Máscaras... escrita por Maddu Duarte


Capítulo 5
5º Capítulo - Um quase encontro.


Notas iniciais do capítulo

Espelho, espelho meu... Existe uma autora pior que eu?
Eu peço milhões de desculpas pelos comentários que ainda não respondi e pela demora, eu informei a algumas leitoras via Facebook que meu computador deu um defeito qualquer e o rapaz veio consertar e isso demorou um dia.
E o capítulo é pequeno, né? Ai vocês imaginam onde eu perdi o outro dia...
Ele é minúsculo, imagina.

Eu peço desculpas, irei responder todos os reviews agora mesmo - eu não fiz antes pois estava sem computador e quando peguei nele, eu jurei que iria escrever todo o capítulo - e eu desejo boa leitura!



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Marinette não poderia afirmar que adormeceu completamente naquela noite, seus lábios ainda estava pulsando e ela temia que seu coração escapasse por sua garganta. Levou a ponta de seus dedos ao seu lábio inferior, na tentativa de sentir o calor do rapaz, sabia que amava Adrien, porém, certo gato preto havia abalado todo seu alicerce. Revirando-se na cama, ela era capaz de escutar o tilintar da roupa do menino e podia sentir o gosto da boca dele ao encostar-se à sua.

Quem será ele? Pensou, pela primeira vez, desejou saber quem estava por trás da máscara que cobria aquele rosto. Ela havia imposto a regra do segredo absoluto sobre as suas identidades, era Ladybug que sempre fugia quando o tempo estava quase se esgotando e era Marinette que temia ser descoberta. Contudo, aquela mesma Marinette sentia uma grande necessidade de desvendar um pouco mais do seu companheiro, nem que fossem pequenas coisas, como por exemplo, se a chuva que havia começado pouco depois dele saltar para fora de sua varanda o tinha pegado.

Quando menor, ela costumava sentar próximo às janelas de sua casa e observar a competição de corrida das gotas de chuva que se instalava nelas. Agora, aqueles pingos pareciam competir com a rapidez que as imagens daquela noite deturpavam-se em seu subconsciente.

Ela não sabe se conseguiu se acordar mais cedo pelo despertador, ou se apenas não dormiu, porém, aproveitou o tempo para se vestir com calma e arrumar o seu cabelo em partes iguais, aquele dia seria especial independente de qualquer evento, seria a primeira vez que ficaria a sós com Adrien e queria causar uma boa impressão.

Se ao menos eu não gaguejasse tanto, e se isso pelo menos fosse um encontro.

Pensou, de fato, aquilo não estava nem ao menos perto de ser um encontro, os dois jovens apenas realizarão um trabalho em equipe – que ela sabia que era impossível de ser realizado, pelo menos, em partes.

Virar Ladybug significaria perder uma semana que poderia gastar com Adrien, e por mais gentil que ela pudesse ser, sabia que isso a ajudaria a conquista-lo – ou apenas o afastaria ainda mais – e era um ato egoísta que teria que ser feito.

— Marinette, vamos! Caso continue voando irá se atrasar novamente para a aula.

Tikki a informou, enquanto apontava para o tablet escolar que informava a hora.

— Eu sei, já estou indo.

Ela não saiu correndo naquela manhã, mesmo nervosa – afinal, ela iria passar à tarde com Adrien – não se sentia atrasada. Seus pensamentos estavam uma mistura de sentimentos, existia o beijo de Chat Noir e tinha o modelo que a tirava do chão completamente. Obviamente, Marinette sabia que para um gato tonto, um flerte não significava nada, mas isso não significava que ela conseguia acreditar nisso.

Pelo contrário, uma parte de si estava decepcionada, ela realmente acreditava que seu parceiro sentia algo especial por Ladybug e por mais que saber que aquilo era mentira trouxesse um pouco de alivio, algo dentro dela não se alegrava tanto como deveria.

— Marinette! — Alya gritou, abraçando-a fortemente — Como se sente? Animada? Assustada? Estou tão feliz por você, finalmente vai levar Adrien para um encontro, me conte tudo depois, isso é a melhor coisa desde a entrevista que Ladybug me deu!

