No Mundo Das Séries escrita por Biah Costa


Capítulo 23
Seu Legado


Notas iniciais do capítulo

Gente, sério, me perdoem pela demora. Fui uma pessoa horrível, mas estou andando muito ocupada, juro que não faço de propósito!
Capítulo sem muita ação, mas a história precisa passar por esse período sem ação para que ela fique com ação (não espero que vocês entendam a linha de raciocínio da doida aqui, mas relevem kk).
Se gostarem, comentem. Um muito obrigada para as leitoras que comentaram no último capítulo, vocês são demais!
Enjoy!



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— Está tudo bem? – Steve se aproximou de mim.

Estávamos no quinjet já há algumas horas que pareciam eternas. A noite caia lá fora. Já não me importava mais com o horário. Tudo o que se passava pela minha mente eram as cenas que eu havia visto. Havia algo sombrio dentro de mim e eu podia sentir aquilo. Mas como eu controlaria?

— Sim – sorri, falsamente.

— O que você viu? – Ele perguntou, sentando- se ao meu lado.

— Minha família – eu menti, colocando minha cabeça em seu ombro – morta.

Ele suspirou. Colocou seu braço ao redor do meu ombro, fazendo com que eu me sentisse segura. Sua respiração era leve e compassada.

— O que você viu? – Perguntei.

— Vi um mundo do qual eu não gostaria de fazer parte – ele respondeu.

Tudo estava extremamente calmo. Nat dormia em um colchão jogado no chão, Tony e Bruce também. Thor observava seu martelo. Clint continuava a dirigir. Fiquei na mesma posição com Steve, até que ele adormeceu. Então o empurrei vagarosamente, usando meus poderes, o colocando deitado.

Assim que o dei um beijo de boa noite, fui em direção a Thor. Clint não ouviria nossa conversa porque estava concentrado demais em dirigir o quinjet. Sentei-me ao lado de Thor que ficou em silêncio por alguns instantes. Ele analisava atentamente seu martelo.

— Quando meu pai me deu essa arma – ele falou baixinho, sem olhar para mim – eu cortejava a guerra. Mas então, por um ato de ignorância, eu fui punido e enviado para a Terra. Meu martelo só seria empunhado por mim, se eu fosse digno de tal ato. Jane me ajudou com isso. Eu aprendi com ela a ser humilde e a colocar a vida de outras pessoas acima da minha – ele suspirou. – Já não sei se ainda sou digno.

— Aquela Wanda nos fez ver coisas que não são reais. Não acredite no que ela te mostrou – eu disse, olhando para o chão.

— É isso que está repetindo para si mesma? – Ele perguntou, docilmente.

— Sim, é – suspirei. – Tenho medo de que o que eu vi, esteja dentro de mim. Não quero acreditar que há algo tão obscuro dentro de mim.

— E o que você viu? – Ele olhou para mim, pela primeira vez.

— Morte. Dor. Fogo – fiz uma pausa. – Poder.

Ele franziu o cenho por alguns segundos, como se lembrasse de algo. Não tive a minha resposta por alguns segundos, mas ele logo tornou a me responder.

— Havia uma lenda asgardiana que eu gostava de ouvir antes de dormir todas as noites. Era sobre uma guerreira que tinha o cabelo vermelho como o fogo e os olhos laranjas como o sol. Ela era a melhor e mais poderosa guerreira de todo o reino. Mas também era uma mãe. E quando perdeu seus filhos para uma invasão de um reino vizinho, ficou louca. Ela foi até a mais poderosa das feiticeiras e a pediu que a deixasse invencível, custe o que custasse. Ela precisava vingar a morte dos filhos – ele contou.

Steve se mexeu levemente, fazendo ele parar. Quando retornou a falar, sua voz estava mais baixa.

— A feiticeira, concordou em lhe dar tal poder, contanto que recebesse algo em troca. A feiticeira queria o corpo da guerreira. A princípio, a guerreira ficou confusa. Como poderia vingar a morte de seus filhos sem seu corpo? Mas a feiticeira logo explicou. Se ela quisesse se tornar invencível, teria de se tornar uma entidade. Para viver para sempre, se apoderaria do corpo de outros seres. Assim, o feitiço foi feito – Thor olhou para seu martelo.

Olhei para o chão. Não estava entendendo aonde ele iria chegar com aquela conversa.

