Keep u Safe. escrita por Liids River


Capítulo 6
Ending.


Notas iniciais do capítulo

Olá interrrrrnet
olha
eu tô um caco
eu jurei pra mim mesma que os capitulos não seriam eternos e cansativos MAS A MINHA CABEÇA DISSE O CONTRÁRIO E BANG
eu preciso estudar ou terei uma overdose de tanto escrever.
"Finalzinho" dedicado a todo mundo que comentou e me apoiou nisso aqui,amo cada um de vcs de oitenta e seis maneiras diferentes ♥
amanhã - se @deus me ajudar - eu postarei uma One das antigas que eu tenho aqui. E logo durante a semana,mais outras que eu tenho prontas.
Sobre o final dessa aqui,as notas finais esclarecerão algumas coisas.

espero que gostem.
tem erro pra peste,mas eu tô muito tonta pra corrigir agora
amo vcs
cada um de vcs ♥



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Os lábios dela pareciam o céu.Ou pelo menos o que eu imagino do céu.

Era macio. Confortável. E quente. Muito quente.

Ora....nos dê uma descrição mais detalhada,seu pateta.

Era muito macio. Muito confortável,muito quente.

Idiota.

Annabeth passou um dos braços pelo meu pescoço,e a minha mão – por mais que estivesse gelada – não consegui contê-la. Foram diretamente para os seus cabelos. Ela movia o rosto com maestria e parecia implorar para que eu a deixasse respirar,mas eu estava em êxtase. Eu só queria beijá-la e beijá-la e beijá-la...

Ela se afastou de repente – e rápido demais – com os olhos arregalados.

—Eu ... eu-

Não.

Fica quieta,você está estragando o momento.

Eu sorri para ela e beijei-lhe a bochecha :

— Eu também – sussurrei,olhando-a nos olhos. Annabeth sorriu e puxou-me novamente.

Ela tinha a língua mais quente do universo. Não que eu tenha uma experiência muito vasta em línguas,mas eu aposto que nesse mundo,nenhuma delas é como a de Annabeth. Nenhuma delas. Ela modia,chupava,e gemia baixinho e eu tenho certeza que se eu me afastasse dela agora,ela ia ficar envergonhada e tímida...então eu não o fiz. Continuei grudado nela como se a nossa vida dependesse disso.

Ela era quente. Eu achei que só com carícias eu me contentaria,mas não. Era mais. Eu precisava de mais,e eu tenho a impressão de que com Annabeth,eu sempre vou precisar.

—Percy – ela murmurou arfando. Puxei-a de novo,mordendo seu lábio inferior e pedindo com toda a educação bocal – isso existe sim. Eu acabei de inventar – para que ela calasse a boca e continuasse fazendo aquilo que ela deveria fazer. Annabeth passou uma das pernas por minha cintura,fazendo-me encostar na poltrona de vez,e sentou-se no meu colo. Sua língua se movia com a minha,como se ela quisesse dizer tudo que não estava conseguindo colocar em palavras. Era como se ela estivesse se afogando e eu estivesse prestes a salvá-la.  Minhas mãos – bobas – foram diretamente para as suas coxas,uma delas subindo pela sua espinha por dentro da minha blusa de moletom,acariciando-a,e eu tive o prazer de vê-la estremecer e jogar a cabeça para o meu ombro direito,tentando recuperar a respiração.

Coninuei beijando-a no pescoço. Tão pálido,pedindo por uma mordidas.

Annabeth era muito pra mim,isso era fato....mas ei,não sou que estou sentado no colo dela,certo?

Ela arfava baixinho no meu ouvido. A respiração quente,e se ela tivesse o mínimo de juízo,ela sairia do meu colo.Mas pelo contrário,ela se deixou cair completamente sobre mim,fazendo-me ter que segurá-la.

—Você está bem? –perguntei preocupado. Ela parecia meio mole.

—Você tá tentando me matar – sussurrou,com a cabeça escondida em meu pescoço. Levantou um dos braços e acariciou meus cabelos da nuca com os dedos.

Eu me senti meio mole também.

— Você me atacou – murmurei beijando-lhe o ombro. Eu não tinha que me conter mais,tinha? Porque eu queria beijar cada pedacinho de pele dela.

— Você estava pedindo para ser atacado –sussurrou.

Eu ri em seu pescoço e levantei as mãos até sua cabeça,fazendo-a olhar para mim. As bochechas mais coradas,os olhos mais brilhantes....a boca inchada. Eu havia feito aquilo com ela? Rapaz,eu devo ser bom.

— Para de me olhar assim –pediu baixinho,dando-me um selinho rápido.

Então eu tinha permissão para isso também?

Alguém me ajuda.

Isso não vem no guia de sobrevivência.

— Você... tá bem mesmo? –perguntei beijando-lhe no rosto.

Ela sorriu de lado,e se inclinou sobre mim. Os olhos mais atentos...mordeu o lábio inferior e inclinou a cabeça de novo.

—Você é tão lerdo – sussurrou – Eu tive que beijar primeiro!

Empurrei-a um pouco ofendido,e arqueei a sobrancelha.

—Quer dizer então que um pouco mais e você ia me beijar na frente do Nico? –sussurrei,acariciando seus dedos.

—Talvez eu beijasse ele também – arqueou a sobrancelha também.

Inclinei a cabeça para o lado,cerrei os olhos e arqueei a sobrancelha. Aquela...maldita.

— Você não ousaria.

—Está me desafiando ? – perguntou,puxando meus cabelos para trás,fazendo-me inclinar sobre o assento da poltrona. Ela desceu seus lábios para o meu pescoço,dando-me beijinhos por ali. Eu queria gritar e manda-la parar,mas o meu lado totalmente Team Annabeth só deixou que ela me toturasse um pouco mais. – Porque eu com certeza beijaria ele aqui – ela sussurrou,beijando-me do lado esquerdo – E aí...talvez eu subisse um pouquinho,sabe? –sussurrou,beijando meu maxilar.

— Provocadora – revirei os olhos com raiva – Sai de cima de mim.

—Eu não sei se consigo – murmurou ficando corada e olhando-me por baixo dos cílios – Você é tão engraçado daqui.

Puxei para fora do meu colo,mas ela reclamou,entrelaçando as mãos atrás da minha cabeça. Olhei em seus olhos cinzentos com admiração. Estavam limpos ao contrário do céu na fora. Ela não me olhava daquele jeito desde a igreja. Eu sentia como se ela fosse a minha Ninguém de novo.

— Eu preciso te contar uma coisa – ela sussurrou,entrelaçando nossos dedos. Eu sei que é besteira,mas eu sentia como se ela me visse de verdade agora. Como se ela pudesse ver e ler todas as minhas descrições sobre ela durante esse relato. Tudo aquilo que eu já quis fazer com ela. Eu queria dar o mundo à Annabeth.

Mas não esse mundo horrível,não.

Eu criaria outro mundo para dar à Annabeth.

Se isso não é estar apaixonado,eu não sei o que é.

Eu acho que estou mesmo.

— Vá em frente – mexi em uma mecha do seu cabelo.

— Você não teve culpa em nada Percy – ela sussurrou. Desviei meus olhos para o chão.

Lá estava ela querendo estragar o momento de novo.

—Eu-

—Não,me escuta – ela puxou meu rosto de volta,e encostou os lábios nos meus mais uma vez.Leve e sem pressa,como se ela fosse fazer muito aquilo a partir de agora. -  Você não teve. –balançou a cabeça e me olhou. Eu queria desviar os olhos,e começar a ser todo grosso e mandão,porque ela iria parar de fazer aquilo se eu fosse....mas eu estava com um tremendo medo de perde-la agora – Eu não sei o que aconteceu com você de verdade. Não sei o que fez você continuar firme até me encontrar,Percy. Eu teria desistido.Tem ideia disso?

—Eu não fiz nada demais,docinho – sussurrei,e bati em seu traseiro – Agora pare de papo e vamos dormir.

—Não –ela balançou a cabeça de novo. Teimosa. – Você é mais forte do que imagina,meu amor – ela sorriu sincera e colou sua testa na minha – Você teve a coragem de uns quinhentos soldados,você foi muito mais para a sua irmã do que isso aqui - ela–teu uma batidinha na minha testa – Pensa.

— Eu queria que ela estivesse aqui – murmurei,pigarreando em seguida.

