– Quer namorar comigo? – Proferi aquela frase pela primeira vez na minha vida, enquanto Nessie encarava assombrada as duas alianças prateada.

(...)

POV NESSIE

Não tenho a mínima idéia de quanto tempo permaneci estagnada, encarando aquela pequena caixinha, sem conseguir mexer um músculo se quer. Meu cérebro tentava com muito esforço processar direito as palavras dele, somada com aquela simples ação. Ele estava... Jacob Black estava me pedindo em namoro?

Eu simplesmente não era capaz de encontrar minha voz para responder àquela pergunta inusitada, que definitivamente eu não estava preparada para ouvir.

– Hum... Nessie? – Ele chamou receoso devido a minha mudez absurda.

Mas que droga! Será que eu não podia ter escolhido outro momento para esquecer como se pronuncia um simples...

– Sim! – Peguei-me respondendo, surpreendendo até mesmo a mim.

A expressão de Jake foi de incerteza para alivio, seguido por contentamento em um misero segundo. Seus dedos estavam ligeiramente trêmulos quando ele retirou um dos anéis, o menor, da caixinha e o estendia timidamente em minha direção.

Ergui minha mão direita e ele a segurou gentilmente. Escorregou lentamente a jóia fria em meu dedo anelar, enquanto eu gravava mentalmente aquele momento inexplicável.

Sentia um sorriso maior do que meu rosto mais ou menos permanecer intacto em minha face, transmitindo precariamente a imensa alegria que eu estava sentindo.

Jacob fez menção de colocar o anel dele no seu próprio dedo, porém eu o impedi com um leve tapinha em sua mão.

– Eu faço isso. – Falei, fazendo seu sorriso, tão grande quanto meu, se ampliar ainda mais em sua face.

Ficamos ali por um segundo, apenas analisando o efeito daquele simples objeto em nossos dedos. Um compromisso desconhecido para ambos, e esse fato fazia que - pelo menos a mim - um prazeroso frio na barriga deixasse tudo mais excitante.

– Jacob Black finalmente na coleira. - Brinquei desviando meu olhar para o rosto do meu... Namorado.

Ele rolou sarcasticamente os olhos, inclinando-se um pouco para frente e me puxando pela cintura, até que nossos corpos se chocassem.

– Não sou cachorro para ficar na coleira, princesa. – Sussurrou em meu ouvido dando uma leve mordida no lóbulo da minha orelha. Estremeci instantemente, fazendo-o rir baixinho.

– Já falei para não me chamar... – Estava prestes a protestar, porém ele calou-me imediatamente, colando seus deliciosos lábios carnudos nos meus.

O beijo estava quase ficando urgente, quando MAIS UMA VEZ, a maldita porta do meu quarto se escancarou.

– Pelo amor de Deus! Eu falei que iria dar um tempo RAPIDINHO para o casal. – Claire indignou-se mais uma vez.

Alguém me diz: qual é a pena de prisão para quem assassina uma grávida sem noção?

(...)

– Ai, olha aquele ali que M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! – Claire rugiu ao meu lado, olhando hipnotizada para um vestido vermelho exposto em uma loja caríssima do shopping.

Claire estava agora com o melhor humor do mundo. Depois de praticamente surtar pela minha demora, e quase colocar o assunto no jornal em função dos paparazzis metidos que rodavam a casa de Charlie, ela finalmente descobriu o porquê da minha demora.

Nem preciso dizer que se ela gritou histericamente quando me viu abraçada com Jacob pela manhã, depois de saber que eu era agora oficialmente a sua namorada, ela quase perdeu a voz de tanto gritar.

Arrastou-me para o shopping exigindo que comprássemos vestidos e vários acessórios para um baile idiota que teria nessa sexta-feira no colégio. Eu nunca gostei dessas festas organizadas pelos professores caretas de onde eu estudo. Claire, por outro lado, estava fascinada pelo fato de eu ter agora um par oficial para me levar, e que segundo ela, me levaria nem que precisasse me amarrar para isso.

– Amiga, você já comprou dois vestidos hoje. Não vai querer comprar mais um, não é? – Perguntei cansada, analisando o traje que tanto admirava Claire sem entusiasmo algum.

Estava ocupada demais fantasiando mentalmente os momentos que eu estaria tendo com Jacob, se eles não tivessem sido interrompidos pela minha amiga maluca.

