Minha Razão escrita por Siryen Blue


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oie! Então... Eu estou participando do "Desafio de Songfics", organizado por umas meninas lindas e queridas de um grupo no Whatsapp. ♥

A dinâmica foi a seguinte: uma pessoa tinha que escolher alguém para desafiar com uma música. O desafiado devia criar uma oneshot SasuSaku seguindo a letra da canção.

Hell-chan me desafiou com The Reason, da banda Hoobastank e aqui estamos nós :)

Enjoy!



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Amanhã será o memorial em honra aos que perderam suas vidas na Guerra.

E, também, o dia de minha partida.

Estar de volta à Konoha após tanto tempo era, de algum modo, estranho.

Eu não sentia como se ainda pertencesse ao lugar. Em fato, não sentia como se pertencesse à lugar nenhum.

Algo em mim havia mudado nas semanas que se seguiram após o fim da Guerra.

O caminho que eu tão arduamente havia planejado, fora completamente destruído por Naruto.

Ele havia me derrotado.

Porém, mais que isso... Naruto havia me feito perceber muitas coisas.

Por todo esse tempo eu era o errado.

Estive tão consumido em meu caminho de vingança e ódio, que nem mesmo quando tentei fazer o certo consegui acertar.

Minha ideia de revolução ao me tornar Hokage e matar os Cinco Kages era, definitivamente, um erro. Agora eu percebia.

Agradeço Naruto, por ter conseguido me parar.

Mesmo que isso tivesse custado um braço de cada um de nós.

Eu ainda precisaria me adaptar à vida sem meu membro superior esquerdo. Por enquanto, ainda era um grande incômodo.

A Quinta Hokage, Tsunade, estava criando próteses para mim e Naruto a partir das células de Hashirama.

Mas eu não aceitaria.

Viver sem um braço seria uma pequena e branda punição por meus erros.

E eu arcaria com o peso de minhas escolhas.

Com apenas dezesseis anos, eu já tinha cometido erros suficientes para dez vidas inteiras.

Estava na hora de mudar o curso.

Mesmo já tendo viajado pelo mundo, tudo que vi foi deturpado por meus olhos de ódio.

Eu sentia a necessidade de observar tudo novamente. Descobrir como exatamente é o mundo e onde me encaixo.

Só assim poderia redimir meus pecados e me tornar um homem com honra.

Um homem digno.

Imerso em pensamentos, só tive minha atenção desviada quando senti o chakra de minha ex-companheira de time se aproximando.

Haruno Sakura.

Uma pontada de expectativa me atingiu, enquanto eu contava seus passos, mentalmente, até o quarto de hospital em que eu estava.

Ela ainda não tinha vindo me ver hoje. O que não era muito normal, já que um de seus costumes era vir até mim com alguma desculpa do tipo 'checar a pressão sanguínea'.

Sakura deu leves batidas na porta e a abriu, sem esperar resposta.

Ela entrou no quarto de cabeça baixa, parecendo tensa.

"Oi, Sasuke-kun..." Cumprimentou.

Acenei com a cabeça, enquanto ela, finalmente, olhava-me.

"Amanhã bem cedo Kakashi-sensei vai se reunir com o Conselho." Seus olhos brilharam com preocupação. "Eles vão te julgar."

"Hn." Assenti, sem dar importância. Estava confiante de que tudo daria certo em relação à minha situação com Konoha.

Agora, Kakashi havia sido declarado o Sexto Hokage. Tinha certeza que ele iria interceder por mim.

Meu destino estava longe de ser a prioridade da Vila. Era apenas um pequeno problema se comparado à tudo que Konoha estava sofrendo para se reerguer.

Toda Guerra deixa marcas. E essa não fora diferente.

Além do mais, eu havia sido peça fundamental na vitória contra Kaguya e na dissolução do Mugen Tsukuyomi.

Nada grave iria me acontecer.

Assim que o resultado do julgamento saísse, eu partiria da Vila.