Não queria parecer um chorão na frente dela.

— Você fez o certo – ela sussurrou,beijando-me novamente. Muito rápido pro meu gosto – E eu amo você por isso.

—Você ama? –sussurrei sem nem me dar conta do quão surpreso eu parecia. Tentei não parecer tão surpreso,coçando a nuca e pigarreando de novo – Claro que ama. Todas amam. – Ela revirou os olhos e continuou me olhando em expectativa.

Eu ia dizer,juro que ia,mas o Nico apareceu na entrada da sala de novo e –

—Wow,rapazes – ele levantou as mãos rindo – Se vocês queriam ficar sozinhos,era só dizer.

—Nico! – Annabeth reclamou. Deu um tapa no meu peito e se levantou com raiva.

Ei. Eu não tinha culpa. Volta aqui!

Ela se sentou ao meu lado e bufou com raiva.

Nico levantou as sobrancelhas para mim e riu de lado.

—Sério,eu juro não tinha intenção de interromper....seja lá o que vocês,dois adultos solteiros que podem fazer o que quiser,estavam prestes a fazer – ele riu de novo – Mas eu me dei conta de que eu não tenho direito de ficar no quarto de ninguém aqui.

—Nico – repreendi – Você pode dormir onde quiser.

—Eu escolho a poltrona,então – ele sorriu,apontando para atrás de nós dois

Annabeth se levantou com raiva,dando-lhe um beijo na bochecha que podia ser comparado com uma tijolada e subiu as escadas.

Nico continuou olhando-me e suspirou.

—Tá com problemas aí?

—O que?

—Você sabe –ele disse como se fosse óbvio – Ela estava sentada-

—Ei! – repreendi. Tudo que eu menos queria era ter uma conversinha com Nico nesse momento. – Eu só tô...- cocei a nuca,cruzando as pernas. Talvez eu estivesse com um probleminha ali - tomando um ar.

—Vocês são nojentos – ele reclamou fazendo careta e passando por cima de mim,para sentar-se na poltrona – Iam fazer coisa aqui na sala.

—Foi só um beijo – revirei os olhos.

—Finalmente! – ele sorriu,fazendo-me virar para ele. Nico era um cara legal. Se eu o tivesse conhecido em outra situação,seria tão legal com ele?

Eu não queria pensar naquilo agora.

— Só um beijo – ele ironizou – A menina parecia ter acabado de sair de um passeio de montanha russa,Percy. Não me venha com essa.

Eu também me sentia assim.Ela era como algo intocável na minha cabeça.Como se eu fosse um ratinho correndo atrás dela – um pedaço de queijo. Ela tinha um sorriso lindo,o sorriso pós-beijo era lindo. Eu queria ver o sorriso pós-beijo de novo.

Ah como eu queria!

Vê-la arfando de novo. Escondendo o rosto no meu pescoço.Ver o rubor das bochechas mais centuado que nunca. A boca vermelha e inchada,eu podeira beijar cada pedacinho daquele pescoço. Eu poderia até pedi-la em casamento,se ela me dessa aquele sorriso.

— Cara – Nico me cutucou. – Para de babar.

Revirei os olhos para ele e sorri.

—Até amanhã,Nico – levantei-me,certificando-me de que estava tudo ok lá embaixo e sorri para ele – Tranque a porta,ok?

—Pode deixar – ele suspirou,levantando-se.

Encaminhei-me para as escadas,porém Nico me chamou.

— O que? –perguntei.

— Vocês estão com visita. – ele pigarreou – Lembre-se disso.

...

— Não me faça ir até aí te dar uma surra,amigão – sorri sarcástico e subi as escadas.

—x-

Annabeth estava sentada na minha cama,observando a parede cheia de pôsteres.Ela sorri minimamente,mas eu conseguia captar seu olhar admirada,sobre as poucas provas e testes pendurados ali.

Ótimo,agora eu parecia um nerd.

Os cabelos agora presos num coque,a blusa de moletom brindo as mãos pequenas. As meias pewuenas da Marshalls nos pés.Ela parecia uma garotinha. Uma garotinha muito teimosa , metida e cheia de si.

Mas muito doce dance.

Encostei-me no batente da porta,enquanto ela se levantava e ia até a minha cômoda. Ela parou,inclinando-se sobre ela e olhando alguns outros testes ali. Ela tinha um corpo esguio. Eu nunca tive tempo de olhá-la....dessa forma. Eu obviamente havia reparado algumas coisas,claro. Mas olhá-la desse jeito,nunca.

Ela parecia uma modelo. A modelo do apocalipse.

Essa ideia ridícula me fez querer rir,mas eu precisava observá-la. Ela tinha mania de – com o indicador – passar pela ponta do nariz. Tinha a mania de ficar na pontas dos pés de vez em quando. Ou talvez ela precisasse disso,não sei. Tinha as mãos escondidas pelo moletom e esse mesmo ia até as suas coxas.

— Bisbilhoteira – murmurei entrando no meu quarto e fechando a porta atrás de mim.

Ela deu um pulinho assustada mas logo deu de ombros.

— Eu estava curiosa – ela sussurrou,cruzando as mãos em gente ao corpo.

Sentei-me na cama,tirando minhas meias e sorrindo.

—Essa é sua característica principal,hun? – ela riu baixinho,sentando-se ao meu lado. Tinha os olhos atentos aos meu movimentos,esperando – Tenha a impressão de que você quer me dizer alguma coisa.

— Talvez você queira me dizer alguma coisa – ela sugeriu com as sobrancelhas levantadas.

— É preciso que eu diga? – perguntei,pegando-lhe a mão – Você só vai mesmo entender as coisas eu disser tudo? – ela riu alto,jogando-se em cima de mim,fazendo-me cair na cama com ela por cima. Os cabelos se defizeram do coque,o sorriso ainda mais espontâneo.

— Idiota – reclamou,beijando-me de leve. As mãos correram pelo meu cabelo,enquanto ela acariciava meu nariz e beijava-me de vez em quando. – Eu fico feliz que você não tenha desistido de mim.

—Você ficou n opé,não dava para desistir né – brinquei,passando os braços ao redor dela – Além do mais,eu estava cansado de ficar sozinho.

— Sei – ela riu,deitando-se ao meu lado. Deitou-se de frente para mim,as pernas tocando as minhas. A respiração próxima do meu rosto,os olhos fixos nos meus. De repente,ela ficou séria.

— O que foi? –perguntei,acariciando seu rosto fino.

— Como isso vai acabar,Percy? – sussurrou – Em fogo?

— Não importa,contanto que eu tenha você comigo – sussurrei baixinho,mas ela não pareceu ouvir.

Ela não brincou quando disse que eu teria que dizer as coisas em voz alta para ela percebê-las mesmo.

— ...em água?

— Não importa,contanto que eu tenha você comigo – murmurei mais alto. Annabeth desviou os olhos para  mim. Arregalados e cheio de emoção.

— Você é tão doce – ela sussurrou – Mas.... eu tô com medo.

Ela estava respirando fundo,tentando controlar as emoções e eu apreciava isso nela. Ela não queria demonstrar e me preocupar,mas eu já a conhecia bem. Já conhecia seu rosto,sua mente,seus sentimentos. Conhecia auilo que importava e aquilo que era supérfluo. Eu conhecia Annabeth e o melhor de tudo, eu confiava em Annabeth.

— Ei – puxei seu rosto para próximo do meu,beijando-lhe o nariz – Eu já deixei alguma coisa te machucar? Alguma coisa que...não fosse eu mesmo,quero dizer.

— Você nunca me machucou,bocó – ela riu – E não,nunca.

—Por que eu deixaria agora? –perguntei retoricamente,olhando em seus olhos cinzentos com amor. – Eu não vou deixar nada machucar você.

— E nem eu a você – ela levantou o mindinho,sorrindo de um jeito fofo – Juro.

—Juro também – sorri,entrelaçando meu mindinho no dela.