– Eu já comprei dois. A senhorita em compensação não comprou nem um misero sapatinho. – Comentou lançando-me um olhar de desaprovação. – Vem, vamos entrar.

– Nem pensar! Eu já falei que NÃO vou ir nesse baile! – Protestei pela vigésima vez.

– Renesmee Swan. – Virou-se para mim, ainda segurando meu pulso e com uma cara extremamente severa. Aquelas suas variações de humor estavam se tornando tão freqüentes que eu nem me abalava mais. – Você nem pense em cogitar esta idéia mais uma vez. Você vai e ponto final. – Falou mandona.

– O que lhe garante isso? – Indaguei fazendo pouco caso.

– Eu vou mandar o Quil obrigar o Jake a ir. - Deu de ombros, como se fosse óbvio. - Eu sei que você não vai deixar seu namorado extremamente gostoso ir sozinho em um baile onde estarão presentes todas as garotas atiradas do nosso colégio.

Encarei Claire sem acreditar no que ela havia falado.

– Você não faria isso! - Afirmei insegura.

– Ah, faria sim! Qual é Nessie, eu não poderei mais sair com um vestido desses daqui a um tempo. - Apelou fazendo biquinho. - Se não quer ir pelo seu namorado gostoso, vai por mim! - Suplicou dando pulinhos pequenos no mesmo lugar.

Pensei por um segundo e por fim soltei o ar vencida.

– Tudo bem, tudo bem, eu vou! - Claire bateu palmas animadamente. - E pare de chamar o MEU namorado de gostoso! - Acrescentei com falsa irritação.

Claire gargalhou alto, puxando-me para dentro da loja.

– Calminha ciumenta! Ele pode ser lindo e tudo mais, mas não chega nem perto do meu ursinho. - Comentou apaixonada.

Revirei os olhos sem conseguir conter o riso. A idéia de Quil ser mais lindo que Jacob era simplesmente hilariante. Porém, era bom mesmo que nem todos reparavam nisso.

– Em que posso ajudá-las? - Uma senhora franzidinha de cabelos grisalhos e um sorriso simpático no rosto se aproximou de nós.

– Queremos provar aquele vestido ali! - Claire apontou para o vestido vermelho exposto na vitrine.

A velhinha ampliou seu sorriso ainda mais e foi mais do que depressa buscar a roupa solicitada. A loja era absurdamente enorme, recheada com as mais diversas roupas, bolsas e sapatos - o que estava fazendo com que Claire ficasse visivelmente indecisa de onde olhar primeiro.

A senhora que estava nos atendendo voltou em um segundo, nos guiando para os provadores, que ficavam mais no fundo da loja. Todos estavam ocupados e ela pediu gentilmente que nos aguardássemos algum vagar.

– Tenho certeza que você vai ficar uma diva ai dentro. - Claire comentou admirando o traje em minhas mãos. - Jacob vai ir à loucura, com certeza.

Revirei os olhos rindo do seu comentário. Internamente, porém queria muito que aquilo acontecesse de fato.

– Ahhhhh, olha que perfeito aquele sapato! – Claire gritou entusiasmada, arrancando alguns olhares tortos de algumas velhotas pomposas que estavam ali por perto. – Nessie, você vai ter que levar este também! – Ela se virou para mim depois de analisar minuciosamente o calçado. – Simplesmente é perfeito para esse vestido.

Aproximei-me dela com uma leva careta.

– Claire, se eu usar isso ai, no final da noite teria que amputar meus pés. Olha só o tamanho do salto!

Ela revirou os olhos por conta do meu exagero, porém antes que pudesse se pronunciar uma voz soou atrás de mim.

– Swan? Bennet?

Ah, não! Não, não, não! Mil vezes não! Isso só pode ser brincadeira! De todas as lojas daquele shopping de cinco andares, e de todos os provadores daquela loja imensa, eu tinha que vir parar bem na frente do dela?

– Stanley? - Claire encontrou sua voz antes que eu.

– Oh, como vão garotas? Quanto tempo eu não vejo vocês!

Comentou a loira vaca se inclinando para nos cumprimentar com um beijinho em cada lado do rosto, deixando o seu sorriso falso – que eu tanto odeio - intacto na face.