— A guerreira se tornou uma deusa. Vingou a morte de seus filhos e matou todo o reino. Mas não foi o suficiente. Seu poder, lhe deu uma sede por prazeres carnais. Ela precisava saciar sua vontade, então começou a se apoderar do corpo de seres. Suas principais escolhas eram mulheres fortes e corajosas. Ela entrava na mente delas e lhes dava poderes incríveis. Mas, depois de um tempo, se apoderava do corpo daquelas mulheres. E as controlava. Assim ela destruiu planetas inteiros. Milhares de vidas perdidas, sem que ninguém conseguisse pará-la.

Ele fez uma pequena pausa.

— Até que um dia, Odin, meu pai, decidiu que ela não poderia viver mais daquele jeito. Então, armou uma armadilha e a colocou dentro de uma cela especial. Mesmo com toda a magia de Asgard, Odin sabia que não seria possível mantê-la presa por muito tempo, por isso a queimou viva. E assim, restaram apenas suas cinzas.

Fiquei em silêncio, esperando que ele continuasse. Mas ele não continuou. Apenas voltou a encarar seu martelo.

— E o que isso tem a ver com a visão que eu tive? – Perguntei, confusa.

— Dor. Poder. Fogo. Morte – ele repetiu as minhas palavras. – Esse era seu legado.

— Está dizendo que essa coisa está dentro de mim? – Perguntei, assustada.

— Não – ele negou. – É impossível. Ela está morta. Mas devo admitir que é uma coincidência muito grande.

— E se ela tivesse escapado? E se ela tivesse sobrevivido as chamas? – Perguntei.

— Bom, seria um desastre – ele olhou para o chão e depois para mim. – Mas fique tranquila, ela morreu há muito tempo atrás. E agora é apenas isso, uma história. Você tem razão, a Maximoff apenas manipulou nossos medos.

Ele sorriu tristemente e eu devolvi o sorriso do mesmo jeito. Eu esperava estar certa. Thor esperava que eu estivesse certa. E eu preferi acreditar que eu estava certa. Depois da nossa conversa, acabei indo deitar ao lado de Steve e adormeci. Acabei me esquecendo de perguntar o nome da tal guerreira. Mas aquilo era de longe a coisa mais importante no momento.

(...)

Quando o quinjet pousou, já estava de dia. Ainda estávamos vestidos com os nossos trajes de combate, o que era um pouco desconfortável em vista de quão apertado o meu era. Anotei mentalmente de que mudaria um pouco o design assim que chegasse em casa.

Ri mentalmente. Pela primeira vez, eu havia chamado a Torre dos Vingadores de casa. Acho que era aquilo que aquele mundo estava se tornando para mim: uma casa. E, por mais que eu odiasse admitir, eu estava gostando da experiência.

Saímos em uma fila. Todos ainda estávamos abalados da surra que levamos. Ultron ainda estava solto e planejava algo grande. Como conseguiríamos derrota-lo? Sem recursos ou localizações, tudo o que tínhamos era nossa força de vontade de fazer o bem. E aquilo deveria ser o suficiente.

Estávamos em uma fazenda. A casa no centro do campo era grande. Sua fachada era branca, com alguns detalhes em azul e uma bandeira dos EUA na sua lateral. Era uma casa bonita e simples, ao seu modo.

— O que é isso? – Steve perguntou.

— Um refúgio – Tony respondeu, passando em sua frente.

A porta foi aberta por Clint, que pareia familiarizado com o ambiente. Era uma casa simples de família. Steve olhou para mim com o cenho franzido e eu fiz o mesmo. Uma mulher abraçou e beijou o Clint.

— Ela é uma nova agente – Tony achou a explicação mais óbvia.

Duas crianças correram para o Clint, o abraçaram e o chamaram de “papai”. Sorri ao constatar que eles eram uma família. Já fazia algum tempo desde a última vez em que eu havia visto uma família.

— E eles são agentes mirins – Tony continuou tentando achar uma explicação.

Clint olhou para Tony e sorriu.

— Pessoal essa é a minha família. Família esses são...

— É, nós sabemos quem eles são – a esposa de Clint disse, meio nervosa.

— Você trouxe a tia Nat? – O menino perguntou.

— Por que você não me dá um abraço e descobre – a Nat disse, se pronunciando pela primeira vez.

A criança correu até ela e a abraçou. Nat foi cumprimentar a esposa de Clint, alisando sua barriga, que estava enorme por conta do bebê dentro dela.

— Nós teríamos visitado antes – Tony explicou – mas estávamos ocupados não fazendo ideia da existência de vocês.

Clint sorriu e viu que era a hora de explicar.

— Quando eu entrei para a SHIELD, o Fury me ajudou a esconder eles. Não seria seguro para ninguém, então nós compramos uma casa no campo e eu venho aqui quando estou de férias – ele disse e voltou a abraçar seus filhos.