Sabe...nós estávamos deitados sobre a minha cama empoeirada,na minha antiga casa. Onde eu cresci,vi a minha irmã crescer até certa idade,vi meus pais serem felizes a maior parte do tempo. A casa onde eu vi muitas coisas felizes acontecerem. Onde eu vi a pior coisa acontecendo – sim,estou falando novamente do meu pai colocando ketchup nos rins da minha mãe. Onde eu tenho mais memórias boas do que ruins,mas onde as ruins foram as últimas a acontecerem. Eu estive com raiva de Annabeth desde o primeiro momento em que ela me jogou no chão daquela igreja. Estive bravo com Annabeth por ser tão teimosa e nariz empinado. Estive furioso com Annabeth por achar por um milésimo de segundo que ela não era capacitada para as coisas que deveria fazer. Então voltei a ficar com raiva de Annabeth depois dela perceber que era capacitada,ficar ainda mais metida e nariz empinado. Estive tremendamente tentado a matar Annabeth todas as vezes em que ela me forçou a dizer coisas que eu não deveria,e por me desafiar em vezes em que ela corria altíssimo risco.

Mas nada era mais bonito do que ver o cabelo dourado esparramado na minha velha cama empoeirada. Nada parecia mais certo que o sorriso tímido completamente direcionado à mim.Os olhos limpos e brilhantes como se toda a tempestade lá fora não fosse nada aqui dentro.

Tudo em Annabeth brilhava pra mim. Seu rosto,seu jeito,seu corpo,seu gênio....tudo. E tudo na minha cabeça era ampliado e eu podia pegar cada pequeno detalhe do seu “eu”.

— Para de me encarar assim,tá ficando assustador – ela sussurrou.

Mas eu não conseguia. Ela tinha o jeito mais meigo e irritante que já havia conhecido. Sem falar mais nada,só nos ajeitei na cama,em cima dos travesseiros. Cobri à nós dois com o edredom do final da cama e passei um dos braços pela sua cintura. Dei-lhe um beijo na testa entrelaçando nossos dedos como de costume,mais contente do que nunca por finalmente – depois de tantos meses,tantas semanas,tantos dias e tantas horas – deitar-me em uma cama conhecida.

— Boa noita,Ninguém – sussurrei sentindo seu sorriso em meu pescoço.

—Boa noite,Percy.

Eu não sei se eu dormi por algum tempo ou se apenas dei boa noite e continuei acordado,mas quando eu abri os olhos ainda estava escuro lá fora.A porta ainda estava fechada e eu não ouvia barulhos no andar de baixo e nem lá fora. Eu quase sorri com a possibilidade de tudo ser um sonho,mas ela estava ali. Encarando-me e sorrindo de lado.

—Quanto tempo eu dormi?

—Duas horas –sussurrou – São onze horas....eu não acho que você tem descansado o suficiente.

—Você dormiu? –perguntei olhando-a.

—Não – sorriu.

—Você deveria dormir agora – resmunguei,apertando seus dedos.Ela tinha os cabelos bagunçados e olhava-me como se eu fosse uma obra de arte feita por Vicent Van Gogh.Ou como se eu fosse o próprio Vicent Van Gogh.

Ela riu de lado e passou uma das mãos pelo meu pescoço .

—Você é tão mandão.

—Você que é teimosa – sussurrei,aproximando meus lábios dela. Beijei-lhe no canto da boca vermelha e sorri quando ela passou de rir e colou nossos lábios de uma vez.

Eu vou tentar descrever os próximos fatos sem parecer um idiota,mas eu não garanto nada.

Ela era como uma bomba. Um bomba nuclear,prestes a explodir no meu quarto. Era quente,tinha as mãos quentes e os lábios fervendo. Ela bagunçava o meu cabelo enquanto me beijava fervorosamente e eu só conseguia exigir mais e mais dela. Eu queria mais e mais dela a cada movimento dos lábios contra os meus. Cada pequeno movimento.

Eu não sabia quanto tempo mais nós teríamos. Eu não sabia quanto tempo mais nós sobreviveríamos,mas ela estava ali agora. E eu estou aqui agora...e eu não conseguia parar de pensar que a casa podia cair no quintos dos infernos,mas se ela continuasse me beijando do jeito que estava,eu não perceberia.Eu a empurrei sobre a cama,posicionando-me por cima dela,esperando que ela não me desse um chute ou um soco por ser tão abusado,mas ela não o fez. Ela só gemeu baixinho meu nome e puxou minha camiseta para cima,passeando com as mãos pelo meu abdômen,fazendo-me rir baixinho,só para ela.

— Abusada – sussurrei.

— Só um pouco – ela riu e puxou a minha camiseta para cima de uma vez. Eu a ajudei levantando os braços e jogando-a no chão do quarto. Eu nem me lembrava em que cômodo da casa nós estávamos. Entrelacei uma das minhas mãos na sua e coloquei-a sobre o seu coração,só para ter certeza que ela estava se sentindo do mesmo jeito que eu.

Prestes a ter um ataque cardíaco. E ela estava.

Ela bagunçou meus cabelos enquanto eu beijava seu pescoço. Eu não sentia mais nada além do seu cheiro de sabonete e como eu queria que aquele cheiro se impregnasse em mim e não saísse jamais.Puxei sua – na verdade,minha – blusa de moletom para cima,e ela fez o mesmo que eu – levantando os braços – a atirando ela para o chão junto da minha camiseta. Puxei a camiseta de mangas curtas para cima sem rodeios , e ela me ajudou um pouco relutante,mas ainda assim ajudou.

Como já devo ter dito antes,eu já havia reparado no corpo de Annabeth. Mas nada do que eu imaginei,poderia se comparar a ver,certo?

Ela tinha seios. Seios que eu gostaria muito de testar e ver se caberiam nas minhas mãos,mas eu não tinha certeza do que estava fazendo,não quando ela estava ali toda corada olhando para mim.

—É o pior sutiã do mundo –ela sussurrou,colocando as mãos no rosto,cobrindo-o. Eu nem havia reparado na peça de roupa,mas com o seu sussurro lamentador,tive que olhar. Era uma peça da Marshalls,definitivamente. Era rosa,lisa e cheia de florzinhas.

Então eu ri. Eu gargalhei na verdade.

Annabeth parecia uma garotinha.

—Idiota! Pra de rir de mim – ela resmungou irritada,puxando a blusa de volta,porém eu fui mais rápido. Segurando o riso,puxei a blusa das suas mãos  joguei-a no chão junto com o resto. Puxei suas mãos para cima da sua própria cabeça e sorri com a sua cara surpresa e brava.

Ela era tão volátil e doce.

— Solte as minhas mãos,agora – murmurou irritada. – E me devolva minha camiseta.

—Você quem tirou – sussurrei. - ...docinho.

—Não me chame de docinho! – ela fez força nas mãos e eu as apertei ainda mais – Você tá me machucando!

—Não vou cair nessa – sorri e pisquei. – Não sei se gosto da Annabeth toda valente.... –sussurrei,descendo o rosto até o seu pescoço,fazendo uma trilha de beijos até o montinho dos seus seios,dando um beijo em cada um deles . Ela observava quieta e corada – Hn,aqui está a minha Annabeth tímida.

—Idiota – resmungou – Eu vou gritar o Nico!

—Não vai não –sussurrei,beijando-a novamente no mesmo lugar,subindo de volta para o seu rosto. Ela tinha os olhos escuros e as bochechas ainda mais vermelhas. A boca levemente aberta e formando um beicinho – Você não deveria fazer isso – sussurrei,beijando-a rapidamente – Na verdade...nós não deveríamos fazer isso. – beija-a novamente,soltando uma das suas mãos,a qual voltou diretamente para as minhas costas.  – Não sei se o Nico ia gostar de ser acordado essa hora – sorri para ela,soltando a outra mão.

Ela me deu um tapa na nuca e eu fiz careta.

—Tão carinhosa.

—Cala a boca – ela riu,e puxou-me de volta para perto do seu rosto. Ela desceu as mãos para o cós da minha calça e beijou-me com a mesma pressa que tinha antes. Quase com urgência. Mas....estava errado. Eu não queria fazer nada com pressa agora,eu queria aproveitar cada pequeno detalhe dela.

Até mesmo seu sutiã de criança.

—Devagar – sussurrei,puxando suas mãos de volta para mim. – Eu não tenho pressa.

—Eu tenho – resmungou,descendo as mãos para a própria calça,fazendo-me rir.

—Olha quantas camadas de Annabeth nós temos em um único corpo –sorri para ela,fazendo-a corar e tirar as mãos da própria calça,envergonhada.

