Um Cupido Nem Tão Perfeito escrita por Vivs


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oii Pessoas! Vooltei!

Eu estava morrendo de vontade de escrever esse capítulo há séculos, sério, vcs não fazem ideia da hype que foi! Mas, finalmente escrevi e aqui está ele! Vocês vão amar ou odiar -não vai ter meio termo. (e provavelmente é por isso que eu queria tanto escrever), anyyway:

Esse aqui é para ler ouvindo Bloodstream do senpai master Ed Sheeran ou What Now da Rihanna ou talvez Demons do Imagine Dragons ♥

Sem mais enrolação,
Boa leitura! ♥



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*Ivye 

 

As corrente eram a pior coisa. Além de me impedirem de me transportar para fora dali, como os cupidos fazem, elas eram extremamente pesadas e me machucavam. Eu sentia meus pulsos e meus tornozelos ardendo o tempo todo, e não podia fazer absolutamente nada em relação a isso.

Cupido havia me feito prisioneira.

Havia me algemado em uma das laterais de seu enorme escritório, e havia feito questão de explicar cada detalhe da minha prisão: como as correntes que me prendiam eram encantadas e não permitiam nenhum tipo de teletransporte ou resgate, só se abririam se Cupido permitisse. Como as paredes de seu escritório imenso abafavam qualquer som do lado de dentro, de modo que ninguém conseguiria me ouvir.

Eu nunca havia parado para prestar atenção nos detalhes daquele lugar, mas agora era praticamente meu único entretenimento. Bem, isso e xingar Cupido de todas as maneiras possíveis.

Mas eventualmente, eu ficava sem voz de tanto gritar, e Cupido não se dignava nem a olhar em minha direção então só me restava observar cada canto da sala. O teto era uma enorme cúpula, pintada de um modo que –por mais que eu odiasse estar ali- me tirava o fôlego. A pintura retratava histórias de amor, e eu desconfiava que tudo que era retratado ali estava acontecendo naquele exato momento na terra. As pessoas na pintura se moviam conforme suas histórias avançavam, e eu acompanhava cada intriga. Tentei, por muito tempo, procurar uma representação de Kate e Dan ou de Lucy e Luke, para ver se estava tudo bem com eles, mas foi inútil. Haviam muitas pessoas na pintura, e com elas sempre em movimento era praticamente impossível encontrar uma em especifico.

As paredes, cor de rosa como todo o resto, eram sustentadas por enormes colunas de mármore em estilo romano. Nos quatro cantos extremos do teto haviam enormes estatuas de gesso representando humanos no meio de, hm... atos carnais. As paredes tinham enormes estantes, repleta de objetos curiosos que eu não sabia identificar. Em algumas prateleiras haviam apenas livros velhos e encadernados, mas em outras se equilibravam objetos de vidro que incandesciam de um modo atraente e ao mesmo tempo perigoso.

Mesmo que tudo ali fosse enjoativamente cor de rosa, o escritório era lindo, e me fazia perguntar a mim mesma: como o deus do amor podia ser tão cruel?

Na extremidade da sala, totalmente oposta a mim que estava sentada e encolhida com minhas correntes no chão, estava Cupido. Sentado em sua imponente mesa de carvalho (a única coisa que não era rosa), lendo vários relatórios concentrado. Quase parecia um ser comum e não o destruidor de sonhos e algemador de cupidos que realmente era.

Quando percebeu que eu havia parado de gritar, ele ergueu a cabeça, com aquele sorriso perverso irritante no rosto.

—Se cansou, pequena Ivye? –ele disse. –Não pare, por favor. O som do seu sofrimento é música para os meus ouvidos.

Encarei seus olhos com total antipatia e tentei ignorar a onda de raiva que surgia no meu peito toda vez que ouvia aquela voz.

—Por que você é tão desprezível? –perguntei. Ele pareceu surpreso. Havia sido a primeira frase que eu havia dito sem nenhum palavrão no meio, desde que fui acorrentada. Concentrei todas as minhas energias em olhar para Cupido da mesma forma que alguém olha para um inseto que descobriu na sola do sapato.

Ele se levantou da sua poltrona, caminhou até a frente da mesa e se escorou nela, me analisando.

—Como você esperava que eu fosse? Um bebê de fraldas com um arco de flechas cheias de coraçõezinhos? –ele perguntou, com desprezo e divertimento na voz.

