Jacob refletiu por um momento, e por fim, assentiu. Deu dois passos em direção a escrivaninha, onde estava sua mochila, e então parou levando as mãos ao rosto. Ele ficou um minuto ali, parado, de costas.

– Amor? – indaguei incerta. Jacob virou-se para mim lentamente, com os olhos desfocados. – Amor?! – chamei novamente, agora assustada. – Você está branco, o que houve?

– Hum, bem, eu acho que temos um problema. – falou lentamente, mordendo o lábio inferior.

– Que tipo de problema? – sentei na cama, franzindo o cenho.

– Eu emprestei o caderno de Biologia para a Jéssica. – suspirou passando os dedos pelos cabelos. Ele fazia isso quando estava nervoso.

Bufei.

Ok, não queria relembrar o fato de aquela vaca loira estar tentando se aproximar do meu namorado descaradamente, mas tudo bem, isso não é um problema tão grande para ele fazer tanto drama.

– Tudo bem, fazer o quê? Eu pego a matéria com a Ângela ou outra pessoa qualquer. – deitei-me novamente no colchão esperando que ele se acalmasse.

Jacob, porem, permaneceu parado no meio do quarto como se tivesse visto um fantasma.

– Ness, você não entendeu. – ele estava pronunciando as palavras muito lentamente para o meu gosto.

– O que eu não entendi? – perguntei começando a me assustar com aquilo. - Jacob, por Deus, está me deixando preocupada. – sentei-me novamente, encarando-o atenta.

– O caderno de Biologia era onde estava a nossa conversa da última aula. – indagou fechando os olhos. – Sobre a Claire estar se sentindo mal de estar grávida, lembra?

Senti meus olhos se arregalarem enquanto meu coração parava por um minuto e eu me dava conta do porque do desespero do meu namorado.

Fudeu!

POV JACOB

- Vai – Nessie empurrou-me impaciente em direção a Jéssica, a qual conversava animadamente com duas amigas loiras próximas a porta da secretaria.

Nós estávamos escondidos atrás do meu carro, no estacionamento do colégio, discutindo sobre como abordar a garota que estava com o “ouro” nas mãos.

Minha pequena estava surtando desde que ficou sabendo que o segredo de Claire podia ser espalhado aos quatro ventos se Jéssica simplesmente abrisse a página certa – ou errada, depende do ponto de vista – do meu caderno de Biologia, o qual havia o emprestado ingenuamente a garota ontem mesmo.

- Mas... – relutei querendo voltar para de trás do carro, contudo Nessie encarou-me com seu olhar mortal.

Suspirei.

Decidi que o melhor a fazer era parar de discutir – o que estávamos fazendo havia vinte minutos - e ir logo terminar com aquela situação tensa que, de certa forma, eu havia provocado.

Caminhei lentamente em direção as três garotas, repassando mentalmente o que Nessie mandou-me dizer e... O que era mesmo?

Estava a um passo de dar meia volta e relembrar qual era meu “discurso” que minha namorada inventou, quando o maldito sinal tocou, fazendo as três viraram na minha direção, possivelmente encaminhando-se para suas primeiras aulas do dia.

Estagnei no mesmo lugar sem saber o que fazer - o que foi uma ideia um tanto estúpida, uma vez que as meninas perceberam minha presença.

- Ahm... – definitivamente, não sabia o que fazer. Pensei em voltar, contudo ficaria um tanto suspeito, não é?

- Jake? – Jéssica abriu um sorriso de orelha a orelha. As duas loirinhas deram risadas maliciosas, trocando um olhar cúmplice uma com a outra.

- Oi... Hum, eu... É... Posso falar com você um minuto? – gaguejei, mexendo em meus cabelos de forma nervosa.

- Claro! – Seu sorriso ampliou. Lançou um olhar para as outras duas, indicando que já podiam se retirar. Elas entenderam prontamente, parando apenas para lançar um olhar malicioso para Jéssica.

Reprimi a vontade de revirar os olhos. Lancei um rápido olhar por cima do ombro, contudo, Nessie estava invisível naquele ângulo em que eu encontrava-me. É claro, porém, que minha namorada não devia estar perdendo um movimento sequer que ocorria aqui.

- Em que posso ajudá-lo? – Jéssica perguntou cordial.