Ela subiu os dedos para cima,fazendo um carinho leve em meus lábios com eles.

—E qual delas você mais gosta? –perguntou insegura.

Não. Ela deveria ter insegurança à essa altura.Era ridículo que ela tivesse insegurança à essa altura.

—Todas elas. – sussurrei antes de beijá-la de novo.

E dessa vez,eu puxei seu rosto para cima. Ela já havia feito demais. Já havia dito demais,e como eu não sou bom com palavras,era a minha vez de mostrar o mesmo.Puxei os seu lábio inferior com os dentes e desci meus beijos até o seu pescoço. Ela arfava baixinho com as mãos em meus cabelos.

—Percy – sussurrou.

Desci as minhas mãos para o cós da sua calça jeans surrada,enquanto beijava o seu pescoço. Puxei o zíper,abrindo o botão enquanto ela sorria de lado e mordia os lábios para mim.

—Você que parece apressado – sussurrou.

—Fica quietinha – sorri para ela,enquanto ela ria mais alto agora – É sério,não queremos acordar o Nico – resmunguei – Não sei se conseguiria “não mata-lo” se ele aparecer aqui e ...você sabe,vir você assim.

—Assim como ? – perguntou com as mãos em meu peito.

— Você sabe – resmunguei de olhos cerrados,puxando suas calças para fora das suas pernas maravilhosas. Ela tinha coxas grosas as quais logo foram apertadas pelas minhas mãos inconsequentes. Ela sorriu de novo,sentando-se e ficando cara a cara comigo,dando-me um beijinho no nariz quanto sorria.  – O que você faz comigo? – perguntei retóricamente – Você não pode mexer com a cabeça de todo mundo assim...é perigoso!

—Eu não estou fazendo nada – ela riu novamente,arqueando as sobrancelhas – Você quem fica me olhando desse jeito!

—Annabeth – murmurei olhando-a nos olhos. Com um brilho tão inocente que eu quase perdi a vontade de perguntar o que eu deveria – O que estamos fazendo?

Ela arregalou os olhos para mim e ficou ainda mais corada.

—Sobrevivendo– sussurrou.

E a ultima coisa que eu me lembro de ver,foi Annabeth sorrindo para mim,como se dissesse : vai ficar tudo bem.

O sol invadindo pela janela na manhã seguinte fez com que eu sorrisse do jeito mais patético do mundo. A respiração pesada de Annabeth também teve algo haver com isso,mas não vem ao caso agora.

Estavamos juntos. Na minha cama. A velha cama empoeirada.

Eu deveria pelo menos ter trocado os lençóis.....parabéns,cabeça de nós todos.

O cabelo loiro estava jogado pelo rosto e pelo travesseiro.A expressão tranquila e o repuxar leve dos lábios me fez querer entrar na cabecinha genial dela e ver o que ela estava pensando.Uma braço dela estava sobre o meu peito e o outro jogado ao lado da cama,desajeitada. Ela estava usando meu moletom,e eu tenho certeza que era só isso.

Eu quem vesti nela depois das atividades da noite interior.

As pernas entrelaçadas nas minhas fazendo com que eu me sentisse quentinho.

Eu deveria ter colocado outra fronha no travesseiro.....mas como eu sou um cabeça oca!

Ela ressonava tranquilamente,respirava devagar e baixinho.Não consegui não pensar em como ela estava entregue à mim e como eu faria de tudo,tudo mesmo para mantê-la a salvo. Nem que isso significasse matar mais do que argumentar.

Seja com pessoas ou com os bocas-sanguentas lá fora.

Ela havia feito com que eu me sentisse incrível....por mais que não soubesse direito o que estávamos fazendo.Era a primeira vez que eu guiava uma garota nessas coisas. E isso só tornou Annabeth ainda mais especial.

Ela se remexeu de leve fazendo uma camada de poeira subir e eu contive um espirro.

Eu deveria mesmo ter trocado os lençóis.

—Para – ela sussurrou – Tá pensando em um monte de coisas ao mesmo tempo e perdendo a grandiosidade de acordar do meu lado.

Olhei-a novamente. Ela continuava com os olhos fechados,mas a boca sorria de forma ampla. Um sorriso tão brilhante que eu quase pensei que a luz que invadiu o quarto vinha daquele sorriso e não do sol lá fora.

— Então você estava escondendo esse seu lado convencido de mim,hun? – brinquei,passando um braço pela sua cintura,puxando-a para mais perto.Acariciei seu nariz com o meu e ela sorriu ainda mais,passando os braços pelo meu pescoço.

—Eu não tinha um lado convencido até começar a andar com você.

—“Começar a andar comigo?” – eu ri baixinho – Até parece que a gente está falando sobre passar o recreio um com o outro.

—Você entendeu o que eu quis dizer,cabeçudo – Annabeth coçou a testa,ainda com os olhos fechados e suspirou – Se eu tivesse te conhecido em outro tempo,tinha pedido a sua mão em casamento,sabia?

Era bom saber que ela estava tão apaixonada quanto eu.

—Eu teria aceitado – respondi sorrindo – Se o anel fosse de diamantes.

Ela abriu os olhos,as pupilas dilatas e o sorriso chegando até ali.

Eu deveria ser bom em fazê-la sorrir.

— Não... – ela riu,massageando meus cabelos da nuca – Eu provavelmente lhe daria algo como esmeralda.

—Olha só!

—Malaquita.

—Conte-me mais – sorri,beijando-lhe na bochecha.

—Atacamita – ela colocou o indicador no queixo,fingindo pensar – Vivianita,Tsavorita...

—Se eu não soubesse que estamos falando de pedras,eu acharia que você está me xingando – sorri de lado – São todas verdes.

Ela se aconchegou ainda mais perto de mim,passando o polegar pelo meu lábio inferior enquanto olhava nos meus olhos.

— É pra combinar com os seus olhos – sussurrou.

—Como você está se sentindo? –perguntei,fechando os olhos e encostando minha cabeça em seu peito. O coração de Annabeth estava quase tão acelerado quanto o meu....e isso me deixou extremamente feliz.

— Eu nunca me senti tão bem – sussurrou passando os dedos pelo meu cabelo novamente.

— Então – Nico começou. Annabeth estava na cozinha de casa,arrumando nossas mochilas. Cada qual com um pouco do que levaríamos. Ela exagerava na mochila de Nico,porque tecnicamente nós nos separíamos na fronteira da cidade,onde ele iria atrás das pessoas que ele queria. E eu e Annabeth andaríamos em círculos juntos,tentando sobreviver.

Mal podia esperar por isso.

—Então – incentivei,observando seu rosto pálido. Apesar de ter dormido bastante,ele ainda parecia cansado. As olheiras não estavam tão profundas como antes,mas ainda estavam ali.

—Você e Annabeth... –ele balançou a cabeça sugestivamente – Ela e você...

— Acho que o pronome que você está procurando é “nós” – brinquei,socando-lhe o ombro.

—Ah,cara! – ele arregalou os olhos – Você tá tão caidinho por ela.

—Cala a boca.

—Olha só – ele levantou o indicador – Primeiro sintoma : A Negação. Isso acontece muito no caso de pessoas que estão perdidamente apaixo-

—Cala a boca – resmunguei novamente.

—É ótimo ver que vocês dois ainda se amam – Annabeth sorriu,passando as mãos pelos cabelos de Nico. – Você parece melhor.

—E você parece bem animada essa manhã – ele observou. – Houve...alguma atividade especial para esse acontecimento?

O rosto de Annabeth assumiu um tom vermelho e ela lhe deu um peteleco na cabeça sorrindo.

—Fica quietinho – sussurrou – Ou vou deixar que o Percy treine a pontaria dele com você.

— E eu adoraria isso – sorri para ela.

Eu acho que...eu poderia dizer que meu coração literalmente parava e voltava a todo vapor quando ela fazia isso. Eu me sentia bem com ela. Ela fazia isso sem nem perceber. Ela continuou encarando-me,talvez pensando o mesmo que eu.

— Olha vocês dois – Nico murmurou , virando o indicador para nós. – Olhando assim um pro outro como se imaginassem um ao outro sem roupa.

Annabeth começou a ficar vermelha de novo e saiu correndo para a cozinha.

Olhei para Nico e mordi o lábio tentando conter o riso ao vê-lo estupefato.

