Dcaa escrita por NMCMsama


Capítulo 8
Banheiros e Espelhos - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Ola! Mais um cap!
Desta vez com a Bloody Mary!



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Aquilo era realmente uma Divina comédia!

Dante estava começando a ter ideias para as próximas festas que iria dar no palácio de seu pai. Seria um verdadeiro sucesso! Contudo, não podia esquecer que estava “a trabalho” e isso fez diminuir um pouco o seu entusiasmo, não entendia como Noir, seu maninho caçula, gostava tanto daquilo. Responsabilidades, escrever relatórios e fazer esforço físico! Isso era tão maçante.

Uma batida forte por trás de sua nuca o fez despertar de seus pensamentos. Virgílio o mirava com aquele típico olhar de “presta atenção ou te mato”, na verdade, o fantasma sempre tinha esse olhar direcionado ao jovem príncipe do submundo... Era uma constante na estranha relação entre aqueles dois.

— Não faça nenhuma besteira, não se afaste de nós, não toque em nada... – Começou a tagarelar uma longa lista de “não (s)”. Dante rolou os olhos.

— Eu não sou uma criança!

— Sério? Às vezes me esqueço desse fato!

— Pessoal, eles irão começar. – Disse Otto apontando para o grupo de adolescente que se amontoava em um dos banheiros. As luzes do corredor foram apagadas e exceto pela a luz oriunda de algum dos garotos seguravam velas nas mãos, talvez para deixar o ambiente mais sombrio e assustador. Virgílio, internamente, desaprovava essa atitude, dar instrumentos inflamáveis para jovens humanos bêbados? Algo muito seguro!

— Vocês já sabem como é o ritual, não é? – Tagarelava uma jovem, deveria ser a líder dos adolescente, idealizadora do jogo e , quem sabe, da festa – Basta chamar o nome Bloody Mary na frente do espelho três vezes, segurando uma vela, e a fantasma irá aparecer no reflexo. Você poderá fazer uma pergunta para ela. Somente uma. Deve escolher muito bem e também tem que ser bastante claro, qualquer deslize... BAH! – Fez um gesto com o polegar a qual o mesmo parecia cortar o pescoço fino e alvo da garota, muitos do grupo soltaram gritinhos assustados – Você já era!

— Então, deixa ver se entendi... Vocês vão invocar um ser sobrenatural que poderia muito bem matar todos só para que este responda perguntas? Mas vocês não têm o Google? Pensei que esse fosse o verdadeiro oráculo... Além de ser mais seguro!

A garota olhou para Dante como se só agora tivesse notado o adolescente vestido para férias em alguma praia paradisíaca. Ela continuou a fitar, talvez pensando que o seu olhar de diva poderosa pudesse oprimir de alguma forma o intruso que ousou interrompê-la e questiona-la. Passaram alguns segundos e ela logo percebeu que o garoto parecia ser imune ao seu olhar, o que só a irritou ainda mais.

— Nem tudo o google pode responder! Por exemplo, quem vai ser o seu par para o baile de primavera? Quem está apaixonado por você? Essas coisas!

— Então, para perguntas como essas é preferível arriscar a vida diante de um fantasma vingativo?

— Quem é você, afinal? Eu não me lembro de ter convidado você para a minha festa!

— Eu sou Dan... – Virgílio interrompeu o momento colocando a mão sobre a boca do idiota príncipe das trevas.

— Desculpa, não queríamos atrapalhar e meio que entramos na sua festa por acaso, digo, quem não iria querer entrar na melhor festa da cidade, não é mesmo?

Isso parece ter alegrado a garota que jogou os cabelos loiros para o lado, talvez querendo parecer mais poderosa, quem sabe...

— Você, querida, está absolutamente correta! Eu vou deixar que a plebe também faça parte da minha festa, pois sou uma garota muito legal, sabe?

— Querida? – Virgílio rangeu os dentes, mais uma vez seu sexo fora confundido?! Iria mostrar a aquela humana metida a diferenciar um homem de uma mulher, contudo seu plano maligno fora interrompido por Otto que fez um sinal desesperado de negação. Já estavam causando muita confusão trazendo Dante para o mundo humano, não deveria piorar mais as coisas.

 – Pois bem, vamos começar o ritual! – Anunciou a loira que apontou para uma garotinha de óculos fundo de garrafa e aparelho – Anne, você é a escolhida!

— M-mas...

— Você está me questionando? – Sorriu de forma ameaçadora a dona da festa.

— Não! Não!

