Opostos que se Atraem escrita por paular_GTJ


Capítulo 27
Capítulo 27




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- Terminar meu namoro? – repeti calmamente, não acreditando na baboseira que estava ouvindo daquela loira oxigenada.

Jéssica limitou-se apenas em assentir, mantendo aquele sorriso irônico em seus lábios.

E então eu caí na gargalhada. Ri tanto que meu corpo curvou-se para frente, e envolvi minha barriga com meus braços.

É piada, não é? Só pode ser brincadeira!

- Qual é a graça, Swan? – o sorriso de Jéssica desapareceu, dando lugar a uma careta de desgosto.

- Q-Qual é HAHAHA a... HAHAHA graça? – repeti, ainda rindo. – Você só pode estar brincando, garota! – limpei algumas lágrimas que se acumularam nos cantos dos meus olhos. Respirei fundo, fitando sua expressão raivosa. – Qual é Stanley, você acha que eu irei terminar com Jacob? Quer dizer, uma hora ou outra, todos saberão sobre Claire e você acha que eu, sabendo disso, eu irei acabar meu namoro? E mais, está pensando mesmo que se de fato eu fizer isso você terá o caminho livre para ficar com o MEU namorado?

Jéssica trincou os dentes e sua boca se contraiu em uma linha fina. Gradualmente, porém, seu sorriso foi voltando a aparecer.

- Tudo bem então, se todos irão saber uma hora, porque não pode ser agora?

Ok, agora perdeu a graça.

- Stanley, por favor, seja coerente. Mesmo que eu termine com Jacob para você manter essa matraca calada, acha mesmo que irá ficar com ele?

Era óbvio que todos iriam saber de Claire. Quer dizer, não é um segredo que se possa guardar pela vida toda, certo? Contudo, minha amiga estava desesperada. Estava prestes a mudar de cidade para não lidar com essa situação agora. Seria mesmo eu capaz de estragar tudo?

- E porque não? – indignou-se. – Olha aqui, Swan – apontou um dedo para minha cara. – Antes de você sair por ai dando em cima dele, nós éramos namorados. Você o roubou de mim!

Rolei os olhos.

- Eu o roubei de você? – repeti. – Pelo amor de Deus, se eu fiz isso, pelo menos umas vinte fizeram antes de mim. – os olhos da garota se arregalaram em espanto, como se essa ideia nunca houvesse passado pela sua cabeça. – Você conhecia Jacob, sabe muito bem como ele era.

- Como ele é. – corrigiu-me, sorrindo sarcástica.

- Era! – repeti convicta.

- Como pode ter tanta certeza que ele não faz com você o que fez comigo?

- Ora, por diversas razões. – cruzei os braços, sentindo-me desconfortável.

- É mesmo? – fez cara de curiosa. – E pode me dizer algumas, por acaso?

Bufei.

- Isso não lhe interessa.

Jéssica gargalhou, fazendo-me fechar a cara.

- Acorda, garota. Nenhum garoto muda radicalmente assim não. Se eu fui corna como você mesmo diz, bem, então você deve tomar cuidado. – sorriu.

- Não acredito que Jacob irá fazer isso comigo. – falei o mais segura que consegui.

- Eu também pensava isso. – admitiu, deixando seu sorriso morrer.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas encarando uma a outra.

Aquilo estava me deixando desconfortável. Eu acreditava em Jacob... Eu queria acreditar, pelo menos. O passado dele o condenadava, é claro, contudo, não é impossível que ele tenha mudado, certo? Ele não iria se dar o trabalho de fazer tudo que fez até hoje para mim se não gostasse um pouquinho ao menos... Mas...

É claro que pode se amar alguém e ao mesmo tempo cair em tentações... Isso, obviamente, quando o amor não é verdadeiro, mas quem me garante que Jacob sente por mim algo verdadeiro? Pode ser uma paixão passageira...

- O que me diz, Swan? Não quero perder meu tempo valioso aqui com você. – Jéssica interrompeu meus pensamentos.

- Do quê? – Estava perdida.

