Next Door Lover escrita por VicWalker


Capítulo 5
IV - Doce Café da Manhã


Notas iniciais do capítulo

Raiva é seu computador desligar quando você está terminando o capítulo e você não tinha salvado o Word. O meu resolveu fazer essa proeza agora e tive que esperar quase uma hora para ele ligar novamente.

Felizmente, vieram trocar meu modem! Então agora não vou precisar pedir o wi-fi do vizinho.

Boa leitura!



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Definitivamente, eu não era uma pessoa matinal.

O que provava ainda mais o meu interesse pelo meu vizinho. Ele deveria se considerar muito importante por eu ter acordado bem antes do horário normal só para vê-lo. Mandei uma mensagem para a minha secretária pedindo que ela cancelasse os pacientes das primeiras horas da manhã. Eu tinha algo de muita importância hoje.

Acordei com os olhos pesados de sono e com várias mechas de cabelo me tampando a vista. Me arrastei pela cama e enrolei o lençol ao redor do meu corpo, fazendo um capuz que tampava minha cabeça. Saí a passos bem lentos do meu quarto e relutantemente fui para a cozinha colocar água no fogo para fazer café.

Voltei para o meu quarto e larguei o lençol. Um pouco mais desperta, peguei minha toalha e fui à direção do banheiro para poder tomar um banho e me preparar para a tarefa mais difícil do dia. Convencer Brandon a não me expulsar. Não seria algo fácil de fazer dado o motivo da nossa separação.

Tomei um banho rápido, mas o suficiente para me deixar completamente acordada. Saí tremendo e me enrolei na toalha enquanto procurava uma roupa no armário. Sorri ao achar o conjunto da minha legging preta com minha saia marrom, procurei a seguir uma blusa e um casaco que combinasse. Eu queria estar o mais apresentável possível, visto que, quando nos conhecemos eu vestia apenas uma grande camisola branca.

Senti minha autoconfiança ser renovada ao ver as peças que eu escolhi em cima da cama.  A blusa branca que minha irmã tinha me dado de aniversário que por algum motivo, que eu não me lembrava, eu não havia gostado. Meu casaco favorito que eu tinha paquerado na vitrine até ser anunciado que estava na promoção.

Eu sempre tentava o meu máximo para gastar menos dinheiro. Eu tinha meu aluguel e o aluguel da clínica para pagar. Sem contar o dinheiro que eu enviava para minha mãe no interior, mas eu sempre contava com a ajuda da minha irmã para isso. Lembrando demais da minha irmã fiz uma nota mental para que eu contatasse Mia sobre o seu paradeiro.

Vesti minha roupa e voltei à cozinha para terminar o café. Beberiquei um pouco antes de derramar o resto do conteúdo dentro de uma garrafa térmica. Coloquei a garrafa em uma sacola, apaguei as luzes acesas e fui em direção à porta. Eu ainda tinha que ir à padaria comprar os pães salgados e os doces.

Saí do apartamento depois de ter a certeza que a porta estava bem trancada. Desci correndo as escadas e logo eu estava na rua à procura de uma padaria decente. Eu não saía muito pelos arredores então eu não tinha certeza de onde as lojas ficavam. Respirei aliviada após finalmente encontrar uma padaria. Entrei e fiz meus pedidos, por sorte, a atendente foi rápida e não demorou muito para eu estar nas ruas novamente, mas dessa vez em direção ao prédio do meu vizinho.

Convenci o porteiro a me deixar subir sem avisar ninguém e fui caminhando feliz em direção ao elevador. O andar era fácil porque era o mesmo que o meu, o terceiro, e o apartamento mais fácil ainda por ser o único que não tinha número pregado à porta.

Levou poucos minutos para eu chegar ao meu destino. Eu encarava a porta como um obstáculo que deveria sumir. Meu nervosismo atingiu níveis alarmantes. Reuni toda a minha coragem e toquei a campainha. Esperei que ele viesse atender, mas nada aconteceu. Impaciente, toquei novamente repetidas vezes. Ouvi o barulho de passos no outro lado e ensaiei meu melhor sorriso para quando ele abrisse a porta.

Brandon abriu a porta e ficou me encarando com olhos arregalados. Ele mexia a boca como se tentasse falar algo, mas nada saia. Ele provavelmente achava que não me veria depois que eu havia saído de seu apartamento correndo feito uma louca. Eu também não achava que teria coragem para voltar.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou e eu pude notar que ele franziu a testa em sinal de confusão.

— Eu trouxe café — falei enquanto levantava as sacolas em minha mão.

Ele ainda me olhava com a confusão estampada no rosto. Desisti de esperar ele me convidar para dentro e o empurrei para o lado para facilitar minha entrada. Parei no meio do corredor para me situar e descobrir onde ficava a cozinha.

