Um Cupido Nem Tão Perfeito escrita por Vivs


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Oiii meus queridos cupidos! ♥
Tem sensação melhor que atualizar a fanfic? Estou muito satisfeita, mas também um pouco triste. Acho que consigo terminar de escrever a fic hoje (relaxem, ainda tem mais alguns capítulos por vir, sem pânico!) e estou numa leve bad :c

Anyway, esse aqui é para ler ouvindo: Lies, da Marina and the Diamonds, ou C'mon do Panic! At the Disco feat Fun, ou You Are in Love da Taylor Swift, vcs decidem ♥

Chega de enrolação,
Boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/663788/chapter/31

*Dan


Era tudo minha culpa.

Isso era tudo o que eu conseguia pensar enquanto aquela perseguição homicida acontecia.

Se eu tivesse cumprido minha obrigação e simplesmente unido Kate e Ben, a vida da garota que eu inegavelmente amava não estaria correndo risco.

Causei uma lista enorme de problemas, não só para mim como para todos ao meu redor, e para que? Kate e Ben estavam ali agora, lado a lado. Foi inevitável.

Ele olhava na direção dela a cada dois minutos. Encantado, embasbacado. Ela, por enquanto, só tinha olhos para mim. Por enquanto. Porque Kate nunca conseguiria me amar quando eu explicasse toda a história para ela.

Céus, como eu iria explicar?! “Então Kate, eu sou seu cupido. Nada de mais. Agora continue correndo desse exército de zumbis vivos que estão te perseguindo por minha culpa. Ah, e eu te amo!”.

Só tinha um modo de acabar com aquilo. Eu sabia. No fundo, eu sempre soube. Agora, com a vida de Kate e seus amigos em risco, e com ela finalmente ao lado de sua verdadeira alma gêmea, as palavras que Cupido me escreveu há algum tempo atrás nunca se provaram tão verdadeiras:

“Você não pode ficar no caminho do destino”.

Ivye havia ficado para trás, tentando despistar os Influenciados. Me sentia péssimo por deixá-la sozinha, ela parecia estar exausta. Mas não tinha alternativa, então a única coisa que podia fazer era torcer para que tudo desse certo.

Enquanto isso, eu levava Kate, Ben e Daliah por becos escuros, evitando cruzar com qualquer pessoa. Todos eram uma ameaça, não havia como distinguir os peões de Cupido dos inocentes.

Eu podia evitar as pessoas, mas não conseguia evitar as perguntas.

O que está acontecendo?

Por que estamos sendo perseguidos?

Quem são essas pessoas?

—Quem é você?

—Para onde estamos indo?

Porém, o mais surpreendente é que todas as perguntas vinham de Ben e Daliah. Kate se manteve calada, durante todo o trajeto, com a expressão dura e determinada e isso me assustava. Mesmo depois de observá-la durante tempo, e de passar um ótimo mês ao seu lado, eu ainda não conseguia decifrar o que Kate estava sentindo. Ela era meu maior mistério.

Por isso, quando a voz dela soou nas paredes sujas e úmidas de um beco estreito e sem saída, toda a atenção do grupo foi pega imediatamente.

—Vamos parar um pouco. Agora. –ela falou, sem alterar o tom, a voz um pouco rouca pela falta de uso.

Seus cabelos estavam totalmente desgrenhados, seus olhos verde-mar tinham um aspecto selvagem, seu rosto estava coberto de pequenos cortes e suas roupas desalinhadas. E mesmo assim, ela ainda era a coisa mais linda que eu já havia visto. Pensar nisso, só me fez sentir mais culpado.

Ela agarrou meu braço, sem força, mas com firmeza, e me levou para um canto afastado dos outros.

—Você me perguntou se confiava em você. Eu confio. Agora, por favor, me explique o que está acontecendo.

Sua respiração estava acelerada, seus olhos marejados. Ela não merecia passar por isso, nenhum deles merecia.

—Kate, e-eu... –tentei começar, mas minha voz falhou. Minha garganta se fechou e de repente eu não conseguia formular nenhuma pensamento, nenhuma palavra.

—Eu não consigo. –murmurei, simplesmente.

Ela pôs as mãos em meu rosto e olhou em meus olhos. Senti um arrepio, mas não o mesmo que sentia sempre que estava ao seu lado. Esse era repleto de culpa, e até medo.

—Kate, eu... eu fiz uma coisa muito ruim.

Ela se afastou um pouco.

—Como assim, Daniel?

Respirei fundo.

—Mas fiz por um motivo muito bom. Eu... Ah, não é tão fácil assim! –exclamei, passando as mãos pelo rosto suado. E Kate explodiu.

“Não é tão fácil assim”?! —ela gritou. -Eu vou te dizer o que não é tão fácil assim: ser perseguida por metade da cidade! E não ter ideia do porquê! Então, se você algum dia me amou, me conte tudo agora. Ou então, eu...

Meu coração perdeu uma batida.

—Ou então...?

Ela olhou em meus olhos. E foi naquele momento que aconteceu.