– Pois é. Não sabia que estava de volta. - Comentei com falsa surpresa. Claire me lançou um olhar discreto pelo canto do olho.

– Sim, voltei essa semana mesmo. - Respondeu animadamente descendo seus olhos para a roupa em minhas mãos. - Comprando vestidos para a festa de sexta? - Perguntou parecendo por alguma razão surpresa. - Pensei que não gostasse dessas festas, Ness. - Sorriu falsamente interessada.

Alguém me avisa quando foi que eu dei liberdade para ela me chamar pelo apelido? E desde quanto a minha fama de não gostar de ir às festas sem graça da escola era conhecida?

– É, ela não gostava. - Claire respondeu antes que eu encontrasse uma resposta à altura. - Mas o namorado dela a fez mudar de idéia, sabe.

– O quê? - Jessica e eu indagamos ao mesmo tempo nos virando para Claire.

Jéssica lançou-me um olhar intrigado, enquanto eu abria e fechava a boca, intercalando olhares entre ela e Claire - que parecia estar se divertido muito com a expressão assombrada no rosto da loira oxigenada.

– Eu... Eu... Hum. - Não estava esperando contar aos quatro ventos que eu estava, surpreendentemente, namorando. Ainda mais para Jéssica-fofoqueira-de-plantão.

– Está namorando, Ness? Nossa que legal! – Deus, como alguém pode ser tão falsa? Jéssica abaixou seu olhar para minha mão, e se sua expressão estava surpresa antes, não preciso nem falar como ficou após ter visto o anel prateado em meu dedo. - E de anel e tudo! Pelo visto é sério! - Voltou seu olhar para mim, nitidamente curiosa. Obviamente já estava pensando para quem iria contar primeiro que inacreditavelmente Renesmee Swan estava de aliança de namoro. - Então, quem é o felizardo?

Olhou curiosa de mim para Claire, enquanto eu gaguejava que nem uma tapada.

– É... É o... - Olhei sorrateira para minha amiga, que fez sinal positivo com a cabeça me encorajando - É o Jacob. - Terminei suspirando.

O sorriso falso de Jéssica foi morrendo gradativamente em seu rosto enquanto ela abria sua boca em um "o" de surpresa.

– O... Jacob? Jacob Black?– Repetiu com o cenho franzido. – Então é você... Foi por isso que ele... – Ela gaguejava consigo mesma.

– Isso mesmo. - Confirmei segura, fazendo-a parar de conversar sozinha e me encarar com certo rancor. - Se não se importa, Jess– Pronunciei seu apelido com evidente zombaria - eu tenho que ir provar esse vestido logo. O Jake está me esperando.

Meu Deus, o que deu em mim? Não faço a menor idéia de onde veio essa minha audácia e coragem para falar aquilo para ela. Contudo sua expressão de raiva valeu a pena. Entrei no provador, seguida por Claire - que estava segurando o riso a muito custo.

– Bem, você sabe que agora o colégio inteiro vai ficar sabendo disso, não é? - Ela conseguiu falar depois de explodir em gargalhada sussurrada, juntamente comigo.

– É, eu sei. Mas é bom mesmo que aquelas atiradas do colégio fiquem sabendo que fase de galinha do Jacob acabou! - Comentei tirando os tênis.

POV JACOB

Bocejei enquanto finalmente colocava o ponto final no meu interminável trabalho de história. Nem acreditava que finalmente terminei aquelas malditas cinqüenta e duas páginas contando praticamente toda a História Antiga. Tinha plena consciência que o relatório ficara péssimo, uma vez que minha mente não conseguia viajar tão longe para a época que eu supostamente deveria narrar, e sim para momentos atrás, onde eu estava com minha mais nova namorada. E esta eu pretendia manter por bem mais do que uma semana.

Era uma sensação um tanto estranha estar comprometido. Algo inédito, e inacreditavelmente nada repugnante. Pelo contrário, parecia certo, e... Ótimo.

Meus devaneios foram rudemente interrompidos pelo som surpreendentemente alto da porta do meu quarto sendo praticamente arrombada. Olhei assustado para o lado e me deparei com Quil vindo em minha direção com uma expressão incrédula e um tanto assustadora, devo acrescentar.