Tony começou a conversar com Bruce e Nat com a esposa de Clint. Mas Thor saiu da casa e eu fui atrás dele. Ele parou no jardim quando viu que eu o estava seguindo.

— Para onde você vai? – Perguntei, parando nos degraus.

— Achar algumas expostas – ele disse. – Sei que você prefere acreditar que aquelas visões não eram reais, mas eu sei o que vi Lucy. Preciso saber mais – ele disse, sério.

— Tudo bem – desci os degraus, me aproximei dele e o abracei. – Ache suas respostas e, se vir alguma coisa minha, por favor me diga.

Ele retribui o abraço e, quando eu me afastei, ele assentiu e partiu. Olhei para a floresta na minha frente e me senti estranha. A imagem de Tony atirando em Steve voltou a minha mente, me fazendo ficar tonta por alguns segundos. Fechei os olhos com força, tentando afastar a lembrança e assim ela sumiu.

Voltei para dentro da casa e percebi que todos já haviam se espalhado. Aproximei-me da mulher de Clint, que cozinhava alguma coisa com um cheiro muito bom.

— Isso é lasanha? – Perguntei, fazendo ela olhar para mim.

— Sim é – ela sorriu. – Receita de família – ela voltou a mexer a carne moída na panela.

— Minha mãe costumava fazer uma das melhores lasanhas do bairro – me encostei no balcão. – Quando ela fazia, todos os vizinhos iam lá para casa comer. Nós nos divertíamos a noite toda, contando histórias e conversando – sorri para o chão.

— Ela morreu? – A mulher perguntou, ao notar a dor em minha voz.

— Não – neguei. – Espero que não – suspirei.

Ela parou de cozinhar, secou suas mãos no pano de prato e se virou para mim.

— Você não sabe? – Ela perguntou.

— Não vejo ela há algum tempo – senti meus olhos lacrimejarem. – Não gosto de falar sobre isso.

— Tudo bem – ela assentiu. – Venha, vou te emprestar algumas roupas de quando eu ainda era magra.

Eu sorri.

— Meu nome é Laura – ela disse. – E o seu é Lucy, certo?

Assenti e me deixei ser guiada pela mulher até seu quarto, onde ela meu deu roupas normais para vestir.

(...)

Steve tomava um banho enquanto eu estava sentada na cama em que deveríamos dormir. Eu senti uma súbita vontade de entrar no chuveiro e o beijar, mas sabia que não estava preparada para aquilo. Então apenas observei o tecido, esperando ele terminar. Eu já havia tomado banho e vestia um jeans e uma camiseta de Laura. Meu uniforme estava dobrado ao pé da cama.

Quando ele saiu, sorriu para mim. Tive que me aproximar dele e beija-lo. Foi uma tentação ver Steve Rogers apenas de toalha e com o peitoral um pouco molhada. Enquanto o beijava, aproveitei para tocar em seu abdômen definido. Ele pegou na minha cintura e me aproximou de si. O pano da toalha era fino, então pude senti-lo. Beijei-o com mais força e intensidade e ele fez o mesmo. Então, quando precisamos de ar, nos separamos.

— Eu gosto quando você faz isso – eu disse, olhando para o chão e me pendurando em seu pescoço.

Ele sorriu de lado e me deu mais um selinho, antes de colocar sua roupa. Eu saí do quarto, em direção ao andar de baixo e pude ouvir sem querer uma conversa entre Laura e Barton. Eles conversavam sobre os Vingadores, especificamente sobre mim.

— Ela é apenas uma criança Clint – Laura comentava enquanto alisava a barriga de Barton por baixo da camisa. – Não deveria ter que participar de tudo isso.

— Sei disso amor – Barton suspirou. – Mas ela é boa no que faz. E não tem mais ninguém, assim como muitos deles.

— Mesmo assim. Se acontecesse alguma coisa... vocês já viveram tanto. Ela ainda não viveu de verdade - a mulher suspirou. – Mas talvez eu só esteja usando meu lado mãe.

Voltei a andar, pensando nas palavras de Laura. Eu realmente era apenas uma criança. Mas ela estava errada quando dizia que eu não havia vivido muito. Que outras garotas de 17 anos poderiam dizer que já haviam viajado para outro mundo, se tornado uma super-heroína, feito parte dos Vingadores e namorado o Capitão América?

Eu ainda tinha 17 anos, mas sabia de muita coisa. E sabia que muita coisa ainda estaria por vir.


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Notas finais do capítulo

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