Uma única pequena e brilhante lágrima escorreu por sua bochecha rosada. Kate estava magoada, machucada. Com medo. E a culpa era minha. Eu era a razão da tristeza dela.

 

“Isso que você pensa que sente por Kate não é amor. É no máximo uma pequena paixão, uma obsessão! Mas não é amor, e nunca vai ser! [...] Você nunca poderá dar a ela o amor que ela merece!”

Eu tinha a impressão de que séculos tinham se passado desde Cupido me tinha dito aquilo. E mesmo assim, suas palavras foram verdadeiras esse tempo todo.

Eu a havia feito chorar. Eu não tinha sido capaz de fazê-la feliz. Naquele momento eu percebi que a única coisa que havia trazido para a vida dela foi confusão.

Eu a amava. Céus, como eu a amava.

Mas eu não conseguia fazê-la feliz.

“Você nunca irá conseguir dar a ela o amor que ela merece. Mas existe alguém que pode. E esse alguém se chama Ben Erik Dunahill e ele está lá embaixo, na terra, apenas esperando uma oportunidade de fazer isso, para encontrar sua alma gêmea. Ele e Kate nasceram destinados a ficar um com o outro. Ela nunca irá sentir amor por você da mesma forma que sentiria por ele.”

Olhei na direção de Ben, que nos observava com dois olhos vividos. E voltei a olhar o rosto pequeno e delicado de Kate. Os olhos azuis que me davam arrepios, a face macia, a boca rosada. As lágrimas reluzentes. Acariciei seu rosto, sequei suas lágrimas e me aproximei uma última vez.

Eu te amo. –sussurrei baixinho, sentindo um aperto inexplicável no peito. Senti seu leve bater de cílios. Nossos lábios se encontraram, delicadamente, lentamente. Como numa despedida. Eu sabia o que tinha de fazer. O problema era aceitar isso.

—Dan, o que...? –ela tentou recomeçar, mas eu simplesmente balancei a cabeça.

—Eu vou consertar tudo, prometo. Você nunca mais irá correr riscos, ou precisar se preocupar com isso. Prometo.

E naquele momento, eu entendi verdadeiramente o que era o amor. Entendi porque os mortais perdem a cabeça, e lutam guerras por ele. O amor não é uma paixão rápida, intensa e fugaz.

Quando você ama alguém, a maneira como você diz seu nome é diferente. Você decora cada detalhe de seu rosto, e mesmo assim nunca se cansa de vê-lo. Você quer passar anos e anos falando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Você é capaz de fazer qualquer coisa para a felicidade dessa pessoa.

Não é avassalador, ou desesperado.

É calmo. Profundo. Não precisa ser dito. Você consegue ouvi-lo no silêncio. Consegue vê-lo com as luzes apagadas. Consegue senti-lo em um simples encostar de mãos, nas batidas descompassadas do coração.

É sublime.

Inexplicável.

—Kate! –Daliah gritou, quebrando o leve encanto e o breve momento de silêncio carregado. Ela apontou, desesperada, para o fim da rua onde uma multidão de Influenciados corria em direção ao beco onde estávamos. Agarrei a mão de Kate, uma última vez, e murmurei:

—Cupido, estou pronto. Me mostre aonde ir.

Eu não tinha certeza se minha ideia maluca iria funcionar, mas assim que as palavras flutuaram livres no ar, uma imagem muito vivida tomou conta da minha mente: a fachada de um hotel luxuoso, que por acaso eu conhecia de vista e não ficava muito longe dali.

A certeza avassaladora tomou mais força em mim. Eu não me sentia corajoso, nem determinado.

Mas coragem não é ter forças para seguir em frente. É seguir em frente quando já não se tem mais forças.

A multidão se aproximava. Respirei fundo, e me virei em direção aos outros.

—Me sigam. Isso tudo vai acabar em breve, eu prometo. –disse, e olhei bem para os rostos de cada um.

O rosto moreno e forte de Daliah, coberto de machucados, o vestido rasgado e o cabelo desalinhado. O medo em seu olhar. A firmeza em sua postura.

Os olhos determinados e cheios de vida de Ben. O maxilar rígido. O corte acima da sobrancelha.

E a face esculpida de Kate. O meu anjo. O meu amor. E a minha perdição. Os olhos verdes marejados. As bochechas rosadas.

Demos as mãos, os três. E seguimos em frente, juntos.

Se alguém me perguntasse, mesmo anos após esse dia, eu poderia descrever com destreza cada pequeno detalhe da cena. A luz pálida da lua cheia na rua cinzenta. As pequenas gotas de chuva reluzentes caindo ao nosso redor. O vapor de nossas respirações quentes no ar. As luzes ofuscantes dos postes da rua deserta caindo sobre os rostos dos três.

Não foi difícil chegar ao hotel, não foi difícil invadi-lo com centenas de pessoas enfurecidas atrás de nós. A parte realmente difícil foi encontrar Cupido parado no meio do salão extremamente luxuoso e reluzente, com os braços abertos em boas vindas e um sorriso enorme no rosto.