Alya estava animada, era claro. Havia um bom tempo que estava ajudando Marinette a se declarar para o amigo e entre todos os fracassos – como poemas e presentes sem assinatura – essa era a melhor chance que Marinette tinha para conquistar o rapaz.

— Completamente normal, é claro.

— Você tem certeza?

— Não! Eu não vou conseguir, eu nunca irei conseguir falar com ele ou passar uma tarde com ele. O que eu faço? Eu não estou pronta, Alya.

— É claro que vai, você é maravilhosa Marinette. Apenas chegue para o garoto dos seus sonhos e pergunte que horas vocês vão se encontra.

Alya apontou para o modelo, suas palavras saiam como se fosse algo completamente simples, porém a própria conhecia bem Marinette. Não é que a amiga fosse uma pessoa muito tímida, ela apenas ficava muito envergonhada perto de Adrien – de uma forma, que não parecia ela – e por isso, a morena havia prometido que iria ajuda-la a conquistar o rapaz.

— Sim, você tem razão! Eu vou, é algo simples, não é? Eu irei conseguir.

Demorou apenas três passos para que Marinette voltasse correndo para os braços da amiga, decidida de que nunca iria conseguir falar com Adrien, e o problema não era apenas o fato de que estava totalmente caída pelo rapaz, também havia o fato de que sentia que o tinha traído ao beijar seu parceiro de batalha na noite anterior e mesmo que ninguém soubesse disso, ela eternamente se denominaria como alguém que não merecia a companhia do rapaz.

— Eu não tenho tanta coragem.

— Então crie, porque seu príncipe está vindo para cá.

E Alya empurrou a amiga para longe dos seus braços, fazendo-a escorregar para cima do rapaz, que soltou um leve sorriso ao segura-la – o que a fez se recuperar completamente em poucos segundos, enquanto tentava não se enrolar no pedido de desculpas.

— Então — Adrien falou, enquanto esperava a garota recompor-se — nós podemos começar o trabalho hoje à tarde, que tal? Quer dizer, não teremos aula à tarde de toda forma.

— Sim, claro, ah, a gente se encontra em algum lugar especifico, quer dizer, é claro que a gente se encontra, porém em que lugar dos lugares que a gente tem que ir, qual deles? — gaguejou, normalmente, Marinette era hábil com as palavras, contudo, perto de Adrien ela apenas se enrolava ainda mais quando tentava corrigir o erro.

— Eu passo na sua casa, tudo bem?

— É claro, você pode tudo, quer dizer, pode ir aonde quiser, digo, ir à minha casa.

Isso vai ser horrível, eu sou terrível. Ela se culpou, enquanto apenas relembrava o fato de que conseguiu beijar um completo estranho, porém, não era capaz de conversar casualmente com seu colega de classe.

Um estranho.

Por mais que Chat Noir fosse amigo de Ladybug e ela confiasse sua vida nas patas do rapaz, não existia nenhuma ligação entre a garota sem máscara e o estúpido gato preto, por mais que a noite anterior tivesse sido agradável – e divertida – o rapaz permanecia sendo um total desconhecido.

— Tudo bem, eu passo depois do almoço, cerca de uma e meia da tarde.

E quando ele se despediu, o coração de Marinette desacelerou e ela conseguiu finalmente recobrar a sua consciência, se amaldiçoando por não ser como Alya ou qualquer outra garota normal.

— Parece que alguém vai ser buscada em casa pelo seu príncipe. Boa jogada, princesa!

Alya brincou, enquanto os olhos de Marinette brilhavam de alegria, pois Adrien Agreste – o seu Adrien – iria busca-la em casa para irem juntos procurar Ladybug e Chat Noir. Não importava para ela que eles nunca iriam achar Ladybug enquanto estivesse juntos, tudo que ela conseguia pensar era na imagem do garoto lhe buscando em casa.

— Bem, mas Marinette... Como Adrien sabe onde você mora?

— Ah... Ele não sabe!

Ela se desesperou, havia esquecido totalmente que o garoto nunca havia ido a sua casa – ela imaginou que o rapaz também tinha esquecido, pois não perguntou nada – e sabia o desastre que seria se tentasse explicar para o garoto.