—Seu bastardo sortudo. – murmurou,levantando-se.

E pela primeira vez....eu tive que concordar com Nico.

 O sol acima da nossa cabeça era imprevisível. Quem diria que depois de tantos dias frios,o sol brilharia tanto a ponto de fazer até as bochechas de Nico meio vermelhas. Annabeth andava ao lado dele na frente,e eu estava mais atrás,mas não estava incomodado com isso mais. Ele passava os braços ao redor dos ombros dela como se a consolasse.

Ela estava triste por deixar Nico partir.

Todos estávamos,para falar a verdade.

Ah! E você dizendo que odiava o garota uns capítulos atrás !

Calem a boca.

Gostava de tê-lo por perto,mas ao contrário de nós ele tinha um caminho grande pela frente. Tinha quem encontrar e com quem tentar sobreviver. Assim como eu e Annabeth tínhamos um ao outro.

 - ....e você não pode ficar roubando bolinhos dos outros,ok? – ouvi Annabeth murmurar para ele e sorri de lado.

Não havia sido fácil ficar em casa,mas sair de lá...tinha sido piro ainda. Eram tantas as lembraças,que eu não pude não ficar triste em sair de lá. Tanto lembranças de antes e depois. Lembranças com a minha família e lembranças com esses dois cara pálidas que andavam comigo agora.

Eu tinha certeza de duas coisas :

Eu nunca me senti tão bem quanto na minha própria casa.

E não andaria sozinho pelo apocalipse. Não mais.

Eu não iria até lá de novo. Chega.

As ruas estavam desertas como se era esperado. Andamos pelo menos duas horas antes d e parar e nos hidratar. O sol escaldante fazia com que a pele de Annabeth ficasse vermelha,mas ela confirmou que estava bem e que continuaríamos.

Não pude discordar,claro.

Andamos e andamos por um tempo em silêncio.  Nico sussurrava uma música baixinho enquanto olhava ao redor. Era estranho pensar que “música” era uma coisa recente e não algo de milênios atrás. Quanto tempo fazia que eu não ouvia música?

E por mais que fizesse....eu reconheci a música que ele cantava.

— I'm pulling my weight in gold – sussurrava.

Quem diria,Nico?

— Call me anxious, call me broke – Annabeth olhou para ele e sussurrou de volta.

Quem diria,Annabeth?

— But I can't lift this on my own – cantei mais alto,afinando a voz.

Opa.

Os dois viraram para mim com as sobrancelhas arqueadas....tivemos um minuto de silêncio pela minha dignidade antes de os dois começarem a gargalhar até lágrimas – literalmente – saírem dos olhos de Nico.

O que? Vocês nunca gostaram de uma música pra cantar como se ninguém estivesse vendo?

Nico e Annabeth continuaram a rir da minha cara e eu revirei os olhos sentindo meu rosto esquentar.

—Idiotas.

—Eu disse pra você que ele não era um robô! – Annabeth suspirou falando com Nico e entrelaçando os dedos nos meus.

— Vou sentir falta disso –Nico suspirou depois de balançar a cabeça e continuar a andar.

A maioria das casas estavam abandonadas ao nosso redor. Quando chegamos ao lado empresarial,ficamos ainda mais atentos. As pessoas sempre foram mais dedicadas ao ganhar dinheiro do que ser feliz. Todo mundo sabe disso,então o lado empresarial da cidade estava mais lotado de pessoas, consequentemente mais lotado de boca-sangrenta querendo lanchar por aí. A maioria dos prédios estavam com as janelas –até mesmo as mais altas – quebradas. Cacos e mais cacos de vidro cobriam as ruas,isso quando não eram corpos destroçados pelo chão. O desespero fora tanto,que algumas pessoas se jogaram dos prédios.

Imagine você comandando seus negócios tranquilamente em uma segunda-feira,quando de repente a sua secretária chega querendo comer a seu dedo mindinho. E não tendo nada relacionado ao péssimo salário que você paga à ela.

Pois é. Eu não consigo imaginar outra saída a não me jogar da janela também.

Tantos os prédios mais chiques e espelhados,quanto os mais simples de tinta descascando. Todo mundo era igual quando se tratava de sobreviver.

Eu me pergunto se alguma autoridade tinha sucumbido ao desespero de se jogar de um prédio alto. Imaginei o presidente se jogando a janela mais alta da Casa Branca.

As ruas cobertas de cacos nos dava uma vantagem de saber quando alguma coisa se aproximava,mas também deixava essa “alguma coisa” sabendo quando nos aproximávamos também. Annabeth pisava com cuidado tentando não fazer barulho nenhum,mas era quase impossível.

Nico pisava com vontade nos cacos,como se desafiasse cada uma das coisas que nos queriam mortos a aparecer.Isso me fez gostar mais de Nico.

A intenção era chegar até algum lugar onde Nico pudesse se localizar e ir até  o Nebraska atrás de sua família.

Quando Nico disse que fazia faculdade do outro lado da cidade,ele quis dizer país. Ou ele não sabe muito sobre Geografia.

E nem sobre a sua segurança...pelos relatos de Annabeth,Nico sugeriu que o primeiro surto foi em San Francisco,e isso não era muito longe de Nebraska,aonde Nico esperava a encontrar a sua família. Isso só fez com que o alerta na minha cabeça soasse novamente dizendo que talvez os pais de Nico já não estivessem conosco.

Mas ele tinha esperanças e não seria eu quem o faria perder aquilo.

Segundo os calculos de Annabeth,as horas de viagem até San Francisco eram de mais ou menos 45 de carro,sugerindo que outras vias de viagem estavam paradas. O Nebraska ficava antes então a probabilidade eram de 36 horas para Nico. Mais ou menos ...três mil e poucos quilômetros ,eu acho. Isso contando que ele parasse e dormisse,obviamente. Annabeth o fez prometer que não ficaria vidrado na estrada o tempo todo. Claro que não parar faria com que ele chegasse mais cedo,mas ele prometeu.

E Annabeth leve a sério as promessas,ele sabe.

Nico sozinho. O garoto que tentou roubar os meus bolinhos.Sozinho.

Mais uma vez o instinto me fez querer dizer para ele não ir.

— Cuidado! – Nico gritou para mim,enquanto virávamos na segunda esquerda da rua principal.

Como eu estava perdido no que dizer ou não para o Nico,eu não vi uma daquelas coisas vindo atrás mim.Nem mesmo ouvi. Levantei a mão para pegar a minha arma na cintura,mas me lembrei que ela não estava lá,estava com ele. Desviei do caminho da coisa sangrenta e me arrependi na mesma hora.

Ele ia na direção de Annabeth com passos rápidos.

Ela agarrou o taco de baisebol,mas outra coisa sangrenta andava na direção contrária à ela. Pelas costas.

Olhei para Nico que já pegava a arma e apontava na direção deles. Mas aqui ia trazer mais e mais ex-excutivos para cima de nós.

—Nico! – gritei – O vidro.

O que eu mais gostasse em Nico Di Angelo era oseu pensamento rápido. Logo ele entendeu,abaixando-se e pegando o máximo de cacos de vidro do chão,atirando na Coisa Sangrenta Número Um e Coisa Sangrenta Número Dois.

Os cacos de vidro iam afundando na pele deles como se fossem dardos num alvo. Era nojento e fascinante.

Annabeth rodou girando o taco de baseibol com ela e fazendo a cabeça da coisa voar para longe. Tirei minha espada das costas e me aproximei devagar da coisa número dois. Aquilo – algum dia – foi uma pessoa muito loira. Os cabelos ainda brilhavam,o que me dizia que ela tinha morrido recentemente.

—Annie! – Nico gritou apontando para rás.

Annabeth se desequilibrou,caindo por cima da própria perna e gemeu baixinho.Nico correu para ajuda-la,tirando de perto da coisa,enquanto eu lhe cortava a cabeça fora.

Annabeth estava caída no chão,com um caco cravado na mão. Ela tentava não fazer careta,mas eu sei que aquilo estava doendo que só a peste.

— A gente precisa sair daqui – Nico murmurou,tirando cuidadosamente o negócio da mão de Annabeth. Ela apertou o joelho dele com força e choramingou – Antes que mais deles apareçam.

—Você tem razão. –joguei a mochila no chão. Eu tinha trazido comigo milhares de camisetas – Pega alguma coisa aí e enrola a mão dela.

