No Mundo Das Séries escrita por Biah Costa


Capítulo 31
Lugares Escuros


Notas iniciais do capítulo

OIIIIEEEE
Gente um obrigada e um beijo no coração para quem comentou no último capítulo ♥ Vocês são demais!!
Enjoy!



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A noite caía em Hell’s Kitchen. Luke terminava de limpar as mesas e eu de limpar a pia. Não conseguia parar de pensar naquela mulher que eu havia lido a mente. Cada horror que ela já havia vivido, repousava em minha mente.

Senti alguém me observar e olhei diretamente para os azulejos de vidro que davam para a rua. Alguém realmente nos observava. Era a mulher. Jessica, para ser mais precisa. Eu havia descoberto seu nome enquanto lia sua mente. Jessica Jones.

— Luke – chamei sua atenção. – Acho que ela quer falar com você. Na janela.

Não olhei para a mulher, mas ele olhou. Sabia que ele havia notado a mulher. Sabia também que ela tinha algum tipo de assunto pendente com ela, por isso falei para ele. Por isso, eu os deixei sozinhos para conversar e fui para o meu apartamento. Apenas porque sabia que os dois precisavam de alguém no momento. Não havia lido a mente de Luke, mas conseguia sentir isso quando estava perto dele.

Então, no silêncio do meu quarto – que era brevemente iluminado por alguns carros que passavam de vez em quando – eu pude, mais uma vez pensar nas coisas que não queria. E todas as conversas com Oliver pareciam querer voltar para a minha mente, para me aterrorizarem e me deixarem ainda mais tristes.

Queria tanto ir até ele, e abraça-lo, depois de tanto tempo sem vê-lo. Eu queria estar perto dele porquê... porque... Ai meu Deus, eu o amo pensei, comigo mesma. Eu o amava. Eu o amava. Amava. Eu nunca havia amado ninguém e não sabia o que fazer. Eu só queria ligar para ele e dizer que o amava, que queria ele ao meu lado. Que queria beijá-lo, abraça-lo, fazer coisas loucas com ele. Estar com ele a todo momento.

Tudo estava se fazendo claro na minha mente. Era por isso que eu brigava tanto com ele, que eu implicava tanto com ele. Era por isso que, quando eu estava com Steve não conseguia parar de pensar nele. Era por isso que eu queria tanto estar perto dele. Era por isso que eu ficava revivendo aquele beijo. Era por isso que eu precisava reviver aquele beijo.

Então, após alguns meses sem vê-lo, eu finalmente decidi que ia ligar até que ele me atendesse. E se ele não atendesse, eu o faria atender. Eu falaria com Oliver porque não conseguiria mais aguentar ficar longe dele.

Então eu liguei. E fui atendia apenas após o telefone tocar duas vezes. Mas eu queria tanto que ele não tivesse sido atendido. Porque quem o atendeu foi Felicity.

— Alô? – Dei sorte de alguém ainda estar acordado, mas... O que Felicity fazia com o telefone de Oliver?

— Fel? Oi, é a Lucy? Você estava dormindo? – Perguntei, me sentando na minha cama.

— Na verdade não, estava assistindo um filme com Oliver – ela explicou.

— Com Oliver? – Tentei parecer animada, como alguém que queria novidades.

Então ela me explicou. Ela me contou tudo. Desde a morte de Sara ter sido culpa de Malcom Merlyn, ela ter namorado Ray Palmer, Oliver ter sido chantagado por Ra’s Al Gu, até a parte em que ela e Oliver estavam morando juntos. Vivendo o “felizes para sempre” que eles mereciam e estavam destinados a viver.

— Nossa, isso é... – Senti as lágrimas começarem a se formar em meus olhos. – Isso é ótimo, parabéns para vocês.

— Obrigada – ela disse, parecendo feliz. – E você? Como você está? Vi na televisão que você não está mais nos Vingadores... você e o Steve não estão mais juntos?

— Não – suspirei. – Nós terminamos há algum tempo já...

— Nossa, sinto muito – ela ficou triste.

Quem é? — Ouvi a voz de Oliver ao fundo.