– Cara, o que você... - Parei de falar assim que meu melhor amigo puxou minha mão direita com uma força que quase me fez cair da cadeira, permaneceu parado encarando meus dedos com a boca ligeiramente aberta. - Hum... Quil... Essa pose ta meio boiola, cara. - Comentei inseguro se deveria ou mão puxar minha mão de volta.

Quil a largou imediatamente e deu dois passos para trás, encarando-me como se não acreditasse no que visse.

– Então é verdade mesmo? - Um sorriso malicioso se formava gradativamente em seu rosto à medida que me encarava. E então, ele explodiu em uma gargalhada ensurdecedora. 

– É verdade o que seu animal? - Perguntei confuso. Estava seriamente considerando a idéia de ligar para o namorado da mãe de Nessie e pedir para ele avaliar mais uma vez as radiografias da cabeça do meu amigo. Ele definitivamente não estava normal.

– Você... Você está usando um... Um anel de namoro? Você? Jacob Black? – Perguntava e afirmava ao mesmo tempo, em meio de gargalhadas.

Rolei os olhos entendendo enfim aquela cena toda. Eu realmente tinha imaginado que seria assim. Quil com certeza não perderia a oportunidade de zoar com a minha cara em função do meu inédito compromisso.

– Pois é, estou. - Afirmei despreocupado. - A Claire não perde tempo, não é? Não deu nem duas horas e já foi correndo abrir a boca pra você. - Comentei relembrando a garota histérica gritando até perder a voz - e eu a audição - quando viu nossos anéis no quarto de Nessie.

– Não foi minha ursinha que me contou. - Quil falou secando algumas lágrimas nos cantos dos olhos depois de rir que nem um condenado.

– Não? - Surpreendi-me. - Então quem foi? A Nessie? - Franzi o cenho pouco acreditado.

– Não. Na verdade, eu ouvi quando estava passando na rua. Uma moreninha, que eu acho que você pegou no Reveillon do ano passado, estava contando a uma amiga, tão surpresa quanto eu fiquei, que você estava namorando de anel e tudo. - Ele respondeu se jogando descontraído em minha cama.

– E como ela sabe? - Perguntei tentando inutilmente me recordar da garota da qual Quil se referia.

Não sei qual o fator que mais contribuía para que eu a houvesse abolido de minha mente: o alto nível de álcool em meu sangue, ou o fato de eu ter pegado mais de dez garotas naquele dia.

- Será que a Nessie saiu espalhando a notícia por ai? - Perguntei incerto. Não que eu me importasse que todos já estivessem sabendo, mas não pensei que ela gostaria desse tipo de atenção.

– Vai saber. - Quil comentou dando pouca importância - O fato é que Jacob Black está finalmente na coleira. - Voltou a gargalhar. – Cara, esse dia vai entrar para a história.

– Cala a boca, animal. - Joguei uma almofada em sua direção. - Como se você estivesse em uma situação muito diferente.

Quil riu sem se abalar, colocando a almofada que lhe joguei atrás da cabeça e se acomodando melhor.

– É verdade. Ao que parece os dois garanhões da Columbine High School estão permanentemente indisponíveis. - Comentou com falsa frustração.

– É mesmo. - Concordei. - Acho que as garotas irão sobreviver. - Falei com um enorme bocejo.

– Ou não. - Quil discordou fingindo pensar. - Mas eu não me importo.

Sorrimos um para o outro que nem dois idiotas que éramos. Afinal, estávamos apaixonados!

POV NESSIE

Voltei para casa um pouco depois das nove horas da noite. Claire teve um súbito desejo de comer pizza com sorvete, e não me importei nem um pouco em acompanhá-la na janta na praça de alimentação do shopping.

Entrei em casa com um pouco de dificuldade pelo fato de estar carregada de sacolas. Claire não só me obrigou a comprar o vestido e o sapato, mas também um bolero - para caso esteja frio no dia - mais um par de brincos, um colar e diversas pulseiras. Além de duas calças, uma jaquetinha e duas blusas, que segundo ela seria um crime se eu não as levasse com o tão ótimo preço que estavam.

Eu estava praticamente falindo. E olha que isso é um tanto difícil de acontecer, se levar em conta a mesada generosa que meu pai me dá.

E falando nele...

– Nessie, até que enfim você chegou. Estava ficando preocupado. – Charlie apressou-se em me ajudar a entrar em casa. – Comprou o shopping inteiro? – Fez uma careta para a quantidade de sacolas que eu trazia.