— Marinette, você é a pessoa mais gentil e tonta que eu conheço.

E então, elas passaram uma aula inteira tentando escrever o endereço de Marinette em um papel, porque queriam se certificar de que a caligrafia estaria exemplar e que as palavras não demostrariam o tamanho interesse que Marinette sentia por ele – por mais que Alya suspeitasse que Adrien soubesse, afinal, estava bem óbvio – e foi preciso que a morena pedisse para Nino repassar para Adrien, pois as garotas temiam que Marinette chamasse muita atenção caso se envergonhasse e começasse a falar.

A menina apenas suspirou quando o loiro lançou um sinal positivo com a mão.

É claro, ele sabia perfeitamente o local em que Marinette morava e não apenas porque era uma das mais famosas padarias de Paris, ele havia visitado a garota algumas vezes como Chat Noir e por isso, acabou esquecendo-se de pedir o endereço, o que poderia ter ocasionado uma série de perguntas.

Atrás de sua carteira, o coração de Marinette parecia querer escapar de sua garganta.

Na saída, ela observou quando Adrien acenou em sua direção e quando ela retribuiu o gesto, tentou com todas as suas forças não desmaiar de tamanha felicidade, pois sabia que estando segura ou não, ela nunca escaparia de passar a tarde inteira daquela quarta feira com o rapaz.

Durante o seu almoço, Marinette novamente desenhou um coração com suas lentilhas.

Quando Adrien chegou a sua casa, ela já estava vestida e o esperava ansiosamente. O rapaz não estava de carro – como era de costume – e isso a deixou feliz, porque fazia parecer que o trabalho seria mais informal e, além disso, eles teriam privacidade.

— Então, podemos ir?

— Claro é você que decide.

Isso! Ela comemorou que mesmo derretida, ainda conseguia falar sem gaguejar, mas ela não foi capaz de esconder o rubor em seu rosto que surgiu quando ele segurou sua mão e começou a caminhar com ela.

— Então, que tal se nós fotografássemos o museu do Louvre primeiro? Parece ser uma ótima área para começarmos as pesquisar.

— Claro, eu acho uma ótima ideia, você sempre tem ótima ideias, você é ótimo... Em criar ideias.

Ela tentou não tremer e quando ele soltou um leve riso, a menina preferiu não tentar desvendar o seu significado. Ela teria que ignorar todo o calor que a mão dele repassava à sua e precisava se focar em frases curtas, porém com sentido. Era um plano estúpido quando se tratava de conquistar alguém, Marinette sabia, porém era tudo que tinha naquele instante.

— Você está bem? — Ele iniciou, preocupado com a forma que a menina se afastava dele.

— Sim, e você?

— Também.

E o silêncio cruel adentrou no pequeno espaço entre eles.

— Desculpe-me, ainda estou segurando sua mão.

— Não, tudo bem, não tem problema.

Ela realmente não via problema em permanecer segurando a mão do rapaz, apesar daquilo deixa-la ainda mais nervosa que o normal. Quando ele soltou, mesmo com a decepção, Marinette sentiu que iria conseguir se concentrar em outras coisas.

— Você não acha totalmente impossível nós acharmos Ladybug e Chat Noir do nada? — Adrien perguntou, deixando-a feliz por ver que ele continuava a tentar puxar um assunto, quebrando aquela atmosfera de cinema mudo.

— Sim, quer dizer, não parece que eles passam o dia apenas a perder tempo pela cidade.

— Com toda a certeza.

Novamente, ela comemorou internamente a felicidade de completar uma frase sem gaguejar perto de Adrien.

— E o que você acha deles?

O modelo parecia bem animado com o assunto, talvez mais que Marinette – ela estava se dedicando apenas a unir forças para respondê-lo normalmente – e ela pensou o que ele acharia se ela contasse que achava Ladybug um fracasso quando o assunto era fazer um passeio com o garoto que gostava.

Porque era isso que Ladybug de fato era, apenas uma estudante incapaz de ter uma conversa com o menino por qual tinha uma queda.

— Bem, eu acho que são incríveis. Você sabe, eles salvam a cidade e devem ser corajosos... Eu queria um pouco dessa coragem emprestada.