Sorri quando a encontrei e depositei as sacolas no balcão. Comecei a remexer nos armários e gavetas para procurar xícaras e talheres para podermos comer. Brandon apareceu alguns instantes depois e parecia chocado com a minha naturalidade em mexer nas suas coisas.

Olhei pelo canto do olho e vi que ele vestia uma blusa cinza que parecia de flanela e uma calça de moletom. Ele dormia assim? Que pena, achei que ele dormia sem roupa. Peguei uma xícara e coloquei café, mas me dei conta que eu não sabia como ele preferia.

— Gosta de café com leite? — indaguei parando o que eu estava fazendo.

— O que você faz aqui? — repetiu sua pergunta.

— Bom, eu pensei que como não tivemos uma despedida adequada, na realidade, não nos conhecemos nem em uma situação normal — Comecei a tagarelar e me forcei a parar. Eu tinha uma mania de começar a falar quando eu ficava nervosa — De qualquer jeito, eu não queria que ficasse um clima chato entre nós então eu trouxe café e pão como desculpa, quer dizer, como um pedido de desculpa.

Finalizei rapidamente e dei as costas para ele. Me chamei de burra mentalmente várias vezes até eu me acalmar. Eu sentia minhas bochechas esquentarem então eu sabia que eu estava corando. Controle-se Alicia, você não é uma adolescente.

— Não adianta eu mandar você embora não é? — perguntou e senti meu coração encolher com suas palavras. Ele queria que eu fosse embora? Decidi não me deixar abalar, eu iria conquistá-lo.

— Não — falei honestamente. Ele tinha que perceber que eu estava séria — Eu sempre vou voltar.

— Com leite e sem açúcar — murmurou e eu levei um tempo para entender que ele estava falando do café.

Com um sorriso estendi a xícara para ele que pegou sem falar nada. Abri a geladeira à procura da manteiga e eu podia sentir minhas costas queimando como se alguém estivesse me observando. Olhei sobre o ombro e eu vi que os olhos dele estavam fixos em mim. Voltei minha atenção para o que eu estava fazendo e sorri ao achar a manteiga. Olhei a porta da geladeira e peguei alguns ovos também.

— Quer ovos mexidos? — Eu amava ovos com torrada. Era meu café-da-manhã favorito — Posso fazê-los se quiser.

— Claro — Ele ainda estava confuso pela minha intromissão, mas com o tempo ele iria se acostumar. Eu tinha planos de voltar aqui sempre que eu podia.

— Talvez saia meio queimado — falei enquanto quebrava o ovo e ele ia direto para frigideira — Não estou acostumada a cozinhar para os outros.

— Está tudo bem — disse enquanto tirava o resto da comida da sacola — Não estou acostumado a ter alguém cozinhando para mim.

Os próximos minutos foram gastos comigo fritando os ovos e Brandon fazendo torradas. Eu estava feliz e meu sorriso abriu ainda mais ao me dar conta de como parecia uma cena familiar.

— Quer que eu faça o seu café? — Brandon perguntou e eu quase deixei o prato que eu estava segurando se espatifar no chão.

— Uh... Claro — Era estranho ter alguém que fizesse meu café sem que eu esteja pagando.

Comemos em silêncio e à medida que a comida que eu trouxe ia acabando, minha apreensão ia aumentando. Eu temia que quando Brandon terminasse ele iria me expulsar de sua casa.

Terminamos de comer e ajudei Brandon a colocar os pratos e talheres na maquina de lavar louça. Eu esperava adquirir uma dessas até o final do ano, era cansativo ficar lavando tudo à mão, mas eu ainda não tinha juntado quantia o suficiente.

Quando terminamos se instalou entre nós um silêncio desconfortável. Nós olhávamos sem saber o que dizer, antes que eu tomasse a iniciativa de falar alguma coisa meu celular tocou desviando a minha atenção.

— Com licença — pedi fazendo um gesto com a mão — O que foi Anne?

— Você vai demorar muito? — A voz da minha secretária se fez presente no outro lado da linha — Já tem gente esperando a vez aqui.

— Não se preocupe — falei no tom mais calmo que eu consegui. Podia ver Brandon me olhando do outro lado da cozinha — Já estou indo pra aí.

— O dever te chama? — perguntou com um sorriso.

— É, eu preciso ir — falei tentando disfarçar a tristeza na minha voz. A verdade era que eu não queria ir agora — E eu preciso ir agora senão vou pegar o horário de pico e eu tenho medo de andar de bicicleta nessa hora.

— Eu posso te dar uma carona se quiser — Essa simples sugestão era o suficiente para me deixar sorrindo pelo resto do dia.

— Claro, eu adoraria — Eu deveria usar a falsa modéstia e pedir desculpas por incomodá-lo, mas a verdade era que eu não importava com nada que não fosse ele e eu fechados em um carro.

