Opostos que se Atraem escrita por paular_GTJ


Capítulo 30
Capítulo 30




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- Nah, você tem certeza que isso não é montagem? – Questionei pela décima quinta vez, encarando o monitor em minha frente.

Estávamos na salinha do zelador – que por ser muito idoso, normalmente a deixava aberta - matando a aula antes do almoço. Iríamos por nosso plano em prática quando as pessoas começarem a se encaminhar para o refeitório, já que Stanley necessariamente precisava passar por onde estávamos para almoçar.

Ele rolou os olhos.

- Não! Eu mesmo estava lá aquele dia e vi com esses olhos que a Terra há de comer. – Respondeu, também pela décima quinta vez.

Sinceramente, eu não estava acreditando muito. Tentava, estupidamente, encontrar na foto indícios de que aquilo fora editado em Photoshop ou alguma coisa do gênero. Contudo a imagem parecia inusitadamente perfeita. Jéssica estava com os braços e as pernas ao redor de um garoto, em uma cena um tanto quanto pornográfica.

Vocês devem estar pensando: e daí? O X da questão não era sua falta de pudor ou noção da vida ao se beijar assim com uma pessoa publicamente, mas sim em quem era o seu acompanhante. Era ninguém mais, ninguém menos, do que Eric Yorkie: o maior nerd da escola. E quando eu digo nerd, me refiro ao garoto que usa o cabelo perfeitamente dividido com gel em duas metades, camiseta para dentro da calça – a qual ficava acima do umbigo - sapato caramelo com meias, completamente, erguidas, diversas espinhas no rosto e, é claro, aparelho nos dentes.

Deu pra imaginar? Pois é. E ali estava ele, tão enroscado em Jéssica que era praticamente impossível distinguir quais eram os braços de quem.

- Como foi que você conseguiu essa foto, afinal? – Claire parecia tão inclinada a duvidar da autenticidade da fotografia quanto eu.

- Com o fotografo em questão. – Nahel abriu um sorriso suspeito. – Mike Newton. – Pronunciou o nome com uma animação exagerada.

Claire e eu trocamos um olhar singelo.

- Seu amigo? – Ela provocou, com um sorriso malicioso.

Nahuel corou ligeiramente. Ele falava com uma freqüência estupidamente obvia em um tal de amigo. Eles, pelo visto, eram inseparáveis.

- É. – Começou a procurar qualquer coisa em sua mochila, evitando contato visual.

Reprimi o riso pela falta de discrição do meu amigo. Será que ele pensa que eu e Claire já não nos tocamos que ele é gay? Eu queria tanto que ele se assumisse de uma vez! Sempre quis ter um amigo gay.

- Espera ai um momento. – Acabara de me dar conta de algo. – Você disse Mike Newton? – Repeti incrédula.

Nahuel assentiu uma vez, encarando-me curioso, assim como Claire ao meu lado.

- Um garoto loiro de olhos castanhos? – Não sabia se achava aquela situação engraçada ou constrangedora.

- Isso. – Meu amigo franziu o cenho. – Você o conhece?

- OMG! – Claire pareceu dar-se conta de onde eu queria chegar. – Não é garoto que você deu seu primeiro beijo? – Riu, tapando a boca com as mãos.

- Foi.

 Balancei a cabeça rapidamente para tirar as lembranças de quando eu havia contado aquele episodio pela ultima vez. Fora para Jacob, na noite do casamento de meu pai. Sinceramente, estava me policiando a não pensar no garoto, afinal de contas, ele poderia ser culpado, não é?

- Como é que é? – Nahuel agora pareceu indignado.

- Pois é. – Concordei, distraída. – Deve ter sido por isso que ele não se mostrou muito a fim de fazer aquilo. Não fazia a menor ideia de que ele era gay.

Meu amigo engasgou-se com a própria saliva.

- Como assim? Gay? – Mexeu-se desconfortavelmente.

Rolei meus olhos.

- Até quando você irá fazer teatrinho com nós, garoto? – Cruzei os braços vendo-o arregalar os olhos.

- Nós sabemos, Nah. Há muito tempo. – Claire se pronunciou, amigavelmente.

Sorrimos para ele, mostrando que não o repreendíamos.

- Vocês... V-vocês sabem? – Gaguejou ainda mais constrangido. – Eu... Hum... Ah!