– Pai, eu liguei avisando que jantaria com Claire. E sim, ela me fez comprar praticamente tudo que via. – Respondi suspirando alto.

Charlie riu me guiando para a sala.

– Hum, pai, na verdade eu queria tomar um banho... – Comecei a falar, pois estava começando a entender o que estava prestes a acontecer.

– Depois você toma banho Nessie, primeiro vamos conversar. – Interrompeu-me fazendo sinal para que eu em sentasse em um sofá.

– Mas...

– Sem mas! Você já está adiando isso há muito tempo. – Falou com aquele tom autoritário que muito raramente usava.

– Cadê todo mundo? – Perguntei me dando por vencida e me jogando no sofá.

– Sue e Leah já devem estar voltando. Elas foram visitar alguns parentes, para lhes contar a... Novidade.

Ótimo. Já chegamos ao assunto foco. – Pensei comigo mesma, querendo inutilmente achar alguma desculpa para fugir dali, mas sabia que seria impossível. E além do mais, era melhor acabar logo com aquilo.

– Filha, você sabe sobre o que eu quero conversar com você, não sabe? – Ele começou. Limitei-me em assentir. – Eu sei que você desde o começo não aprovou esse casamento, e muito menos Sue. – Pareceu triste com esse fato. – Mas eu preciso que você entenda que ela é muito importante para mim. Não estou pedindo para você gostar dela, ou nada do gênero. Só gostaria que você aprendesse a conviver... Harmonicamente com ela.

– Eu faço isso. – Franzi o cenho para ele.

Será que ele não fazia a idéia o esforço que eu fazia para morar na mesma casa do que aquelazinha? Tudo bem, ela é uma pessoa legal, porém toda a vez que eu olhava para meu pai e ela juntos, eu me lembrava do semblante amargurado de minha mãe após aquele maldito divórcio.

– Não, na verdade não faz. Aquela sua reação quando descobriu sobre a gravidez dela... Filha, você tem idéia de como ela se sentiu mal por você ter agido daquela forma? Você desapareceu por ai, emocionalmente desequilibrada, e ela nem por um segundo parou de se culpar! E se tivesse acontecido alguma coisa grave? – Ponderou preocupado.

– Ora, mas que exagero! – MUrmurei, sentindo-me um pouco constrangida. – Eu só fui pega de surpresa pela notícia. Não estava esperando isso assim tão cedo.

– Eu sei filha, mas são essas pequenas atitudes que eu gostaria que você pensasse duas vezes antes de fazer. – Suspirou se acomodando melhor na poltrona.

– Tudo bem, tudo bem. Vou tomar mais cuidado. – Levantei-me. – Posso ir?

– Não, ainda não terminei. – Charlie fez sinal para que eu me sentasse novamente. Bufei, mas o fiz, cruzando os braços ao sentar.

– Quanto ao bebê... – Começou. – Nessie, por favor, é uma criança que não tem culpa de nada que aconteceu nas nossas vidas. Por favor, tente aceitar ele, ou ela, como sua família. – Falou quase suplicando.

Fiquei quieta por um momento. A criança com certeza não tinha culpa do péssimo pai que Charlie foi comigo, e com certeza não terá culpa de receber todo o amor que não foi dado a mim. Afinal, o que passou, passou. Nada pode mudá-lo. Porém aceitar um filho dela como meu irmão, seria muito complicado.

– Claro. – Disse, simplesmente.

Charlie me olhou de modo avaliativo, esperando talvez mais alguma pronunciação de minha parte. Por fim assentiu satisfeito com a cabeça.

– Tudo bem, era isso. Pode ir agora.

Levantei-me do sofá e rumei para o banheiro, onde eu pretendia tomar um bom e demorado banho, para então me enfiar na minha amada caminha. Porém, uma pergunta me ocorreu, fazendo-me parar e voltar meu olhar para o meu pai – que agora lia a uma revista sobre celebridades.

– Pai?

– Sim? – Virou-se para em encarar, parecendo surpreso.

– Foi por isso que o casamento foi feito as pressas, não é? Por causa da gravidez de Sue? – Perguntei, assistindo ao semblante de Charlie mudar para sério instantemente.