Ele a observou com cuidado e ela odiou o fato de ter pensado em voz alta, porque quanto mais ele fitava seus olhos, mais ela se perdia no rosto confuso do rapaz.

Estava julgando-a? Odiando-a?

Ou talvez ligando os pontos. Isso está sendo uma catástrofe, como diria Chat. Ela pensou.

— Eu sei, é algo ridículo de se pensar. Ladybug é alguém definitivamente mais especial e incrível do que uma pessoa como eu, quer dizer, ela é uma heroína e eu uma estudante boba.

Novamente, o nervosismo atingiu Marinette, pronunciar aquilo havia sido um erro – afinal, se ele observasse bem, ela ainda preservava as semelhanças físicas que Ladybug possuía – e tinha que ser reparado de alguma forma. Não era como se achasse que Adrien fosse espalhar seu segredo, apenas não queria que ele – ou qualquer outra pessoa – soubesse que a heroína de Paris era uma pessoa como ela.

Eles provavelmente se decepcionariam bastante. Aquilo era um segredo que deveria ser mantido para sempre.

— Você é.

Ele estava do seu lado, mas a sua voz parecia tão distante que Marinette jurou ter a recebido pelo vento.

— Eu acho você tão incrível quanto acho Ladybug.

O rosto da menina corou violentamente, primeiro, por medo de que ele tivesse finalmente descoberto seu segredo e depois, quando ela julgou aquilo como algo impossível, pelo que havia falado. Marinette vivia em uma luta constante com Ladybug, pois sabia que por mais que fosse apenas uma máscara, era aquela máscara que a permitia ser definitivamente corajosa como queria ser. Ela sentia que quando a colocava, não precisava mais ser vítima das piadas maldosas de Chloé ou se envergonhar por falar com alguns garotos, ela apenas necessitava salvar aquelas pessoas.

Ela não era especial sem Ladybug.

Porém, Adrien a achava tão incrível quanto e isso pareceu o bastante naquele momento, não apenas porque era ele – o garoto que ela amava – e sim porque pela primeira vez, alguém a viu como ela realmente queria ser vista.

— Obrigada, isso foi bastante gentil de sua parte.

Ela conseguia sentir Tikki realizando uma dança de vitória em sua bolsa, como se comemorasse o avanço da amiga com o garoto.

— Bem, e Chat Noir? Não me disse o que achava dele.

Um gato de rua que apenas faz meu senso de lógica se derreter. Ah, ele também beija bem. Não, definitivamente, não poderia falar isso, principalmente a parte que elogiava seu beijo. Ela havia passado a noite em claro tentando se convencer que não havia gostado de beija-lo, porém, aquilo era uma mentira e ela odiava mentiras.

— Ele é bem legal, quer dizer, ele é fiel como parceiro de Ladybug e eu sei que ela confia muito nele... Eu acho.

— Sério? Você gosta mesmo dele?

Os olhos de Adrien brilhavam e foi a vez de Marinette soltar um leve sorriso com a expressão do jovem, mesmo sem saber o motivo que o levou a tamanha felicidade.

— Sim, quer dizer, ele é uma boa pessoa. Um pouco metido, admito, porém é um herói como Ladybug, aliás, ele é bem gentil, além de ser um pouco engraçado. Não que eu fale com ele diariamente, nada disso, é só... O que eu acho.

Ela não podia ver Tikki, mas tinha certeza que ela estava estapeando sua testa, em um sinal de reprovação pelo comportamento da garota. Estava indo tudo tão bem.

— Bem, mas você já falou com ele, eu lembro que vocês se encontraram há um tempo.

Tipo ontem, ambos pensaram.

Porém, por desconhecimento da identidade real do parceiro, Marinette se surpreendeu pela boa memória do garoto, era natural que ela se recordasse da batalha como Nathanäel – ela estava sempre com Chat Noir e na noite anterior, ele a havia recordado bem –, porém, ela não sabia que Adrien era capaz de possuir interesse por uma pessoa como o seu parceiro.