—Ok, e esse maluco, quem é? –Daliah reclamou.

Cupido fez um breve aceno com a mão direita e todos os Influenciados que entraram no restaurante atrás de nós recuaram e olharam em volta, atordoados, depois de acordar do transe.

—Vão embora. Esqueçam de tudo o que aconteceu. –Cupido ordenou num tom tranquilo, mas sua voz grave reverberou por todo o salão. Um a um, eles foram se retirando lentamente do Hotel.

De uma das recepções, um pequeno homenzinho atarracado correu em direção a Cupido, apontando o dedo e gritando enfurecido:

—Alguém terá de ser responsabilizado por isso! Os danos! As despesas! Se a Sra. Murphy sonhar com qualquer...

Mais um gesto de Cupido, e o homem caiu desmaiado no chão. E então o pandemônio começou: todos os hospedes que observavam a cena assombrados entraram em pânico e dispararam correndo para todas as direções.

—Ah, ótimo. Eu vou ter de fazer um relatório gigantes sobre isso. –Cupido deu um suspiro cansado.

Logo todo o salão estava vazio, com a exceção de um homem. Ele me era familiar, de algum lugar. O que era absurdo, porque eu conhecia poucas pessoas.

Lucy! Lucy! Cadê você?!—ele gritava, a plenos pulmões, revirando cada canto que suas mãos fortes conseguiam atingir. Então seu olhar caiu sobre Cupido e ele avançou em sua direção.

Onde está ela?! O que você fez com ela, seu maníaco esquisito?! Quem é você?!—ele gritou, sacudindo Cupido pelos braços.

—Ah, eu estava esperando por isso. –Cupido murmurou, visivelmente entediado. –Fiquei quietinho aí, king kong. –Mais um gesto de mão e o homem ficou instantaneamente paralisado.

Então me lembrei de onde o conhecia: dos dias em que Ivye estava seriamente preocupada com o andamento de sua missão e me pedia para acompanha-la ás vezes. Ele era a alma gêmea de Lucy.

—Agora, será que podemos conversar como pessoas civilizadas? –Cupido debochou e caminhou em minha direção.

Soltei a mão de Kate e fui de encontro a ele.


Durante aquela breve caminhada, vários flashes de memórias da minha breve vida humana passaram sobre meus olhos. E percebi como esse Daniel era diferente do pequeno cupido apaixonado do começo da história. Esse Daniel não tinha receio em encarar Cupido frente a frente. Esse Daniel era, de fato, um homem.

Então ali estávamos nós, finalmente, cara a cara.

—Você está atrasado. –Cupido debochou, simplesmente. Não respondi. Não desviei o olhar. Ele recomeçou:

—Você já sabe o que deve fazer, não sabe? Eu consigo ver em seus olhos. A dor. Mas a questão é: você está pronto? Pronto para pôr um ponto final nessa história?

As palavras de Cupido eram veneno. Meu coração disparava.

Ele tinha razão. Sempre teve.

Mas eu não estava pronto.

Olhei de relance para Kate, que nos observava de mãos dadas com Daliah e Ben. Hesitei. Cupido percebeu.

—Eu esperava por isso. Você deve estar achando que evoluiu. Que é corajoso. Você continua sendo o mesmo rebeldezinho covarde, Daniel. Incapaz de abrir mão de uma fantasiazinha infantil de paixão. Incapaz de fazer o que deve ser feito. –Cupido sussurrou, cada palavra me atingindo como uma bomba. Ele se aproximava, o olhar intenso queimando.

—Eu tenho duas belas donzelas sobre custódia. –ele informou, com um sorriso satisfeito. –Duas donzelas que estão sofrendo por sua culpa. Duas donzelas que você não conseguiu proteger.

Minha mente entorpecida se recusava a trabalhar. Uma das prisioneiras devia ser Lucy. Mas a outra...? A ausência dela se fez notar e eu percebi.

Ivye.

—Deixe-a ir, Daniel. –Cupido disse, agora sussurrando. –E devolverei suas amigas. Quase intactas. Você tem até meia noite. Quando estiver pronto, sabe onde me encontrar. Cada minuto que você desperdiça, é um minuto a menos na vida das duas.

E com isso, a imagem de Cupido começou a emitir um brilho frio e a tremeluzir, e ele se foi.

Me virei para Kate e os outros.

Havia chegado a hora.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AIMEUDEUS, O QUE ACHARAM?????

Sim, meus cupidos, estamos quaaaase chegando no final! O que acham que vai acontecer com Kate e Dan? Com Lucy e Ivye?? Deixem suas teorias conspiratórias (sabem como eu amo elas) ai nessa caixa mágica!

Talvez algumas coisas tenham ficado confusas, mas vocês irão entender tudo no desenrolar! Essas pontinhas soltas foram essenciais!

QUEM COMENTAR GANHA CHOCOLATE E O CRUSH EM TRÊS DIAS, AUSHAUSHAUSH (PS: Não é 1 de abril, pode confiar, auahsuashuas)


Muuuito obrigado por ler até aqui!
Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Cupido Nem Tão Perfeito" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.