Franzi o cenho para aquela simpática excessiva. Mulheres!

- Bem, é que eu... Eu precisaria que você me emprestasse... Quer dizer, me devolvesse... Só por uns minutos, sabe... Depois lhe dou ele novamente se precisar, eu só preciso tirar uma copia, coisa rápida... – enrolei-me todo, fazendo Jéssica erguer a sobrancelha, possivelmente fazendo um esforço descomunal para compreender minhas palavras.

- Não estou entendendo nada, desculpe.

Suspirei.

- Pode me devolver o caderno que lhe emprestei ontem? – falei de uma vez.

Ela pareceu surpresa com o meu pedido.

- Oh, era isso! – sorriu, entendendo a onde eu queria chegar. - Claro, tudo bem. Eu já terminei de pegar a matéria mesmo. – sorriu, abrindo a bolsa e começando a procurar o que eu havia lhe pedido.

- Já? – engoli em seco. Droga, ela já mexeu no caderno.

- Sim. – encarou-me despreocupadamente. – Não havia muita coisa para copiar e, bem, a prova é sexta, não é? Pensei que talvez você o quisesse o mais rápido possível para estudar. – deu de ombros, alcançando-me o caderno.

- Ah, claro, claro. – estudei com cuidado a expressão em seu rosto.

Ela parecia normal. Aliás, a palavra mais correta para definir sua expressão no momento era indiferente. Isso é um bom sinal, certo? Quer dizer, se Jéssica Stanley estava indiferente, então ela nem ao menos chegou perto da folha em meu caderno que relevaria o segredo da grávida bipolar... Com certeza ela não iria conseguir ser tão boa atriz numa situação dessas.

Sorri aliviado.

– Espero ter ajudado. – peguei o caderno de suas mãos.

- Muito! – ela abriu um grande sorriso. – Obrigada, Jake! – agradeceu ao mesmo tempo em que acenava um adeus, encaminhando-se para onde suas amigas haviam ido anteriormente. 

Permaneci parado, enquanto o alivio tomava conta do meu corpo de forma gradual.

- O que ela falou? Ela viu, não viu? – Nessie se materializou do meu lado, visivelmente preocupada.

- Não, ela não viu. – assegurei, sorrindo animado para minha pequena.

- Tem certeza? – mordeu o lábio inferior.

- Ela disse que já copiou toda matéria, - Contei, assistindo os olhos de Nessie arregalarem em órbita. – mas não deu nenhum indicio de que viu alguma coisa mais interessante aqui – levantei o caderno – do que genética.

- Ih, sei não, amor. – Ness parecia verdadeiramente preocupada. – Ela podia estar apenas fingindo...

- Pequena, olha pra mim. – pedi segurando seu rosto com meus dedos. Pude ver medo no fundo de seus olhos castanho chocolate. – Jéssica não é e nunca foi uma boa atriz. Você acha mesmo que se ela soubesse de uma novidade dessas, estaria quieta ainda? – Não pareceu que isso convenceu muito Nessie. - Lembra quando começamos a namorar? Não levou nem vinte e quatro horas e toda a cidade já estava sabendo.

Nessie permaneceu pensativa, com uma mínima ruginha em sua testa.

Suspirou por fim.

- É, você tem razão. – pareceu sentir-se mais aliviada. – Todos já saberiam, não saberiam? – olhou-me, pedindo confirmação.

Assenti, sorrindo confortador para ela. Odiava vê-la angustiada.

- Certo. – suspirou, deixando que um sorriso surgisse em sua face. – E agora...

Agarrou o caderno de minha mão e foi à procura da maldita conversa que se encontrava nas últimas páginas no caderno. Ela a arrancou e devolveu minhas anotações.

- Vou por fogo nisso! – encarou o papel com desprezo. – E nunca mais vamos conversar com bilhetes na aula, estamos entendidos? – encarou-me autoritária.

- Sim, senhora. – bati continência, fazendo Nessie revirar os olhos enquanto ria baixinho.

POV NESSIE

Sentia-me imensamente mais leve depois de ter rasgado aquela maldita folha - a qual impediu que eu tivesse uma bela noite de sono essa noite, já que não preguei os olhos um misero segundo se quer - em milhões de pedacinhos.