- Do que lhe propus. - ela bufou impaciente - Ou termina o namoro, ou a sua querida amiga será motivo de fofocas por um bom tempo nessa escola.

- Eu... Não sei.

Estava confusa. Jéssica havia implantado coisas na minha cabeça que não queria acreditar, entretanto, não era algo que eu nunca havia pensado. Aliás, era algo que eu sempre temia, apesar de recusar-me há refletir muito tempo sobre o assunto.

- Tudo bem, como eu sou uma pessoa muito paciente e amável, - encarei-a com desconfiança. – vou lhe dar um tempinho para pensar na assunto. – sorriu como se estivesse me dando o melhor presente do mundo. – Você tem uma semana. Se em uma semana ainda estiver com essa aliança no dedo, avise sua adorável amiga que continue faltando aula, pois duvido que ela irá se sentir bem aqui. – riu da minha expressão raivosa.

- Você não presta! – silibei irritada virando-me para ir embora.

Pude ainda ouvir um riso baixo vindo dela.

- Cuidado ao passar pela porta, pode ser que os chifres a tranquem. – gritou fazendo-me bufar e aumentar ainda mais a minha raiva.

Idiota! Falsa! Hipócrita! Jararaca! Perversa! Interesseira!

O toque do meu celular distraiu-me de meus xingamentos mentais.

- Oi. – falei meio seca, nem ao menos olhando no visor quem era.

- Oi amor, onde você está? – a voz de Jacob fez com que um bolo se formasse em minha garganta. Sua voz era como sempre: suave a doce. Era assim que ele me tratava, pelo menos desde que começamos a sair.

- Eu... Eu estou saindo do ginásio. – minha voz estava embargada. Pigarreei. – E você?

- Eu estou lhe esperando no estacionamento, como sempre. – ele riu do “Ah é” que eu soltei. – Está tudo bem? Por que ainda está ai?

- Ah... Bem, é só que... – a Jéssica ficou me segurando no ginásio, sabe, ela quer que a gente termine o namoro... – Eu... O professor. Ele quis falar comigo depois da aula. – inventei rápido. – Sabe, reclamando da minha falta de disposição na aula.

Jacob sabia melhor do que ninguém o quanto eu odiava essa aula. Não seria difícil ele acreditar na minha desculpa.

E não deu outra, suspirei aliviada quando ouvi sua risada rouca do outro lado da linha.

- Ah! Não disse a ele que fazer você ter disposição é uma missão impossível? – brincou.

- Como se adiantasse falar alguma coisa para aquele cabeça-oca. – Jacob gargalhou. – Já estou lhe vendo. – indaguei avistando o garoto moreno encostado no seu carro preto.

Jacob acenou de longe para mim, abrindo o meu sorriso preferido. E agora? O que eu faço, meu Deus?

- Então, mais uma aula de violão hoje à tarde? – Jacob perguntou, após receber-me com um beijo suave.

Eu ainda estava confusa nos meus próprios pensamentos. Eu deveria contar a ele, não é? Ele e eu poderíamos achar alguma solução para aquela situação.

- Ness? – Jacob chamou, passando a mão em meus cabelos. – Está me ouvindo?

- Sim, sim. É claro, pode ser. – falei rapidamente, tratando de colocar um sorriso no rosto.

Ele franziu o cenho.

- Você está...

- Eu queria falar com Claire antes, se não se importa. – interrompi-o, sem pensar.

- Com Claire? Por quê? – Agora ele parecia desconfiado.

- Por que... Ah, porque sim! – rolei meus olhos para sua careta. – Assunto de mulheres. – rodeei seu pescoço com meus braços, ficando nas pontas dos pés para lhe dar um selinho de leve. – E além do mais, ela está indo embora, preciso aproveitar o tempo com ela. – fiz biquinho, fazendo-o rir.

- Está bem então, já vi que quer me trocar por ela. – murmurou, fingindo estar magoado.

Aquelas palavras tiveram um efeito muito maior do que Jacob imaginava. Eu iria trocá-lo por ela? Não, mas isso é um absurdo! Eu deveria contar a ele. Deveria contar a Claire. Deveria ser sincera.