—Esperava que você fosse bom. Não o monstro que é. –respondi, de queixo erguido.

O desgraçado riu.

—Comparado aos últimos xingamentos, isso é quase um elogio vindo de você. –ele disse. –A verdade, a dura verdade que ninguém nunca aceita é que o amor tem seu lado feio, pequena Ivye. O lado cruel e até obsessivo. O amor matou mais pessoas ao longo da história que muitas guerras.

—Pode até ser, mas também tem seu lado bom. O lado que inspira as pessoas a sonhar e viver. Que inspira a bondade em seus corações. E você não tem nem um pingo disso. –eu rebati.

—Ah, mas eu sou incrivelmente bondoso! Estou te mantendo viva não estou?

—Cupidos podem ser mortos? –eu perguntei mas ele simplesmente me ignorou.

—E deixei Daniel continuar com a fantasia dele ao invés de incinera-lo imediatamente.

—Aposto que você odeia o fato de que não pode mais fazer isso. –eu brinquei, e um brilho faminto surgiu no olhar de Cupido. Ele andou até mim e se abaixou para ficar da minha altura.

—E quem disse isso? –ele murmurou, com um sorriso perverso nos lábios.

—Você está enfraquecido! –exclamei. –Te castigaram, você não tem poder para tirar Dan da terra e traze-lo de volta!

—Não de volta. Meus planos são diferentes. Sabe... eu cheguei à conclusão de que se Daniel, vamos supor, simplesmente morresse misteriosamente as coisas se resolveriam mais fácil, você não acha?

Um arrepio tomou conta da minha espinha e vi todos os momentos que passei ao lado de Dan passarem na minha mente. Vi até as memórias de nossas vidas passadas, e me irritei. Tinha decidido não pensar naquilo de modo nenhum, pelo menos não por enquanto. Era muito complicado e confuso, e eu não sabia ao certo como lidar com isso.

—Você não pode. –eu afirmei, debilmente.

—Não tenho poder para realizar tarefas grandiosas, é claro. –ele confirmou, ainda sorrindo. –Mas bastava um simples sussurro ao ouvido de algum mortal, uma leve influencia e eles podiam começar a achar que matar seu amigo é uma ótima ideia. Quem sabe, se eu me sentir inspirado, o mortal em questão pode ser a preciosa Kate.

A fúria explodiu em meu peito e eu pulei em cima de Cupido, me esquecendo totalmente das correntes, que me puxaram violentamente para trás e me machucaram ainda mais. Cupido riu do meu esforço e voltou para sua mesa me dando as costas e, mais que nunca eu quis sair dali. Tinha que avisar Dan, protege-lo de alguma forma... mas como?

Por enquanto, eu estava ali presa aos pés de Cupido. E o destino de Dan estava prestes a ser definitivamente selado.

—Eu sei o que você está pensando. –ele disse, em voz grave. –Em um modo de sair daqui e avisar Daniel, mas pense bem Ivye: o que ficar ao lado de seu amigo trouxe de bom para você? Em sua vida passada, você foi morta por causa dele. Em sua pós vida ele ignorou todos os seus conselhos e seguiu em frente, quebrando as regras. Depois te usou como empregada para garantir encontros com sua paixonite. E agora... você foi sequestrada. E ele nem ao menos notou.

Me senti afundando conforme Cupido falava. O pior era que tudo aquilo fazia sentido. Se Dan tivesse me ouvido em primeiro lugar, eu não estaria sofrendo. Mas ele me deu as costas e foi em frente com seu plano, e Cupido tinha razão, ele me usou para sair com Kate. E depois ainda se mostrou ingrato a tudo isso.

Eu não podia negar que havia uma parte pequena e obscura de mim que estava ressentida com Daniel. Por ter me arrastado para toda aquela confusão e por todo o resto. Mas mesmo assim, Dan era meu amigo. Me lembrei dele me confortando quando eu achava que não iria conseguir unir Lucy e Luke, e de todo o tempo que passamos lado a lado. Eu tinha que avisa-lo! Teria tempo o suficiente para me irritar com ele depois.

—Negue o quanto quiser. –retomou Cupido. –Continue mentindo para si mesma. Você sabe, no fundo, que eu tenho razão.

