Máscaras... escrita por Maddu Duarte


Capítulo 4
4º Capítulo - Marinette.


Notas iniciais do capítulo

Olá,
Eu não estou morta - embora a demora fosse justificada se estivesse - e eu posso dar uma boa desculpa:
Não tenho desculpa.
Eu estava ocupada demais esse final de semana, tentei escrever, porém acabou dando um grande problema, até para responder os reviews foi um pesadelo.
Bem, esse capítulo ficou gigante (o dobro do anterior) para ver se assim vocês me perdoam, que tal? ♥

Nos vemos nas notas finais.



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Adrien estava quase sempre cansado das correntes invisíveis que o prendia.

Acreditava o rapaz que era por esse motivo que adorava a noite, quando ele não era obrigado a escutar a voz monótona de Natalie recitar seu cronograma de obrigações e também não se iludia com as falsas promessas de seu pai. Quando a madrugada estava para surgir, Adrien se tornava um ser humano como todos os outros: livre.

Era por isso que ele passava o dia desejando a noite.

Liberdade, sua cabeça ressoava. As rondas haviam sido uma ideia sua e inicialmente ele usava como desculpas que deveriam vigiar Paris para o caso de ocorrer um ataque noturno. Ladybug costumava insistir que eles só deveriam se preocupar quando Hawk Moth ficasse inativo por um tempo acima do comum e nas noites que ela julgava necessário, saltando entre prédios, ela vinha a fazer companhia ao rapaz.

Nas noites que sua senhorita aparecia, Chat Noir sabia que nada poderia anular a sorte que trazia consigo.

Vigiar Paris era uma atividade cansativa, principalmente no período em que todos estão dormindo, mas para o modelo significava que por algumas horas, ele era dono de sua própria consciência, essa era a real razão para ele se encontrar no topo de um prédio qualquer na solitária e escura cidade.

Ladybug não apareceria hoje – agora, ele sabe que ela provavelmente estava ocupada com as atividades de casa – e com o ataque da noite anterior, a noite seria tão parada quanto a sua própria mansão, para seu próprio desespero.

Ele odiava a calmaria daquela mansão.

O silêncio de Paris já não era tão confortador como antes e ele desejou mais do que nunca conversar com Joaninha, mesmo que por um curto período de tempo. O vento da capital francesa era agradável, porém, não trazia calmaria à tempestade de culpa que explodia dentro do rapaz, ele pensava que deveria lidar com o ódio da menina, antes que o seu segredo espalhasse entre seus agradáveis flertes e ela tivesse um real motivo para nunca mais confiar no garoto.

Como Adrien Agreste, ele era ótimo em guardar segredos.

Ele nunca reclamava sobre como sentia falta de sua mãe, ou como odiava a cruel pessoa que Chloé se tornou para os outros, o menino também nunca recriminava seu pai pela forma como tratava Nino – mesmo ele sendo seu melhor amigo –, também nunca contestava o excesso de responsabilidade que possuía, ou desabafava como odiava os incômodos fotógrafos desrespeitosos e as perseguições que algumas fãs realizavam.

Adrien nunca achou que tivesse permissão para reclamar da fama e da melhor qualidade que ela lhe impôs: ser um bom mentiroso.

Contudo, o modelo não via necessidade e mentir sendo Chat Noit, o único segredo que ele precisava guardar estava preso com uma máscara e era uma gota de chuva, comparado ao oceano que o afogava em sua vida real, lugar em que parecia que qualquer pingo poderia fazê-lo transbordar. Ele não queria ter segredo com aquela máscara, ele não desejava aquela sensação de vazio que tão bem conhecia.

Ele queria visita-la, conversar com ela e confessar cada pedaço de aborrecimento que o atingia.

Uma parte de si – a racional, que conhecia a adorável timidez de Marinette e compreendia que era impossível que ela se relacionasse com alguém como Chat Noir – gritava e o mutilava, informando-o que destruiria o pouco que restava quando fizesse isto e então, ele estaria novamente sem nada.

Eternamente condenado à solitária, sem o riso de sua senhora para anima-lo e sem a doce noite parisiense para liberta-lo. Possuía uma guerra ideológica dentro de si e precisava se render, só não conseguia compreender como faria isso.

Quando chegou ao telhado de Marinette, o rapaz não sabia ao certo o que estava fazendo, ele apenas notou que precisava encontra-la, tinha necessidade de descobri-la. Na última vez que ambos estiveram juntos – ele como um gato de rua e ela como uma princesa em perigo – a menina parecia reagir bem aos flertes dele, como se já os conhecesse por completo – e ela os conhecia.