Só me faltava coragem.

-... E então o professor surtou, começou a gritar que nem um louco e passou uma detenção para os três! – Jacob gargalhou ao meu lado, finalizando sua história, que, devo admitir, não estava prestando o mínimo de atenção.

Ele estava me levando até a casa de Claire, e meus devaneios estavam ainda na madilta chantagem que a loira oxigenada me fizera. Por que diabos isso está acontecendo comigo agora?

- Ness? – Jacob chamou-me urgente. Pelo visto, já estava tentando chamar minha atenção há algum tempo.

- Sim? – virei-me confusa para ele. Sua expressão era de curiosidade, mesclada com preocupação. – Oh, desculpe amor, estava pensando em outra coisa, não ouvi o que você falou. – admiti constrangida.

- Eu percebi. – lançou um olhar rápido para mim antes de voltar a encarar as ruas movimentadas. – O que houve? Está agindo de modo estranho desde que saiu da sua aula!

- Não houve nada, Jacob. Estou bem! – suspirei cansada. Eu deveria contar a ele, contudo, não sabia o que esperar de sua reação. Talvez não fosse uma boa ideia.

Ele não falou mais nada, permaneceu dirigindo em silêncio, com uma mínima ruga em sua testa. Aquilo estava me deixando impaciente, estava me deixando angustiada. Que inferno! Será que alguém pode me dizer o que devo fazer?

Nem ao menos dei-me por conta, mas o carro já não estava mais em movimento. Eu já me encontrava em frente à casa de Claire e Jacob estava avaliando-me intensamente ao meu lado.

- Bem, obrigada pela carona. – voltei-me para ele com o melhor sorriso que consegui produzir. Seus olhos estavam estreitados, como se tentasse ler minha mente.

- Ness...

Jacob começou a falar, contudo, calei-o com um beijo. Não queria responder nada agora, não queria conversar com ele sobre aquele assunto ainda. Não. Eu queria pensar. Queria saber antes como deveria agir, o que seria melhor a fazer.

Aprofundei o beijo, pedindo passagem pelos seus lábios com a minha língua urgente. Jacob abriu sua boca prontamente, passando seus dedos da minha nuca para as minhas costas, e por fim, apertando minha cintura. Mordi seu lábio inferior antes de finalizar o beijo com um selinho demorado.

- Depois nós nos falamos. – murmurei por fim, antes de sair do carro não dando a ele espaço para mais nenhum comentário.

Tive certeza, porém, de ter visto certo receio, e talvez preocupação em seus olhos antes de sair rapidamente em direção à casa a minha frente.

(...)

- NÃO! – Claire gritou irritada, parando de perambular pelo quarto a procura de suas coisas a fim de colocar na mala preta gigantesca aberta em sua frente.

- Amiga, por favor, reconsidere isso! É loucura.

Sim, é isso mesmo. Eu estava ali, pedindo – ou melhor, implorando – para que Claire desistisse daquela viajem e assumisse a gravidez de uma vez. Não, não é egoísmo, ok? Eu apenas acredito que seja exagero e... Bem, eu não sabia mais o que fazer também.

Não tive coragem de contar a ela sobre o fato da maior fofoqueira da cidade já estar a par das novidades e, obviamente, da chantagem.

- Não vou reconsiderar Ness, que saco! – bufou brava jogou um par de meias para dentro da mala e colocando as mãos na cintura. – Já falamos sobre isso.

- Eu sei, eu sei. – levantei de sua cama, onde me encontrava, e encaminhei-me até ela. – Clai, pense bem, qual é o objetivo de adiar as coisas assim? Uma hora ou outra você terá que encarar isso e...

- Eu não estou pronta ainda! – repetiu pela décima quinta vez, decidida.

- Claire, por favor!

Eu estava a ponto de me ajoelhar no chão e implorar. Ela tinha que ser sensata e cooperar. Ela não podia esconder aquilo para sempre...

- Nessie? – Claire chamou, mudando completamente sua expressão.

- Que é? – suspirei cansada, encarando o chão.