Ele é gay? O rápido pensamento passou pela garota e ela surtou internamente, não era capaz de que seu interesse amoroso fosse gay. Tudo bem, ela nunca havia visto Adrien com nenhuma garota e ele estava sempre perto de Nino – que também foi avistado com nenhuma menina –, além disso, aquilo explicaria o interesse do rapaz em Chat.

Uma onda de desespero dominou seus pensamentos – enquanto ela tentava se convencer de quão tola estava sendo.

— Sim, mas foi há uns meses, acho que o próprio Chat Noir não deve mais lembrar.

Ele lembra, ela se corrigiu mentalmente. Ele foi à sua casa, então, ele certamente se recordava.

— E vocês não se viram mais?

— Não, quer dizer, claro que eu já vi ele, salvando Paris e com Ladybug, tudo aquilo que heróis fazem normalmente, mas nunca mais o vi de perto mesmo, quer dizer, sair com ele ou conversei, como se fossemos amigos e ele me ver... Nós nunca mais nos virmos. É isso. Nunca mais.

E lá estava ela de volta, trocando a razão pela emoção e gaguejando na tentativa de responder algo tão simples, a menina poderia ser Ladybug e salvar a cidade quase que diariamente, porém, sua coragem não chegava ao nível de falar sobre esse tipo de assunto.

Marinette tentou não reparar na cara chateada de Adrien após sua resposta e se perguntou se ele realmente gostava de Chat Noir.

Por favor, que ele não seja gay.

— Mas Alya deve ver, afinal, ela vive correndo atrás deles. Você gosta muito deles dois? Talvez ela possa te ajudar a encontra-lo, se você quiser ou algo assim...

— Ah? Não, não é como se eu quisesse perseguir eles, eu apenas achei que seria interessante saber a sua opinião... Para o nosso trabalho.

Adrien Agreste queria saber a opinião dela e isso a fez a pessoa mais especial do seu próprio universo.

— Entendo... E você? O que você acha deles?

— Ah... Legais — Ela reparou como ele fugiu da pergunta e se perguntou o motivo, não parecia que era porque ele mantinha uma grande queda por um dos heróis – isso significava que ele não era totalmente gay, o que era bom – e sim que aparentava querer esconder alguma coisa.

Talvez ele não gostasse de Ladybug e isso significava que ela não teria nenhuma chance com e, independente da roupa que vestisse.

Apesar da incapacidade natural de Marinette de se manter calma perto dele, a garota permanecia inteira durante o passeio e seu acompanhante parecia se divertir – pelo menos, era o que ela pensava, pois o modelo estava tirando diversas fotos aleatórias e sorrindo bastante –, ela pensou o que Alya diria se a visse naquele momento e tudo que sabia era que não iria conseguir explicar o quão feliz estava para a melhor amiga.

Durante algum tempo, eles apenas tiraram fotos e observaram as pessoas, agindo como se fossem realmente amigos e liberando sorrisos à medida que era necessário. Eles pareciam ser capazes de compreender a linguagem corporal de cada um e Marinette se agradou bastante, pois achou bem mais fácil do que conversar de fato com o rapaz.

— Então, o que você gosta de fazer, Mari?

Mari, ela suspirou em segredo. Ele havia lhe dado um apelido, não era como se fosse algo romântico ou semelhante, porém, ainda era um incrível passo na sua intimidade com o rapaz – e ela nem ao menos se recordava quando foi que havia conseguido fazer um avanço tão grande.

— Eu costumo treinar costura, sonho em ser designer, então eu pratico bastante. Não é nada demais, no final das contas.

Eu também luto contra monstros e salvo a cidade, mas tenho certeza que você não precisa saber disso.

Marinette não via razão para perguntar a ele o que gostava de fazer, a garota sabia quase que todos os horários do rapaz e duvidava que ele tivesse um tempo livre, afinal, o menino era um modelo famoso. Certamente, iniciou o pensamento, ele não tem tempo para salvar a cidade de alguma ameaça de Hawk Moth. Não entendo como Alya já pensou que ele fosse alguém como Chat.

— Ah, eu lembro. Você fez aquele chapéu de penas, ele é realmente bonito. Você é muito boa em costurar, e foi um bom truque assina-lo.

— É... Eu fico feliz que tenha gostado.