"Não se preocupe." Disse à Sakura, que desviou o olhar, como se algo a incomodasse.

Ela estava estranha.

Sakura, normalmente, não parava de falar, quando vinha me ver. Atualizava-me de tudo que acontecera na Vila nos últimos anos, mesmo sem eu perguntar.

Eu apenas a ouvia, de bom grado. Não que realmente estivesse interessado em saber de algo, mas sentia uma espécie de prazer em escutá-la falar e falar. Lembrava-me dos velhos tempos.

Mas, se antes — quando tínhamos doze anos — era sua tagarelice que me irritava, agora, no entanto, era seu silêncio.

Irritante.

Sakura era irritante quando ficava calada.

"Você vai embora, não é?" Perguntou, de repente.

Olhei-a, um tanto surpreso.

Meu olhar foi toda a resposta que ela precisou.

Sakura assentiu, com aparente mágoa.

Recebi uma pontada no peito. Eu devia ter algum tipo de dom para machucá-la.

"Como você sabe?" Perguntei.

Sakura sorriu, fraca e tristemente. "Eu sempre sei, Sasuke-kun. Eu sinto."

Observei-a, curioso.

Anos atrás, quando deixei Konoha, Sakura já me esperava na entrada da Vila, mesmo que ninguém suspeitasse de minha fuga.

Mas ela estava lá. Esperou-me durante a noite, na intenção de me parar.

Agora, mais uma vez ela previra meus movimentos antes de qualquer um.

Como Sakura fazia isso?

Receio me atingiu quando pensei na possibilidade de ela tentar me parar novamente.

Eu não estava certo que seria forte o suficiente para empurrá-la novamente. Não agora, depois de tudo.

"Preciso ir." Falei.

"Eu sei." Ela me encarou, com olhos tristes. "Não vou te pedir para ficar."

Mais uma vez, Sakura me surpreendeu.

Mesmo aliviado por ela não tentar me parar, não pude evitar o incômodo por vê-la tão triste.

Como ela podia gostar tanto assim de mim?

Não é como se eu tivesse feito algo para merecer seu amor.

Muito pelo contrário. Sakura deveria me odiar depois de tudo que fiz.

Mas, assim como Naruto, quanto mais eu a afastava, mais perto ela vinha.

Esses laços construídos nos meus doze anos pareciam inquebráveis.

Tentei fazer de tudo e mais um pouco para rompê-los, porém a cada golpe que eu dava, mais resistência o laço ganhava.

Era inexplicável.

"Eu vou assinar sua alta." Sakura falou, assumindo um tom profissional. "Com a ajuda do chakra da Kyuubi, Naruto se recuperou bem rápido e já está em casa. Ele disse que você pode se hospedar lá."

"Hn." Assenti.

Sakura respirou fundo, mantendo seu olhar longe de mim.

E sem uma palavra, saiu do quarto, fechando a porta.

Senti-me um lixo.

*

*

Era noite e eu já estava na casa de Naruto.

Ele dormia pesadamente em sua cama, enquanto eu me remexia, inquieto, no colchão extra que ele me arranjara.

Não conseguia dormir.

Em parte, por causa do odioso ronco de meu amigo. Em outra, por causa de Sakura.

Minha relação mal resolvida com minha ex-companheira de time estava me tirando o sono.

Queria que houvesse uma maneira de eu parar de machucá-la cada vez que tomava uma decisão.

Nós éramos tão diferentes.

Eu só sabia viver na escuridão. Já Sakura... Ela era o oposto.

Sakura era luz.

Com o poder de iluminar tudo que toca.

Isso era, honestamente, intimidante.

Cada vez que ela estava por perto, eu sentia o leve gosto da felicidade.

Como nos velhos tempos.

Eu tinha certeza que a felicidade que ela me prometeu aos doze anos, quando eu estava saindo da Vila, podia ser real.

