PROCURANDO POR VOCÊ

Capítulo I – Fim de uma rotina

P.O.V. Bella

- Para de me ligar, Jacob Black! ACABOU!

- Mas Bella...

- Não tem "mas", nem meio "mas". Será que você não entendeu ainda? Não quero você nem pintado de ouro! – será que ele era surdo e eu não sabia disso?

- Um ano de namoro não se joga fora assim de uma hora para outra! – agora ele começava a gritar?! Quem tem o direito de berrar a plenos pulmões sou eu, não ele!

- Quem botou tudo a perder foi você, não eu. Eu só estou sendo sensata e terminando aquilo que você está fazendo questão de deixar pela metade!

Posso estar parecendo uma louca para quem me vê agora: uma garota com os olhos tomados pelas lagrimas – de ódio, não de amor – o cabelo bagunçado, de tantas vezes que foram puxados nessa conversa inútil, e um telefone pendurado na orelha como se fosse um brinco. Ah! Para não esquecer dos gritos com meu – que destaquem bem a palavra – EX - namorado, que estão saindo pela minha garganta há quase 20 minutos.

- Quer saber? Você tem razão – disse com uma voz mais calma após respirar fundo – Não posso jogar fora um ano da minha vida fora. Você quer uma chance para se explicar, não é?

- É só isso que eu te peço Bells – ele não sabe o quanto me irritou ouvir o meu apelido de infância saindo da sua boca depois do que ele fez.

- Então diga. – fui curta e grossa, estava com todo o direito de não ser educada com ele.

- Tudo bem. Eu encontro você onde?

- Hã?

- Você não quer que a gente tenha essa conversa por telefone, não é? – eu só posso estar surda. Alem de estar dando uma chance de ouvi-lo, ainda terei que vê-lo?

- Pois é assim que vai ser. Não estou com a mínima vontade de ver a sua cara. Considere-se uma pessoa com sorte, pois estou fazendo muito ainda ouvindo a sua voz no telefone!

Não pude evitar que uma lágrima – mesmo que a única – caísse pelo meu rosto. Mesmo que fosse apenas uma, me fez sentir ainda mais estúpida do que nunca. Eu chorei por culpa dele. Não considero o ato de chorar uma demonstração de fraqueza, mas chorar por alguém que não merece uma lágrima sequer sua, me faz sentir a pessoa mais idiota na face da Terra.

- Amor, não foi minha intenção. Eu não queria nada...

- Não queria?! – não teve jeito: eu perdi a calma por completo – Tá me dizendo que te encontrar aos amassos com a Leah, que por sinal é minha MEIA-IRMÃ, não era o que você QUERIA?! – minha voz estava carregada de ironia no final – Vocês estavam se agarrando na cama dela! SEMI-NUS! – só de me lembrar, meu estômago já se embrulha por completo.

- Bella – interrompi antes que ele encontrasse outra desculpa ridícula.

- Não, Jacob. Quando você realmente resolver me contar a verdade, independente qual seja, deixe uma mensagem no meu telefone. Na caixa postal, me ouviu? Nem tente me procurar porque só vai tornar as coisas piores do que você já as deixou

- Mas...

TU TU TU. Não podia ouvir mais nenhuma palavra ou seria capaz de fazer uma loucura. É horrível a sensação de achar que você conhece alguém e se sentir traída dessa forma. Qualquer pessoa se sentiria como se estivesse sem chão e isso é desnorteante. E me deixa irritada não saber o que fazer, não ter um ponto de apoio.

- Você fez muito bem, Bella. Tô muito orgulhosa!

Eu me assustei com essa voz aguda e delicada, afinal achei que era apenas eu naquele apartamento. Mas não. Ainda tinha que ter uma telespectadora pro meu showzinho. Alice estava na porta do quarto com um sorriso enorme no rosto. Eu sei que ela sempre foi uma garota muito alegre. Mas será que não dá pra ficar triste só um pouquinho, não? Hello! Eu acabei de terminar com meu namorado depois de pegá-lo me traindo com minha meia-irmã!

- Nem me olha com essa cara. Nem sei porque você se importa tanto com isso. Não era você mesma que já estava reclamando que esse namoro não avançava, e sim regredia?

Bom isso era verdade. Mas quem ia gostar de ser corna?