Foi tudo que ele conseguiu pronunciar, fitando suas mãos. Troquei um rápido olhar com Claire e ela fez sinal para que eu mudasse de assunto.

- Enfim, como ele conseguiu fotografar... Isso? – Voltei ao tópico anterior.

E ao problema em questão também. Eu ainda procurava algum indicio de fraude naquela imagem.

- Por que Mike fez uma pequena festinha em sua casa há uns dois anos atrás, para inaugurar a piscina. – Deu de ombros, analisando as bugigangas que havia naquele cubículo de sala.

Parecia um pouco mais tranqüilo agora.

- Festa? – Claire começou a rir. – Desde quando o Yorkie vai a festas? – Arqueou as sobrancelhas, duvidosa.

- Ele só foi convidado porque é meio irmão do Mike. – Explicou calmamente, ainda distraído com os objetos da sala.

- O quê? – Indaguei. – Mas eles nem tem o mesmo sobrenome! – Aquilo não fazia o menor sentido.

- Sim, eu disse que são meio irmãos. Na verdade, é como você e Leah.

Voltei meus olhos para o notebook de meu amigo.

- Tudo bem então. Vamos dizer que tudo isso seja verdade, que o Yorkie foi a uma festa e se pegou com uma garota. – Suspirei, apontando para a tela em que exibia a cena imprópria para menores. – Quem garante que esta é mesmo a Stanley? Quer dizer, - Continuei antes de ser interrompida. – é óbvio que se parece muito com ela, mas nesse ângulo, não se pode ter certeza...

Nahuel não respondeu. Apenas se encaminhou para onde eu estava e apertou uma tecla do seu computador. Outra imagem apareceu. Agora a cena era muito mais apropriada.

Eric estava sentado com as costas muito retas e as mãos sobre o colo, parecendo envergonhado. Encarava seus dedos e um mínimo sorrisinho tímido escapava por seus lábios. Ao seu lado, Stanley parecia muito mais a vontade. Jogava a cabeça para trás, deixando os cabelos loiros de farmácia cair por suas costas. Sua boca estava aberta em uma possível gargalhada congelada e ela segurava um copo de bebida em uma das mãos, enquanto a outra enroscava o pescoço de Eric. Ambos se encontravam no mesmo local da outra foto, usando as mesmas roupas. Era como se fosse à seqüência dos fatos.

E era.

Agora sim não havia duvida de que Stanley saiu por ai em uns amassos com o maior nerd da escola. Sem me conter, soltei uma gargalhada alta, voltando meus braços ao redor de minha barriga. Claire, ao meu lado, pareceu ter sido tomada pela mesma conclusão e aceitação.

Nahuel rolou os olhos, rindo de nós duas. Possivelmente deve estar indignado com nossa relutância em aceitar o que víamos.

Parei e rir somente quando o sinal tocou anunciando o termino das aulas da manhã ao mesmo tempo em que o celular de Claire começou a vibrar.

- É o meu ursinho. – Falou animada, ao ler a mensagem do namorado. – Eu vou falar com ele um pouquinho. Não comecem a diversão sem mim. – Apontou um dedo ameaçador para nós dois, antes de sair correndo da salinha em que estávamos.

- Até que ela está lidando bem com a situação, não? – Comentei, encarando a porta em que minha amiga acabara de sair.

Obviamente o assunto no colégio ainda era a gravidez de Claire. Aquela gentalha não tinha nada pra fazer da vida, sinceramente. Contudo, minha amiga parecia muito inclinada a ignorá-los e parecia estar voltando a ser a Claire de antigamente. Talvez um pouco mais madura.

Quil estava muito contente em não precisar mais se esconder no fim do mundo e poder se formar com seu melhor amigo. Ele estava dando o maior apoio para Claire e não parecia nenhum pouco abalado com as inúmeras fofocas que estavam fazendo.

- Claro que está. – Nahuel sentou-se na cadeira onde minha amiga ocupava antes. – Uma hora ou outra ela tinha que encarar isso e, afinal, não é o fim do mundo. Não sei pra quê tanto drama! – Ele rolou os olhos, indignado.

Soltei um riso baixo do seu jeito. Adorava o fato de Nahuel encarar as coisas com tanta simplicidade. Era como se nada para ele não tivesse solução. Afinal, era uma boa ele estar andando comigo e com Claire. Nós realmente precisávamos de uma pessoa assim, otimista e calma.