– Hum... Foi. – Admitiu. – Achamos que ficaria melhor para a minha imagem estar casado, do que ter um filho fora do casamento.

Assenti uma vez e voltei a caminhar em direção ao banheiro. Incrível. Sempre tudo gira em torno da sua imagem publica. Pelo menos agora ele finalmente achou alguém que concordasse estupidamente com essas decisões.

(...)

Enquanto tomava banho, simplesmente não conseguia parar de pensar nele. Estava começando a me preocupar em estar viciada em Jacob. Como era possível eu sentir tanta saudade de alguém que vi há algumas horas?

Abri a porta do meu quarto querendo muito que aquela noite acabasse logo e eu finalmente pudesse matar a saudade do meu namorado.

Namorado.

Aquela palavra ainda me causava arrepios prazerosos por todo corpo.

Nem me incomodei em ligar a luz uma vez que conhecia de cor todo o trajeto da minha porta até minha cama, e eu pretendia apenas me deitar e apagar em um sono profundo, de preferência bem rapidamente.

Assim que cheguei a dez centímetros da cama, porém, estagnei um pouco receosa. Eu tinha a leve sensação que não estava sozinha no quarto. E antes que eu pudesse me virar para tentar investigar se aquela sensação bizarra tinha sentindo ou não, ou então gritar que nem uma desesperada por socorro, uma mão se fechou em minha boca, enquanto outra prendeu meus dois braços impedindo-me de me debater.

Senti um pânico desesperante começar a brotar dentro de mim. E mais do que depressa tentei me soltar de quem quer que fosse o maníaco que estava me segurando.

– Calma, Ness. Sou eu. - Aquela voz rouca soou tranquilamente em meu ouvido, fazendo-me gritar mais alto do que antes, mas desta vez de surpresa.

– JAKE?

Por sorte sua mão estava tapando a minha boca e com isso abafou a minha voz.

– Shiii! - Sussurrou me virando para sua frente assim que eu começava a me acalmar. - Quer que seu pai entre aqui e arranque minha cabeça? – Riu quase inaudivelmente.

– O que você está fazendo aqui? – Sussurrei ainda custando a acreditar no que estava acontecendo.

– Bem, eu fiquei com... Saudades. – Admitiu constrangido, e mesmo com a pouca luz no ambiente, eu pude reparar em uma leve coloração vermelha preencher sua face morena. – E sua amiga é bem estraga prazeres, se quer saber. Nem pude aproveitar direito minha namorada mais cedo. – Sorriu ao pronunciar essas palavras. - Então resolvi lhe fazer uma surpresa... Mas se quiser eu posso ir... – Começou vendo que eu não esboçava reação alguma, devido ao choque.

– NÃO! – Gritei sem pensar. Imediatamente tapei minha boca com uma mão e tentei aguçar meus ouvidos para captar algum movimento próximo de Charlie. Jacob riu convencido. Ignorei aquilo. – Quero dizer... Não precisa. – Falei muito baixo, tentando não parecer uma completa desesperada como antes.

Mesmo no escuro, o seu sorriso brilhante ainda era capaz de tirar as forças de minhas pernas. Minha cabeça processava com uma lentidão ridícula o que estava acontecendo. Jacob Black. No meu quarto. Escondido. No meio da noite. OMG, eu vou desmaiar!

 - Mas por que esse teatrinho todo? - Sussurrei um pouco revoltada depois de controlar minha sanidade mental e raciocinar melhor. Ele realmente havia me assustado.

O pouco de luz que entrava pelo quarto me permitiu vê-lo revirar os olhos.

– Ora, você com certeza teria feito o maior escândalo do mundo, e muito provavelmente amanhã haveria uma noticia bem grande no jornal: “cantor famoso mata invasor atrevido no quarto de sua filha caçula”. 

Agora foi a minha vez de revirar os olhos. Porém, ele estava certo. Eu com certeza teria gritado mais alto do que Claire quando me viu de aliança mais cedo. E acredite, isso teria sido BEM alto mesmo.

– E como você entrou aqui? – Franzi o cenho assim que esse pensamento me veio em mente.

