanhã! Preciso ir! Meu pai está com hemorróidas e preciso comprar um remédio, coitado do velho... Bai Bai!

Desci as escadas velozmente.

Hinata teria que descobrir por si própria.

Passei por Sasuke que estava largado no sofá assistindo a algo, com uma cara de confusão que dava até dó, lhe lançando um beijinho e me despedindo.

- Tchau, moreno sexy e lento. – Pisquei, vendo-o erguer seu dedo do meio, mostrando-o sem dó nem piedade para mim.

E agora eu teria uma conversinha com uma tal de Orihime.

...

Mais uma me chamando de lento. Por Buda, isso era obsessão.

Observei meu pai entrar no apartamento depois de um longo dia de trabalho, largando eu casaco no sofá e afrouxando a gravata.

- Cansado, velho? – Perguntei casualmente, sem estar realmente interessado.

- Hai. Dia duro. Você vai saber o que é isso daqui uns tempos, quando começar a trabalhar. – Deitou-se no sofá, suspirando.

Ficamos assistindo a uma reportagem na tevê local, que mostrava alguns vídeos dos jogos de basquete do campeonato interescolar de Konoha, listando os times que disputariam na semifinal.

- Olha, sua escola passou. – O velho comentou, divertido. - E vão jogar contra a escolinha científica, hum? Olha que eles são fortes. – Ironizou.

É certo que os garotos do Colégio Científico de Konoha jogavam bem, mas perdiam feio contra nós. Ou seja, a final que ocorrerá daqui quinze dias conta com a nossa presença.

Ignorei o meu pai, ouvindo-o suspirar antes de falar.

- Por que não conversa com ela? – Perguntou, preocupado.

E eu sabia que ele se referia à Hinata.

- E por que eu teria que conversar com ela? – Dei de ombros, tentando esconder a minha própria preocupação e aflição diante de toda essa situação.

- Porquê ela não sai daquele quarto para nada além de ir estudar e fazer suas refeições. Ela chora bastante e está sempre indisposta. – A voz do velho tornou-se dura.

- Eu sempre achei ela meio emo.

- Olha quem fala, com esse cabelo.

E rimos nervosamente, apenas para desviar um pouco do assunto.

Ficamos alguns minutos sem trocar palavras.

- Você está preocupado. – Aquilo não era uma pergunta.

- Estou. – Suspirei, derrotado, afirmando.

- Então, o que está esperando? – Ele ergueu uma das sobrancelhas, sorrindo.

- Você tem razão. – Me levantei, fazendo uma reverência para o meu pai antes de completar. – Mas se eu não voltar dentro de vinte minutos, vá ver, pode ter acontecido algo grave.

Ele riu.

...

Subi as escadas devagar até alcançar o quarto da morena. Ele estava completamente silencioso. Bati na porta algumas vezes, porém não houve resposta da Hyuuga. Tentei entrar, e por sorte estava destrancada.

Encontrei-a deitada na cama de bruços, os olhos fechados, a respiração pesada e irregular, provavelmente dormindo.

Fiquei admirando-a por longos minutos. Ela parecia ter um sono conturbado, pois se mexia bastante, falando algumas coisas que eu não conseguia entender.


Me aproximei de sua cama, estendendo o braço para tocar seu rosto, acariciando o local com cuidado para não acordá-la.

E por incrível que pareça, ela se acalmou, aos poucos, a expressão relaxando enquanto o corpo não se movia mais.

Observei-a por um bom tempo, até ela despertar silenciosamente, assustando-se com a minha presença ali.

- Sasuke! O que está fazendo aqui? – Perguntou, afastando minha mão de seu rosto ao percebê-la.

- Eu queria conversar com você, mas não queria te acordar. – Respondi, dando de ombros, sentando na cama ao lado da morena.

Ela cruzou os braços e bufou.

- Agora você vai me dizer o que aquelas frases significam, Hinata? – Perguntei, sério, fitando-a. Ela evitava o meu olhar.

- Eu já te falei que fui bem clara.

- Não, você não foi. – Segurei seu braço, e ela lutava para se soltar, porém eu não deixei. Eu ouviria explicações, e seria agora. – Pode começar.

- Você está me machucando. – Ela respirou fundo antes de continuar. Ignorei seu olhar raivoso. – Me solte, agora.

- Não vou soltar.

- Tanto faz. – Ela revirou os olhos. – Vai ficar aqui até cansar.

Ela estava me irritando. Infantil, infantil demais.