— É a Lucy – Felicity respondeu. – Quer falar com Oliver? – Ela perguntou para mim.

— Ah não, eu só queria saber como todos estavam. Obrigada por me atualizar – uma lágrima escapou, mas eu não iria me permitir chorar enquanto falava com ela.

— Que isso, ligue sempre que puder! – Ela parecia animada. – Acho que Oliver quer falar com você.

— Fale para ele que depois nós nos falamos, tenho algo para fazer – disse rapidamente e desliguei o telefone, sem me despedir.

Só então me permiti chorar. Eu sabia, eu sabia, eu sabia! Eu havia pensado naquilo, eu sabia que Felicity e Oliver ficariam juntos no fim das contas, não sei porque fiquei tão esperançosa. As coisas não deram certo para mim e nunca iam dar. Eu não pertencia àquele mundo, não poderia me apaixonar por alguém e esperar que tudo desse certo para mim.

Era idiotice pensar que tudo daria certo. Apenas idiotas se apaixonam, apenas idiotas deveriam fazer o que eu estava fazendo. Acho que eu havia me tornado uma idiota. Eu deveria estar tentando manter as minhas esperanças pequenas, mas não conseguia. Eu estava tão cansada daquele lugar, daquelas pessoas, mas eu ainda queria ele para mim. Eu era realmente uma tola.

Eu só queria estar com ele, dormir ao lado dele, sentir seus braços ao meu redor. Mas ele tinha outra pessoa. Ele tinha sua alma gêmea ao seu lado, então por que iria me querer? A felicidade dele era ela e eu deveria estar feliz por ele, mas não conseguia. Eu devia aceitar, mas não conseguia. Eu apenas queria que ele entrasse pela porta e me dissesse que me amava, que iria ficar comigo para sempre. Porque tudo o que eu precisava era ele, mas ele não estava ali para mim.

(...)

Fui a primeira a chegar ao bar. Luke havia deixado um bilhete, dizendo que iria fazer algumas compras no centro, para abastecer. Por isso, eu arrumava as coisas e esperava estar tudo em seus devidos lugares para abrir o bar. Mas um carro de polícia estacionou na frente do bar e dois policiais entraram.

— Nós ainda não abrimos – eu os avisei, em caso de eles serem clientes.

— Só temos algumas perguntas para a senhorita Katy Johansson – eles leram em uma pasta o nome falso que eu estava usando.

— Sou eu mesma – suspirei.

— Houve uma morte em um prédio relacionado à uma investigadora particular que tinha essas fotos em seu apartamento – a mulher jogou as fotos pelo balcão.

Eu as olhei bem. Eram fotos minhas e de Luke. Em algumas, Luke estava com uma mulher. Em outras, eu estava ajudando no bar e limpando mesas. Eram fotos que focalizavam no meu rosto, como se alguém soubesse minha real identidade.

— A senhorita sabe algo sobre essas fotos? – O policial homem perguntou.

— Não senhor – olhei para os dois. – É a primeira vez que as vejo.

Os dois trocaram um olhar por alguns segundos.

— Obrigado pela sua cooperação, tenha um bom dia – o policial disse.

Os dois se apressaram em sair do bar e eu me apressei em tirar o avental. Eu iria embora dali naquela mesma noite. Não me importava se eles não tivessem a mínima ideia de quem eu era. Alguém sabia e eu não iria ficar um minuto esperando que a bomba viesse à tona.

Mas então, aquela mesma mulher, aquela Jessica Jones entrou no bar.

— Ainda não abrimos – respondi, secamente.

Ela era a tal investigadora.

— Eu disse para eles que você não tinha nada a ver com aquela garota – ela começou a explicar.

— Eu não preciso da polícia metida nas minhas coisas. Se precisasse, continuaria com o meu trabalho antigo – disse, enquanto pegava o meu casaco.

— Deixe-me explicar – ela pediu.

Olhei para ela.

— Que tal começar com o porquê de ter tirado aquelas fotos? – Esperei que ela se explicasse.

— Sou uma investigadora particular – ela disse, como se não fosse óbvio.

— Disso eu já sei – bufei.

— Fui contratada – ela disse.