Se havia uma garota no mundo que poderia afastar minha escuridão e me apresentar à felicidade, essa garota era Sakura.

No entanto...

Eu não era digno.

Sendo o pecador que sou, como posso sequer pensar em tal felicidade?

Sakura merecia alguém melhor.

Mas...

Eu não podia continuar machucando-a desse jeito. Isso só faria de mim um pecador maior ainda.

E foi esse pensamento que me fez sair da casa de Naruto em direção à de Sakura.

[Eu não sou uma pessoa perfeita

Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito

Mas continuo aprendendo

Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você]

Ela ainda morava no mesmo lugar de sempre.

Deixando o receio de lado, dei pequenas batidas em sua porta, torcendo para que fosse ela — não algum de seus pais — a abri-la.

Sua assinatura de chakra moveu-se, chegando mais perto.

Logo, a porta foi aberta.

"Sasuke-kun..." Falou, surpresa. "Senti seu chakra. Aconteceu alguma coisa?"

"Precisamos conversar." Falei, simplesmente.

Sakura arregalou um pouco seus olhos. Em seguida, saiu da casa, fechando a porta.

"Fale aqui fora. Não quero que meus pais acordem." Sakura assumiu uma postura rígida. Ela não parecia muito querer me ouvir.

Mesmo assim, resolvi seguir em frente, e falar o que tinha a dizer.
"Eu vou embora." Comecei. "Você sabe que eu tenho que ir. Mas... Um dia... Quando eu estiver pronto... Eu vou voltar." Falei, com certo nervosismo.

Sakura encarou-me por um longo momento. "Eu sei. Mas isso não torna sua ausência mais fácil de lidar."

"Desculpe-me." Pedi, com sinceridade. Já era a segunda vez que eu pedia desculpas à Sakura, mas eu tinha a sensação que nunca me desculparia o suficiente. Não depois de tudo que fiz.

"Não precisa se desculpar, Sasuke-kun." Falou. "Eu sei que nunca estive em seus planos."

A dor em sua voz atingiu-me, deixando-me mal.

[Eu sinto muito ter te magoado

É algo com que devo conviver todos os dias

E toda a dor que eu te fiz passar

Eu gostaria de poder retirá-la completamente

E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas]

Quantas vezes eu havia a ferido?

Talvez mais do que coubessem em uma vida.

Arrependia-me de cada vez que a fiz sofrer.

Queria poder secar suas lágrimas, mas tudo que eu fazia era com que surgissem novas.

"Eu tenho esperado por você a minha vida inteira." Ela me disse, lagrimando. "E o que mais me dói é não saber se essa espera vai ter fim."

Sakura estava com os olhos úmidos. Era sempre assim. No fim, eu sempre a fazia chorar.

[Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você

E então eu tenho que dizer antes de ir]

"Terá. Um dia." Afirmei, em tom de promessa.

Sakura olhou-me, surpresa, sem parecer acreditar no que tinha ouvido.

"Eu não sou digno de você, Sakura." Continuei. "Mas eu encontrei a razão para mudar e me tornar uma pessoa melhor. A razão para buscar um novo começo."

"Qual razão?" Perguntou, com os olhos grudados nos meus.

"Você." Confessei.

[Que eu apenas quero que você saiba

Eu encontrei uma razão para mim

Para mudar quem eu costumava ser

Uma razão para começar de novo

E a razão é você]

Os olhos de Sakura brilharam e ela sorriu, maravilhosamente, em meio às lágrimas.

"Então você voltará para mim?" Perguntou, com voz embargada.

"Se até lá você não tiver outro alguém ao seu lado—"

"Idiota!" Sakura me interrompeu. "Mesmo se você nunca voltar, ou nunca me quiser... Nunca haverá outro. Posso até morrer sozinha. Mas não é como se fosse minha escolha. É apenas o jeito que as coisas são."

Olhei-a com carinho.

Eu não compreendia o amor que Sakura sentia por mim. Mas sabia que eu nunca tinha sido imune aos seus sentimentos, por mais que quisesse ser.