Ele voltou sua atenção aos montes de relatórios e por um momento não pareceu tão ameaçador. Só pareceu cansado, como se corresse uma maratona diferente todos os dias e nunca conseguisse alcançar a linha de chegada.

—Você não faz ideia do trabalho que tenho. –ele continuou falando. –Milhares de cupidos para comandar, milhões de almas gêmeas para se encontrarem. Centenas de relatórios para ler e ninguém sequer me dá reconhecimento. A maioria de vocês sequer sabe que eu existo. A pressão, o cansaço eterno... e para completar, a cereja no bolo, essa confusão Daniel-Kate que eu mesmo causei.

Ele soltou mais um suspiro de cansaço e largou a pilha de relatórios em suas mãos na mesa com um estrondo. Se recostou na cadeira e passou a mão pelos cabelos com força e por um momento a fúria que sentia de Cupido se abrandou um pouco. Tentei imaginar como seria estar em sua pele, fazendo um trabalho enorme que aparentemente nem gostava, sem receber nenhum tipo de reconhecimento e ainda criando mais problemas.

—Ser você deve ser uma droga. –eu falei, sem pensar. Cupido ergueu a cabeça e riu, mas não do modo maligno que costumava fazer. Sorriu de um modo cansado e verdadeiro, assentindo com a cabeça.

—Você não faz ideia. –ele respondeu.

—Mas isso não muda nada, eu ainda te odeio. Provavelmente vou te odiar para sempre. Quer dizer, você ameaçou matar o meu melhor amigo! –exclamei e na mesma hora as outras crueldades que Cupido já tinha feito surgiram na minha mente, e aquele momento de trégua acabou.

Ele deu de ombros.

—Situações desesperadoras exigem medidas desesperadas. –ele afirmou, simplesmente. –De qualquer forma, seria até um favor para seu amigo. Ele vai ter o coração partido no final, você sabe não é?

Não queria concordar com ele, mas naquele momento me senti extremamente cansada. Toda aquela tensão que eu estava enfrentando o tempo todo, me exaustava. Eu me sentia igual Cupido: estava fazendo um trabalho enorme, e nunca recebia reconhecimento por isso. As confusões nunca acabavam. Era um inferno.

—Vai acabar, mais cedo ou mais tarde. –eu murmurei. –Kate e Dan pertencem a mundos totalmente diferentes.

—O problema central é que ela nunca vai poder amá-lo da mesma forma que amaria sua verdadeira alma gêmea. Daniel sempre vai tentar compensar isso, mas eventualmente vai se cansar. –Cupido respondeu.

Então percebi o que estava acontecendo e revirei os olhos, incrédula.

—Nós estamos realmente tendo uma conversa civilizada?!

Cupido assentiu, com um sorriso triste.

—Parece que sim.

—Será que podemos voltar para o modo de ódio mútuo, por favor? –pedi. –Isso é muito confuso. Te odiar é muito mais fácil.

—É mesmo. –ele concordou.

—Você não pode concordar comigo! –exclamei, exasperada. –Somos inimigos, se lembra?!

Ele se empertigou e tentou fazer uma voz durona:

Vou separar todos os casais apaixonados infratores de regras, muahaha! Melhor assim?

—Bem melhor. –respondi, repreendendo a vontade de sorrir.

—Então voltamos à estaca zero.

Ele olhou para mim e as palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse detê-las.

—Você não precisa ser assim, sabia? Você poderia ser uma pessoa melhor se quisesse.

Cupido olhou para mim, o brilho maligno havia abandonado totalmente os seus olhos. Neles havia apenas uma tristeza como se estivesse olhando para uma criança que perguntava porque o céu era azul.

—Centenas de anos se passaram e você ainda não aprendeu sua lição, Ivye. Ainda insiste em cometer o mesmo erro.

—Que erro?

—O erro de acreditar no melhor das pessoas.

 


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Notas finais do capítulo

Oii novamente!

O que acharam? Surpresos?? Com raiva?? O que acham que vai acontecer???
CO-MEN-TEEEEEM!!!!!
É rápido, de graça, faz bem pra saúde, atrai sorte, é uma boa ação pra você ir pro céu quando morrer... TÁ ESPERANDO O QUE??? Digita nessa caixa seduzente ai em baixo e daqui a pouco a gente se fala! ;)

Muuito obrigado por ler até aqui!
Até o próximo!