—Pode deixar – ele murmurou.

Fiquei com os olhos atentos ao redor. A rua estava silenciosa a não ser pelos espasmos e grunhidos estranhos dos prédios. A Avenida Principal estava suja e cheia de papéis jogadas no chão. Eu não via movimento nenhum,mas isso não queria dizer nada.

—Isso vai infecciona r- Annabeth murmou – Que droga.

—Não foi culpa sua –Nico garantiu – Até eu teria caído.

—No chão? Fala sério –ela respirou fundo .

Alguma coisa estava errada. Eu podia sentir. Isso de um cara que ficou tempo o suficiente sozinho para afirmar : Alguma coisa estava errada.

Por mais que estivesse silencioso,eu podia ouvir um rugido baixo.Não como se fosse um animal,ou um boca sangrenta...como se fosse um trem,ou um trator.

—Vocês-

=Sim –Nico me interrompeu antes mesmo que eu falsse. –Vamos correr daqui,assim que eu terminar isso aqui.

O som estava mais próximo.

Um ônibus talvez?

—Caminhão? – Annabeth sussurrou,puxando-me para baixo. Entrelaçando nossos dedos com a mão boa,ela suspirou. – Quem dirigiria um caminhão sabendo que essa parte da cidade é provavelmente a mais perigosa?

Olhei para Nico no mesmo instante em que ele procurou os meus olhos. Nico era tão experiente quanto eu. Só não sabia roubar bolinhos.

—Alguém que sabe que estamos aqui...-ele sussurrou dando um nó no trapo que enfaixava a mão de Annabeth com força,fazendo-a suspirar.

—....e quer nos prejudicar – completei grunhindo com raiva.

Mas que diabos!

Annabeth se levantou devagar,puxando o taco de baisebol e gemeu baixinho.Tinha machucado a mão direita.

—Deixa que eu seguro isso –sussurrei,puxando-a para que eu lhe desse um beijo na testa – Vai ficar tudo bem.

—Sempre fica – Nico sorriu de lado.

O barulho estava ainda mais próximo. Ou queriam nos prejudicar ou nos matar de vez. Era um rugido alto e estava vindo pela avenida principal. Logo menos alcançaria os cacos de vidro no chão e faria ainda mais barulho.

Eu duvido que um simples caco de vidro furasse o pneu do que quer que estivesse vindo.

— Vamos sair daqui – ela sugeriu – rápido!

Começamos a correr pela avenida principal antes que as coisas acordassem ou viessem atrás de nós. Mas o barulho continuava alto,e agora começavam a buzinar.

— Ônibus! – Nico resmungou parando para respirar – É um ônibus!

—Talvez queiram nos ajudar! – Annabeth suspirou,apoiando-se nele.

—Nos ajudar? Buzinando desse jeito? Eu acho que não,gênio – resmunguei. – Por que estamos parados aqui? Vão pegar a gente.

—Nem todo mundo tem o físico de um lutador de MMA,Percy – Nico reclamou engolindo em seco e fechando os olhos. A veia em seu pescoço pulsava como nunca. – Dá um tempo.

—Precisamos ir – puxei Annabeth pela mão,mas ela se deteve esperando por Nico – Agora Annabeth!

— O neandertal voltou –ela reclamou olhando-me – Esqueceu porquê viemos até aqui? Ele precisa descansar.

— Nico – abaixei-me até ele – A gente precisa sair daqui agora,ok? Vamos.

—Vão vocês –ele respirou fundo – Eu cuido disso.

— Cuidar disso? – perguntei horrorizado. Atrás dos prédios destruídos,já haviam milhares de bocas-sangrentas prontos para um lanche. Pelo sol estar tão mais forte do que eu antes,eu diria que era hora do almoço. Mas o barulho de buzina e o próprio ronco do motor do ônibus me deixavam inquieto o bastante para não pensar em comida agora – Você não sabe o que tem dentro daquele ônibus,ok? Eu não vou deixar você aqui.

—Vai sim –ele me empurrou junto com Annabeth – Vai embora!

—Nico – Annabeth olhava para ele magoada – Não faz isso. Eu não vou deixar.

—Não estou pedindo permissão,Annie – ele suspirou. – Vocês dois-

—Cala a boca – resmunguei,puxando Annabeth para a parede junto dele no exato momento em que o ônibus passou ao nosso lado.

Com alguma sorte,não teríamos sido vistos.

Mas não temos sorte,e o ônibus parou a três metros de nós. Não tínhamos como correr : de um lado ex-humanos prontos para um lanche. Do outro,humanos que certamente não nos queriam vivos.

As portas do ônibus se abriram. Saiu uma fumaça de dentro,e eu aposto que a temperatura daqui estava mais alta do que daqui de fora.

Agarrei o punho de Annabeth e apertei com força.

Eu era contra matar pessoas antes dela acontecer.

Agora,faria o que fosse preciso.

Ela virou a cabeça para mim,os olhos arregalados de medo. Pegou a mão de Nico e entrelaçou os dedos com ele.

Tô com medo” disse sem voz.

É claro que estava. Nós lidamos com ex-humanos até agora...nada disso era comparado a lidar com pessoas que ainda pensavam como nós.

Inclinei a cabeça para mais perto dela e beijei-lhe os lábios trêmulos.

“Vou mantê-la segura” respondi também sem voz.

Voltei-me para o ônibus a tempo de ver uma pessoa saindo. Ele segurava duas armas e na cintura,ainda tinha outra.

Não se deixe intimidar.

Ele tinha 1,80. Tinha os cabelos cobertos por um chapéu de cowboy e dos olhos para baixo cobertos por uma bandana vermelha. Tinha ruga de expressão na testa e ao redor dos olhos verdes. Vestia uma camiseta azul e uma jaqueta por cima. Ele deveria estar fritando embaixo daquilo. Calça preta e sapatos. Na cintura,minha uma arma simples.

Nas mãos,duas metralhadoras.

Ótimo.

Ele desceu do ônibus apontando uma das armas para nós,deixando a outra caída na outra mão,ao lado do corpo. Ele não disse nada por um tempo. E a sua postura me irritava de modo que nada mais poderia.

Ele andava como se conhecesse a cidade como a palma das mãos. Andava confiante e sem se importa de atrás de nós,termos um monte de zumbis ao ataque.

Ele focou os olhos em Nico,passando para Annabeth e terminando em mim. Voltou novamente os olhos para Annabeth e sua bochecha se contraiu por baixo da bandana vermelha.Ele deu mais alguns passos na nossa direção,olhando fixamente para Annabeth.

Dei um passo na sua direção,mas Annabeth agarrou meu braço.

Os olhos do...cowboy sinistro – isso -  se direcionou para a mão de Annabeth em mim,e ele cerrou os olhos.

Minha vontade era de sacar a minha arma,mas adivinhem só...eu não estava com ela.

Ele inclinou a cabeça para a direita,olhando para Nico e suspirou visivelmente entediado.

—Entre no ônibus,Annabeth .

Todos os músculos do meu corpo ficaram tensos. Meu coração disparou num ritmo que deveria ser proibido. Meus cabelos da nuca se arrepiaram,e eu me peguei apertando algo macio na mão direita.

A mão dela. Suava e estava trêmula.

Ele estava assustando minha menina.

— Quem? – Nico perguntou,fingindo-se – e muito bem! – de confuso. – Eu sou o Nico. Esse outro aí é o Percy e essa aqui – ele apontou com o indicador para Annabeth – É a Hanna.

Eu quis socar Nico Di Angelo. Depois de muito tempo sem querer...eu quis genuinamente socar aquele focinho branco.

Acho que seus pais nunca disseram para que ele não saísse se apresentando por aí.

O cowboy levantou a arma,atirando para cima diversas vezes,sorrindo diabólicamente. Quer dizer,eu acho que ele estava sorrindo. Eu me guiava pelo elevar ou não de suas bochechas. Depois do seu showzinho de tiros,eu esperava que ele levantasse as mãos e dançasse Macarena dizendo : Olha,eu sei atirar!

Mas ele pontou a arma diretamente para Nico.

—Guarde as suas mentiras para si memso,jovenzinho – ele disse. A voz grave e me deu calafrios e eu pude perceber o mesmo efeito em Annabeth. Ela o olhava confusa,mas não disse nada. Se ela soubesse quem era,não estaria tão nervosa.