- Pois é. – Ouvi meu estômago roncar, protestando a falta de comida. – Acho que vou pegar alguma coisa para comer... Quer vir também? – Levantei-me rumando para a porta.

- Não, obrigado. Vou ficar aqui cuidando da nossa preciosa arma. – Piscou travesso.

Sai da salinha do zelador rindo. Meu amigo era impagável. Meu sorriso, porém, logo murchou quando me dei de cara com... Adivinha? É. Jacob estava encostado na parede, próximo à porta, onde mexia no celular parecendo entediado.

Ele levantou a cabeça para mim, erguendo uma sobrancelha ao ver onde eu estava.

- Oi. – Pronuncie com a voz baixa.

- Oi. – Respondeu se desencostando da parede e caminhando até mim. – O que você estava fazendo...

Calou-se, então, quando a porta que eu acabara de fechar se abriu e meu amigo colocou a cabeça para fora.

- Ah, Ness! – Falou animado, nem se dando conta da presença de Jacob ali perto. – Mudei de ideia. Na verdade, eu estou faminto. Se puder trazer alguma coisa para mim, sabe... Não posso sair daqui agora.

- Claro. – Respondi com um sorriso singelo.

OMG, o que será que Jacob vai pensar... Não precisei ser um gênio da lâmpada para ler seus pensamentos assim que meu amigo voltou para dentro da salinha e encarei o garoto.

Ele estava com as mãos fechadas em punho, seus olhos semi-cerrados e as sobrancelhas baixas, dando-lhe um ar de perigo.

- Jacob, não é isso que você está pensando. – Apressei-me em explicar.

Ele levantou uma mão, pedindo para que eu ficasse quieta.

- Ei, não precisa explicar nada, Swan. Está muito claro o que está acontecendo, mas você não me deve nenhuma explicação, certo? – Sem tom era bastante parecido com o antigo Jacob. Aquele arrogantezinho e metido que conheci antes de começarmos a namorar.

- Ora, como se você tivesse muita moral para falar sobre o assunto. – Cruzei os braços, esquecendo-me por completo que ele podia ser inocente e que tudo podia passar apenas de um grande mal-entendido.

Ele, contudo, estava me irritando. Que cisma é essa com Nahuel? Ele é cego ou tem problemas de assimilação rápida? ELE É GAY, HELLO!

- Só porque você é infantil ao ponto de não me deixar, ao menos, me explicar...

- Eu lhe deixei me explicar, mas você contou uma historia sem pé nem cabeça. – Coloquei as mãos na cintura, irritada.

Nossa pequena briguinha já estava chamando atenção dos outros alunos que estavam por perto.

Jacob bufou e, no mesmo instante, Claire se materializou ao meu lado, juntamente com Quil.

- Então galera, acho melhor deixar pra lavar roupa suja em casa. – O namorado da minha amiga deu uma risadinha nervosa, tentando quebrar o clima tenso.

- Eu não tenho culpa se foi exatamente isso que aconteceu. – Jacob ignorou por completo seu amigo. – Não sei por que não acredita em mim. 

- Porque tudo está conspirando contra. – Respondi aumentando meu tom de voz.

- Ok, ok. – Claire puxou meu braço um pouco. – Vem aqui comigo um pouco, amiga!

Ela me levou de volta para a salinha do zelador. Eu respirava forte e sentia meu coração martelar em meu peito. Aquele hipócrita! Cara-de-pau!

Senti o bolo costumeiro se formar em minha garganta e as malditas lágrimas ameaçarem vir.

- O que houve? – Nahuel fez com que eu me sentasse em uma cadeira, preocupado.

- Ela e Jacob discutiram. – Claire explicou, suspirando.

- Por quê?

- Porque ele é um idiota! – Bufei, levantando-me. – Quer saber? Não acho que quero mesmo fazer isso... Ele não parece nem um pouco triste com o fim do namoro. Deve ter sido um grande alivio para ele, isso sim.

Chutei a cadeira, irritada.

- Nessie, não seja boba! – Nahuel me confortou. – Você sabe como são os homens. Não gostam de mostrar sentimentos. – Rolou os olhos, como se aquilo fosse óbvio.

- Não sei...

- O Quil vai me matar se eu lhe contar, mas ele me falou agora mesmo antes de vocês dois começarem a dar aquele showzinho, que nunca vira Jacob tão deprimido como nesses últimos dias.