Marinette se sentia borbulhante, ele se recordava das pequenas vezes que haviam se encontrado e aquilo a deixava sem palavras, pela primeira vez ela estava sendo capaz de conversar naturalmente com Adrien e aquilo já não se parecia tão difícil. Ela poderia passar o resto da tarde com ele, rindo e tirando fotos de situações do cotidiano – Adrien havia dado a ideia, falando que seria bom eles terem algo para caso não encontrassem os heróis.

Eles poderiam continuar assim o dia inteiro, se um akuma não começasse a atacar a cidade.

O primeiro a reparar no movimento estranho foi Adrien, eles haviam parado para comprar um chá gelado em um pequeno café e o jovem enxergou um raio atingir uma pessoa, transformando-a em criança, na janela atrás de Marinette. Sua primeira expressão foi de surpresa – afinal, isso não era algo muito natural – e isso o fez ter que desviar a atenção de Marinette quando ela tentou se virar para descobrir o que ele olhava.

— Algum problema? — perguntou a menina envergonhada, enquanto Adrien segurava seus ombros, virando-a para ele.

— Nenhum, não tem problema nenhum, aliás, eu quero ir ao banheiro. Você pode pagar o meu? Ótimo, você é demais!

Ele não sabe o quão rápido falou – imaginou que seu agente lhe daria uma bronca pelos maus modos – e não se importou muito no momento, precisava sair de perto dela o mais rápido possível. Marinette pensou de primeira que talvez ele tivesse visto algo que o incomodasse, pois o rapaz seguiu na direção contrária do banheiro.

Ela pagou os dois chás e guardou o troco dele em sua bolsa para devolvê-lo depois, em seguida, se encaminhou para uma mesa na tentativa de espera-lo. Só então, ela começou a escutar os gritos e observar a correria que existia nas ruas, a sua primeira reação foi procurar Adrien – ele havia saído e aquilo era perigoso – porém, logo ouviu a voz de Tikki – e da sua própria consciência – lhe recordar que a melhor forma de protegê-lo era se transformando.

Seria bem mais seguro para todos quando Ladybug chegasse.

Eu só espero que ele esteja gravando tudo isso, a garota pensou.

Chat Noir aprendeu que gatos também podiam voar quando utilizou uma tampa de lata de lixo para se defender do raio rejuvenescedor e acabou sendo jogado para longe com a pressão. Pelo menos continuo com a minha idade original, ele pensou, teria sido melhor se ela tivesse visto o monstro primeiro. O parceiro esperava que a companheira chegasse logo e que não perdesse tempo procurando-o.

Ele tentou parar de sorrir quando viu o pequeno ioiô vermelho com preto puxar a perna do akuma e arremessa-lo para longe.

Miauravilhoso, minha senhora — flertou o rapaz ao se aproximar de Ladybug, ele permanecia sendo um gato doméstico no final das contas.

O herói se ajoelhou e beijou a mão da menina com cuidado como quase sempre fazia, a única diferença é que dessa vez ele sabia bem com quem estava flertando. Era a primeira batalha deles que o menino sabia quem estava o acompanhando por trás da máscara, mesmo que Ladybug não fizesse ideia desse seu conhecimento.

Ela sorriu quando seu ioiô bateu na cabeça do parceiro antes de retornar para sua mão.

— Péssimo trocadilho, seu gatinho bobo.

— Purr quê? — ronronou o parceiro, enquanto desviava de um ataque de chupetas que o vilão insistia em jogar.

— Chat, escolha outra hora para realizar piadas de gato.

Ela recriminou como costumava fazer – e ele sentiu falta de Marinette e suas risadas gentis – enquanto desviava dos ataques e procurava o recipiente corrompido, a heroína também amaldiçoava Hawk Moth pela escolha de dia para atacar.

— Pelo visto, a minha senhora está de péssimo humor. Alguma uma companhia que lhe desagrade? Quer me contar a razão da sua raiva?

Chat perguntou, pois ele estava querendo fazer essa pergunta para Marinette há um bom tempo, porém achava que seria extremamente mal educado indagar a razão por ela falar tão pouco com ele e agir tão distante, diferente do seu comportamento com todos da sala.