"Sakura..." Chamei, prendendo seu olhar no meu. "Eu vou voltar. Para você."

E quando Sakura deu seu mais brilhante sorriso — mesmo em meio às lágrimas — eu soube que, finalmente, tinha feito a escolha certa.

*

*

[Cena do mangá 699]

Kakashi e Sakura acompanharam-me até os portões da Vila.

A reunião com o Conselho tinha acabado e pelo que Kakashi me contara, eu estava livre.

"Bom, eu vou ser muito honesto com você." Kakashi começou. "Em condições normais você ficaria em prisão perpétua. Mas a única razão pela qual está sendo perdoado é por ter ajudado a desfazer o jutsu do Mugen Tsukuyomi." O Hokage fez uma breve pausa. "Não se esqueça, porém, que tudo isso é graças ao Naruto. Digo... Ele é o herói dessa guerra e, bom... Eu conversei um bocado usando minha influência como Sexto Hokage. Então vê se não enlouquece de novo... Desta vez, vai ser a minha cabeça que eles vão querer."

Assenti, respeitosamente. "Sim... Desculpe."

"Você já está indo embora?" Sakura perguntou. "Tsunade-sama está prestes a completar seu braço protético feito com células do Hashirama..."

"Eu... Eu preciso ver por mim mesmo como é o mundo." Respondi. "Sinto que poderei ver melhor todas essas coisas que deixei de observar. E, se eu perder essa chance... Não acho que terei outra."

Sakura abaixou os olhos, parecendo ficar envergonhada.

"O... Que..." Começou, hesitante. "Você diria... Se eu te dissesse... Que eu quero... Ir também?" Levantou seu olhar para mim, timidamente.

A ideia de ter Sakura ao meu lado em minha jornada era tentadora.

Mas eu sabia que não podia levá-la comigo.

Konoha estava enfraquecida, com muitos feridos e poucos médicos. Sakura era essencial para a Vila.

Sem contar que não podia arrastá-la por esse caminho.

Eu precisava mudar e me tornar alguém que pudesse ficar ao seu lado com honra e dignidade.

Sakura não era uma pecadora.

Eu sim. Eu era o único que devia seguir nessa jornada e me tornar alguém melhor.

"Esse é o meu caminho de redenção. Você não tem nada a ver com meus pecados." Falei, com sinceridade.

Ela abaixou a cabeça, derrotada. "Nada a ver, você diz..."

Aproximei-me de Sakura, observando seu semblante triste.

Foi então que resolvi me despedir de Sakura dando-lhe a única certeza de que eu voltaria para ela.

Era o único gesto forte o suficiente que eu conhecia...

O único que significava tudo para mim...

O único que poderia dizer tudo que ela representava para mim...

...O gesto que meu irmão Itachi fazia em mim, representando todo seu afeto. O gesto que eu nunca pensei que compartilharia com mais alguém.

E quando toquei meus dois dedos em sua testa, recebendo seu olhar surpreso, desejei que ela pudesse entender o quanto aquele gesto significava para mim. Queria que ela soubesse tudo que ele representava.

"Até a próxima vez." Disse-lhe. "Obrigado."

Por tudo, completei mentalmente, principalmente por esse amor tão bonito e incondicional que você me dá, sem pedir nada em troca.

Os olhos de Sakura brilharam. Foi quando eu soube que ela havia entendido.

Satisfeito, afastei-me dela, dando-lhe as costas e desejando que minha jornada não fosse tão longa quanto o esperado.

Eu voltarei, Sakura. Serei uma pessoa melhor. É uma promessa.


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Notas finais do capítulo

É isso. Perdi o prazo, porque minhas últimas semanas foram puxadas e eu deixei pra última hora. Mas o importante é que consegui fazer, mesmo que às pressas.Obrigada, Hell-chan por me desafiar com essa música TÃO SasuSaku! ♥

XOXO ❤️



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