Essa foi por pouco mesmo, e a cada segundo que passava, sentia-me mais tranqüila. Stanley não demonstrou, nem um segundo sequer, que sabia de alguma coisa muito interessante durante o dia. E olha que eu a observei intensamente durante todos os momentos em que a avistava. Ela transparecia futilidade e atirava-se em qualquer pessoa do sexo aposto... Nada fora da normalidade.

Claire, milagrosamente, viera para a aula. Ela estava usando um vestido folgadinho, o que disfarçava demasiadamente sua mínima barriga. Eu sabia que minha amiga nunca usaria nada desse tipo se não estivesse se sentindo realmente mal com seu novo corpo.

- Estou vindo apenas porque preciso falar com os professores e resolver como vou trancar o ano na secretaria. – explicou-me enquanto andávamos até o refeitório.

- E para onde vocês vão, afinal? – suspirei infeliz. Não queria que ela fosse. Sentiria-me extremamente perdida sem minha melhor amiga. Se não tivesse Jacob, com certeza já teria entrado em uma crise de surto psicótico.

- Para La Push. – explicou-me e riu da minha expressão de susto.

- Onde diabos fica este lugar? – Nunca havia ouvido falar em toda a minha vida.

- É uma reserva que fica em Washington, próxima a Forks. – explicou.

Arregalei meus olhos para ela. Forks era a cidade natal de meus pais, e acredito que eu havia ido para lá apenas quando era muito pequena, na época em que meus avós ainda eram vivos. Sinceramente, era no fim do mundo. Não havia muitas recordações do local.

- Por que vai para lá, garota? – silibei baixinho, já que estávamos na fila do refeitório com várias pessoas a nossa volta. – Não havia nenhum lugar mais próximo daqui não? – soltei um muxoxo, tristonha.

Claire riu, parecendo triste com isso também.

- Quil tem uns parentes por lá, então será mais fácil para hospedagem e coisas do gênero. – explicou fazendo cara de nojo para algumas comidas em sua frente. Só esperava que ela não vomitasse aqui. – E o lugar parece ser bem calmo. Portanto, é perfeito! – deu de ombros.

Suspirei.

- Você pode ir me visitar, amiga. – assegurou assim que sentamos em uma mesa para almoçar. – Aliás, você irá. – falou como se fosse uma ordem.

- Vou pensar no seu caso. – me fiz de difícil, fazendo a rir. – Talvez eu vá, mas só por causa do meu sobrinho. – ela mostrou-me a língua.

- Ou sobrinha. – piscou o olho, animada.

Depois de alguns minutos os garotos chegaram.

Quil não parecia nem um pouco feliz com a “mudança” que eles faria, e pelo que pude perceber, Jacob menos ainda. O clima do almoço parecia algo mais próximo a um velório.

- Então, acho que nós já podemos ir sexta. Só preciso... – Claire começou a falar, voltada a seu namorado, contudo foi interrompida por uma crise de tosse que tomou conta de mim.

- S-Sexta? – repeti incrédula, encarando minha amiga revoltada.

- É. – ela pareceu não entender minha descrença.

- Por que tão cedo?

- Cedo? Ness, nada entra mais em mim! – indignou-se. – Eu tenho que usar roupas que me fazem parecer um balão para disfarça minha barriga, qual é o propósito em esperar? Eu já queria é estar bem longe daqui. – admitiu, por fim. – E querem saber? Vou a secretaria agora mesmo fazer o que precisa ser feito. Não vou para as aulas da tarde. – levantou-se e saiu com passos pesados do refeitório.

- Você não me disse que iam sexta. – Jacob comentou com os olhos em Quil. Ele também estava chateado.

- Pois é, fiquei sabendo agora também. – o garoto suspirou.

- Não quer ir, não é mesmo? – questionei-o, recebendo apenas um aceno negativo como resposta.

– Ela está exagerando! – comentou desgostoso.

- É... Deve ser duro estar na pele dela, claro, mas... – mordi meus lábios segurando o choro. Minha melhor amiga iria embora sexta e sabe-se lá Deus quando eu a veria novamente. – Isso é tão injusto. – falei em voz alta.

Jacob apenas trocou um olhar cúmplice com Quil, e, em seguida este se levantou.