— Chat, por favor, agora não é uma boa hora para conversas.

Ela tentou se concentrar na batalha, porém, era complicado. O inimigo arremessava chupetas e uma espécie de raio branco de sua mamadeira, que ela imaginou ser o que transformava pessoas em crianças – e Ladybug não conseguia prever o que havia o levado a se transformar.

Ela não sabia que o rapaz havia recebido a notícia de um aborto espontâneo de sua namorada e que por muito desejar aquele filho, acabou sendo uma vítima fácil e em sua mente, tudo que passava era que se ele não merecia aquela criança, ele arranjaria outra.

— Entendi.

— Eu sou Babycity e exijo que me deem as pedras milagrosas! — gritava o inimigo.

— Se eu falar não vai fazer o quê? Contar para minha mãe? — Chat provocou, enquanto ria e corria de quatro para se aproximava do rapaz, junto com Ladybug.

O inimigo parecia um bebê gigante, possuía até os mesmo acessórios infantis – ele estava apenas de frauda, meias, babador e uma chupeta – e gritava coisas aleatórias, enquanto soltava raios por sua mamadeira. Por um momento, Marinette sentiu saudades de Alya e sua facilidade para ligar com crianças, ela certamente saberia acalma-lo com alguma história sobre ser a princesa dos unicórnios fadas alados.

— A borboleta deve estar na mamadeira — gritou o menino.

— Oh, boa observação gatinho.

— Irei ganhar carinho na barriga?

Ladybug revirou os olhos.

Chat Noir tentou ataca-lo, porém errou a mira e acabou caindo no chão, ele retirou sua vara da cintura e voltou a atacar, porém, Baby entrou na defensiva utilizando-se da mamadeira gigante. Enquanto Chat batalhava de perto, Ladybug arriscou jogar o ioiô nas pernas do inimigo e em seguida pulou em um poste, na tentativa de girar a linha e puxa-lo, porém o plano se mostrou um erro quando ela acabou enroscando Chat Noir e o prendendo de cabeça para baixo.

— Minha senhora, eu aceitaria de bom grado ser amarrado em sua cama se não estivéssemos em uma batalha.

— Cale-se, gato tonto — bufou, soltando-o.

— Vocês não podem colocar Babycity de castigo!

— Todas as crianças são tão insuportáveis? Eu preferia ser perseguido por um cão, alguém avisa que é hora da soneca — Para Chat, as batalhas eram o momento mais descontraído do seu dia e estava sendo interessante ficar com Marinette sem a menina fugir dele, talvez esse fosse o motivo de tantas piadas.

Ladybug não conseguia tirar o pensamento de trancar o parceiro em um canil, ou joga-lo junto com Babycity em uma creche. Ela admitia que a noite anterior estivesse dando-lhe nos nervos agora, com Chat Noir soltando inúmeros flertes – talvez, ela estivesse com um pouco de ciúmes de si mesma – e para piorar, ela não parava de pensar se Adrien estava seguro.

Tudo que ela desejava era acabar com toda aquela luta estúpida e de forma rápida.

A batalha se expandiu por pelo menos meia hora e ela não poderia deixar de notar como Chat estava ficando cada vez mais suicida, por diversas vezes se jogando na frente dela para tentar protege-la de diversos ataques e muitos desses, não a acertariam de verdade. Ladybug sabia que seu parceiro costumava se sacrificar muito por ela, porém, temia que uma hora ou outra ele se machucasse de verdade, além de que o desespero que ele sentia estava dessincronizando o ritmo deles dois.

A garota não era uma princesa em perigo e ela não precisava de proteção, podia até não saber o que havia dado na cabeça daquele gato, mas jurou para si mesma chamar a carrocinha se ele não parasse.

— Tudo bem, Chat, é a hora de colocar o bebê para dormir, antes que ele lhe coloque para sempre — gritou e o seu companheiro sorriu, sabia que ela iria invocar a sorte e se sentiu feliz pela preocupação repentina de Ladybug.

Quando ela invocou seu amuleto, amaldiçoou o fato de que ele nunca trazia coisas completas, o objeto da vez era apenas um simples ursinho de pelúcia e ela teve que precisar da guarda de Chat para descobrir o que fazer com aquilo.