— Sou vou calçar alguma coisa, pegar um casaco e já vamos — falou enquanto ele saia da cozinha e ia na direção do que eu supus ser o quarto.

Aproveitei a saída dele para fazer uma dancinha de comemoração. Eu sentia que estávamos nos aproximando e que não demoraria em conquistá-lo. Parei antes que ele visse a cena ridícula que eu estava fazendo e peguei minha bolsa que estava em cima do balcão. Eu já estava no corredor quando encontrei com Brandon e fomos em direção à garagem.

Quando chegamos, procurei com o olhar o carro que mais combinaria com Brandon. Fiquei tão absorta nos meus pensamentos que não vi quando Brandon se afastou de mim.

— Você não vem? — perguntou e me virei para ver ele perto de uma moto com dois capacetes na mão.

— A gente vai de moto? — indaguei surpreendida. Eu não imaginava isso.

— Vamos — respondeu enquanto colocava um dos capacetes e me entregava o outro. Eu ainda estava hesitante em aceitar — Tem medo?

Essa última pergunta foi o suficiente para acender o fogo que estava dentro de mim. Eu não iria ser covarde na frente dele, era só uma carona de moto. Eu iria ficar bem. Continuei repetindo esse mantra na minha cabeça enquanto pegava o capacete que estava estendido em minha direção e subia na moto atrás dele.

— Só não vá muito rápido, por favor — pedi quando estávamos prontos para sair.

Foi como se meu pedido não tivesse acontecido, porque assim que passamos pelos portões, Brandon acelerou e na surpresa acabei me grudando as suas costas enquanto agarrava sua cintura.

— Para que lado? — O ouvi perguntar quando tínhamos parado em um sinal vermelho.

— Vaasen com Rotterdam — respondi e me apertei mais contra ele quando aceleramos.

Alguns minutos depois Brandon estacionou na frente do meu consultório. Desci rapidamente e me apoiei no poste, sentindo que minhas entranhas foram reviradas. Brandon tirou o capacete de mim e o guardou na moto.

— Você está bem? — perguntou preocupado.

Não. Eu não estava. Eu me sentia como se algum órgão vital meu tivesse ficado para trás quando aceleramos.

— Parece que você não está acostumada a andar de moto — falou em um tom de diversão. Só parece? Eu tinha certeza — Você se acostuma com o tempo.

Ele estava insinuando um convite para que eu andasse com ele novamente? Lembrei-me da sensação de estar agarrada a ele, com as minhas mãos no seu abdômen firme. Eu poderia sofrer andando de moto mais um pouco.

— Acho que sim — murmurei enquanto me voltava para ele — Eu só preciso de um pouco de prática.

Eu estava prestes a me despedir quando o som de alguém me chamando se fez presente. Me virei para ver Mina Aalst andando na minha direção. Ela tinha um sorriso no rosto.

— Acabou de chegar? — Se aproximou de mim e analisou Brandon minuciosamente — Olá! É o namorado da Dra. Benthem?

Contive a necessidade de beliscá-la e tentei esconder meu rosto corado. Brandon olhava para ela com uma expressão gentil. Resolvi intervir para não gerar constrangimentos.

— Por que você não entra? — perguntei para ela apoiando minha mão em seu braço — Já vou entrar.

Ela olhou de mim para Brandon antes de abrir um sorriso como se compartilhássemos um segredo. Saiu rapidamente, mas eu ainda conseguia escutar os risinhos abafados.

— É uma doutora? — perguntou com uma expressão que eu não consegui identificar.

— É o meu trabalho — respondi envergonhada. Eu nunca tinha sido indagada tão intensamente por alguém antes — A Srta. Aalst é uma das minhas pacientes.

— Parece ser uma boa garota — acrescentou com um sorriso. Eu apenas concordei.

— Tenho que ir agora, estão me esperando — murmurei apontando para a porta da clínica atrás de mim.

 — Tudo bem. Até mais — Eu estava presa naquelas duas palavras que significavam que íamos nos ver de novo quando Brandon se aproximou e depositou um leve beijo na minha bochecha.

Eu fiquei tão atônita que petrifiquei no lugar. Não sabia o que falar ou fazer, apenas fiquei parada como uma idiota. Brandon subiu na moto e acenou para mim antes de ir, mas eu continuava na mesma posição como se tivessem passado cola em mim. Voltei a realidade quando ouvi o motor da moto.

— A-Até mais — gaguejei enquanto acenava.

Na felicidade de receber um simples beijo e da sensação que eu tinha dado um passo ao coração de Brandon Tholen, não perguntei o porquê de ele ter um capacete a mais na moto. Me tornei ciente que eu não havia perguntado o fato mais importante para ele. Eu não sabia se ele era solteiro.

Senhor me ajude! Meu vizinho pode ter uma namorada!


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Notas finais do capítulo

Eu mudei bastante coisa em relação ao original. Espero que tenham gostado. Beijos e até o próximo!