- Vou ver o que eu preciso fazer, já que vou ter que me debandar também. – suspirou.

- Só não vão se debandar sem se despedir. – Jacob pediu, sem encarar o amigo.

- Claro, claro. – Quil imitou o tom despreocupado que Jake sempre usava.

Os dois sorriram um pro outro tristemente.

Encostei minha cabeça no ombro do garoto moreno ao meu lado, assim que Quil desapareceu entre as pessoas. Senti seu braço apertando meus ombros.

- Vou sentir falta deles! – admiti.

- Eu também. – pude senti-lo suspirar.

Sinceramente, não tem como isso ficar pior.

(...)

Bocejei.

Estava sentada na arquibancada do ginásio, esperando as outras meninas da turma se aprontar no vestiário. Odiava educação física, afinal, era uma tremenda descordenada, para falar a verdade. Simplesmente não entendia porque aquela matéria tinha que ser obrigatória.

Hoje o tédio estava pior que o de costume, uma vez que Claire simplesmente abandou-me essa tarde.

E será assim o resto dos dias, pensei comigo, amarga. Chacoalhei a cabeça com força. Não queria mais pensar nesse assunto, deixava-me cada vez mais cabisbaixa.

Às vezes parecia até exagero, quer dizer, não é algo eterno, não é? Vou ver minha amiga muitas vezes ainda, contudo, será tudo diferente agora. Nós sempre fossos inseparáveis, como unha e carne. Éramos praticamente uma só. Estudamos juntas desde o maternal, e agora nem ao menos vamos nos formar como sempre sonhamos...

- Então, pessoal, vamos formar os times. Hoje vamos jogar vôlei. – O professor Smith retirou-me de meus devaneios tristonhos, fazendo-me revirar os olhos.

Odeio vôlei.

(...)

- Senhorita Swan? – o professor carrancudo chamou-me a atenção.

- Que é? – falei mal educada, já estava impaciente com aquele jogo.

- Este foi o terceiro saque que você perdeu. Concentre-se.

Rolei meus olhos querendo lhe dar uma resposta bem mal criada, contudo, mordi minha língua.

Prestei bastante atenção dessa vez, e, pelo menos, consegui fazer a bola passar o outro lado da rede. Contudo, as garotas do outro time não estavam esperando que desta vez eu tivesse êxito em minha performance, portanto, não se preocuparam em se posicionar para o ataque. Como conseqüência, a bola foi direto no rosto de Britney, a qual mantinha um dialogo descontraído com Kim.

Possivelmente ela se machucou feio, pois chegou até a cair no chão. O professor saiu bufando em direção a aluna, resmungando algo do tipo “são muito desatentas, como pode?”.

Sentei-me no chão, contando os segundos para aquela maldita aula terminar e eu poder ir pra casa com o meu namorado gostoso. Meus olhos desviaram para Stanley, que me encarava com uma expressão curiosa.

Não estava gostando nada disso.

Ela havia me escolhido para o time. Sim, dá pra acreditar?

E não havia sido como ultima opção não, havia sido uma de suas primeiras escolhas. Não sei se ela bateu a cabeça ou está com falha de memória, porque deve ter esquecido a péssima jogadora que sou. E agora não para de me lançar sorrisinhos suspeitos. Qual é a dela afinal?

Baixei a cabeça entre meus joelhos, cansada. Tentava imaginar o que eu Jacob poderíamos fazer depois da aula. Estava completamente perdida em pensamentos quando...

- Sua amiga está matando muita aula ultimamente, não é mesmo? – a voz de da loira oxigenada chegou aos meus ouvidos, e ela encontrava-se mais próxima do que eu desejava.

Ergui minha cabeça lentamente, deparando-me com a Stanley, cara-de-pau, sentando ao meu lado, casualmente.

- Não vejo como isso pode ser da sua conta, não é mesmo? – tentei soar o mais calma possível, imitando seu tom debochado.

Ela mantinha um sorrisinho zombeiro no rosto.

- Não, claro que não. – concordou.

- Então porque não cuida da sua vida? – sugeri pronta para me levantar.

- Só estava me perguntando com quantos meses ela deve estar para não poder nem ao menos fazer mais atividades físicas. – comentou baixinho, fazendo com que eu perdesse por completo a força em minhas pernas e voltasse a me sentar.