— Quem é você? –perguntei confuso. Seus olhos viraram-se para mim, preguiçosamente,mas ele não respondeu nada.Continuou me encarando com os olhos curiosos e quase tão confusos como os meus. E bem mais confiante. – Eu vou perguntar novamente... –desvencilhei-me do aperto de Annabeth e dei dois passos na direção dele – Quem é você?

—A garota – ele apontou para Annabeth com a arma. – Vem comigo.

—Não – respondi antes de mais alguém. – Quem é você?

—Você é persistente –ele cerrou os olhos novamente,e eu acho que o vi arquear a sobrancelha – Muito persistente para um garoto desarmado.

—Quem –suspirei tentando controlar a raiva – é você?

—Você deveria colocar isso numa t-shirt –ele disse com as bochechas levantadas por baixo da bandana.

Sem paciência,tirei minha espada das corstas dando mais três passos na sua direção.

—Ei! –ele levantou as armas,fazendo-me parar. Annabeth gritou o meu nome junto com Nico,mas eu não me importava. Quem quer que fosse,queria tirá-la de mim. E eu não estava pronto para perder mais ninguém. – Mais meio passo e eu atiro nela.

—Você precisa dela –resmunguei –Não faria isso.

—Não duvide –ele apontou para ela novamente. Suspirei e decidi não me mexer mais.

Se tem uma coisa que eu odeio,é ser controlado.

Ser controlado por um cara que quer a minha menina,pior ainda.

—Eu preciso que venha comigo,querida –ele disse novamente,com a voz mais mansa. Eu ouvi Nico suspirar e dizer :

—Cara,ela não é essa Na-

—Fica quieto – ele disse para Nico,rápido e cortante. – Ou eu acabo com vocês dois em menos de um segundo.

Eu ouvi os passos calmos de Annabeth e fechei as mãos em punho. Queria gritar para ela parar de ser idiota e voltar pro lado de Nico se não eu iria amarrá-la lá. Ela veio para o meu lado tranquilamente,e eu me controlei para não agir igual um monstro e arrastá-la de volta para o lado de Nico.

—Quem é você? –perguntou com a voz trêmula,porém o rosto confiante. Ela agarrou minha mão,e eu fiz a promessa mais perigosa que eu já poderia ter feito para mim mesmo : não soltaria a sua mão.

— Você vai descobrir – ele murmurou – Preciso que você venha comigo.

—Eu não posso deixar meus amigos aqui e subir no ônibus de um estranho –ela cortou. – Sem chances.

—Você sempre foi teimosa – ele reconheceu.Desviei os olhos dele e olhei para Annabeth. Ela estava tão confusa quanto eu.

—Quem-

—Se o seu namorado me perguntar mais uma vez quem eu sou,não terei que pensar duas vezes antes de machucá-lo, querida – ele interrompeu.

A mão de Annabeth ficou gelada no mesmo instante. Eu queria gritar para ela deixar de demonstrar sentimentos por mim e que isso seria usado contra nós.

Mas era óbvio. Era óbvio que tínhamos sentimentos um pelo outro. Assim como Nico,qualquer um reconheceria isso de longe e usaria isso contra nós.

Cacete.

Você vai vir comigo – ele agirmou. – Por bem – ele suspirou,levantando as armas – Ou por mal.

—Ela não vai pra lugar nenhum com você – respondi . Nem eu mesmo reconheci minha voz.  Mas se fosse necessário,eu faria xixi em cima de Annabeth para marcar com quem ela ficaria.

Metáfora,por favor.

— Eu vou contar – ele disse inclinando a cabeça – E ela vai vir comigo.

Annabeth começou a tremer.

—Ou se ela não vir – ele completou – Eu atiro nos dois e ela vem de qualquer forma.

Annabeth deu um passo na direção dele,mas eu a detive,fazendo com que seu corpo batesse de volta no meu.

—O que diabos você pensa que está fazendo? –perguntei com o dentes cerrados. –Cacete Annabeth,não dê mais um passou ou eu juro que desarcordo você como eu fiz na igreja.

—Ele vai matar vocês – ela disse. Os olhos cinzentos marejados,a boca mais trêmula ainda,as bochechas que estiveram tão rosadas antes,agora sem cor nenhuma. A testa cheia d ecurvas de preocupação. – Não vou deixar ele matar vocês.

—Eu não vou deixar ele levar você – eu disse,olhando profundamente em seus olhos – Então se aquieta aqui e eu cuido disso.

—Um – o cara contou.

Annabeth olhou desesperadamente para o cara. Ele acenou positivamente com um olhar maníaco para cima dela.

Ele não iria tirá-la de mim. Não ia.

—Sabe .. – ela suspirou,umedecendo os lábios – Eu achei que não,mas eu amo. Eu amo você.

—Annabeth –balancei a cabeça,percebendo a presença de Nico logo do meu lado – Pare de agir como se fosse uma despedida,não é-

—Eu amo –ela balançou a cabeça positivamente para ela mesmo – E não vou deixar ele machucar você – ela suspirou olhando para Nico – Nenhum de vocês.

—Faz ela parar! – Nico pediu urgentemente com a voz esganiçada. Ele sabia que ela era determinada. E ela estava determinada a ir com um maníaco para que nós não nos machucássemos.

—Dois – o cara contou.

—Ok – ela respirou fundo. Apertei sua mão enquanto ela dava um beijo no rosto de Nico tão forte que ele fez careta – Não deixa ele sozinho,ok? Não deixa.

—Annie – sussurrou com a voz rouca.

—Por mim – ela pegou a mão dele com a mão enfaixada – Por mim.

—Por você –ele disse sem voz.

Ela suspirou mais tranquila,mas eu balancei a cabeça para o cara de novo. Ele não iria tirá-la de mim.Annabeth se colocou na minha frente,nas pontas dos pés,beijando o meu quixo e fazendo-me olhar para ela.

—Três. – o cara contou. – Vamos terminar no quatro,querida.

O cinza mais bonito que eu já havia visto estava nublado. Tristonhos e cheios de água. Eu queria que tudo se explodisse no exato momento em que coloquei os olhos nela. Eu prometi à mim mesmo que não deixaria Annabeth sozinha. Não depois dda igreja. Não depois da cabana. Ou depois do mercado e definitivamente não depois da minha casa. Eu prometi pra mim memso que não a veria sofrer como antes.

E lá estava ela.

O sofrimento presente nos olhos.

—Eu te devo uma – ela sorriu de lado,tentando aliviar – Você precisa soltar a minha mão,ok? –ela fungou.

—Não.

—Percy.

Puxei seu corpo para o meu,abranaçndo-a. Seu cheiro de limão perdido no ar tão seco.

—Você não vai pra lugar nenhum sem mim – disse baixinho,no seu ouvido – Você fingi que vai até ele,eu pego a arma com o Nico e atiro.Você volta,nós roubamos o ônibus e seguimos nosso caminho.

— Você tá entendendo – ela balançou a cabeça,chorando. – Não vou deixar você quebrar a promessa que fez para a Paine.

—A Paine não tá aqui! – gritei,fazendo-a estremecer – Você está.

—E vou continuar – ela suspirou – Você vai vir atrás de mim,eu sei.

—Annabeth-

—Ele não vai me machucar,Percy –ela murmurou depressa. O cara revirava os olhos olhando para nós. Nico olhava fixamente para as armas dele,sem movimentos. Ele pensava em algo exatamente igual à mim – Mas você precisa prometer que vai vir atrás de mim.

—Annabeth-

—Por favor – ela me apertou – Por favor,só uma vez. Deixa de ser tão teimoso e usa toda a força que você tem pra me abraçar agora –ela me apertou ainda mais. – Por favor!

Enrolei meus braços ao seu redor,sentindo parte do meu desespero transparecer. Ela estava partindo. Ela estava mesmo partindo.

Apertei seu corpo ainda mais ao meu,e ela suspirou sem fôlego.

—Vem atrás de mim – ela pediu baixinho,beijando-me na bochecha.

—Sempre – suspirei,apertando-a.

—Quatro –o cara terminou de contar. Ele tirou o chapéu,jogando-o na direção de Nico,revelando cabelos loiros como os de Annabeth. – Vamos querida. Tem alguém que te espera ansiosamente.