— Por quem? – Perguntei, impaciente.

— Por um homem que estava atrás de você – ela suspirou.

— Que homem? – Perguntei, sentindo o meu sangue ferver.

— Stephan Salvatore – ela soltou.

— Por que ele estava atrás de mim? – Bufei.

— Não posso dizer – ela me encarou, com a expressão cansada.

— Vai se ferrar então – eu me virei para pegar a minha gorjeta. – Se ver Luke, o avise que eu me demito.

Passei por ela na porta, mas ela segurou meu braço.

— Eu não devia ter feito isso – ela disse. – Não sabia que você queria manter sua identidade em segredo.

— Fique longe de mim – eu disse, tirando seu braço do meu, apenas usando meus poderes. – Que isso sirva de aviso.

Então sai pela porta, enfrentando o dia frio de Hell’s Kitchen. Precisava achar um novo lugar para ficar. Andei tanto que, quando eu vi, estava do outro lado de Hell’s Kitchen. Já era tarde e eu estava muito cansada. Por isso, acabei esbarrando em um homem. E pior de tudo era que eu não podia culpa-lo, já que ele era cego.

— Me desculpa! – Pedi, ajudando ele a se levantar.

— Tudo bem – ele sorriu e começou a procurar sua bengala. A entreguei em suas mãos. – Obrigado.

— Eu nem sei o que deu em mim, eu estava distraída, me desculpe, eu devia ter visto você – eu tentei consertar meu erro.

Se eu ficava totalmente constrangia quando esbarrava em alguém que podia ver, imagine uma pessoa cega? Meu rosto deveria estar vermelho como um tomate. A minha sorte era que ele era cego e não podia ver o meu rosto. Porque se pudesse, ele riria.

— Está tudo bem, de verdade – ele sorriu, como se estivesse se divertindo com a situação.

Suspirei, deixando uma leve risada escapar. Ele também riu. Então ficamos nós dois, como idiotas, rindo, no meio da rua.

— Qual o seu nome mesmo? – Ele perguntou, sorrindo.

— Sou... – Pensei em mentir, mas não teria porquê. As pessoas me conheciam como Fênix e não como Lucy King. – Lucy King. E você?

— Matt Murdock – ele respondeu. – É um prazer.

Ele estendeu sua mão para mim e eu a apertei.

— É um nome chique senhor Murdock. Por acaso você é algum empresário? – Perguntei, notando seu terno.

— Advogado – ele corrigiu, alegremente. – Não posso ver com o que você está vestida, mas acredito que também seja chique.

Sorri. Eu estava usando um jeans surrado e um casaco desgastado. Mas sim, podia-se dizer que era algo chique. Chique para um mendigo, mas ele não sabia disso.

— É, depende da sua definição de chique – sorri, tristemente.

— Você parece triste – ele comentou. – Quer dizer, eu não posso te ver, mas a sua voz parece triste.

— Bom, não é todo dia que você perde seu emprego e onde dormir, mas eu vou sobreviver – olhei para a calçada. – Não é a primeira vez que isso acontece.

Ele ficou em silêncio, como se pensasse em algo. Eu voltei a mim e resolvi me despedir.

— Até logo senhor Matt Murdock, o advogado – brinquei com o seu nome, o que o fez sorrir.

Voltei a minha caminhada, mas parei bruscamente quando ele pediu que eu esperasse.

— O que? – Perguntei, quando virei para ele.

— Não é muito normal para alguém fazer isso, mas eu tenho um sofá sobrando no meu apartamento, se você quiser – ele explicou.

Analisei bem a sua feição. Ele parecia ser alguém de bem, alguém que dizia a verdade. Podia sentir isso, apesar de me recusar a ler seus pensamentos. E, às vezes o meu instinto estava certo.

— Não sei, eu estaria incomodando...

— Não, não estaria – ele me interrompeu. – O apartamento é aqui perto e é um pouco solitário. Mas espero que você não se importe em dormir em um lugar escuro.

Dei uma leve risada e enlacei meu braço no seu.

— Lugares escuros são sempre os melhores – sorri.


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Notas finais do capítulo

E então?



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