Além de tudo, ainda tinha que reprimir as malditas lágrimas que insistiam em aparecer traiçoeiramente quando o desespero tomava conta de mim.

- O que houve? – ela avaliava-me agora, de um modo bem parecido com o que Jacob fizera antes. – Você está estranha... Por que insisti tanto em me fazer ficar aqui? – franziu o cenho.

- Por quê? Ora... – tentei soar despreocupada. – Ora, Claire, mas que pergunta! Porque eu quero que você fique aqui... – desviei meu olhar do seu. Ela conhecia-me melhor do que ninguém, possivelmente meu olhar me entregaria. – Não quero perder minha amiga.

- É só isso mesmo? – insistiu.

- Mas é claro que sim, o que mais seria? – ralhei, sentindo-me mal. Por que eu não conseguia lhe dizer o real motivo? Qual o meu problema afinal? – O que mais poderia ser? – tentei soar indignada.

- Bem, não sei. – ela comentou, ainda avaliando-me de forma irritante. – Desde que chegou você está agindo estranho... Como se estivesse escondendo alguma coisa... – arriscou.

Ri nervosa.

- Mas que absurdo! – virei de costas, andando de forma despreocupada. – Eu só queria minha amiga aqui, comigo. Queria me formar com ela, como havíamos planejado desde sempre.

Pelo menos aquilo era verdade. Obvio que não estava querendo que ela ficasse unicamente para não fazer a vontade de Jéssica. Eu queria minha amiga ali comigo, sim. Iria morrer de saudades dela, e aquilo também estava me matando por dentro.

Ouvi Claire soltar o ar com força atrás de mim.

- Eu sei, Ness. – falou baixinho. Virei-me para ela e encontrei duas órbitas azuis me fitando intensamente. – Eu não planejei isso. – apontou para seu ventre, levemente saliente, e para a mala aberta com um sorrisinho triste.

Eu podia ver naqueles olhos uma mescla de sentimentos. Contudo, o mais aparente era medo. Ela estava com medo, e, sinceramente, quem pode culpá-la?

Suspirei, chutando uma tampa de caneta que estava no meio daquela bagunça. O QUE EU FAÇO?

(...)

Encarava o quadro em minha frente sem prestar atenção em absolutamente nada. Não, eu tinha coisas muito mais importantes para pensar do que saber sobre seja lá a matéria que eu estava aprendendo. Aliás, que aula é essa mesmo? Não me importo.

Três dias se passaram desde que a vaca loira me chantagiou. Claire iria embora amanhã e eu... Eu não sabia o que fazer. Aquilo estava me perturbando intensamente. Eu não comia direito, não conseguia pegar no sono e muito menos prestar atenção em nada.

Na realidade, havia uma coisa que eu estava prestando mais atenção agora, e aquilo só estava piorando demasiadamente a situação. Foi como se Jéssica tivesse aberto meus olhos. Sim, eu sei como isso soa estranho, mas é verdade. Após aquela nossa conversinha amigável, comecei a prestar mais atenção no comportamento do meu namorado.

E para minha infeliz surpresa, a loira oxigenada pode estar certa. Ultimamente eu o estava vendo conversar demasiadamente com Leah e uma outra garota baixinha que suspeitava se chamar Melissa. Eu sei que Leah e eu estávamos começando a nos dar bem, contudo, não estava muito ciente ainda se aquelas conversinhas em particular me agradavam, ou se eu confiava realmente em minha “meia irmã” para aceitar aquilo numa boa.

Além do mais, ontem quando o perguntei com quem falava no telefone assim que o encontrei distraído no estacionamento, ele ficou extremamente nervoso e inventou uma historia completamente sem cabimento.

Passei os dedos em meus cabelos, reprimindo as lágrimas. Será que Jacob está realmente me metendo chifres? Não seria surpresa nenhuma. Ele pode ter se cansado... Homens fazem isso, não fazem? Além do mais, eu estava um tanto quanto distante nesses últimos dias, e isso pode ter o levado a procurar em outro lugar o que não estava tendo comigo.

Será?

Talvez fosse tudo mais fácil se isso fosse verdade. Afinal, terminaria o namoro e Jéssica conseguiria o que quer, certo?