Ele puxou o braço de Annabeth e ela se afastou.

Não deu tempo de raciocinar como Nico. De repente,ele estava com o chapéu na cabeça,pulando em cima do cowboy. Puxei o braço de Annabeth de volta e a empurrei para o chão. Nico chutou uma das mãos dos cara,fazendo com que ele soltasse uma das armas,e com a mão socou a cara dele. O cowboy socou o rosto de Nico bem na boca,fazendo Nico cair inconsciente pro lado.

Ele era rápido. Puxou Nico para o lado e apontou a arma para a minha mão. A mão que segurava a de Annabeth.

Ela soltou. Eu puxei de volta.

—Vamos Annabeth- ele grunhiu e atirou perto das nossas mãos.

—Não! – supliquei puxando sua mão. O cowboy puxou o braço dela para longe de mim,e eu me via naquela situação mais uma vez. Eu estava a um braço de manter alguém que eu amo segura. E já tinha falhado um vez – Não! – gritei puxando-a.

—Percy – Annabeth me empurrou – Não! Me solta! Ele vai machucar você! –ela tinha o rosto molhado pelas lágrimas e tentava tirar a minha mão da dela.

—Não! – puxei-a de volta. Olhando nos seus olhos cinzentos e sem vida. Ela parecia linda como sempre,mas assustada ; Annabeth sabia quem era aquele cara. Ela sabia. – Não vou perder você assim!

Annabeth parou de relutar um pouco. O cowboy puxou seu corpo com força,fazendo-me cambalear junto com eles.

Ela suspirou e foi como se o tempo parasse : “Tá tudo bem,meu amor” ela modou com os lábios sem voz,o rosto vermelho pelo choro...

—Quanta baboseira,minha filha!

E foi rápido.

Eu senti alguma coisa no meu ombro,como se fosse um fósforo queimando a minha pele. A mão de Annabeth deixou a minha,com ela gritando desesperadamente. Eu caí no chão duro,ao lado de Nico,enquanto Annabeth era levada para longe de nós da mesma forma como Paine fora levada de mim.

Eu tentei levantar e correr até eles,mas meu ombro doía como nunca. Ele enfiou Annabeth sem delicadeza nenhuma dentro do ônibus,virou-se para nos olhar. Eu ameacei levantar,mas ele atirou de novo,passando erto de Nico e fazendo-me virara a cabeça alarmado.

Mostrou o dedo do meio na mão esquerda e deu partida no ônibus. Com Annabeth dentro. Levando-a para longe de mim.

A ultima coisa que eu vi,fora uns dizeres na traseiro do ônibus,que por mais que eu estivesse meio zonzo,eu poderia ler em qualquer lugar : Fretado – Jornal Good Morning San Francisco.

Depois de corrermos sem uma palavra das coisas que ainda estavam atrás de nós em número triplicado por conta dos tiros,achamos um lugar para parar. Longe do lado empresarial. Nico ainda estava meio tonto,mas conseguiu aguentar firme enquanto corríamos. Meu ombro – havia por sorte. A única coisa que havia sido sorte – havia sido atingido por um tiro de raspão. Sangrou como um inferno. Ardeu como se estivessem passando limão em cima de um machucado. Eu amarrei outro pedaço da blusa por cima da que eu já usava para estancar o sangue.

Mas nenhuma dor física era comparável a ter perdido Annabeth.

Só de pensar eu já tinha vontade de quebrar tudo.

E foi o que eu fiz.

Nico sentou-se no chão da casa destruída que achamos já no limite de ... alguma cidade. Pensilvânia? Eu não se caminhamos tanto assim. Eu não sei.

Eu só sei que Annabeth foi levada.

E isso estava me matando.

Eu quebrei as janelas,quebrei as mesas,joguei a geladeira no chão num surto de raiva. Tirei a minha espada das costas,cortando as cortinahs em pedacinhos.

—Percy.

—Uma coisa – suspirei sem fôlego – Uma única coisa. Era só segurar a minha mão,eu tinha tudo sob controle!

Continuei minha destruição. Eu parecia uma criança mimada,uma criança que não conseguia se controlar.

Eu duvido que alguma criança quisesse matar alguém,como eu queria matar o cara que levou Annabeth.

—Percy –Nico tentou.Ele estava jogado no chão da casa.

— E ele levou ela,sabe? – me virei para ele – Aquele desgraçado,levou ela!

Fiquei minha espada na parede e me apoiei na lamina dela.

—Isso é meio perigoso –ele sussurrou.

Coçar a nuca com o cano da arma também! – gritei e suspirei ao ver o rosto assustado de Nico.

Ele se levantou,indo até a pinha desconhecida. Lavou um dos copos e colocou água dentro,trazendo-o para mim.

E como um babaca,eu estapeei a sua mão,jogando o copo no chão.Nico respirou fundo e assentiu com a cabeça.

—Eu sei que você tá bravo –ele respirou fundo mais uma vez,fechando os olhos – Irritado.Querendo matar um no momento. Mas não desconte isso em mim,Percy.

—Perdão –sussurrei,desabando no chão,e colocando a cabeça entre as mãos – Desculpe-me.

Nico sentou-se ao meu lado,jogando um dos braços ao redor dos meus ombros com cuidado.

—Eu só ... –suspirei,lembrando-me do rosto alegre dela quando acordamos hoje. Parecia ter sido há dias. – Não deveria ter permitido-

—Você levou um tiro –ele murmurou analisando – Mas ele não matou você.

—E o que importa? Ele conseguiu o que queria,Nico –resmunguei.

Nico estava suado. Os cabelos grudando na testa,os olhos confusos.

—Ele teria matado você –ele deduziu – Mas não o fez.

—Obrigado,Mister Óbvio – resmunguei – Onde está querendo chegar?

—Ele tinha olhos verdes –ele disse,olhando-me nos olhos – Cabelo loiro...

Parei por um momento,analisando Nico. Ele era o garoto mais espero que já havia conhecido,e se Nico Di Angelo abre a boca para falar,você só faz uma coisa : escuta.

—A placa do ônibus diz que era da San Francisco –ele murmurou.

—E na traseira... – arregalei os olhos,lembrando-e do rosto do infeliz – Jornal de San Francisco,Nico.

Nico Di Angelo se levantou na mesma rapidez com a qual caiu quando foi atingido por um soco do cowboy. Levantei-me com ele,olhando pela janela. O sol escaldante lá fora se pondo.

—Partimos amanhã –ele disse com a voz firme. – Não vamos deixa-la nem mais um segundo com ele.

— Você precisa ir pra casa,Nico – falei firme. – Você não deveria nem estar metido nessa.

Nico virou o rosto para mim,mais sério do que nunca. As sobrancelhas arqueadas em desafio.

—Tente me impedir de ir com você e vai levar um tiro de verdade,Olhos verdes –murmurou.

Olhei para aquele garoto com a maior gratidão que eu pude reunir dos meus cacos.

— Pela manhã,Percy –ele disse,apertando meu ombro bom. – Descanse. Você tá um caos.

E eu estava mesmo. Um cacos de pedacinhos destruídos. Estava me sentindo como há tempos não me sentia. Em pedaços. Mas eu precisava me recuperar. Colar os pedacinhos com super bond e ter aquilo que eu não tinha há muito,muito tempo : ter esperança.

Nós iríamos atrás de Annabeth. Pegaríamos ela das mãos daquele maníaco.

Enfrentaríamos os bocas-sangrentas ao mesmo tempo.

Mas a prioridade era ela.

E a morte do cara que a levou : o pai dela.


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Notas finais do capítulo

ESSE NÃO É O FIM MINHA GENTE
eu vou escrever mais - claro que irei - mas não por agora.
Eu voltar oras minhas Ones,minha Nina,meu outro Jackson,minhas fics de semideuses,minhas antigas enfim
mas eu vou voltar a escrever aqui,com certeza,ok?
Eu só preciso...ver o que vou fazer da minha vida esse ano. Conseguir um cursinho pra entrar numa faculdade boa,quem sabe um emprego e escrever aqui como sempre.
Eu vou voltar. Eu amei essa história,me vi muito envolvida nela. E vocês merecem o premio de melhores leitores do mundo
PS : sem eles dormiram juntos
não,eu não escrevi em detalhes
e talvez,talvez eu escreva
amo vcs