Por esta noite, você será a minha Ladybug.

Aquelas palavras voltaram a sua mente, não imaginava ele que Marinette havia sido sua Ladybug naquela tarde e em todas as outras que passaram juntos. Caso soubesse, provavelmente não a teria deixado ir a algo tão perigoso – e ela iria mesmo sem a sua permissão, porque ela não escutaria um gato estúpido – e quando ela fosse, teria surtado de ciúmes e permanecido ainda mais perto.

Então, o que você achou de Chat Noir? Ele é bem legal, não acha?

Indagou-a no dia seguinte, porque ele precisava de uma opinião que fosse completamente neutra sobre quem era de verdade.

Ele é bem legal, porém você é mais legal, quer dizer, não que ele não seja é só que você é mais. Bem mais, quer dizer, bem, ele e você...

O seu comportamento estranho perto dele, seria uma farsa? Aquela garota tímida que teria ficado nervosa apenas em pensar no seu parceiro seria apenas uma consequência da máscara que carrega? Ela ficou bem nervosa no dia que ele fez aquela pergunta, parecia que estava tentando fugir do assunto, no final ele não foi capaz de obter sua resposta – aquilo o chateou um pouco, ele realmente esperava conseguir uma opinião verdadeira – e tudo que ele conseguiu pensar naquela tarde foi como alguém tão tímida como a menina ficou tão corajosa quando lutou com ele na noite anterior.

Ele a chamou algumas – ou várias – vezes e também se ajoelhou para beijar sua mão quando ela apareceu vestindo um pijama rosado e com o cabelo solto, o modelo nunca havia visto sua amiga com o cabelo solto e por isso, nunca teve ideia de que ele pudesse não ser tão curto quanto aparentava, caindo um pouco abaixo dos ombros – ele sempre achou que o cabelo da garota fosse bem acima.

Tentou permanecer com seus hábitos, com os trocadilhos bobos e as piadas sem graças junto com flertes sem sentido – e ficou feliz ao notar que ao contrário de quando era Ladybug, a amiga parecia não tentar prender o sorriso que estampava seu rosto quando ele agia de forma engraçada.

Marinette possuía muitos costumes, ele reparou em alguns deles e conseguiu os relacionar a Ladybug, ele notou como ela mordia os lábios quando não queria rir – isso ocorreu após ela cair e ele lhe oferecer uma pata – e como era atenta, observando as ruas abaixo de si, como se fosse capaz de prever alguma coisa.

— Então, perdeu-se de Ladybug? Ela soltou a sua coleira ou algo assim?

— Ladybug não é minha dona, princesa. Eu sou um gato livre — proclamou orgulhoso, enquanto batia a mão no peito e voltava a dar um sorriso astuto para a garota.

— Sério? Então não haveria problema se eu contasse isso para ela na próxima vez que a ver.

Ele deveria ter forjado uma reação surpresa, assim seria mais fácil evitar com que ela levantasse suspeita sobre ele, porém não conseguiu fingir que aquelas palavras não eram nada. Como Marinette ou Ladybug, a garota permanecia em seu disfarce.

— Você a verá novamente?

Sua voz era simplista, ele não sabia o que queria de verdade perguntar, mas sentia necessidade de escutar a verdade na doce voz da amiga, precisava ouvir dela aquelas palavras, queria – ou melhor, necessitava – que ela se confessasse, pois era a única maneira de fazer o peso em uma consciência ir embora.

Aquela pergunta a surpreendeu, de certa forma e ela logo soltou um olhar preocupado para o garoto, como se soubesse que algo parecia errado com o amigo.

— Bem, Ladybug está sempre salvando o dia e tudo mais... Certamente iremos nos encontrar, eu e ela, bem... — gaguejou como sempre fazia quando estava nervosa — você entendeu.

Ela se encabulou, o que fez com que Chat soltasse uma simpática risada, ele nunca conseguia deixar Ladybug envergonhada, no entanto, Marinette parecia não ter a mesma barreira que a heroína, conversar com ela parecia bem menos complicado, porque de alguma forma, ele sentia que a garota conhecia bem os seus dois lados. Ela gostava dos dois lados – ela era Ladybug, podia não ama-lo, mas certamente não odiava aquele gato de rua.