Fácil – pensei com desprezo. Como pode ser fácil aceitar abrir mão de Jacob Black? Eu o amo. Eu preciso dele. Ele me faz bem!

Suspirei.

O sinal tocou, fazendo-me acordar de meus pensamentos deprimentes. Eu já sabia o que iria fazer, era minha ultima tentativa.

Iria até a casa de Jéssica e iria tentar convencê-la de que aquilo não iria dar certo. Minha mãe sempre disse que tudo se resolve com um bom e velho diálogo. E mães sempre sabem, não é?

Jacob não havia vindo para aula hoje. Ele ficara de ajudar Quil com a mudança, portanto eu estava sozinha. Muito mais fácil, refleti comigo mesma. Poderia abordar Jéssica no colégio mesmo.

Mais do que depressa tentei localizar seu fan clube idiota. E lá estavam elas, suas mais “fieis” seguidoras, rumando para o estacionamento. Jéssica não estava com elas. Estranho. Apressei-me para alcançá-las.

- Ei! – gritei, chamando atenção do bando de garotas fúteis que riam que nem gralhas. Para minha surpresa, Leah estava ali também. – Onde está a Stanley?

- Ela foi embora mais cedo hoje. – Uma garota morena respondeu, intercalando olhares com suas amigas.

Suspirei. Ótimo! E agora? Meus olhos, então, recaíram em outra garota, próxima àquela que se pronunciou.

– Posso falar com você? – fitei Leah, que me encarava com curiosidade.

- Claro! – sorriu, caminhando em minha direção.

As outras continuaram a fofocar e caminhar para longe de nós duas. Graças a Deus.

- Pensei que não era mais tão amiga delas. – encarei Leah com as sobrancelhas erguidas.

Ela vivia falando mal dessas pessoas, afinal, que tipo de amigas elas eram?

- Algumas delas se salvam. – a garota deu de ombros, despreocupada. – O que houve? 

É claro que o pensamento de Leah estar tendo alguma coisa com o meu namorando nas minhas costas ainda perturbava-me. Aliás, eu estava um tanto mais fria com a garota dos últimos dias para cá. Ela parecia estar curiosa com a minha atitude inusitada de... Bem, estar falando novamente.

- Preciso do endereço de Jéssica. – fui direta.

Leah ficou visivelmente surpresa.

- Por quê? – perguntou curiosa. Pareceu perceber que estava se metendo em um assunto que não era da sua conta e emendou. – Aconteceu alguma coisa?

- Não. – respondi cansada. – Só preciso... Falar com ela.

Leah assentiu uma vez, sem fazer mais comentários.

Bingo.

(...)

- 502... 506... 510. – fitei o papel em minha mão, com a letra de Leah ligeiramente tremida. – É aqui. – suspirei, parando o carro e analisando a bela casa branca e marrom em minha frente.

Encarei a rua chuvosa por um momento. Certo. Tudo que eu tinha que fazer é simplesmente conversar com ela. Simples, não?

Não.

Bufei. Ok, vamos terminar de uma vez com isso. Não custa nada tentar, não é? O máximo que irá acontecer é tudo continuar na mesma. Não tenho nada a perder.

Apressei o passo para não me molhar assim que sai do meu carro. Parei, então, diante da grande porta marrom e suspirei. Quais argumentos eu utilizaria para convencê-la a me deixar em paz e, principalmente, deixar Claire em paz?

Toquei a campainha suspirando pesadamente. Não existe motivo para nervosismo.

Ouvi barulhos do lado de dentro da casa, talvez um grito baixo. Franzi o cenho. E então a porta se abriu.

- Nessie!

Senti meus olhos se arregalarem, minha boca secar e minhas pernas tremerem. Eu estava sonhando? Acho que peguei no sono na aula porque essa é a única explicação plausível para O MEU NAMORADO ESTAR NA CASA DE JÉSSICA STANLEY, E AINDA POR CIMA SEM CAMISA!

- O que... O que significa isso? – demorei um pouco para encontrar minha voz. 

