Houve um período em que acordar ao seu lado – quase — todos os dias, era significado de treino, suor e, muitas vezes, lágrimas. Lágrimas que vinham acompanhadas do esforço que ninguém mais via além de mim e dos seus companheiros de time.
Perdi a conta de quantas vezes te carreguei pra casa nos meus ombros porque você não era mais capaz de caminhar, em estafa e chorando baixinho porque suas pernas doíam demais.
Às vezes eu me questionava até onde o seu amor pelo vôlei valia a pena, até onde a sua saúde suportaria aqueles saltos que eram tudo menos humanos. E ainda assim, eu amava te ver voar. Amava cada salto e cada pouso, e como todas as pessoas vibravam quando o curso da bola atingia o local que você queria como se fossem mísseis teleguiados indo na direção de seus alvos.
Ver a frustração da derrota em seus olhos me doía mais que a própria perda, porque eu sabia, Oikawa, o quanto vencer significava para você. E todas as vezes em que você se levantava para ir em frente, eu estive ali para te apoiar, até que não havia uma próxima, pois aquele era o nosso último ano no colégio.
E eu te senti leve como um boneco de pano em meus braços. E te senti chorar contra o meu peito até que não te restassem mais lágrimas. E os meus dedos se emaranharam nos seus cabelos e eu senti o cheiro do seu perfume junto ao suor, mas não me importei.
“Você ainda vai voar, Trashykawa. Ninguém no mundo é capaz de cortar as suas asas.”
Você seguiu em frente de fato, sem nunca desistir dos seus sonhos. Se antes treinava muito, passou a treinar ainda mais quando foi selecionado como um dos juniores do Japão e eu o segui como uma sombra fiel, como o cão de guarda que jamais te abandonaria.