Voltei meus olhos para minha amiga, incerta.

- Será...?

- Olha, nós temos um jeito de descobrir, não é? – Nahuel apontou o notebook, o qual ainda mostrava a foto da Stanley.

- Eu sei, mas...

Tentei falar, contudo Claire me interrompeu.

- Está com medo de que, Ness?

Suspirei, passando as mãos pelos cabelos.

- Da verdade.

(...)

Bati o pé impaciente, varrendo o refeitório com os olhos. Jacob, graças ao bom Deus, não estava à vista. Eu estava, na verdade, procurando a loira oxigenada – seguindo o roteiro do genial plano de meu amigo.

Foi então que eu a vi. Escorada em uma mesa, gargalhando falsamente alguma de suas amigas venenosas. Rolei os olhos antes de criar coragem de me aproximar.

Estava a quase meio metro da garota, quando ela me viu. Sua expressão fechou-se instantemente e eu tive que reprimir um sorriso assim que nossos olhos se encontraram. Ah, ela mal pode esperar! O jogo se inverteu então. E ela achou que iria guardar aquele segredo para sempre?

- O que você quer aqui? – Sibilou com raiva.

Sorri cinicamente.

- A diretora nos mandou começar a detenção agora, nesse intervalo até a próxima aula. – Murmurei, teatralmente entediada.

- Como assim? Eu quero almoçar! – Ralhou, batendo o pé com uma criançinha mimada.

- Ordens dela, Stanley. Gosto disso tanto quanto você. – Dei de ombros.

Ela bufou, pegando sua bolsa rosa pink da cadeira ao seu lado.

- Vejo vocês depois. – Murmurou para suas amigas, que me encaravam curiosas.

A garota começou a andar ao meu lado, pisando forte. Reprimi a vontade de lhe dar outros tabefes. Ela bem que merecia.

- Temos que ver com o zelador o que vamos fazer. – Expliquei, seguindo o “script”.

- O quê? Não me diga que vamos ter que fazer faxina! – Desdenhou, mas eu pude sentir um quê de nervosismo em sua voz.

Obviamente a “dondoquinha’ mimada nunca, sequer, viu um esfregão na vida.

- Eu não sei, Stanley. Estou apenas fazendo o que a diretora mandou. – Expliquei, abrindo a porta da salinha.

Assim que entramos, Stanley nem ao menos teve tempo de entender o que estava acontecendo: meu amigo tratou de puxá-la para uma das cadeiras, tapando sua boca, enquanto Claire fechava a porta e girava a chave rapidamente.

Ela tentou gritar, indignada, contudo, Nahuel se encarregou de abafar sua voz histérica.

- Fica quieta, Stanley. Você está trancada de qualquer jeito. – Claire murmurou rancorosa.

Eu sabia que ela estava guardando uma raiva imensa daquela loira oxigerada, uma vez que fora ela que espelhara aos quatro ventos sua gravidez.

- O que vocês pensam que estão fazendo? – Ela sibilou, depois que meu amigo achou seguro retirar a mão da sua boca.

Tive que reprimir o riso assim que o vi limpar a mão em sua roupa, com uma expressão enojada. Depois disso, tratou de segurá-la sentada e imóvel.

- Estamos querendo apenas esclarecer alguns fatos. – Murmurei calmamente. Era tão bom estar no controle da situação, para variar um pouco.

- Que fatos? – Exigiu saber, irritada.

- Você sabe muito bem o que eu quero saber, loira falsa. – Falei entre-dentes. – Quero que me diga o que aconteceu aquele dia na sua casa com Jacob.

Jéssica soltou uma risada alta ao final de minha frase.

- Ah, mas é claro... Eu deveria ter suspeitado. – Sorriu maliciosa. – Já lhe falei Swan, vou deixar a sua imaginação decidir o que ocorreu. – Murmurou tranquilamente.

- Mas eu quero ouvir da sua boca.

Percebi que minhas mãos tremiam. Fechei-as em punho, respirando fundo. Eu estava com muito medo do que podia sair daquela boca. Ela poderia mentir, é claro. Obviamente refleti com meus amigos aquela possibilidade. Mesmo tendo esta carta na manga, Jéssica poderia muito bem dizer qualquer coisa e não teríamos muito com o que comparar.