- Que droga, Hinata! – Gritei. – Você não percebe? Não percebe que todos estão preocupados com você? Faz mais de duas semanas que você foge de todos, principalmente de mim. – Minha voz estava mais alta e grave que o normal, e eu percebi que ela estava ficando assustada. Baixei um pouco o tom. – E depois, vem falar que eu estou te machucando... Mas como vou parar se eu não sei o que eu faço de errado, Hinata? – Ela baixou os olhos, parecendo ponderar sobre algo. – Me diz... O que eu posso fazer para você não sofrer mais?

Ficamos alguns segundos em silêncio. Ela parecia pensar, enquanto olhava dentro dos meus olhos, procurando algo ali. Eu deixei evidente toda a preocupação que sentia, todo o carinho que eu tinha por ela.

E ela sorriu. Daqueles sorrisos largos e bonitos que você não vê sempre. Seus olhos ainda estavam tristes, porém, não tanto como antes.

- Esqueça tudo isso. – Falou, me surpreendendo. Não era uma coisa fácil de esquecer. – Esqueça. Voltaremos a conviver normalmente.

- Eu não posso, Hinata. - Balancei a cabeça negativamente. – Nunca vou esquecer que eu sou o causador dessa dor presente em seus olhos e em suas palavras.

Sua expressão desabou, seu olhar caiu, novamente.

- Quero saber o que te machuca. – Toquei seu rosto, erguendo-o, e dessa vez ela não se afastou. - Odeio vê-la triste.

- Vai ter que descobrir sozinho, Uchiha. – Seu sarcasmo voltara, enquanto ela sorria de canto ao pronunciar meu sobrenome. – Coloque essa cabecinha pra funcionar. Volte a falar sobre isso só quando tiver certeza.

Meu rosto se transformou em pura incredulidade. Ela só podia estar brincando comigo. Eu nunca fora tão sentimental com alguém, havia retirado toda a máscara de arrogância que eu usava diariamente apenas para tentar vê-la bem... E ela ignorava totalmente.

Garota difícil.

- Por enquanto, apenas esqueça. – Seus olhos pareciam mais vivos, mas ainda havia algum resquício de mágoa ali.

Puxei seu corpo e abracei-a com força. Sentia que ela precisava disso, e confirmei quando ela correspondeu ao abraço, escondendo seu rosto em meu perto.

- E aquele Kira? – Não perdi a chance de perguntar, e ela se afastou de mim para poder visualizar meu rosto. Eu estava emburrado. – Não sabia que gostava dos novinhos. Pegou pra criar, é? – Sorri de canto, tentando aliviar a tensão que se instalara naquele quarto. Mas eu queria mesmo saber o que ela tinha com aquele cara. Não gostei dele.

- Que saco, Uchiha! – Ela riu baixo. – Bem pouco ciumentinho você, hein? É um amigo, já falei. Estou ajudando ele nas matérias que não vai bem.

- É, estou com ciúmes sim. – Brinquei, ironizando aquela frase.

Mas não me parecia tão irônica assim.

- Tá, pode sair agora que eu preciso tomar um banho. – Ela se levantou e me empurrou para em direção à porta.

Antes de sair, fitei seus olhos, sério, sussurrando as palavras seguintes.

- Eu vou descobrir.

...

Pov’s Hinata

Sasuke acabaria descobrindo de alguma forma, sendo por mim, por outra pessoa ou até por ele mesmo, caso deixasse de ser tão lento.

Algo me dizia que ele já sabia, mas não aceitava ou não entendia.

Nada incomum, tratando-se dele.

Mas agora eu me perguntava se ele sentia alguma coisa por mim. Havia a indireta de Ino, que não saía da minha cabeça desde a hora em que falou. E ele não havia simpatizado com Kira. O mesmo aconteceu com Kiba, Shinji...

Confesso que fiquei com vontade de rir quando ele empurrou a Inoue no colégio, mas a situação não permitia. De qualquer forma, eu ainda detestava aquela vadiazinha.

Eu já estava bastante ferida, mas o olhar que Sasuke me lançou, esbanjando carinho e preocupação, me alegrou um pouco. Ao menos se importar comigo ele se importava, pois fazia de tudo para tentar descobrir seu erro e consertá-lo. Mas eu não contaria. Ele teria que descobrir, se quisesse.

Mas eu estava com medo que esse dia chegasse. E ele me parecia tão próximo...

Medo das reações dele. O que Sasuke vai pensar quando descobrir que eu o amo? Depois de tudo que convivemos, isso seria praticamente impossível! Mas aconteceu, de alguma forma.

E se ele não gostasse de mim – algo bem provável -, eu só me machucaria mais e mais.