Ele soltou um longo suspiro, ele não queria continuar na conversa e ao mesmo tempo não queria solta-la, não tinha forças para abandona-la, estava ficando sem assunto e o pior é que não teria motivos para continuar em sua varanda caso assim permanecesse.

Quando Marinette desceu da varanda para seu quarto sem dizer tchau, ele imaginou que tivesse irritado ela com suas perguntas invasivas, no entanto, ela voltou pouco tempo depois segurando um casaco – o seu casaco, aquele que parecia sempre a acompanhar – e estendeu a ele.

— Você quer um casaco? Está ficando frio, pode ficar resfriado.

Ela perguntou, entregando seu ocasional casaco para ele – mesmo que suas roupas aparentassem ser bem menos quentes que o macacão dele – e o isso, por algum motivo, essa ação lhe gerou um pequeno misto de alegria e decepção, essa era a Marinette que todos conheciam e essa era a garota que Nathanäel parecia gostar: gentil e simpática, além de divertida. Porém, essa não era a Marinette que Adrien conhecia, e isso o entristeceu.

Ele gostaria que ela fosse essa garota perto dele, ele gostaria de vê-la rindo um pouco mais dele como estava rindo das vezes que Chat contava vantagens, mesmo sabendo que era tudo mentira. Gostaria de conversar com ela na escola e acima de tudo, queria que ela pudesse ser como era com todo mundo, só que na frente dele.

— Não se preocupe, eu sou um gato de rua e não uma princesinha frágil, vista você.

Ele observou a cara de brava que ela fez quando virou o rosto irritada, – o rapaz achou isso extremamente adorável – e conseguiu enxergar a mesma reação de Ladybug na menina, os pequenos traços estavam nela de uma forma que nenhuma máscara poderia ocultar.

— Está me chamando de frágil?

— É claro, se não fosse eu não precisaria ter ido salva-la, não é?

— Você não me salvou, eu te ajudei seu gato tonto.

— Vamos, deixe-me fazer meu trabalho de herói.

E ela cruzou os braços, enquanto batia os pés fingindo uma irritação – e ver isso a fez parecer bem mais humana do que quando ela aparentava ser na escola – e virava ainda mais o rosto para o lado contrário ao dele.

O garoto a abraçou pelas costas, ignorando o calor que parecia ultrapassar o fino tecido do pijama e pintava o rosto da garota de rosa.

— Vista o casaco, Marinette! Você vai acabar pegando um resfriado por minha culpa...

— Você não manda em mim, gatinho.

Deus, ela é tão teimosa quanto Ladybug. Suspirou, como se dentro de si ninguém soubesse que ela era a heroína. Ele acreditava que teimosia era a típica coisa que Marinette só ganhava com a máscara, porém, ele se enganou profundamente.

E ele estava realmente preocupado com o perigo dela pegar alguma gripe por ficar na varanda de sua casa, pela madrugada, somente para conversar com ele.

— Mas se minha princesa ficar doente, quem irá me retirar da caixa quando Ladybug se ausentar?

Ele colocou seu casaco com cuidado, mesmo que por cima do pijama rosado e ela o agradeceu, enquanto lutava para controlar a vergonha que crescia por seu corpo. Marinette agradeceu, mesmo que não gostasse dele – ela não tinha esse direito, Chat Noir era somente seu companheiro e ele daria em cima de todas as garotas de Paris que encontrasse –, a menina tinha que admitir que Chat Noir pudesse ser bem gentil. Porém, a garota sabia quem amava, ela escolheria Adrien acima de tudo, ela sempre escolheria o seu Adrien.

O doce garoto que nunca invadiria sua janela em plena madrugada para realizar uma conversa baseada em trocadilhos de gato e flertes bobos.

— De nada, princesa — murmurou Chat Noir em sua orelha.

Ela o empurrou – e em seguida pediu-lhe desculpas várias vezes – instantaneamente, uma reação feita por puro reflexo, enquanto sua mente gritava o nome de Adrien – como se o quarto cheio de fotos dele não fosse o suficiente para lhe relembrar disso.

Ele se amaldiçoou por seus atos impensados, imaginando que tipo de imagem ele teria agora na frente de Marinette – e como ela o veria quando descobrisse tudo – e desejou não agir no impulso quando fosse Chat Noir. Ele gostava de Ladybug e por isso, era fácil desejar ficar próximo de Marinette – até porque, ela era extremamente divertida e semelhante a seu alter ego – e a vontade só aumentava quando a menina era capaz de estender conversas sem tropeçar em suas palavras.