Cada segundo que perdia, o rapaz se machucava ainda mais – era complicado pensar, porque parecia que naquele dia em especifico, o menino não estava lutando tão bem como nos outros.

— Com licença, não querendo apressa-la, você vai demorar muito? — Chat implorou, enquanto desviava do que lhe transformaria em uma criança de cinco anos, ou menos.

Estavam perto de um parque e ela enxergou a fonte brilhar em vermelho com bolinhas pretas, junto com as outras coisas, ela tinha um plano e precisava coloca-lo em prático.

— Destrua a fonte.

A chupeta.

— Cataclismo! — Ela ouviu seu parceiro gritar e o observou espalhar água por todos os lugares.

A loja de bebê.

Ele estava tentando não se molhar ou escorregar enquanto lutava, porém, sentia a dificuldade de rebater chupetas com uma vara pesar em seus ombros. Enquanto isso, Ladybug correu até a frente da loja infantil, quebrando a vitrine e colocando o ursinho em um berço, o plano tinha que funcionar.

E o seu ioiô, todos os itens que ela precisava para dar fim aquela inútil batalha.

— Chat, eu preciso de espaço — E ela jurou tê-lo visto agradecê-la, quando usou sua vara para ganhar impulso e pular por cima do inimigo para longe.

Ela jogou o ioiô e retirou a chupeta de Babycity de sua boca.

— Está na hora de tirar a chupeta do bebê.

O inimigo resmungou e ela apontou para o ursinho, só tinha uma chance e não poderia deixa-la escapar.

Babycity estava se aproximando – cinquenta metros, talvez – e a garota saltou apenas quando sentiu a mamadeira próxima o suficiente, ela jogou seu ioiô para baixo, empurrando arma dele ao chão – e teve certeza que escutou um grito de preocupação de Chat Noir.

Pobre gatinho, Ladybug pensou quando observou que ainda permanecia com sua idade original, ela não fazia pouco caso da preocupação do companheiro, apenas desejou que ele conseguisse vê-la como alguém capaz de cuidar de si mesma.

O inimigo escorregou no piso molhado, adentrando na loja de bebê e quebrando o berço que estava no mostruário – ela ficou feliz de poder consertar tudo no final das contas – e os três visualizaram a mamadeira quebrar ao atingir o chão, deixando que Ladybug purificasse a borboleta negra que saiu de dentro dela.

— Voe alto, pequena borboleta — ela pronunciou ao purifica-la.

— Boa jogada, Ladybug.

Eles colidiram seus punhos e ela teve a chance de consertar todos os danos, Chat Noir sentia que deveria informa-la da verdade – ele deveria ter feito isso na noite anterior, antes de beija-la – e que precisava se desculpar por seu comportamento. No entanto, apenas se calou. Marinette era divertida e gentil, porém, ele sentia que ela permanecia fugindo dele – como se sua presença a incomodasse – e temia a forma que ela o veria depois de tudo.

— Chat, me prometa uma coisa?

— Desejaria um encontro, minha senhora?

— Não morra por mim.

Ele não tentou fita-la quando ela pronunciou aquelas palavras, sabia que tinha sido um idiota durante a batalha – por algum motivo, estava bem mais preocupado em protegê-la que o normal – e que não adiantaria entrar em uma discussão do Ladybug, pois a menina estava cheia de razão em pedir aquilo.

Ele permitiu que ela fosse embora acompanhada do silêncio e se certificou de tomar um caminho diferente para o mesmo café.

No final, quando a garota retirasse sua máscara, Chat Noir seria apenas Adrien Agreste.

Porém, ela seria eternamente para ele a sua dama.


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Notas finais do capítulo

Hello ~~ nyah!
Minhas notas finais sempre dá um erro, então, vou ser breve, eu amo vocês, obrigada pela atenção, deixem um review, qualquer erro eu faço questão de editar com todo meu amor. Eu amo vocês, leitores fantasmas, não sejam fantasminhas, eu tenho medo de fantasmas.
E ISSO É SÉRIO ;-;

Eu amo vocês, até o próximo capítulo/até os comentários.