Meus olhos iam de Jacob, com uma cara de total surpresa e desconforto, para Jéssica, que se encontrava próxima a um sofá de couro preto com um sorriso triunfante em sua face.

- Nessie... Amor, eu posso explicar. – Jacob gaguejou, estendendo a mão para tocar meu rosto.

Desviei do seu toque, encarando-o com repugnância.

- Como pôde? – sussurrei sentindo as malditas lágrimas virem. E agora, era completamente incontrolável.

Caminhei para trás, sem tirar os olhos daquele traidor. Sim, porque era isso que ele era. Não mudara nada. Eu havia sido apenas mais uma. Tinha o segurado por mais tempo, contudo, não tinha nada de muito interessante para obrigar Jacob Black ficar somente comigo.

Agora, enquanto os pingos de chuvas caiam em meu rosto, mesclando-se com minhas lágrimas eu me dava conta de tudo que não vira antes. Como pude ser tão ingênua? Como pude acreditar que tivera a proeza de mudar realmente o maior galinha do colégio?

Claro, ele havia se contentado apenas comigo no começo. Agora, porém, fora buscar coisas diferentes com Leah, Melissa, seja lá quem era a pessoa no telefone, e, óbvio, Jéssica.

Meu coração batia descompensadamente em meu peito. Eu o sentia doer, como se alguém o estivesse apertando com uma força absurda. Jacob falava, contudo, eu não o escuta. O que ele tinha a dizer, afinal? Sinto muito? Sinto muito tê-la feito de boba durante todo esse tempo? Sinto muito tê-la feito acreditar que eu realmente a amava? Sinto muito tê-la iludido? Caminhei rapidamente para o meu carro. Não queria mais ver aquilo.

Antes, porém, que as minhas mãos trêmulas conseguissem abrir a porta do carro, senti algo me puxando. Virei-me a contra gosto, já sabendo quem era.

- Me larga! – sussurrei, recusando-me a encarar seus olhos. Sabia que iria me perder neles.

Nós dois agora estávamos completamente encharcados. Eu não ligava à mínima.

- Ness, por favor, me escuta! – ele implorou, aumentando a força em meu braço. – Não é o que parece.

Soltei uma gargalhada fria. Frase típica, não?

- Você também não é. – resmunguei, desvencilhando meu braço de sua mão.

Meus olhos recaíram em Stanley. Ela estava escorada na porta da frente, encarando tudo como se fosse a melhor cena do mundo. E para ela, com certeza era. Muito bem, vamos a fazer ficar ainda melhor então.

Muito lentamente, como se cada movimento doesse até o fundo da minha alma, - e, para falar a verdade, doía - levei meus dedos até minha mão direita, escorregando lentamente o metal de meu dedo anelar.

Jacob voltou seus olhos para o que eu estava fazendo.

- Não! – falou encarando-me assustado. – Ness, por favor, me escute!

Não dei-lhe ouvidos. Fitei Jéssica antes de arremessar o anel em qualquer canto do pátio. Virei-me de costas e corri.

Não queria dirigir. Não queria prestar atenção em mais nada. Ouvi um grito atrás de mim, mas simplesmente não dei bola.

Só uma coisa prendeu minha atenção. Uma luz iluminou o caminho e uma buzina ensurdecente chegou a meus ouvidos.

E então, tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu demorei :/
desculpaa pessoal, mas não deu mesmo! acabei indo viajar e a minha criatividade foi junto e resolveu ficar por lá :S
Mas agora eu embalei de novo... Espero, pelo menos.
Então, o que acharam?
Teve gente criticando sobre ser a mesma história das outras fic's, a vilã separando o casal feliz. Bem, é verdade mesmo. Eu mudei algumas coisas para não ficar do mesmo jeito, porque, devo admitir, era a ideia... Enfim, foi o melhor que eu consegui fazer, espero não ter decepcionado ninguém.
Vou começar a escolher a melhor review :) Fiz no outro cap e farei nos proximos a partir desse... Que não serão muitos, a fic já está na reta final ein.
Desculpa mais uma vez a demora, comentem por favor.
Beijos lindas!