Longe de Adrien, Marinette era a mesma pessoa que Ladybug, só que sem as roupas.

— Você está bem? Perdão, eu não deveria ter feito isso, desculpe-me.

Ela ainda estava preocupada com ele, mesmo que a culpa fosse totalmente dele e o rapaz tivesse merecido o empurrão, ela ainda continuava preocupada com ele. Chat Noir se levantou como se não tivesse ocorrido nada – porque de fato, não ocorreu.

— Preocupada com seu herói, princesa? Não se preocupe, eu tenho nove vidas.

— Na verdade, estou preocupada porque não sei se deveria ligar para a ambulância ou para o veterinário caso ocorre algo com você.

— É bem simples, não ligue para ninguém e cuide de mim.

Ela não responde e ele voltou a observar a forma que ela sorria ao olhar para a lua – e como ela parecia ama-la tanto quanto ele –, ele também reparou como ela dosfiscava o lábio inferior e como seus olhos pareciam ainda mais brilhantes sem a máscara vermelha escondendo-os.

Ele nunca havia reparado como o rosto da garota era bonito, principalmente quando ela estava com seu cabelo solto.

Chat Noir não pensou, ele nunca pensava quando estava perto de Ladybug – e ocasionalmente, de Marinette –, ele apenas encostou sua mão nas bochechas da garota, virando o rosto dela gentilmente para si e então, permitiu-se ser hipnotizado por seus olhos.

Os lábios dela tinham gosto de açúcar de confeiteiro.

Ela não tentou empurra-lo no começo, mas ele sentiu como ela estava reagindo – como se soubesse do erro que estava cometendo ao beija-lo – e como a garota demorou um pequeno intervalo de tempo – que pareceu uma eternidade – para levar suas mãos até o cabelo dourado do rapaz, como se tivesse abandonado seus próprios ideais.

Ele nunca beijaria Marinette e muito menos a observaria como estava fazendo naquela noite e ele sabia que não estava beijando-a por quem era de verdade, ele estava apaixonado pelo que ela aparentava ser e se Adrien sabia que não poderia dizer que era Chat Noir, por que ele estava beijando-a como se ela fosse Ladybug?

— Chat, para.

Ela pediu gentilmente, porém, nada fez. Ele confiou em sua sorte para permanecer naquele instante, sabia que estava sendo egoísta e injusto, mas não queria solta-la, ele adorava a textura macia dos lábios de menina, a forma como eles faziam cócegas ao se encostar-se ao dele, ele estava acorrentado pelo aroma de baunilha que a menina possuía e viciado no gosto de açúcar de confeiteiro.

Ela morava na padaria mais conceituada de Paris, mas ele nunca imaginou que ela fosse o produto mais doce daquele lugar.

— Chat, espera, para.

Ela pronunciou novamente e tentou afasta-lo, por isso, ele parou. Não queria força-la a permanecer aquilo – ele nem ao menos sabia o porquê de estar fazendo aquilo, ou como iria passar o resto da tarde com ela e vê-la na escola, ele não conseguia imaginar como faria qualquer coisa que envolvesse Marinette.

— Eu sinto muito.

Foi tudo que ele conseguiu deixar escapar de sua boca, ele pensou em fugir daquele lugar. Porém, ele não queria, ele não queria soltar a garota e não sabia se ela capaz de escapar do calor da conversa que ela criava. Ele a amava, apenas. Amava como Ladybug era independente e esperta, sabia que poderia Marinette, com toda sua gentileza e genialidade. Ele não conseguia se sentir decepcionado porque ambas as garotas eram a mesma pessoa e no momento que seus lábios se separaram, ele sabia exatamente quem estava beijando.

— Não! Quer dizer, eu que peço desculpas... Não deveria ter feito isso, foi horrível. Perdão, eu não sei o que deu na minha mente Chat.

— Marinette, está tudo bem, eu não deveria ter feito isso, eu apenas pensei que...

— Eu não sou Ladybug, você gosta dela, não é? E eu gosto de outra pessoa, que também não é você, então, no final... Eu sou uma pessoa horrível.

Eu não sou Ladybug, você gosta dela, não é?

As palavras rodaram em sua mente, ele não podia negar aquilo, mas ele tinha certeza que ela era Ladybug – ele havia visto, afinal – e de certa forma, incomodava a forma como ela falava de Ladybug.

Como se fosse completamente outra pessoa.

— Você gosta de outra pessoa?