Contudo, Nahuel afirmou com convicção que sabe descobrir quando uma pessoa está mentindo ou não. Sua mãe é advogada e lhe ensinou algumas linguagens corporais muito uteis nessas situações.

Stanley não respondeu a minha pergunta. Permaneceu fitando-me soberbamente.

- Acho que ela não quer falar, Ness. – Claire murmurou descontraidamente, encarando-me com um brilhinho excessivo nos olhos.

Eu sabia que ela estava louca para ver a reação da loira oxigenada quando visse a foto que tínhamos em mãos. E querem saber? Eu também!

- É. É o que parece. – Imitei o tom descontraído de Claire. – Sabe, querida – Soei o mais falsa que consegui, fazendo Jéssica revirar os olhos. – você irá falar por bem ou por mal.

E mais uma vez – nada fora do previsto – ela gargalhou como uma gralha desafinada.

- Quero ver você me obrigar. – Desdenhou.

Um meio sorriso formou-se em meu rosto.

- Você que pediu. – Dei de ombros, sentando-me na cadeira próxima ao notebook.

Abri a foto menos comprometedora – a qual ela estava apenas com o braço em volta do de Eric, gargalhando alucinadamente por algum fato perdido no tempo. Muito lentamente - cuidando cada movimento de Jéssica - voltei o computador para ela.

Assisti seus olhos irem do sarcasmo para o pavor em menos de segundos.

- Mas que merda é essa? – Tentou se levantar, contudo Nahuel era forte o bastante para mantê-la no lugar.

- Bem, acho que está bastante claro. – Claire comentou analisando a foto com a testa enrugada.

- C-como... Eu... Vocês... – Ela balbuciava com os olhos fixos no monitor. – Grande coisa! – Falou por fim. – Eu estava apenas... Conversando com o... – Fez cara de ânsia de vomito. – Dele.

- Ah, você estava apenas conversando? – Nahuel repetiu, como se não tivesse percebido aquilo antes, fitando o monitor também.

Aquilo estava, no mínimo, cômico.

- É... – Murmurou, incerta. – O quê? Achou          que iria me chantagear com uma fotinho dessas sem nada que pudesse me comprom...

Suas palavras se perderam no meio do caminho assim que apertei a tecla para aparecer à foto seguinte. Agora seus olhos se arregalaram tanto que, por pouco, refleti se não corriam o risco de sair de seu rosto literalmente.

- Aqui não parece que vocês estão apenas conversando. – Pontuei calmamente. – Ou será que parece? – indaguei para os outros dois, que mantinham sorrisos vitoriosos na face.

- Não. – Responderam prontamente.

Stanley não falou absolutamente nada. Sua boca abria e fechava, contudo, nenhum som saia de lá.

- Então, a coisa irá funcionar do seguinte modo. – Murmurei sentindo-me imensamente bem por estar do outro lado do jogo agora. – Ou desembucha de uma vez o que aconteceu naquele maldito dia, ou então vamos nos certificar que essa foto seja vista por todas as pessoas do mundo.

- E nem ouse mentir, garota. – Nahuel pronunciou-se. – Meu sexto sentido para mentirosos é maior do que você possa imaginar.

Ela voltou seus olhos arregalados para ele, distraída.

- Mas... Eu...

- Fala logo, loira falsa. Não temos o dia todo. – Claire irritou-se.

Provavelmente deve ter marcado algum compromisso com Quil.

- Vocês não podem fazer isso. – Seu tom de voz era quase autoritário. Quase.

Agora fora a minha vez de gargalhar.

- Você que sabe. Ou fala ou a escola inteira irá saber que você andou de amassos por ai com o maior nerd do colégio.

Ela bufou parecendo imensamente apavorada.

- Tudo bem. Mas como vocês não vão achar que é mentira de qualquer jeito?

- Não se preocupa com isso. Apenas diga o que aconteceu e, pode ter certeza, eu vou saber se é verdade.

Nahuel passava uma confiança naquelas palavras que qualquer um acreditaria que de fato ele saberia mesmo captar uma mentira. E ele realmente sabia.

(...)

- NESSIE! – Ouvi a voz de Claire demasiadamente alta em meus ouvidos.

- O quê? – Indaguei irritada, massageando de leve minha orelha direita. – Eu não sou surda, sabia?

- Parece. – Rolou os olhos para minha indignação. – Você está muda desde que a Stanley foi embora.