– Janela. – Deu de ombros, indiferente, como se fizesse isso todo o dia. – Sabe, aqueles seguranças que seu pai tem ao redor da casa, são bem tapadinhos. – Comentou passando os braços ao redor da minha cintura e me trazendo para mais perto. – Passei por eles na maior tranqüilidade, aliás, foi mais difícil passar pelos paparazzis do que por eles. – Sussurrou em meu ouvido.

Estremeci, como de costume, passando os braços em volta do seu pescoço.

– Me lembre de agradecer meu pai por ter contratado tão bem então. – Murmurei com a voz falhada.

Jacob distribuía beijos por todo o meu pescoço, provocando-me arrepios prazerosos.

– Espera! – Falei me inclinando um pouco para trás a fim de ver seu rosto. Jacob me olhou um pouco frustrado.

– O que foi?

– Você vai... Hum... Dormir aqui? – Ótimo Nessie, não podia ter escolhido outro momento para corar, não?

– Hum, era a intenção. Quer dizer, não precisamos fazer nada... Só... Só dormir. – Jacob parecia ainda mais envergonhado do que eu, se é que isso é possível.

– Tudo bem. – Sorri sentindo um calor anormal só de pensar em dormir com ele. Certo, foco garota! – Eu só queria saber para trancar a porta, sabe. Caso alguém resolva abri-la do nada...

– Como sempre! – Jacob sorriu revirando os olhos.

Ele soltou seus braços que rodeavam a minha cintura, e eu me encaminhei para a porta. Estranhamente estava nervosa. Insegura, talvez seja uma palavra mais correta para expressar o que eu estava sentindo naquele momento.

Depois de girar a chave na porta, voltei para onde Jacob me esperava, sentando na borda da minha cama. Ele parecia estar nervoso também. Conclui isso pelo sorriso que ele me lançou. Lindo como sempre, porém, um pouco diferente dos de costumes.

– Então... – Ele começou após eu sentar ao seu lado. – Aparentemente todos da cidade já sabem da novidade. – Riu baixinho, pegando a minha mão e girando inconscientemente o anel em meu dedo.

– Ah é? – Surpreendi-me.

– Pois é. Quil praticamente arrancou fora a porta do meu quarto na pressa de ver se era mesmo verdade o que ele ouviu na rua. – Contou ele sorrindo torto.

– E o que... O que ele ouviu? – Gaguejei um pouco desnorteada em função daquele sorriso tentador.

– Ele ouviu que eu finalmente estava namorando sério. De uma completa estranha. – Voltou seu olhar para mim, parecendo intrigado. – Fico me perguntando onde será que ela ficou sabendo.

Franzi o cenho, pensativa. Sinceramente não pensei que a noticia correria assim tão rápida. Tudo bem que a Stanley é uma baita fofoqueira, mas nessa ela se superou.

– É, eu encontrei a sua amiguinha no shopping. E a bocuda da Claire falou que eu estava namorando. – Revirei os olhos. Por um momento me perguntei se o fato de todos já estarem sabendo estava lhe incomodando.

– Minha amiguinha? – Repetiu com uma ruginha na testa.

Lindo! – Pensei que nem uma abobada.

– Jéssica Stanley. – Respondi de má vontade.

– Oh. – Jacob ficou sério por um momento. Um segundo depois, porém, começou a rir.

– Qual é a graça? – Perguntei confusa.

– O que eu não pagaria para ver a cara da Jéssica quando você contou que estamos namorando. – Falou divertido.

– De fato, foi impagável. – Concordei lembrando de sua carranca antes de eu entrar no provador do shopping.

– Amanhã você sabe que seremos o assunto central do colégio, não sabe? – Perguntou colocando uma mexa de meus cabelos atrás de minha orelha.

– Isso lhe incomoda? – Indaguei, sem me conter.

– Nem um pouco! – Sorriu daquele jeito que fazia minhas pernas tremer. Felizmente eu estava sentada, se não certamente já teria perdido o equilíbrio.

Ele se inclinou para frente captando meus lábios em um selinho demorado. A mão que estava em meu rosto desceu demoradamente contornado meu corpo até chegar a minha coxa desnuda. Por sorte hoje escolhi um conjunto de pijamas aceitável.

Não agüentando mais, pela primeira vez fui eu quem tomou a iniciativa e pedi passagem com minha língua por aqueles lábios tentadoramente carnudos. Jacob permitiu minha passagem prontamente, ao mesmo tempo em que empurrava-me gentilmente para que eu me deitasse no colchão.