Demorou alguns longos segundos de silêncio até ele conseguir falar algo. Uma onda de ciúmes o atingiu, deveria imaginar que a menina gostava de outro – afinal, ela sempre recusava suas cantadas – e o loiro não poderia lutar contra isso. Ele não poderia conquista-la. Ela amava outra pessoa.

— Sim, quer dizer, eu gosto de um rapaz e...

O garoto a beijou novamente, segurando sua cintura porque temia que ela desaparecesse como em seus sonhos.

Chat Noir não queria escutar nada daquilo, ele preferia que ela o estapeasse por beija-la sem permissão.

Ela não retribuiu e ele se afastou rapidamente, porque temia que estivesse viciado naqueles lábios mesmo sendo apenas seu segundo uso deles – na verdade, sabia que estava dependente desde o primeiro momento que o sentiu – e não poderia falar ou fazer nada. Tudo que ele podia fazer é não escutar ela falando que não existia nenhuma chance para se agarrar, independente da fantasia que usassem. Marinette tentou abrir a boca, como se fosse falar de alguma coisa – certamente, reclamaria com ele – e ele apenas encostou seu indicador em sua boca, pedindo-lhe silêncio.

Ele a deixou na solidão que conhecia tão bem e se odiou por isso depois.

Invadir residências não era tão complicado quando se era Chat Noir, principalmente se a casa fosse a sua. Adrien entrou em seu quarto pela janela, jogando seu corpo contra a cama e deixando que Plagg saísse livremente, enquanto resmungava alguma coisa aleatória. O modelo levou suas mãos ao rosto, cobrindo-o e tentando esconder o vermelho que insistia em surgir. A transformação o cansava, é claro, porém era sua mente pedindo para implodir que verdadeiramente o incomodava, Adrien sabia que aquela madrugada ficaria para sempre marcada em sua lembrança e ele não conseguia acreditar na loucura que tinha feito.

Ele agradeceu por ela não saber quem ele era. Quando Adrien chegou, ele estava mais exausto do que normalmente, a transformação o deixava cansado por natureza e a sua mente queria explodir com os acontecimentos daquela noite, ele não acreditava no que tinha feito.

Eu beijei Marinette. Duas vezes.

Ele achava que ainda podia sentir o calor dos lábios da menina – ou era apenas sua mente fazendo jogos cruéis – e por isso, tentou se prender a eles para não cair no desejo de voltar imediatamente a ela. Ele sabia que não poderia fazer a segunda opção – ele morreria se escutasse novamente aquelas horríveis palavras –, porém, sonhar não custava nada.

Ela não queria beija-lo de verdade, ele sabia dessa verdade. Provavelmente, ela somente seguiu seus passos, deixou-se levar e na hora, ele fez o mesmo. O que antes não importava, agora parecia pesar mais do que ele era capaz de aguentar. Havia cometido um grande erro ao ir visitar Marinette naquela noite, mas mesmo que sua cabeça girasse, ele não conseguia se arrepender. Ele não conseguiria se afastar dela, não depois de tê-la visto daquela forma – como ela realmente era – e imaginava se teria coragem de voltar depois daquilo.

Queria desvendar a menina, queria descobri-la e queria que ela se confessasse a ele.

Porém, queria muitas coisas para quem não tinha nada.

Ela estava correta ao frisar que ele amava Ladybug, mas ela só não sabia que ele amava Ladybug como desejava ser amado: por completo.

Eu gosto de outra pessoa.

Ele deveria ter permitido que ela continuasse a falar para descobrir de quem ela gostava, por mais que tivesse adorado o fato de tê-la beijado, ele precisava saber quem era seu inimigo, porque mesmo sabendo que não poderia vencer em uma batalha pelo coração de sua senhora, ele iria permanecer lutando.

Ele a amava.

E isso era o suficiente para ele permanecer guerreando.

Naquele resto de noite, pela primeira vez depois de um longo tempo, Adrien não teve pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Olá!
Eu tentei melhorar esse capítulo o máximo que deu, embora não saiba se funcionou. O próximo vai ter mais Marinette, juro. Acho que vocês não suportam mais o Adrien.

Eu fico muito feliz com os comentários que recebo, de verdade. Eu leio todos e tento responder com todo carinho, mesmo com a minha demora por problemas pessoais. Bem, aos leitores não fantasmas, nos vemos nos comentários!
Aos leitores fantasmas, não sejam fantasmas. ;w;
Até o próximo!