- Do quê-ê está f-falando? – engoli em seco varias vezes, mas o bolo em minha garganta parecia crescer a proporção em que o sorriso no rosto de Jéssica aumentava.

Ela gargalhou e minha vontade era de dar um soco bem no meio daquele rosto desdenhoso.

- Você deve saber muito bem do que eu estou falando, Swan, se não, não estaria suando que nem um porco. – ergueu uma sobrancelha, achando-se superior.

- Eu não estou... – não fui capaz de concluir minha frase, pois no mesmo instante o professor apitou indicando para voltarmos à aula.

Stanley fingiu que nada de muito interessante havia rolado na nossa “conversinha”. Eu, pelo contrário, sentia que meu coração iria sair da boca a qualquer momento.

Que merda! Que merda! Mil vezes, que merda!

Minha vontade era de gritar, de bater naquela loira infeliz que possivelmente deve estar pronta para acabar com a vida da minha amiga. Eu tinha que fazer alguma coisa, eu não podia deixar Jéssica contar a ninguém sobre o que ela sabia.

Obviamente ela ainda não abriu o bico para ninguém, afinal, se o fizesse, este seria o assunto do momento. Não, eu entendi o que ela queria. Ela iria me chantagear pro resto da minha vida, ou pelo menos até Claire resolver assumir que está grávida. Quer dizer, minha amiga está prestes a se esconder no fim do mundo para não lidar com essa situação, não tenho o direito de por tudo a perder por conta da vaca da Stanley. Maldita hora que eu e Jacob escolhemos para conversar sobre esse assunto.

Assim que o professor deu a aula como encerrada, respirei fundo e fui atrás da vadia loira.

- Stanley. – chamei, chamando atenção das suas amigas falsas, que me encaram com curiosidade. Mais uma prova de que a garota realmente não abriu a boca. Acho que em toda a sua vida, esse é seu recorde para maior tempo sem contar uma fofoca. Pelo menos uma fofoca desse tamanho.

- Sim? - olhou-me fingindo curiosidade também.

- Posso conversar com você? – pedi controlando a minha voz para sair calma, algo que estava longe de sentir naquele momento.

- Hum... Claro. – ela permaneceu parada, aguardado que eu falasse.

As amebas ambulantes também ficaram, fazendo-me revirar os olhos, já impaciente.

- Em particular. – falei, estridentes.

- Depois eu vou, podem ir. – Jéssica falou, como se estivesse dando autorização para as suas seguidoras a se mexerem.

Bufei.

- Parece nervosa, Swan. O que foi? – ela inclinou a cabeça para o lado, sugerindo estar interessada.

Cínica!

Soltei o ar pesadamente, fazendo sorrir.

- O que você quer? – perguntei baixinho, olhando para os lados.

- O que eu quero? – ela repetiu, surpresa.

Falsa! Falsa! Falsa!!!!!

- É... O que você quer para ficar de boca fechada? – minha voz saiu entrecortada, tamanha era meu nervosismo.

Eu estava sentindo, na verdade, uma mescla de sentimentos: raiva, desespero, nervosismo, medo. Principalmente medo.

- Que coisa mais fofa! Defendendo a amiga das más línguas. – debochou com um meio sorriso. – E o que você está disposta a fazer para eu não contar o segredinho da sua amiga vagabundinha?

- Como ousa...? – o sangue subiu imediatamente, contudo, respirei fundo. Eu não estava em posições para mandar ninguém para aquele lugar, por mais que esta fosse minha maior vontade no momento. Ela abriu um sorriso maior ainda, esperando que eu continuasse minha ameaça. Tentei me acalmar e prossegui. – Faço qualquer coisa.

Os olhos de Jéssica arregalam-se e seu sorriso ampliou-se mais ainda.

- Qualquer coisa? – repetiu interessada.

Limitei-me em assentir uma vez.

- Muito bem então, já sei o que eu quero. – falou depois de alguns minutos em silêncio.

- Diga! – sentia meu coração martelar de forma brusca em meu peito. Sentia que alguma coisa muito ruim estava por vir...

- Termine seu namoro.  

Quem é que disse que isso não podia piorar?