Sentia meu coração descompassar diversas vezes dentro do peito, enquanto nossas línguas traçavam uma batalha prazerosa, proporcionando-me sensações fantásticas e eu sentia seu corpo grande e forte pressionando o meu.

Separamos-nos quando ambos já estavam ofegantes, e Jake traçou um caminho molhado até o meu pescoço, dando um forte e gostoso chupão em algum ponto.

– Vai ficar marcado! – Comentei ofegante. Ele riu contra minha pele, fazendo-me cócegas.

– Eu não estou na coleira? – Perguntou, igualmente sem ar. – Então, estou apenas marcando território.

Sorri puxando seus cabelos para cima, para que sua boca voltasse onde estava anteriormente. Estava completamente viciada com o seu beijo. O seu gosto doce era simplesmente embriagante.

Uma de suas mãos traçou um caminho lento, deixando um rastro quente pelo meu corpo, até minha barriga, onde a enfiou por dentro do meu pijama, tocando em minha pele com sua mão incrivelmente quente. Mordi seu lábio inferior quando senti um arrepio intenso percorrer meu corpo. Jacob arfou, apertando minha coxa fortemente, onde sua outra mão permanecia.

– Jake! – Gemi com a respiração falha. – Jake... ? – Chamei o refreando.

Por mais que estivesse gostando daquilo - e eu estava definitivamente amando – eu ainda não estava pronta para me entregar completamente a um garoto. Quer dizer, nós começamos a namorar não faz nem vinte e quatro horas. Por mais que eu gostasse dele, ainda não me sentia segura a levar aquilo até o fim.

– Sim? – Levantou a cabeça de meu pescoço, e eu pude ver desejo nítido nos seus olhos. Refleti que eu deveria estar do mesmo modo, porém, precisa me controlar. Além do mais, nós nem ao menos tínhamos proteção.

– Não acha que estamos indo um pouco rápido demais? – Sussurrei meio que sem vontade.

Jacob permaneceu por um momento apenas me fitando, piscou duas vezes e me deu um selinho rápido.

– Desculpe, Ness. Acho que me empolguei. – Riu constrangido rolando na cama e ficando ao meu lado. Por sorte minha cama era bem grande, fazendo com que nós dois possamos caber nela sem problema algum.

– Não, não precisa se desculpar. – Virei-me para ele, que fitava o teto pensativo. – É só que eu não estou... Hum... Pronta. Entende? – Por que diabos eu sempre tenho que corar nessas horas? Mas que droga!

Jacob virou o rosto para mim lentamente. Sua expressão era intrigada.

– Ness... Você é... ? – Deixou a pergunta pela metade, porém eu a compreendi perfeitamente.

E adivinhem? Sim, eu corei que nem um tomate. Limitei-me em assentir, desviando meu olhar para minhas mãos. Agora um pensamento novo me veio em mente. Como posso competir com todas as garotas que Jacob já deve ter levado para a cama? Eu sou uma completa desentendia no assunto e com certeza vou parecer uma tapada sem saber o que fazer quando chegar a hora.

– Não tem problema, meu amor. Tudo no seu tempo! – Jacob sussurrou, desviando minha atenção do meu novo pensamento torturante. Arregalei os olhos ligeiramente, deixando meu coração acelerar como se eu estivesse em alguma maratona. – Ness? Está tudo bem? – Perguntou preocupado, com a minha possível expressão de retardada.

– Você... Você me chamou de amor. – Respondi me sentindo uma idiota por ter reagido daquele jeito por uma simples palavra.

Jacob franziu o cenho.

– Tem algum problema? – Perguntou inseguro.

Revirei os olhos me inclinando e roçando de leve meus lábios em sua face.

– É claro que não. Eu gostei. – Admiti sem me importar que estivesse corando novamente.

Jacob riu baixinho, puxando-me para mais um beijo de tirar o fôlego. Quando já estávamos ambos sem ar, nos separamos e eu me aninhei em seu peito musculoso. Aquele era, sem duvida alguma, o melhor travesseiro do mundo!

– Boa noite, meu amor! – Beijou o topo da minha cabeça.

– Boa noite! – Sorri ao pensar que talvez preferisse que a noite não passasse assim tão depressa, afinal, com certeza só teria bons sonhos esta noite.