- É que... – Suspirei. – Ela contou a mesma coisa que Jacob. Exatamente, a mesma coisa.

Passei os dedos em meus cabelos sentindo-me a pessoa mais injusta e idiota da face da Terra. Conforme Jéssica relatou o que ocorreu, meu coração acelerou de um modo inexplicável. Meu cérebro trabalhava a mil por hora: ELE ERA INOCENTE.

Ele me falou a verdade. Por que eu não acreditei?  É claro que a historia parecia ridiculamente inventada, mas...

- Tem certeza que ela estava falando a verdade? – Indaguei para meu amigo.

- Absoluta. – Afirmou convicto. – Prestei o máximo de atenção em todos os sinais corporais dela. Nada mostrou que ela estava dizendo alguma mentira e olha que eu já li alguns livros sobre o assunto, sem contar tudo que minha mãe ensinou-me.

- Eu sou uma idiota! – Resmunguei, por fim, andando pela salinha minúscula. – Fui injusta com ele.

- Bem, você não tem culpa. Qualquer uma no seu lugar...

- Espera ai. – Parei de andar assim que a lembrança veio em minha mente. – O problema não era só a Stanley. Tinha as outras garotas...

- Nessie, você tem que pedir desculpas para ele. – Claire interrompeu-me, sem dar importância ao que eu estava dizendo.

- Mas...

- Você VAI pedir desculpas para ele. – Ela repetiu mandona. – Ele é inocente e está deprimido desde que você quis dar um tempo.

Mordi o lábio, confusa. Ignorei, é claro, sua mudança súbita de opinião – nada fora normal para minha amiga grávida.

- Ele não ira me ouvir. – Murmurei derrotada, desabando em uma cadeira qualquer. – Ele está brabo. Voltou a ser o Jacob arrogante de antigamente.

- Com razão. – Nahuel deu de ombros.

- Ei, de que lado vocês estão? – Irritei-me.

- Do lado certo da história... E nesse caso, amiga, é o dele.

Bufei. Minha amiga estava começando a me dar nos nervos com essa nova ”maturidade”.

- Você tem alguma idéia de como irá falar com ele?

Nahuel indagou após desligar seu notebook e nos explicar que entregara a Jéssica uma copia das fotos originais. Afinal, sempre é bom ter uma carta na manga contra esse tipo de gentalha.

Se eu tivesse falado com meu amigo naquele momento que eu estava sendo chantagiada, nada disso teria acontecido. Por que eu fiquei quieta, meu Deus? Eu poderia ter contado para Jacob também. Poderíamos ter a encontrado juntos uma solução.

IDIOTA! IDIOTA! IDIOTA!

E então, uma luz se fez uma minha mente.

- Na verdade, tenho sim. – Um sorriso surgiu em minha face.

(...)

Bati três vezes na madeira maciça horas mais tarde.

- Pode entrar. – A voz grave de meu pai soou do outro lado.

Abri a porta do seu escritório mordendo o lábio inferior. Esperava, sinceramente, que aquela minha idéia maluca desse certo. Sentia-me tão mal por ter sido estúpida e burra ao cair na armadilha da Stanley que precisava concertar meu erro o mais rápido possível.

Afinal, estava sentindo uma falta absurda daquele garoto moreno que não saia dos meus pensamentos.

- Pai? – Chamei-o assim que abri a porta.

Charlie levantou a cabeça de alguns papeis que analisava com um sorriso de boas vindas.

- Sim, querida?

- Preciso de sua ajuda. 


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Notas finais do capítulo

EU SEI QUE EU DEMOREI, DEEEEEEESCULPAAAAAAA!!!
Serio, eu estou atolada de coisas pra fazer da facul, mas mesmo assim eu arrumei um tempo pra escrever, mereço perdaao né? haha
Espero, sinceramente, de todo o meu coraçao, que vocês tenham gostado do capitulo. Foi muito dificil de escrever, mesmo eu tendo a ideia mais ou menos formada.
A fic está no fim (aaaaaaaaaah =~). Talvez mais uns 2 caps no maaaaximo. Vou tentar (NAO ESTOU PROMETENDO NADA)postar rapido.
Fazendo 9 cadeiras + estágio o tempo fica bem curto! Farei o possivel.
Espero que nao tenham desistido da fic :(((
Comentem para me dar animo a escrever rapido!!
Beijooo suas lindas!!