- Eu sei. Mas ainda não dá pra acreditar.

- Claro que dá, amiga. Não dá é pra ficar aí, com raiva deles pelo resto da vida.

- Não estou com raiva deles. Tô com raiva de mim por me importar com isso. Eu deveria ter acabado com esse namoro a 4 meses atrás.

Se arrependimento matasse acho que já estaria enterrada. Jacob e eu passamos por uma fase complicada há alguns meses porque ele queria avançar um passo no nosso relacionamento, mas eu ainda não me sentia pronta. Não queria fazer sexo com ele forçando a barra, tinha que ser espontâneo. Pensei até em terminar, afinal não via um futuro para o nosso relacionamento. Pra mim era mais como algo dentro da rotina: acordar, escovar os dentes, tomar café-da-manhã, namorar o Jacob... Nunca teve nada de envolvente entre nós. Não o suficiente para eu dar a ele o que ele tanto queria: sexo. Argh! Será que homem só pensa nisso?

- Bella! Hei, acorda!

- Oi? – ela me lançou um olhar mortífero. Alice odiava quando eu começava a "viajar" e não prestava atenção em tudo o que ela falava.

- Eu disse que eu e meu namorado perfeito – frisa bem que você tem um namorado perfeito, vai! Joga na cara ¬¬' – vamos a uma boate que abriu há pouco tempo. Dizem que é simplesmente demais. E você, vai com a gente?

Vamos repassar a agenda da semana:

* Domingo: Pegar seu namorado te traindo com sua meia-irmã;

* Segunda-feira: Problemas com os fornecedores da loja de roupas que eu e Alice abrimos depois da faculdade;

* Terça-feira: Ouvir seu pai reclamar do porque que você terminou o namorado "ideal";

* Quarta-feira: Reunião chata com os fornecedores e preparação de um relatório sobre as vendas e faturamento;

* Quinta feira: Mais reuniões e papeis para analisar e assinar, além de ter que fugir do imbecil do seu ex;

* Sexta-feira: Mais trabalho e ainda ouvir o seu ex-colega de faculdade te cantando depois de descobrir sobre o término do seu namoro.

Quer saber? Acho que já tive uma semana bastante movimentada.

- Passo. Segurar vela é tudo o que eu menos preciso pra fechar a semana que começou muito bem.

- Vamos, Bellita! Você vai ficar em casa por culpa daquele... daquele... Argh! – Alice não escondia o fato de acha-lo repulsivo. Ao seu ver, eu sempre mereci alguém melhor .

Desde que nos conhecemos na faculdade e dividimos o dormitório, Alice viva me dizendo que Jake gostava de mim, mas como eu não gostava dele dessa forma só ignorava. Mas quando resolvi dar uma chance a ele, ela simplesmente não escondeu de ninguém que não fazia nenhum gosto dessa relação. Era uma coisa até engraçada de ver as respostas prontas cheias de sarcasmo e ironia dirigidas a ele e os sorrisos mais falsos que ela conseguia dar.

- Eu não vou deixar você em casa sozinha! E não vai ser só o Jazz e eu. Vai ter a Ângela, o Emm, a Rose e mais alguns colegas do Jazz. Por favor! – Ah! Aquilo era golpe baixo e ela sabia! Usar a cara de cão-que-caiu-do-caminhão-de-mudança era uma forma que Alice sempre usava quando queria que as pessoas fizessem o que ela queria. Era impossível – e eu digo isso porque eu não conheço uma única pessoa que tenha dito não a ela depois que seus olhos brilham como se estivessem prestes a chorar e os lábios formam um beiço com um leve tremor. Era de dar pena.

- Droga!

- EHHHH! Você vai se divertir, você vai ver! E ainda vai me agradecer por isso. Eu tenho absoluta certeza. Agora vamos que eu tenho que te arrumar.

- Nem pensar. Se eu for eu mesma me arrumo. E nem adianta discutir se não eu vou ficar irritada mais do que já estou e acabarei estragando sua noite reclamando que o Manolo que eu tenho certeza que você vai me obrigar a usar vai estar machucando meus pés.

Alice fez uma cara de ultraje e saiu do meu quarto reclamando algo sobre "um Manolo não tem culpa da sua TPM". Vê se eu posso com isso?