Mas deveria valer a pena arriscar. Meus sentimentos estavam tão expostos que até um mendigo na rua descobriria facilmente. Mas Sasuke não, e isso era bom e ruim ao mesmo tempo.

Eu esperaria para ver o que aconteceria.

E torceria para que desse tudo certo, e que os pedaços do meu coração pudessem se juntar novamente.

...

Pov’s Sasuke

Eu estava confuso demais. Esquecer, eu não tentaria de forma alguma. Descobrir era o meu objetivo, e eu daria um jeito.

Por isso resolvi dar uma volta na praça central. Era um lugar que eu frequentava muito quando era menor, principalmente quando queria ficar sozinho e pensar.

Sentei em um dos bancos e pus-me a pensar em tudo que ocorrera nesse dia tão longo.

Mas parece que o meu desejo de ficar sozinho não seria realizado.

- Sa-su-ke-kun! – Ouvi Inoue se aproximar, sentando ao meu lado no banco.

Por Deus, será possível? Essa garota me perseguia!

- O que você quer Inoue? – Perguntei entredentes.

- Ai, que grosso! Já pisou nas meias que eu dei pra você, me empurrou hoje, rejeitou um beijo... – Ela fez um biquinho que eu tentaria morder a um mês atrás, porém agora não conseguia enxergar mais nada de interessante na garota. Inoue não era a santa que eu imaginei no início.

Hinata era mais importante. Muito mais.

- Tudo bem, vou ignorar isso. – Falou. – Eu quero é contar uma história pra você.

- História? – Indaguei. O que essa louca estaria inventando, agora?

- Hai! É uma história que ainda não tem um final... – Sua expressão entusiasmada relaxava a cada palavra. – É sobre uma garota muito bonita. Ela descobriu que estava apaixonada por um garoto muito idiota. Os dois viviam brigando, mas algo fez com que o sentimento de ódio que essa garota nutria pelo garoto se transformasse em amor.

Comecei a prestar atenção. Me parecia, de algum modo, familiar.

- Mas como eu já disse, o garoto era idiota demais, e lento demais. – Mais familiar ainda. – E não percebeu os sentimentos da garota. Ele beija outra na frente dela, imagine! Essa garota está bastante machucada no momento, todos conseguem enxergar isso pelos olhos dela.

E nesse momento, eu comecei a organizar as coisas...

- E o garoto, bem... Esse garoto gostava muito dessa garota, por mais que estivesse sempre a provocando. Ele adorava seus sorrisos, já lhe beijara algumas vezes e não percebia que isso machucava ainda mais a garota. – Ela parou numa pausa demorada. - Imagina, beijá-la por diversão, apenas, enquanto ela estava realmente apaixonada... Deve doer. Muito. Eu acho até que esse garoto possa estar apaixonado por ela também, mas ele é burro e lento, não consegue perceber seus próprios sentimentos em relação a ela, e muito menos assumir para si próprio. – E ela riu baixinho. – Mas os próprios sentimentos ele vai ter que descobrir. E rápido, antes que a garota se machuque mais.

- Inoue...

- É até engraçado ver o ciúme explícito no rosto desse garoto quando a vê conversando com outro. Mas ele é um idiota total. Não consegue compreender nada a sua volta e precisa da ajuda de terceiros para ao menos tentar. – Ela respirou fundo, provavelmente cansada depois de tanto falar. – A história acaba por aqui, Sasuke. Se ela vai ter uma continuação ou não, não depende de mim. – Inoue piscou antes de sair.

E eu fiquei ali, ponderando sobre a tal história, percebendo como os fatos se encaixavam totalmente...

Hinata, apaixonada por mim...?  Eu teria que descobrir mais sobre isso. Ver se era realmente verdade. Organizar meus sentimentos, e procurá-la somente depois disso.


Dar uma continuação àquela história.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, espero que não tenha nenhum erro - não revisei novamente, pela pressa de postar, então deve ter algum -.

Gostaram? Tomara que sim! Finalmente ele está se dando conta das coisas. Lenbrando que tentarei fazer o próximo capítulo menos tenso, e farei o Sasuke descobrir finalmente o que sente por ela logo.

E talvez, apenas TALVEZ, eu mude a ÚLTIMA PARTE do trailler, pois eu já tinha planejado à muito tempo o final com aquelas falas, mas ideias melhores me vieram a mente e eu penso em usá-las. O último capítulo está praticamente gravado na minha mente.

Penso em fazer um especial que mostrará a situação se cada personagem secundário, não sei quando, mas pretendo. Pode ser até um epílogo, não sei. Quero sugestões, creio que faltem aproximadamente três capítulos para acabar, pelas minhas contas.

Então, arigatou, e até mais.