— Ótimo, agora faça a invocação e faça a sua pergunta. – Disse isso fazendo uma risada de deboche compartilhado por outros membros da festa. Virgílio já previa que era bem provável que aquele grupo fizesse algum tipo de “brincadeira” com a pobre Anne, isso só deixou o fantasma mais raivoso. Humanos, tão desprezível, as vezes agradecia por não ser mais um vivo e pertencer aos servos de Hades.

— B-bem... Ok... – Anne pegou uma vela e com as mãos trêmulas foi até o banheiro, diante do espelho ela começou a repetir o nome infame.

— Bloody Mary...

Bloody Mary...

Bloo...

Dante sentiu um arrepio, os humanos podem não ter notado, mas o 12° filho de Hades foi capaz de perceber que as luzes do ambiente já escuro minguaram, a luz da vela tremulou. Um ar frio se propagou.

— Algo vai acontecer!– Sussurrou Otto.

— Bloody Mary! – Por fim Anne pronunciou pela a última vez o nome.

Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Primeiro a dona da chefe tinha instruído a alguns fortões (provavelmente jogadores de futebol americano) a pegarem um balde com gelo derretido, devia estar sendo usado para armazenar as latinhas de cerveja, e jogarem na Anne, enquanto ela estava distraída mirando o espelho e fazendo a invocação. Mas antes que os garotos colocassem o plano em prática o dito espelho começou a tremer, a torneira se abriu e uma água de coloração avermelhada verteu.

— Sangue! – Gritou um adolescente o que foi o suficiente para o caos se instalar, grande parte do grupo fugiu ficando poucos curiosos (ou medrosos que estavam com tanto medo que paralisaram) para verem o resto do processo.

Otto já tinha materializado a sua arma, uma pequena pistola capaz de atirar balas de energia espiritual, inofensivas a humanos mas causavam um tremendo dano a seres sobrenaturais. Dante acariciava a sua girafa inflável e também esperou pelo desfecho.

— Alo, testando. Isso está ligado? Eu nunca sei quando o negócio está ligado ou não! Devia ter alguma luz verde ou sei lá... Oh! Está ligado!? – Uma figura materializou no espelho, era uma espécie de sapo misturado com galinha, uma mistura que não deu nada certo, deve-se ressaltar. Imagine um anfíbio com bico de ave? Imaginou? Não é algo nada bonito. Para completar o ser usava uma longa peruca negra e uma maquiagem pesada no tom vermelho.

— Sou a “bloody mary” de plantão, por favor, faça a sua pergunta em troca de sua alma (não aceitamos fiado), as empresas Banheiros e Cia agradece a sua preferência.

Anne, que até o momento estava parada com a boca aberta, não emitiu nenhuma resposta.

A coisa sapo/galinha rolou os olhos.

— Típico dos humanos, ligam e não dizem nada, bem, a política da empresa diz que devo retirar a sua alma, mesmo assim. Se tiver alguma reclamação, fale com nosso setor de recursos humanos. – Ao falar o monstro enfiou a sua mão, que de algum modo, atravessou o espelho em direção a jovem humana, mas antes que a alcançasse foi interceptada por Dante que olhou para o ser com interesse.

— Me diz, você é um demônio fantasiado de mulher?  Tipo, se a resposta for sim, você fez um péssimo trabalho!– Questionou.

— Dante! O capture! – Ordenou Otto.

— U-um filho de Hades?! – O demônio sapo/galinha cacarejou em desespero, por uma estranha e nojenta ação, acabou por decepar a mão e desparecer no espelho antes mesmo que alguém do trio fizesse algo.  Dante encarou o braço que segurava com nojo. Sabia que demônios podiam regenerar, mas isso não significava que era educado deixar seus membros espalhados por aí.

— Um demônio... No mundo dos vivos? Isso não é coisa boa... – Murmurou Virgílio que amparava Anne, a garota tinha desmaiado no momento que o braço saíra do espelho. Otto soltou um suspiro, sabia que iria receber reprimendas de seus superiores por não ter cumprido a missão com perfeição.

— Tenho que ligar para Noir. – Anunciou Dante descartando o braço na privada do banheiro e tentando inutilmente dar descarga para que o membro sumisse – Acho que podemos ter um problema...

Se Dante admitiu que estavam tendo um problema...

Então, definitivamente, estavam com um tremendo problema...


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram de Dante? Pretendo,aos poucos, mostrar todos os filhos de Hades.

Proximo cap será dedicado a Maria sangrenta e será ambientado no Brasil!



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